As analises realizadas pelos laboratórios credenciados pela RBQL em 2,4 milhões em quase 2,8 milhões de amostras em 2012 ( universo amostral bastante significativo ) indicam que:
1) Com relação à CCS ( limite 600.000células/ml ) 27% estavam acima do limite;
2)Com relação à CBT ( limite 600.000 ufc/ml ) 40% estavam acima do limite.
Esses números indicam a dificuldade de parte significativa dos produtores em ficar abaixo dos limites estabelecidos. Para a CCS a dificuldade é compreensivel face a complexidade do problema e o custo das ações para resolve-lo. O surpreendente é um número 48% maior de produtores para resolver o problema com a CBT, que é simples e o baixo custo das ações para resolver o problema..
Essa surpreendente dificuldade com relação à CBT é uma é uma evidência que um número grande de produtores não esta interessado na qualidade do leite, mas também uma pista de que a indústria também não está.
Quando estava evidente que os limites para CCS e CBT da IN 51 não seriam factíveis para uma grande parte de produtores, partiu-se para a IN 62. Quando publicada a nova Instrução Normativa, constatou-se novos prazos e limites, o que era esperado, mas também a eliminação do leite B, o que foi uma surpresa e causou descontentamento e protesto de várias entidades, inclusive da Leite São Paulo.
Em função dos protestos decidiu-se pela revisão da IN 62 com a permanência do leite B até o final de 2013, e que a norma seria re-publicada com essa alteração.
Em função de dar uma resposta a uma telespectadora do Canal Rural, verifiquei que a IN 62 não foi re-publicada, mas que o compromisso mas que estava valido no sentido de manter o leite B na IN 62 até o final de 2013.
A Leite São Paulo foi na época contra eliminar o leite B da IN 62 permitindo apenas sua vigência por um prazo determinado, e continua sendo contra agora, pois no nosso entender isso não contribui para a melhoria da qualidade do leite e pode contribuir para a redução do consumo do leite pasteurizado, pois ao consumidor, que ao longo dos anos identificou que tipo B é o melhor leite pasteurizado produzido na indústria a partir do leite coletado nas propriedades rurais, ficará a imagem a indústria passou a produzir apenas o leite de pior qualidade.
Se tiver que, por algum motivo real que desconhecemos, ficarem apenas dois tipos de leite pasteurizado, deveriam ficar o leite tipo A ( industrializado na propriedade rural ) e o tipo B ( industrializado a partir do leite captado nas propriedades rurais ), ambos produtos identificados como da melhor qualidade.
Nesse final de ano, o posicionamento e explicações das entidades da cadeia produtiva de leite e derivados sobre a permanência do leite B na IN 62 nos dará pistas sobre quem realmente está interessado na qualidade do leite.
Outras pistas poderão ser encontradas com relação ao posicionamento e explicações das entidades que participam da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do MAPA sobre a proposta encaminhada pela Leite São Paulo de ação para enquadrar a fraude no leite na relação de crimes hediondos. Apesar dessa proposta ter sido encaminhada há algum tempo, até agora nenhuma entidade se manifestou.
Tentaremos dar a resposta à pergunta “A quem interessa a qualidade do leite no Brasil” num próximo artigo no começo de 2014, em função do que observarmos nesse fim de ano sobre a permanência do Leite B na IN 62 e de ação para enquadrar a fraude no leite como crime hediondo.
Marcello de Moura Campos Filho