Se uma boa quantidade de chuva não chegar logo em algumas partes da Nova Zelândia o país estará com problemas. A região mais afetada é a de South Canterbury, onde alguns produtores rurais estão enfrentando uma situação até então desconhecida.

Os produtores que dependiam da barragem de Opuha, perto de Fairlie, para irrigação, estão enfrentando restrições de água sem precedentes e a menos que chova nas próximas semanas, o lago efetivamente secará pela primeira vez em 16 anos.

O produtor de leite de Pleasant Point, Brent Isbister, um dos 250 proprietários de terra que dependem da água do lago artificial, teve que abater 10% de seu rebanho leiteiro de 1.150 animais e mais 10% teve que ser enviado para fora da região devido às condições de seca.

As coisas não devem melhorar tão cedo, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa em Água e Atmosfera (NIWA). A região de Timaru teve apenas 21 milímetros de chuva em dezembro – cerca de um terço do normal – e menos de um milímetro caiu até agora nesse mês. Os níveis de umidade do solo estão severamente baixos na área e o NIWA não prevê melhora nos dias que seguem.

Sua previsão sazonal, que vai até março, prevê chuvas em níveis normais ou menos que os normais, enquanto as temperaturas ficarão normais ou maiores para as partes orientais de Canterbury e Otago.

O presidente do Federated Farmers South Canterbury, Ivon Hurst, disse que não consegue se lembrar de um período tão seco desde os anos noventa. “A irrigação começou um mês mais cedo que o normal. Não há neve nas montanhas para nos dar um banco de água residual nos rios. É uma questão de tempo para ficar mais grave. Eu acho que as pessoas da irrigação estão na pior posição”.

“Ironicamente, são aqueles com irrigação que estão na pior situação, porque, claro, eles estocaram até o limite e os seus custos são altos, de forma que quando são se encontram sem água, é um problema sério”.

Normalmente, o lago fica com cerca de 90% de sua capacidade de 72 milhões de de metros cúbicos em janeiro. No momento, o lago está com 30% e, a menos que chova logo, o lago efetivamente secará até o final do próximo mês.

Os produtores estão sujeitos a restrições no momento, sendo capazes de usar somente 75% de sua oferta normal de água. No meio de dezembro era 50% do nível, e deverá retornar a isso na próxima semana.

Isbister vem produzindo leite na região de Pleasant Point há 13 anos e tem usado esse esquema de irrigação durante todo esse tempo. Ele disse que os membros do setor na região nunca enfrentaram uma restrição de 50% antes. Diferentemente de outros esquemas de irrigação, como dos rios Waitaki e Rangitata, que são alimentados pelas chuvas na Costa Oeste, o esquema Opuha depende das chuvas que caem no leste da divisão e da neve derretida. A escassez de neve durante o inverno teve um impacto importante, disse Ibister.

“Estamos com uma produção 20% menor comparado com o ano anterior. Se não chover, essa porcentagem aumentará para 30% a 40%. As decisões tomadas em um ano de pagamentos baixos (como o ano atual) são diferentes daquelas tomadas em anos de pagamento alto. Em um ano de alto pagamento você compra comida e mantém a produção de leite alta, porque é economicamente viável. Em um ano de baixo pagamento, você não pode fazer isso”.

“Há dois impactos no fluxo de caixa para os produtores de leite aqui. Um é o impacto do pagamento, que para nós será de cerca de NZ$ 1 milhão (US$ 777.390) na estação até junho. O impacto da seca é de outros NZ$ 500.000 (US$ 388.695)”.
O diretor executivo da Opuha Water Ltd., Tony McCormick, disse que o esquema, que fornece irrigação a 16.000 hectares está migrando para um “território desconhecido”.
“O lago esteve mais baixo do que está atualmente em três ocasiões anteriores, mas sempre no final da estação, não no meio. Precisamos de uma chuva substancial para voltar aos níveis normais e com o fortalecimento do El Niño, não vemos isso acontecendo”.

Restrições de água e as barreiras de fogo estão em prática em várias partes de Otago e Canterbury, e outros distritos do país devem impor barreiras similares nesse mês a menos que chova.

Grande parte do lado leste da Ilha do Sul, particularmente South Canterbury e partes de Otago, tem o maior déficit de umidade do solo, com “solos severamente a extremamente secos para essa época do ano”, disse o responsável por previsões do NIWA, Chris Brandolino. A parte baixa da costa leste da Ilha do Norte também está com “umidade do solo de severamente a extremamente mais secas que o normal” para essa época do ano, disse ele. “Do norte da Baía Hawke até Waikato, os solos estão muito secos ou severamente mais secos que o normal para essa época do ano. Nos últimos dois meses, não houve muita chuva nessas áreas. Em outras palavras, essa não é uma coisa recente”. Brandolino disse que não há chuvas significativas esperadas nas áreas mais afetadas nas próximas semanas.

As temperaturas deverão ficar próximas ao normal na maior parte do país durante esse período. As chuvas deverão ficar próximas ao normal para a Ilha do Norte e na parte superior da Ilha do Sul, mas o restante da Ilha do Sul deverá ver quantidades abaixo do normal de chuvas.

Os níveis de umidade do solo deverão ficar abaixo do normal no leste da Ilha do Sul. As partes leste e norte da Ilha do Norte podem ter níveis abaixo do normal de umidade do solo, enquanto o resto do país deverá ter níveis normais. Os fluxos dos rios deverão ficar abaixo do normal no leste da Ilha do Sul e em níveis próximos ao normal ou menores em outras regiões.

A reportagem é do NZFarmer.co.nz traduzida e adaptada pela esquipe MilkPoint.

Em 19/01/15 – 1 Dólar Neozelandês = US$ 0,77739
1,28153 Dólar Neozelandês = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)