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A bezerra de hoje é a vaca de amanhã!

POR LETÍCIA MOSTARO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/04/2022

5 MIN DE LEITURA

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criação de bezerras é uma das fases mais cautelosas e, ao mesmo tempo, custosas para as fazendas de leite. São necessários cuidados específicos que demandam custos e investimentos, sem retorno econômico imediato. A criação de bezerras tem um impacto direto na produtividade futura da vaca, possibilitando animais de alto desempenho, além de garantir a reposição do rebanho.

A relação entre criação de bezerras com a rentabilidade das fazendas de leite foi abordada por Carla Maris Machado Bittar, Professora do Departamento de Zootecnia da Esalq, Universidade de São Paulo, nesta segunda-feira (18/04), no MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade.

“Nós sabemos que existem inúmeros desafios no sistema de criação de novilhas de reposição, em que levamos um tempo para alcançar a fêmea que irá entrar em lactação, muitas vezes repondo uma vaca que deixou o rebanho por inúmeros motivos. Mas esse caminho de transformar a bezerra até a vaca em produção é bastante longo e pode ser afetado por diversos fatores, o que vai encarecer o custo final dessa fêmea de reposição,” salientou Bittar.

Os animais em crescimento são classificados como “não produtivos,” o que pode trazer consequências na percepção dos produtores, que os enxergam apenas como uma fonte de custo e despesas, sem retorno financeiro imediato. A transformação de uma bezerra em vaca de produção dura em média 24 meses, é um investimento de longo prazo.

“Mas podemos ter problemas no início. Esse animal ainda no período de aleitamento pode morrer. Isso, obviamente, traz prejuízos para o sistema. Não só pelo fato de já ter gastado recursos até o momento em que ele deixou o rebanho, mas porque, agora, os custos fixos da criação precisarão ser diluídos para um menor número de animais.” Dessa forma, a taxa de mortalidade é um desafio no sistema de criação das bezerras.

Outro desafio apontado por Bittar foi o desaleitamento, visto que, após essa fase, pode ocorrer perda de peso ou até mesmo o óbito dos animais. Apesar do custo fixo continuar sendo diluído por um número menor de animais no rebanho, igual à taxa de mortalidade, neste caso os recursos utilizados e despesas são superiores.

“Vamos imaginar que mesmo com essa queda no desempenho logo após o desaleitamento, o animal não morreu e conseguimos levar ele até o final. Todavia, agora, como ele diminui sua taxa de crescimento logo após o desaleitamento e período subsequente, nós teremos tanto um aumento na idade à puberdade quanto na idade ao primeiro parto.”  Então, tem-se aumento os dias de criação de animais de baixo desempenho, onerando o custo de produção do rebanho.

Segundo Carla, o mais comum nas fazendas de leite é a tentativa de reduzir ao máximo esse processo, sem alterar a velocidade da criação de novilhas e a qualidade. Contudo, dificilmente, os produtores conseguem isso. Apesar de não haver retorno financeiro imediato, a criação de bezerras deve ser vista como um investimento a longo prazo, que será pago, na maioria das vezes, apenas na segunda lactação.

Bittar apontou que a criação de fêmeas de reposição representa em torno de 12% do custo total das fazendas, sendo que 60% deste custo refere-se à alimentação, destacando a importação da eficiência alimentar do rebanho.

A professora trouxe ainda métricas interessantes a serem observadas para as fêmeas que estão entrando no rebanho. O ideal (para Holandesas) é que elas consigam atingir:

  • idade do primeiro parto menor que 24 meses;
  • produção na primeira lactação pelo menos 88% do que a observada na segunda lactação;
  • 560 kg antes do primeiro parto.

Carla enfatizou que atingir esses resultados é fruto do cuidado desde o primeiro dia de vida do animal, uma vez que a idade ao primeiro parto depende da idade à puberdade, que, por sua vez, está relacionada com as taxas de crescimento nas fases iniciais.

 

Quais fatores afetam o retorno sobre o investimento da criação de bezerras?

A figura 1 abaixo representa o Retorno sobre o Capital Investido (ROI) quando pensamos na produção de leite, e nos custos de criação de bezerras e novilhas de reposição. “O ganho obtido será o da produção de leite [futura deste animal], pois é ele que traz retorno financeiro — a não ser que também haja venda de fêmeas que estão em número a mais no rebanho,” explicou Bittar.

Figura 1. Fatores que afetam o Retorno sobre o Capital Investido (ROI).

Fonte: palestra Carla Bittar, MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade, 2022.

 

Assim, o custo de criação é dependente do manejo alimentar, dos índices de morbidade e mortalidade, investimento em alojamento, bem-estar e mão de obra, por exemplo. “Uma série de fatores que fazem com que o custo de criação seja maior ou menor, mas obviamente, à medida que há um investimento maior em cada um desses itens, há também um aumento no desempenho. Isso, de alguma forma, afeta positivamente o ganho com a produção de leite. Então, para ter maior ganho com a produção de leite, é preciso ter animais bem-criados, o que representa muitas vezes maiores custos de criação.”

 

Qual o custo de uma bezerra desaleitada no Brasil?

A palestra trouxe dados dos últimos quatro anos do relatório do Programa Alta Cria. “O que nós vemos é que grande parte dos produtores não sabe quanto custo a bezerra desaleitada. O que eles fazem é estimar o custo,” observou Bittar, como observado na Figura 2.a.

Figura 2. Percepção dos produtos quanto ao custo de produção de bezerra desaleitada.

Fonte: adaptado palestra Carla Bittar, MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade, 2022.

 

“Quando nós vamos para os valores, tanto os estimados quanto os calculados, nós tivemos um aumento, principalmente de 2020 para 2021. Com diferenças aparentemente não muito grandes. Mas, quando vemos o custo estimado e calculado em 2021, observamos há uma diferença de quase R$ 300,00 por cabeça. Isso, obviamente, terá um impacto bastante diferente na planilha de custos do rebanho como um todo à medida que se tem um maior número de animais,” analisou Bittar em relação à Figura 2.b.

 

Quais índices gerenciar?

Apesar de o custo de criação de ser bezerras ser multifatorial, é importante o acompanhamento de alguns índices (Figura 3).

Figura 3. Índices que devem ser gerenciados. 

Fonte: palestra Carla Bittar, MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade, 2022.

 

Em sua apresentação, Bittar discorreu sobre cada um dos índices e ressaltou que “se a pesagem da bezerra é feita apenas no nascimento e três meses, não conseguimos entender o que está acontecendo no primeiro mês, no qual temos a maior ocorrência de doenças, os maiores problemas, menores taxas de crescimento. Com isso, perdemos oportunidades de corrigir problemas e fazer diagnósticos para conseguir fazer as correções.”

Diante do exposto, entender os principais desafios e quais índices gerenciar para um sistema de criação de bezerras e novilhas é suma importância para a reposição do rebanho quando para a saúde financeira e os retornos dos investimentos para as fazendas.  

LETÍCIA MOSTARO

Bacharel em Laticínios pela UFV, Pós-Graduada em Eng.de Produção, Pós-Graduanda em Marketing Digital e Analytics.

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