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Resistência aos antimicrobianos de patógenos causadores de mastite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E ALESSANDRA MÓDENA ORSI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 26/11/2015

4 MIN DE LEITURA

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0
Alessandra Módena Orsi
Marcos Veiga dos Santos

As substâncias antimicrobianas corriqueiramente utilizadas para tratamento e prevenção de infecções bacterianas em animais são em grande parte das mesmas classes que aquelas utilizadas na medicina humana. Um estudo realizado na União Europeia observou que foram utilizadas em 1997 cerca de 3500 toneladas de antimicrobianos por ano, sendo que os mais utilizadas na medicina veterinária foram as tetraciclinas (2294 t), os macrolídeos (424 t), as penicilinas (322 t), os aminoglicosídeos (154t), sulfamidas+trimetropim (75 t), e fluorquinolonas (43t).

A mastite é umas das doenças que mais afetam negativamente a produção leiteira. Na maioria dos países, os estudos mais recentes indicam que a mastite clínica é causada principalmente por patógenos ambientais, dentre os quais, os grupos dos estreptococos ambientais e estafilococos coagulase-negativa são os mais frequentemente isolados. A prevenção ou tratamento de mastites são as principais razões do uso de antibióticos em vacas leiteiras. Porém, o uso crescente e não prudente dos antibióticos na produção leiteira pode estimular a resistência aos antimicrobianos, assim como aumentar o risco de transmissão dos genes responsáveis pela resistência para a microbiota dos seres humanos.

A resistência aos antimicrobianos dos patógenos causadores de mastites pode ser medida por meio de testes laboratoriais de sensibilidade fenotípica, frente a concentrações pré-determinadas de antimicrobianos para inibir o crescimento de bactérias. Podem ser utilizados os testes de disco difusão (antibiograma), diluição em ágar e microdiluição em caldo. Para interpretação dos resultados existem comitês internacionais que estabelecem critérios de interpretação (sensível, intermediário e resistente) para os métodos de antibiograma e também os pontos de inibição no caso da microdiluição (MIC). Os dois principais comitês internacionais são o CLSI (2013) dos EUA e EUCAST (2015) da Europa.

Além dos métodos genotípicos, podem também ser usados métodos genotípicos, os quais baseiam-se na detecção de genes relacionados à resistência frente a uma classe de antibióticos. Neste caso, os testes identificam se a bactéria em avaliação possui em seu material genético um determinado gene que codifica uma característica de resistência aos antibióticos.

Embora a prevalência de resistência à maioria dos antimicrobianos utilizados para os tratamentos de mastite ainda seja considerada baixa, é importante o monitoramento desta resistência para garantir a continuidade da saúde dos animais e dos seres humanos. A transferência de genes de resistência aos antimicrobianos a partir de patógenos causadores de mastites pode ser uma fonte potencial de transmissão desses genes para a população microbiana. 

Para estudar este tema, um grupo de pesquisadores da Universidade de Wisconsin, EUA, realizou um estudo que comparou as características de resistência fenotípica dos patógenos Gram positivos causadores de mastite com ocorrência de genes relacionados a resistência aos antimicrobianos. Foram selecionados quatro diferentes genes relacionados com a resistência à penicilina (gene blaZ), tetraciclinas (tetM e tetK) e eritromicinas e lincosamidas (ermC), sendo que nas mesmas bactérias foi realizado o teste de concentração inibitória miníma (MIC) para os antibióticos ampicilina, ceftiofur, cefalotina, enrofloxacina, eritromicina, florfenicol, oxacilina, penicilina, penicilina+novobiocina, pirlimicina, sulfadimexotine e tetraciclina. Foram utilizados agentes causadores de mastite clínica de 50 rebanhos, dentre os quais: Staphylococcus aureus, estafilococos coagulase-negativa, Streptococcus spp., Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalactiae e um grupo de não-streptococcus (Aerococcus viridians, Enterococcus durans, Enterococcus faecium e Lactococcus lactis).

Resultados de sensibilidade aos antimicrobianos

Os antibióticos com os maiores índices de sensibilidade foram o ceftiofur, cefalotina, penicilina+novobiocina e penicilina, os quais apresentaram 100% de sensibilidade para todos os isolados testados. Os resultados com menor índice de sensibilidade foram encontrados para isolados de Staphylococcus aureus e Estafilococos coagulase-negativa em relação à eritromicina e florfenicol. No grupo dos Streptocococcus spp foram encontrados os menores índices de sensibilidade para enrofloxacina, tetraciclina e sulfadimexotim. Deve-se destacar que estes resultados de sensibilidade foram obtidos para testes in vitro, sendo que não seria recomendável esperar estes mesmos resultados para escolhas de antibióticos para tratamento de mastite.

Por outro lado, foi encontrada uma baixa correlação entre a ocorrência dos genes de resistência e a resistência fenotípica em todas bactérias avaliadas. Apenas foi encontrada correlação de 100% para isolados de Staphylococcus aureus e estafilococos coagulase-negativa resistentes à penicilina, os quais apresentaram o gene blaZ e também uma correlação de 100% para o gene tetK em S. aureus com resistência intermediaria à tetraciclina. Os demais antimicrobianos e suas respectivas correlações variaram de 0- 67%.

Estes resultados de baixa correlação entre a ocorrência de genes de resistência e os testes de sensibilidade in vitro indicam a necessidade de estudos adicionais para validação de critérios de interpretação das concentrações inibitórias mínimas para doenças especificas, como a mastite. Atualmente, existem apenas três antimicrobianos com padrões de interpretação específicos para mastite, que são a pirlimicina, o ceftiofur e a penicilina+novabiocina. A interpretação dos resultados de antibiograma, por exemplo, dos demais antibióticos é feita com base em padrões de outros tecidos (como doença respiratória em bovinos) ou mesmo outras espécies de animais, o que explica a baixa correlação entre os resultados dos teste de sensibilidade aos antimicrobianos in vitro e as taxas de cura dos tratamentos de mastite.

Fontes consultadas:

RUEGG, P. L.;OLIVEIRA L.; JIN, W.; OKWUMABUA, O. Phenotypic antimicrobial susceptibility and occurrence of selected resistance genes in gram-positive mastitis pathogens isolated from Wisconsin dairy cows. Journal Dairy Science, 98:4521–4534, 2015.

EUCAST, 2015 – 01 -01. Breakpoints tables for interpretation of MICs and zone diameters. V 5.0. 2015.

CLSI Vet 01-S2., Performance standards for antimicrobial disc and dilution susceptibility testes for bacteria isolated from animals; second informational supplement). 2013
 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

ALESSANDRA MÓDENA ORSI

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ALESSANDRA MÓDENA ORSI

TATUÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/01/2016

Prezado André
Obrigada pelo comentário. Abraços, Alessandra
ANDRÉ MARCEMINO HAMPF

CASTRO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/01/2016

Parabenizo os autores pelo artigo. Ficou muito claro que ainda temos um longo trabalho e muitos estudos para dominarmos a correlação e quais princípios ativos e bases químicas possam ou devam ser utilizadas, ainda mais como a pouca prudência que observamos sendo utilizada no Brasil.

Abraço
ALESSANDRA MÓDENA ORSI

TATUÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/12/2015

Prezado Estêvão

Obrigada pelo comentário. Acredito que o problema é como aplicar efetivamente todos os procedimentos dentro de uma propriedade, sempre temos que ficar de olho em vários fatores como você citou ambiente e prevenção.

Abraço,
Alessandra
ALESSANDRA MÓDENA ORSI

TATUÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/12/2015

Prezado Marcus
Obrigada pelo comentário. Abraços, Alessandra
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/11/2015

Prezado Marcus, obrigado pelo comentário, abraço, Marcos
MARCUS REZENDE

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 30/11/2015

PREZADOS AUTORES,
Alessandra Orsi e Marcos Veiga

Belíssimo texto, com informações muito interessantes.
Gostei muito do que foi apresentado e atesto que toda informação nos serve de norte para nossas ações de campo. Obrigado pelo texto muito enriquecedor!

Também concordo com o colega Estevão Oliveira, quando comenta sobre a necessidade de sempre estarmos atentos também ao ambiente e prevenção.
Reafirmo a necessidade de mantermos um programa rígido de controle e identificação de patógenos (cultura) e dos ativos que funcionam na propriedade (antibiograma). Embora os testes em vitro possam ter resultados distintos do in vivo, é sempre um norte muito promissor para nossa rotina.

É como dizemos: "na pecuária leiteira devemos manter um olho no peixe e outro no gato; o porém é que ambos estão em movimento!"

Abraço a todos...
ESTÊVÃO DOMINGOS DE OLIVEIRA

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/11/2015

Prezado Marcos Veiga

Embora o estudo seja importante para estudar a evolução do mecanismo de resistência das bactérias a substâncias antimicrobianas percebemos que a correlação In vitro para In vivo é muito baixa.

Os estudos deveriam, ao meu ver. ser focados em animais no ambiente de fazendas. Sabemos que seriam muito mais dispendiosos, mas os resultados poderiam ser melhor aproveitados na realidade dos produtores de leite e técnicos que atuam no setor.

Em resumo,acredito que o nosso foco deve ser a prevenção da mastite e medidas gerais de manejo que venham a diminuir o risco dos animais serem afetados pela enfermidade e descartar animais cronicamente afetados.

Abraços

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