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Relação cooperativa x relação competitiva entre produtores e indústrias |
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO
Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.
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ALOISIO T. GOMESOUTRO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 06/12/2004
Caro Marcelo; segue uma nota que enviei ao Dr. Eliseu Alves, como sequência à carta que ele enviou comentando seu artigo.
"Caro Eliseu, (06/12/2004, reenviando após retornar de viagem) Sua contribuição para o debate levantado pelo artigo do Marcelo, nos alerta para pontos importantes do ambiente econômico composto de milhares de produtores espalhados pelo país afora, na grande maioria pequenos e desorganizados entre eles. Entendo ser uma missão quase que impossível alavancar ações que venham se adequar para todo o país simultaneamente. Talvez com a fiscalização ao cumprimento de medidas fortes que venham combater a informalidade, a sonegação e exigir mais qualidade para o leite. Será isto factível? A sociedade não parece querer isto por enquanto, mesmo porque a baixa renda não coaduna com estas exigências. Então fica a pergunta sobre o que poderia ser feito para continuar avançando na relação entre os elos da cadeia? É claro que a questão tecnológica é de extrema importância. No entanto vejo que a organização na venda é fundamental e estamos assistindo casos bem sucedidos, embora incipientes, por muitos lugares. Juiz de Fora iniciou com seu exemplo. No nordeste há casos de diferenças de preço que chegam até 40% a mais, para produtores maiores que negociam a venda de leite resfriado e também para as associações de pequenos e médios produtores, que estão sendo organizadas para vender em conjunto, negociando com a indústria. Estes produtores não tiveram queda acentuada no preço agora na safra do nordeste, coisa que não ocorreu com os pequenos vendendo leite isoladamente, exceto aqueles que atuam no mercado informal. De toda maneira, até que a cooperativa passe por profundas reformas que venham recompor sua credibilidade, vejo como importante a organização dos produtores para venda no mercado spot, seja direto para a central cooperativa ou seja direto para a grande indústria laticinista. Não vejo a menor chance da indústria trabalhando com baixo volume como acreditaram muitos produtores num passado, amargando o sucateamento dos equipamentos das chamadas miniusinas que se instalaram. Uma das etapas que a grande indústria gostaria de se ver livre é a captação de leite direto do produtor, ainda mais do pequeno e do médio (hoje pequeno já se falam em até 300 litros/dia e médios em até 1000 litros/dia). O setor está assistindo suas ações nesta direção. Não deveriam as organizações de produtores encontrarem aí as oportunidades para investir na captação cada vez mais profissionalizada, buscando também arranjos mais estáveis com o elo industrial da cadeia? Abraços, Aloísio." |
RENATO H. FERNANDESTEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B) EM 27/11/2004
Caro Marcelo,
Certamente há indícios de que a cadeia do leite esteja caminhando para uma maior integração. Mas, infelizmente, e inclusive em relação também a grande parcela das Cooperativas e seu relacionamento com os cooperados, fica muito clara a ausência de um processo de construção conjunta dos avanços, seguido da repartição dos resultados. As normas que regem os relacionamentos não são bem claras e, quando o são, vêm de cima para baixo e há pouco ou nenhum espaço para feedback. Chegamos, portanto, a um processo em que a cadeia anda a trancos e barrancos. Normalmente os produtores tomam os trancos e, em seguida, tratam de se adaptar à nova realidade (aqueles que não são excluídos no decorrer do processo). E, com certeza, o ritmo dos avanços é menor do que poderia, pois os produtores acabam por assumir uma postura claramente defensiva. Para que a integração ocorra é necessário que as partes abram mão da possibilidade de agir oportunisticamente. O que é difícil de se esperar da parte das indústrias, pois seu poder de barganha, lhes garante a salvaguarda de transferir os ônus do processo evolutivo e das crises para os produtores (vide a granelização e o apagão de 2001). Sendo que, do outro lado, os produtores tentam ganhar uns centavinhos por litro, buscando fazer caixa para aguentar a próxima crise. Sem dúvida, há espaço para integração da cadeia e o caminho é mais do que conhecido. Mas, acredito, os avanços vão continuar restritos a nichos e situações específicas até que estes exemplos e os avanços no sentido da comunicação (com transparência) das demandas dentro da cadeia levem a formação do "caldo cultural" que permita às partes se enxergar como parceiros. Termino com duas sugestões: Façam uma enquete entre os produtores para saber se já foram consultados pelo laticínio e/ou cooperativa sobre a normas que regem sua relação comercial. E entre os laticínios para saber quais pontos de sua política comercial vieram de sugestões de fornecedores. Saudações, Renato Fernandes |
ALOISIO T. GOMESOUTRO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 27/11/2004
Caro Marcelo;
Muito bom o artigo; fico feliz que um profissional como você se alie a esta "causa", que é dura, mas que será vencida com muita determinação; estou seguro que chegaremos lá, ainda mais contando com o MilkPoint que, a cada dia, se consolida como uma referência; Creio que o maior adversário para alavancar esta "terceira via" está na questão cultural; não é fácil lidar com oportunismo e com traidores, que sempre estarão presentes; não estamos acostumados a lidar com isto. Parabéns. Aloisio Teixeira Gomes; Embrapa Gado de Leite. |
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