Nutrição de precisão é um tema que está cada vez mais em alta. Uma das melhores definições do assunto é: “sistema de gerenciamento baseado em informação e tecnologia para identificar, analisar e controlar processos da fazenda para otimizar performance, lucratividade e sustentabilidade” (Meijer, 2010).
Embora à primeira vista possa-se ter a ideia de que a nutrição de precisão consiste no uso de medidas altamente tecnológicas para melhorar a eficiência alimentar de rebanhos leiteiros, na prática ela pode ser realizada com a introdução de algumas medidas de manejo que podem ser bastante simples, mas que auxiliam técnicos e produtores a obterem melhor eficiência da dieta utilizada na alimentação de rebanhos leiteiros.
Quando pensamos na palavra precisão, o que nos vem à cabeça é um alvo com uma flecha bem em seu centro. Dentro do contexto da nutrição de precisão, a flecha seria a dieta e o círculo no meio as exigências das vacas. Assim, ser bem preciso com a nutrição significa formular uma dieta exatamente com aquilo que o animal necessita, de forma consistente.
Figura 1: Esquema didático para ilustrar a nutrição de precisão
Uma dieta precisa é muito importante, pois em um sistema de produção de leite como um todo, a alimentação tem um papel central, já que a produção depende diretamente de como esse animal se alimenta. Além disso, o custo da alimentação é o maior dentro desse sistema.
Nesse contexto, a eficiência do negócio é baseada, de forma simplificada, no resultado entre a receita que entra com o leite sobre o gasto que se tem com alimentação.
Na relação leite/alimentos, o preço do leite, ou seja, a receita que será gerada com a venda é uma variável que não está nas mãos do produtor. Já a parte de alimentação dessa equação, pode ser dividida também em duas partes:
- Porteira para fora: insumos (uma parte que o produtor não tem controle sobre os preços);
- Porteira para dentro: variáveis que acontecem dentro da fazenda. Lembrando que gasto com comida não significa somente o alimento que o animal está consumindo, mas sim, todo aquele que desaparece dentro da propriedade, seja ele usado para produzir leite, seja excretado ou desperdiçado.
Nessas variáveis da porteira para dentro o produtor tem controle e é exatamente onde é possível atuar para melhorar a eficiência na produção de leite.
Aqui, vale uma reflexão sobre uma frase muito perigosa para qualquer negócio que é: “nós sempre fizemos as coisas dessa forma”. Isso porque, sempre que um negócio se acomoda, sem desafiar o que vem sendo feito, não há como avançar. A nutrição de precisão exige que se desafie a forma como as coisas vêm sendo feitas dentro da fazenda.
Como acertar o “alvo”
A ilustração do alvo do início do artigo, embora didática, é bastante simplista. Muitas coisas podem atrapalhar esse processo. O processo de alimentação dentro da fazenda envolve as seguintes etapas:
- Coleta de dados sobre a composição dos alimentos;
- Coleta de dados de exigência do animal;
- Colocação desses dados dentro de um modelo nutricional feito por um software no computador;
- Geração de uma planilha com a dieta que é impressa e levada a campo;
- Preparo da dieta pela equipe da fazenda;
- Fornecimento da dieta ao animal (que pode consumir ou não).
Todas essas etapas precisam ser feitas com cuidado, pois podem ser fontes de desperdício, atrapalhando a relação entre dieta e exigência.
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