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O que esperar do mercado de leite em 2024?

POR VALTER GALAN

PANORAMA DE MERCADO

EM 03/01/2024

3 MIN DE LEITURA

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Em relação à disponibilidade de leite, 2024 deve começar com o mercado em situação exatamente oposta ao que foi observado no primeiro semestre de 2023; no primeiro semestre de 2023 a produção brasileira de leite começou em queda (-1,2% no primeiro trimestre em relação mesmo período de 2022) e acelerou fortemente no segundo trimestre (+4,0% de crescimento vs 2022).

Naquele momento, aos volumes crescentes de produção local foram agregados volumes extremamente elevados de leite importado – observando agora os volumes importados de leite no primeiro semestre de 2023, claramente pode-se dizer que foram pouco coerentes com a situação de oferta de leite naquele momento. No primeiro semestre de 2023, tivemos meses de crescimento da disponibilidade per capita da ordem de 11 a 12% em relação a 2022.

O ano de 2024 deve começar com a produção em desaceleração, fruto da forte queda de rentabilidade experimentada pelo produtor de leite durante 2023 (observe, no gráfico 1, o indicador Receita Menos Custo da Alimentação – RMCA e os patamares bastante diferentes no primeiro e no segundo semestre do ano)

Gráfico 1. Evolução do Receita Menos Custo da Alimentação (RMCA).

produção leite 2024
Fonte: MilkPoint Mercado.
 

Além da perda de rentabilidade, evidenciada pela evolução do RMCA ao longo de 2023, fatores estruturais (como redução no número de produtores e no número de vacas em produção) devem comprometer os volumes produzidos no início de 2024.

Adicionalmente, o forte El Niño pelo qual passa o país tende a trazer desafios de produção no sul do país (milho plantado para silagem com alguns problemas de qualidade) e na oferta de milho grão em todo o mercado (atrasos no plantio da safra de verão atrasando/reduzindo a segunda safra, de milho, no Centro Oeste).

Em relação às importações, os volumes no primeiro semestre de 2024 tendem a ser menores do que os do mesmo período de 2023, ainda que permaneçam em patamares elevados. Vários fatores associados às condições de produção no Uruguai e na Argentina e, principalmente, aos aspectos econômicos da cadeia láctea na Argentina, trazem uma série de incertezas sobre o cenário de exportações ao Brasil em 2024 (a figura 1 apresenta um resumo destes fatores)

Figura 1. Fatores que podem fazer crescer ou decrescer o volume de importações lácteas no Brasil em 2024.

leite em 2024
Fonte: MilkPoint Mercado.
 

Assim, em resumo, teremos menor produção e (possivelmente) menores importações de lácteos no primeiro semestre de 2024 (em relação ao mesmo período de 2023), que resultarão numa disponibilidade per capita menor do que em 2023.

Ao mesmo tempo, teremos um cenário de demanda também oposto ao do início de 2023. Os preços dos lácteos no varejo começarão 2024 mais baixos do que em 2023 (quando iniciamos o ano com inflação de 2 dígitos nos lácteos). A figura 2 mostra os preços no varejo da cidade de São Paulo para o leite UHT e para a Muçarela e as variações pontuais de preços em relação ao ano anterior.

Figura 2. Preços do leite UHT e da Muçarela no varejo da cidade de São Paulo.

preços uht e muçarela
Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IPC da FIPE.
 

Além disso, o ambiente econômico entra 2024 com indicadores favoráveis, como menores taxas de juros, menor taxa de desemprego entre outros.

Este cenário de preços e ambiente econômico reflete nos volumes de venda de lácteos no varejo. Enquanto 2023 começou com queda de 5% a 7% em relação a 2022 (segundo dados da Scanntech), os volumes de venda de muitas categorias lácteas vêm apresentando recuperação, que deve seguir no início de 2024.

Assim, começamos o ano com menos leite e demanda em recuperação. Neste cenário, é razoável esperar uma reação mais rápida de preços de leite ao produtor (que, de fato, segundo o Cepea, já começou no pagamento de dezembro/2023, pelo leite de novembro/2023, efeito que raramente se observa no pagamento de dezembro).

Obviamente, muitos desafios devem permear o mercado durante o ano, como o limite de subida de preços (ponto a partir do qual o consumo começa a recuar) e o cenário de importações (sujeito a todos os fatores que mencionados neste artigo e a eventuais novas variáveis que venham influenciar o mercado internacional, os mercados no Mercosul e a competitividade/disponibilidade de leite importado).

Ao mesmo tempo, não podemos deixar de ser otimistas em relação a um ano de 2024, que entra com a perspectiva de recuperação de consumo de lácteos (lembremos que desde 2015 andamos “de lado” ou na “marcha ré” em relação aos volumes consumidos de lácteos no mercado brasileiro).

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

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BENEDITO ROSA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/01/2024

Parabéns mais uma vez pelo excelente artigo.
Só não concordo com a projeção de recuperação da demanda e queda no emprego. Infelizmente o número de pessoas que não mais procuram emprego não entra no CAGED. Não vejo o cenário econômico para 2024 com otimismo, ao contrário, está ameaçado pelo gigantesco deficit fiscal, o aumento de impostos e retração econômica em economias gigantes como Alemanha e China.
Gostaria, como produtor de leite, de acreditar que o preço vai melhorar. Estou recebendo de um grande laticínio R$1,96/litro desde setembro de 2023. Tenho escuta lamúrias e desistências de colegas produtores.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2024

Olá Benedito, tudo bem?

Obrigado pelo comentário!

De fato a demanda, medida pelo volume de vendas no varejo de diversas categorias lácteas e medida por institutos de pesquisa como a Scanntech, já mostraram reação nos últimos meses de 2023, depois de começar o ano passado em queda em relação a 2022.

Um outro ponto bem importante em relação ao ano passado é que os preços começam 2024 no varejo menores do que começaram em 2023, o que provavelmente tende a ajudar a recuperação da demanda.

Um forte abraço!

Valter
MARCELO FERREIRA

VERÍSSIMO - MINAS GERAIS

EM 10/01/2024

Esperamos estabilidade no preço do leite para 2024
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2024

Olá Marcelo,

Interessante que muitos produtores tem essa mesma expectativa, enquanto que outros (e algumas indústrias) esperam uma inflação mais alta no leite...

Abraço!
MARCELO BRANQUINHO PEREIRA

TRÊS CORAÇÕES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/01/2024

No Brasil de hoje , IBGE não é confiável! Temos que trabalhar com fatos : a Economia não está crescendo , pelo contrário desacelerando , os salários da população não estão crescendo portanto não acredito em aumento de consumo! Fato que a dificuldade da indústria é igual ou maior, vejamos nas atitudes comerciais das próprias , portanto acredito em um ano de grande desafios novamente.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2024

Olá Marcelo,

Como mencionei no texto e em algumas respostas aqui, institutos de pesquisa que medem vendas no varejo apontam para a recuperação de volumes em várias categorias. Adicionalmente (e diferente do que aconteceu no inicio de 2023) entramos o ano com preços mais baixos no varejo - o que certamente facilita a recuperação de consumo.

É claro que o horizonte não é azul e sem nuvens este ano... A recuperação de consumo depende de desempenho da economia e dos níveis de preços, cujas projeções são bem pouco assertivas.

Ao mesmo tempo, o produtor encontrará este ano um ambiente de custos de produção bem mais desafiador do que teve em 2023 - só para exemplificar, as projeções de hoje para os futuros de milho apontam preços até 15% mais altos este ano em relação ao ano passado.

Assim, certamente teremos um ano duro e desafiador mas, também como já mencionei numa outra resposta, monitorar os cenários futuros de mercado é algo que será de muita importância para a cadeia produtiva este ano.

Um abraço!
ALAIR MANOEL DA COSTA

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/01/2024

Tinhamos q ter a previsão de preço por cada mes subsequente. Vender leite sem saber o preço é um comerciomuito retrogrado.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2024

Olá Alair, tudo bem?

Há ferramentas de mercado (como contratos futuros, já usados há bastante tempo para o milho, soja, boi, café) que permitem melhor previsão de preços e proteção de mercado contra variações de preço. O setor (produtores, indústria e representantes dos dois) tem de discutir este tipo de ferramenta e viabilizar a discussão junto a B3 - tratamos do tema no nosso ultimo Forum MilkPoint Mercado, quando levamos a B3 para falar da oportunidade de mercados futuros para leite. Infelizmente, de lá para cá, a discussão foi deixada de lado pelo setor....

Abraço!

Valter
ELVIRA MARTINELLI

PASSO FUNDO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/02/2024

Também acho, entregamos o leite e não sabemos quanto vamos receber,e 15 pra receber e muito tempo.
DELAIR LUCIANO

SÃO MATEUS - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2024

Trabalhar com leite é mercado incerto não vale apena
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2024

Olá Delair, tudo bem?

Certamente o nível de incerteza no leite é bastante grande, mas também não é pequeno em outras commodities do Agro como soja, milho, algodão, boi... O que fazer neste ambiente? Contratos futuros de leite ajudariam, como outras commodities têm? Entendo que sim e que esta discussão deve ser feita pelo setor, de forma urgente.

Um abraço!

Valter
LEANDRO SIGNOR

XANXERÊ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2024

Maior preocupação para os produtores de leite é o el ladron, e as máfias dos laticínios, que pensam em baratear custos, vendendo o produto final elevado, com uma margem líquida grande. E quem é do agro e vivência sabe que não tens mão de obra de forma alguma, muitas propriedades grandes estão sofrendo com a escassez por conta de projetos sociais que beneficiam a população sem trabalhar, juros e financiamento este ano são os próximos gargalos, juros pelas especulação de diversos economistas é para aumentar, bem como inflação, não tens como serem baixo com o governo federal fechando a conta no negativo
#salvemosprodutoresdeleite
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2024

Olá Leandro,

Os desafios são enormes, sem dúvida, mas entendo que temos pontos e melhorar em todos os elos da cadeia produtiva. Não me parece que a indústria, em geral, tenha margens tão altas assim (ao contrário, temos vistos vários casos de empresas com problemas e muitas entrando em Recuperação Judicial); na produção é da mesma forma, com muitos produtores deixando a atividade.

Um abraço

Valter
ADILSON OLIVO

ÁLVARES MACHADO - SÃO PAULO

EM 04/01/2024

A minha opinião e q o acordo [ Mercosul] é o principal fator negativo a atividade leiteira no Brasil.
Compra_ se o q tem aq e inviabiliza o lucro aos produtores .
LEANDRO SIGNOR

XANXERÊ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2024

Concordo com o senhor, temos que fazer igual a Argentina fez com o açúcar
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2024

Olá Adilson, Olá Leandro

Acho importante observarmos sim o efeito do Mercosul na nossa cadeia produtiva. Mas, é bastante importante também verificarmos como está o nosso desempenho e competitividade. Neste último aspecto entendo que temos muito a fazer ainda (o que é um desafio, mas também uma enorme oportunidade para nossa cadeia produtiva).

Grande abraço!

Valter
LUIS EINAR SUÑÉ

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/01/2024

Deus te ouça Valter. Minha única discordância é menor inflação esperada e aumento do emprego. Abs
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2024

Olá Luís, tudo bem?

A inflação de lácteos no varejo começa o ano em queda em relação a 2023 (isso é fato, segundo dados da FIPE) - esta tendência deve ajudar a recuperação de consumo. Taxa de desemprego também vem caindo, de acordo com dados publicados pelo IBGE.

Abraço!

Valter
EM RESPOSTA A VALTER BERTINI GALAN
LEANDRO PUCCI DE ASSIS

UBERABA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA

EM 08/01/2024

Olá, bom dia. Infelizmente não podemos confiar nos dados divulgados pelo IBGE. Esses dados estão muito mascarados por conta dos postos de emprego criados no final do ano, e também aqueles gerados pela máquina publica.
EM RESPOSTA A LEANDRO PUCCI DE ASSIS
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2024

Olá Leandro,

Além destes indicadores há dados de institutos de pesquisa (como a Scanntech, mencionada aqui no artigo) que mostram aumento no volume de vendas de uma série de categorias (como leites em pó, condensando, bebida achocolatada) nos últimos meses de 2023 (vs 2022). Adicionalmente, os preços de varejo começam o ano em níveis bem mais baixos que em 2022 (quando a elevada inflação dos lácteos "segurou" o consumo).

Acho importante monitorarmos estas informações para traçar e revisar os cenários futuros de mercado de uma forma adequada.

Abraço!

Valter

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