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Geografia da produção leiteira no Brasil - mudanças recentes

VÁRIOS AUTORES

PANORAMA DE MERCADO

EM 17/11/2023

4 MIN DE LEITURA

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A recente divulgação dos dados atualizados da Pesquisa Pecuária Municipal pelo IBGE trouxe os dados sobre a produção leiteira no Brasil. Importantes mudanças espaciais foram observadas. Entre 2021 e 2022, a produção diminuiu no centro-oeste de Minas Gerais, nos estados de Goiás e de Rondônia.

Nestas regiões a crise na produção se mostrou particularmente mais sensível, podendo estar relacionada à maior distância dos mercados consumidores, que é o caso de Rondônia. Também a competição com outras atividades em expansão, como a produção de grãos, parece explicar o declínio observado em Minas Gerais e Goiás (Figura1).

Figura 1. Variação da produção leiteira entre 2021 e 2022. Municípios com variações positivas (azul) e negativas (vermelho), variações absolutas acima de 10 litros/ dia/ km2.

 Variação da produção leiteira entre 2021 e 2022. Municípios com variações positivas (azul) e negativas (vermelho), variações absolutas acima de 10 litros/ dia/ km2
Fonte: IBGE/ PPM adaptado por Embrapa (2023).

A queda da produção também foi observada em muitos municípios no Sul e se relaciona, entre outros fatores, à questão meteorológica: o Rio Grande do Sul sofreu forte estiagem no ano de 2022. Vale destacar que tanto no estado gaúcho quanto em outras regiões do país, a diminuição do número de produtores também tem impactado negativamente a produção.

Finalmente, vale ressaltar também que o final de 2021 e início de 2022 foi bastante complicado em termos de rentabilidade na pecuária de leite, o que também contribuiu para este resultado de declínio na oferta nacional.

Por outro lado, o aumento de produção foi observado em algumas regiões do Sul e Sudeste brasileiro. A região de Castro (PR) foi destaque. O crescimento da produção foi ainda mais pronunciado no Nordeste, que tem registrado aumentos sucessivos na produção de leite. Nesta região tanto as condições de tempo favoráveis em 2022, como a regularidade das chuvas, quanto as mudanças tecnológicas observadas recentemente explicam este desempenho.

Ao se destacar os municípios com densidade de produção leiteira acima de 30 litros/ dia por km2, identificamos as áreas de maior concentração no ano de 2022, elencadas a seguir (Figura 2):

Figura 2. Densidade da produção leiteira em 2022. Municípios com produção acima de 30 litros/ dia/ km2.

 Densidade da produção leiteira em 2022. Municípios com produção acima de 30 litros/ dia/ km2.
Fonte: IBGE/ PPM adaptado por Embrapa (2023).

  • A região Sul: destaque para o oeste paranaense e catarinense, bem como o norte e noroeste gaúchos. Esta área adensada tem se expandido recentemente para leste, em direção a Guarapuava (PR) e Castro (PR) - esta última localidade, inclusive, é o polo de maior produtividade de leite no país, com índices já próximos aos observados na Europa.
     
  • Minas Gerais: com abrangência nas regiões do Mucuri, Rio Doce, Zona da Mata, Vertentes, Sul, Centro-Oeste, Alto Paranaíba e Triângulo, e seu entorno, nas áreas fronteiriças do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O estado de Goiás é um importante prolongamento desta grande bacia, ainda que atualmente a produção tenha se deslocado do Sul em direção ao entorno de Goiânia.
     
  • Nordeste: maior expansão na produção no sertão e agreste de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. O centro-sul do Ceará também tem se destacado como importante região de expansão da produção leiteira.
     
  • Norte: a produção leiteira ainda se adensa no chamado Bico do Papagaio (TO-MA-PA) e no estado de Rondônia. Mas a região tem perdido importância na produção nacional dada a sua distância dos principais mercados consumidores e a menor concentração espacial da produção, com aumento no custo de captação nas indústrias.


Analisando a última década, entre 2012 e 2022, a produção leiteira cresceu de 88,2 milhões para 94,8 milhões de litros/ dia. Este dado inclui tanto o leite inspecionado quanto aquele que não passa pelos laticínios devidamente credenciados junto aos sistemas de inspeção públicos.

Apesar do crescimento observado na comparação de dez anos, no último ano, a produção brasileira recuou quase 1,5 milhão de litros/ dia. A produtividade nacional cresceu entre 2012 e 2021, alcançando 2.214 litros/ vaca/ ano. No entanto, as estimativas para 2022 mostram um leve recuo. Tanto os dados atualizados de produção quanto produtividade ilustram a uma situação desafiadora em termos de uso de tecnologia e desafios para incremento de produção na pecuária de leite 2022 (Tabela 1).

Tabela 1. Produção média diária e produtividade do Brasil e das grandes regiões, 2012-2022.

Produção média diária e produtividade do Brasil e das grandes regiões, 2012-2022.

Fonte: IBGE/ PPM adaptado por Embrapa (2023).

A produção do Centro-Oeste tem registrado contínuas quedas da produção de leite: 13,1 milhões/ litros/ dia em 2012, 10,9 milhões em 2021 e apenas 10,4 milhões em 2022. A produção do Norte e do Sudeste também caíram em 2022 e atingiram patamar ligeiramente acima do observado há 10 anos. A produção no Sul também caiu em 2022, mas se encontra em volume bem superior ao registrado há dez anos.

O grande destaque de crescimento tem sido o Nordeste: 9,6 milhões de litros/ dia em 2012, 14,8 milhões em 2021 e 15,7 milhões em 2022. Foi a única região na qual a produção aumentou no ano passado. Vale destacar também que, pela primeira vez, a região Sul passou a ser a maior produtora de leite do país. Em 2022 o Sul produziu 32,0 milhões de litros/ dia e o Sudeste, 31,8 milhões.

Os dados apresentados ilustram a distribuição espacial da produção leiteira no Brasil atualizada para o ano de 2022. A crise enfrentada na cadeia de lácteos afetou tanto a produção quanto a produtividade dos animais, em um momento de forte volatilidade de preços e maior risco na produção leiteira.

O Nordeste brasileiro se destacou com o aumento de produção e o Sul passou a ser a principal região produtora brasileira. Isso mostra que, mesmo com as adversidades, mudanças espaciais estão acontecendo na produção leiteira em nosso país.

 

MilkPoint Mercado

SAMUEL JOSE DE MAGALHAES OLIVEIRA

GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

8

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JOUSEFAN CLARES DE PAULA

IGUATU - CEARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/11/2023

Nordeste se tornando grande produtor de leite.
GLAUCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 20/11/2023

Exatamente.
E com produtividade também crescente.

Samuel
VALTER OTACÍLIO SILVA JUNIOR

ANDRELÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 20/11/2023

A Micro Região de Andrelândia, destaca na qualidade do leite, a presença da bactéria propionio originária do solo, a qualidade das águas originária das Montanhas Mágicas da Mantiqueira, a imigração de Dinamarquêses, Italianos, Portugueses, foram os pioneiros na introdução dos Queijos Finos no Brasil, Andrelândia os cinco maiores laticínios, acumulam 9 medalhas em concursos nacionais e internacionais mais recente foi premiada a melhor manteiga do Brasil
GLAUCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 20/11/2023

Obrigado pela interessante informação.
O próprio município de Andrelândia está em azul na Figura 1. O que significa que, de acordo com o IBGE, houve significativa expansão da produção de leite no último ano.
ROBSON ALBERTO

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - INDÚSTRIA

EM 20/11/2023

Influencia do leite importado no cenário atual não é mencionado em nenhum momento.
GLAUCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 20/11/2023

Prezado Robson,
De fato, a importação impactou a produção nacional. Bem lembrado.

Samuel
HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/11/2023

Não sei por quantas vezes já utilizei os dados da Pesquisa Pecuária Municipal para avaliar uma determinada baca leiteira. Outro dia comentei com um dirigente de cooperativa o que falava o saudoso Professor Teixeira Gomes da UFV, quando alguns descrentes ou opositores ao conteúdo de seus artigos técnicos mencionavam a fraqueza dos dados do IBGE para contrapor o Prof. Sebastião, especialmente sobre as questões da produção formal e informal do leite. O Prof. Sebastião, com o qual convivi durante minha passagem pelo PDPL-RV e vida como estudante, dizia que mesmo que os dados tivessem fraquezas, esses eram o que tínhamos e que assim eles seriam o bastante para proceder análises.

Manifesto o meu encantamento com a quão dinâmica é a cadeia do leite do Brasil. Todos os dias se espremendo e se reinventando para se enquadrar nas condições dos três suportes da sustentabilidade. Em conversa com o colega Abel Leocádio Fernandes, MSc. ele mencionou que a cadeia do leite pouco teve até hoje o impulso próprio que as cadeias do café, aves e suínos tiveram por serem produtos para exportação. A conquista do mercado externo que demanda exigências e maior competitividade promoveu o fortalecimento dos processos nessas cadeias.

O leite vai dessa forma se encaixando aqui e ali para o atendimento do mercado interno. Prosperando em algumas regiões e sistemas e abandonando outras. Recentemente tive a oportunidade de trabalhar com laticínios, técnicos e produtores nos estados da BA, SE, AL e PE. É de surpreender o que vi lá. Se os laticínios se mantiverem financeiramente sólidos e se não faltar água de qualidade, poderemos ver esse movimento de crescimento seguindo em frente. Abraços as pessoas do NE. Lembrando sempre do Prof. Sebastião, eficiência, sustentabilidade e o fator humano estavam sempre em seus artigos.
GLAUCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 20/11/2023

Obrigado pelo comentário.

Sim, os dados do IBGE são os mais abrangentes e detalhados que temos para a estatística de produção leiteira.

Acompanhemos o Nordeste e confiramos se a expansão recente continuará nos próximos anos.

Samuel

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