Com poucas manobras a fazer, incertezas no mercado internacional e gastos maiores, os produtores de leite estão mais do que preocupados porque suas dívidas se acumularam para a primavera e, por mais que aconteça, não haverá leite suficiente para pagá-las.
Por melhor que seja a primavera, há muitas despesas a enfrentar como parte do pagamento das sementes, entre outras. Não havia outra escolha a não ser jogá-los adiante para que a fazenda leiteira pudesse continuar trabalhando. "Sem dúvida, esses custos serão um problema, não importa quão boa seja a primavera", disse o Engenheiro Agrário Rodolfo Ceriani, presidente da Associação dos Produtores de Leite Parada Esperanza (Paysandú).
Os problemas produtivos continuam e, no norte do país, os produtores recarregaram as propriedades com as novilhas. “Tivemos que tirar todas as novilhas do criadouro porque não havia água e tínhamos pouca comida. Estamos com um descarte um pouco maior para o que deveríamos ter nesta época do ano”, admitiu Ceriani. A situação é complexa para os produtores de leite.
Embora tenha havido mais chuvas em fevereiro em Paysandú, os problemas de forragem já vinham de antes. “Tivemos três anos de dificuldades devido à estiagem, com primaveras ruins que geraram dificuldades nas reservas de forragem e aumento de custos. Por sua vez, houve queda nos envios de leite para a indústria. Este último verão foi complicado”, disse o produtor.
O déficit de forragem causou vacas em anestro (falta de cio e falta de prenhez) e "isso gera menos lactação no futuro, menos bezerros de reposição e dificuldades", acrescentou Ceriani.
É claro que não existe inverno bom, é uma estação do ano em que a produção cai e os custos sobem. Mas a principal dificuldade é "a incerteza quanto ao futuro" e como as fazendas leiteiras "vão enfrentar o endividamento".
O BROU (Banco De La Republica Oriental Del Uruguay) emitiu uma linha de crédito para diluir as dívidas causadas pela seca de três ou quatro anos à frente. “Com custos altos e pouca certeza nos preços do leite, eles trazem dificuldades importantes para serem vistas no futuro”, disse o presidente dos Produtores de Parada Esperanza.
Do lado do mercado, a boa notícia é que o Brasil continuará dependente da importação de lácteos e, no caso do Uruguai, é um importante destino de leite em pó integral e outros itens.
Envio de leite às plantas e preço
No acumulado até maio, a entrega de leite às pasteurizadoras atingiu 728 milhões de litros e nos últimos 12 meses chegou a 2.073.000 litros, segundo os últimos dados publicados pelo Inale.
A queda na remissão é de 2,2% e 1,6%, respectivamente. O preço do leite era de 17,5 pesos ou US$ 0,45 por litro.
As informações são do El País, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.