Renata de Oliveira Souza Dias
Há muitos anos criatórios de suínos e aves fazem uso de medidas de biosegurança. Infelizmente, apenas agora os criatórios de vacas leiteiras estão atentando para este fato. Podemos destacar alguns pontos relativos à prevenção de problemas sanitários aplicados na rotina de suinoculturas que podem ser implementados no manejo de gado leiteiro, trazendo segurança e proteção para o rebanho.
Medidas de biosegurança referem-se à práticas de manejo que reduzem as chances da entrada de uma doença infecciosa na fazenda, podendo ainda, contribuir para evitar a disseminação de doenças quando já presentes na fazenda.
* Exame prévio dos animais antes de entrarem na fazenda:
Nos criatórios de suíno, antes de um lote de animais chegar à fazenda, ele passa por uma série de testes que visam pesquisar a sanidade dos animais e evitar a entrada de novas doenças no rebanho. Entretanto, nos criatórios de gado de leite esses tipos de cuidados não são, na maioria das vezes, executados. O ideal seria examinar os animais antes do desembarque na fazenda.
Antigamente os produtores de leite eram aconselhados a examinar os animais que ingressavam ao rebanho, de duas importantes doenças: Brucelose e Tuberculose. Atualmente, com o aumento do montante de doenças contagiosas e relevantes para a sanidade do rebanho, os produtores devem examinar os animais que chegam à fazenda em relação a outras importantes doenças, principalmente:
-BVD, tipo 1 e 2
-Leucose
-Paratuberculose (Doença de Johnes )
Além é claro das tradicionais doenças, ainda muito significativas: Brucelose e Tuberculose. O exame das três doenças citadas acima pode ser feito com a mesma amostra de sangue retirada para o exame de Brucelose.
Outra avaliação importante, e que poderia ser feita para evitar a entrada de animais problema no rebanho, é o exame de alguns patógenos causadores de mastite contagiosa, destacando-se Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma. Estes exames podem ser realizados com uma amostra de leite dos animais.
Além dos exames, é sempre importante exigir informações sobre o rebanho de origem dos animais. Esta é uma atitude que não envolve custos e por isso deveria ser sempre executada; entretanto, esta prática não é comum.
Isolamento e quarentena:
O isolamento e a quarentena de animais tem sido recomendados há vários anos, mas são poucos os que realmente realizam esta prática. As suinoculturas geralmente possuem um local afastado especialmente para este fim. Em gado de leite esta prática seria muito importante, sendo que muitas vezes animais com aparência sadia podem estar acometidos com uma doença e disseminá-la no rebanho.
Minimizar a movimentação dos animais:
Numa suinocultura existem estratégias com o intuito de minimizar a movimentação dos animais e, consequentemente, reduzir os riscos de contágio de doenças. Uma destas estratégias é formar um lote de animais desde o desmame e mantê-lo reunido, num só lote, até o estágio final. Em gado de leite, também é possível estabelecer um fluxograma da movimentação dos animais e esta atitude pode minimizar a transmissão de doenças entre os diferentes lotes do rebanho. Desta forma, os lotes seriam os mesmos desde o desmame até o parto. Esta conduta irá minimizar o estresse dos animais quando são trocados de lote, além de facilitar esquemas de vacinação e vermifugação. É importante que técnico e criador atentem que todas as vezes que bezerros, novilhas ou vacas são trocadas de lote há um enorme estresse do animal, que demora a ter uma interação com os demais componentes do grupo, come menos e possui seu sistema imunológico deprimido pela somatória destes fatores.
Higiene das instalações:
Criatórios de suínos e aves demandam grande atenção para a limpeza e higienização das instalações. Em gado de leite é raro encontrar uma fazenda que se preocupe com a higiene das áreas de alojamento dos animais. A idéia de higiene fica voltada apenas para a ordenha e para os procedimentos com o leite. Entretanto, além destes locais, a limpeza das áreas onde os animais permanecem têm grande impacto sobre a manutenção de patógenos e a ocorrência de doenças. Dentre as afecções, que podem ocorrer e proliferar devido a falta de higiene das instalações, pode-se destacar as doenças infecciosas do casco.
********
fonte: Dairy Herd Management, 04/2000