Alimentar vacas usando uma ração total misturada (TMR) tornou-se um padrão quase universal na produção comercial de leite nos Estados Unidos. Mas, uma abordagem mais tradicional para fornecer os elementos de ração separadamente pode ajudar a resolver preocupações relacionadas a custos indiretos, escassez de mão de obra e uso de combustível, de acordo com um grupo de pesquisadores argentinos.
A equipe, liderada pela pesquisadora Maria Cuffia, da Universidade Nacional do Litoral, Esperanza, Argentina, publicou os resultados de seu recente estudo no Italian Journal of Animal Science.
O estudo consistia em comparar o desempenho de 32 vacas Holandesas em início de lactação. Metade (16) do animais estavam sendo alimentados com TMR e metade recebendo um programa mais simplificado fornecido em elementos separados.
Ambas as dietas foram idênticas na formulação total, que foi baseada em uma vaca de 1.350 libras (~610 kg) produzindo cerca de 70 libras (~31,7 kg) de leite por dia com 3,5% de gordura do leite e 3,0% de proteína verdadeira. O grupo TMR recebeu um total de 24 quilos de matéria seca (MS) por vaca por dia, o que permitiu 5-10% de recusas para garantir a alimentação ad-lib (à vontade). A composição da TMR com base na MS foi de 42% de concentrado, 32% de silagem de milho e 26% de feno de alfafa. Esta ração foi fornecida duas vezes ao dia, com intervalos de 8 horas.
A ração não TMR era composta pelos mesmos componentes da ração, mas fornecida separadamente. Esses elementos eram uma ração concentrada peletizada na sala de ordenha; feno de livre escolha; e silagem de milho fornecida diretamente do saco com furos cortados no plástico. Uma cerca elétrica foi colocada a cerca de 30 centímetros ao redor do perímetro do saco do silo para evitar que as vacas pisassem ou deitassem nele.
Após um período de transição experimental de 1 mês, o desempenho da produção foi monitorado semanalmente por 3 semanas. Os resultados incluíram:
- Não foi observada diferença significativa entre os dois grupos em termos de produção de leite, produção de gordura e proteína, ingestão total de energia, ingestão total de matéria seca, peso corporal, escore de condição corporal, metabólitos plasmáticos e tempo de alimentação e ruminação.
- As vacas do grupo não TMR apresentaram maior ingestão de carboidratos não fibrosos, menor ingestão de proteína bruta e fibra em detergente neutro (FDN) e maior tempo de ingestão de água do que o grupo TMR.
- As vacas do grupo TMR apresentaram comportamento alimentar mais competitivo.
- O grupo não TMR apresentou um padrão mais estável tanto para comer quanto para beber.
Os pesquisadores sugeriram que, como a produção não foi afetada, uma abordagem não TMR poderia ajudar a limitar o investimento de um rebanho em maquinário especializado; reduzir o tempo de trabalho e despesas; e reduzir o uso de combustíveis.
Eles observaram, no entanto, que outros estudos mostraram que a alimentação TMR é mais favorável para a produção de leite em comparação com a alimentação de componentes separados. Isso foi especialmente verdadeiro quando os concentrados foram aumentados para cerca de 60% da ração total, em comparação com cerca de 40% neste estudo.
Além disso, a alimentação direta de silagem direto do saco, conforme modelado neste experimento, pode não ser viável em muitos rebanhos.
Ainda assim, eles disseram que um sistema de alimentação mais simples pode ser uma opção benéfica e de baixo consumo para alguns rebanhos – desde que os custos das operações de alimentação sejam realmente reduzidos – e possa atender aos instintos naturais das vacas.
Os animais podem buscar a ração e a água que desejam, ao invés do que lhes é apresentado, com a vaca determinando a dieta final. “Os ruminantes possuem um grau de sabedoria nutricional no sentido de que podem selecionar alimentos de acordo com suas necessidades”, afirmaram os autores. “Isso não significa que os animais sempre irão selecionar uma dieta balanceada.”
As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.