Fundada e comandada pela mineira Rafaela Gontijo, que esteve presente na edição de 2022 do Dairy Vision, a “foodtech” Nuu acaba de levantar sua primeira rodada com investidores institucionais.
O aporte de R$ 20 milhões foi liderado pelo americano EcoEnterprises Fund, referência em investimento de impacto. “O fundo era o primeiro da nossa lista, pela experiência de 20 anos em impacto, e por ser liderado também por mulher”, conta a fundadora, que estruturou um comando executivo feminino na Nuu. A “foodtech” trouxe Maíra Rabelo, ex-Vtex e Zé Delivery, como chefe de expansão, e Julia Dabés é chefe de operações. Na Eco, a CEO é Tammy Newmark.
Nesta rodada, também entram na composição acionária da Nuu a CamelFarm, dos fundadores da Zee.Dog, a MadFish, do tenista Bruno Soares, o americano Newlin, o Bioma Food Hub e os grupos de anjos GV Angels e Gávea Angels. A companhia também tem investidores pessoa física, como Rodolfo Chung, o ex-CEO do Zé Delivery e hoje na LTS Investimentos, e Marcelo Abritta, cofundador e CEO da Buser.
A Nuu nasceu na cozinha da casa de Rafaela, no Rio, onde fazia pão de queijo com o leite e o queijo trazidos da fazenda dos pais no interior de Minas. O produto, batizado com a típica interjeição mineira, era vendido em feiras gastronômicas e pequenos eventos.
Hoje, com fábrica própria, a capacidade de produção é de 25 toneladas por mês, de mais itens originados da mandioca. Além do pão de queijo tradicional, colorido, e pizzas com massa de pão de queijo, a Nuu fabrica bastões e dadinhos de tapioca - estes em parceria com o chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó.
A marca está hoje em 1,35 mil pontos de venda nas regiões Sudeste e Sul. A proposta, com a captação, é chegar a 6 mil PDVs em dois anos, acelerar o desenvolvimento de produtos e investir em marketing - multiplicando a companhia por oito no período.
A captação permite à Nuu manter a velocidade de crescimento e explorar o que a fundadora chama de oceano azul congelado - e a Nuu se lançou ao mercado justamente no “inverno” do venture capital.
A previsão era de um processo de quatro meses, mas acabou sendo mais longo. O que era um contratempo acabou viabilizando à Nuu mostrar resultado positivo aos potenciais investidores. No segundo semestre do ano passado, a companhia teve seu primeiro Ebitda positivo. No ano, a receita aumentou 107%. “Decidimos há um ano fazer a rodada, foi um dos meus maiores desafios, é um processo complexo, trabalhoso... e olha que sou mãe de gêmeos”, diz Rafaela. “Como levou mais tempo do que imaginávamos, precisamos olhar mais para o fluxo de caixa e mesmo assim entregamos números consideráveis de crescimento, o que ajudou na validação com os fundos.”
A companhia prefere o termo regenerativo em vez de “plant based” para definir seu negócio. Com certificação B-corp e selo da ONU, a Nuu tem 80% dos insumos fornecidos por produtores de um raio de 40 km da fábrica, em Patos de Minas. A exceção é a mandioca, que vem do Paraná e deve começar a vir do Norte.
A fábrica foi construída com o time de arquitetura alinhado ao time de economia circular, o que inclui desde tratamento de efluentes a telha termoacústica. Com investidores americanos, Gontijo diz que a chegada da Nuu aos EUA seria um passo natural. Uma referência americana para a Nuu é a Caulipower, que fatura mais de meio bilhão tendo a couve-flor como insumo para massas.
A Nuu vai continuar expandindo portfólio, mas a base continuará sendo a mandioca. “Olhamos para todas as possibilidade de a mandioca substituir o trigo”, diz.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.