Para Makoto, a integração lavoura-pecuária contribuiu para a otimização das terras. “A pecuária praticamente não ocupa muito espaço comparada às outras atividades. Quando iniciamos a atividade leiteira, somente a cenoura e o leite tinham renda distribuída mensalmente, pois as demais culturas eram de safra (alho, beterraba). Atualmente o alho e a beterraba são armazenados em câmaras frias para comercialização na entressafra, o que permite uma distribuição da renda ao longo de todo o ano”.
A redução do ciclo da cultura do milho também ocorreu já que a colheita é realizada para silagem ao em vez de milho grão - o que permitiu uma redução de aproximadamente 40 dias - permitindo um preparo de solo antecipado para a próxima cultura a ser estabelecida no ano. “A rotação de cultura com a braquiária e os fertilizantes orgânicos proporcionaram aumento no volume a na quantidade das hortaliças. Também reduzimos os custos com fertilizantes e energia pois passamos a usar dejetos sólidos (compostagem) e líquidos (biofertilizante do biodigestor)”, destacou.
A integração com a pecuária também contribuiu para a redução de energia: o gás produzido no biodigestor é utilizado para gerar energia para dois barracões onde ficam alojados 600 animais. Essa energia é suficiente para alimentar toda a parte elétrica das instalações onde se encontram os animais – como ventiladores, bomba de aspersão, entre outros. A fazenda possui nove biodigestores e dois barracões com 300 animais/cada.
A fazenda também comercializa tourinhos e embriões e em 2017 pretende trabalhar com a venda de novilhas e vacas. Além disso, para o ano que vem, a pretensão é passar de 1361 animais em lactação para 1500 - alcançando uma produção de 55.500 mil litros/dia. Makoto ainda fez questão de ressaltar a importância da gestão de pessoas. “São elas que fazem a diferença e que fazem o negócio rodar; precisamos valorizá-las”.
Na sequência, foi a vez de Maurício Silveira Coelho, sócio proprietário e atual administrador da Fazenda Santa Luzia, em Passos/MG, contar a sua experiência. Além do leite, o Grupo Cabo Verde, no qual a fazenda faz parte, trabalha com outras atividades, como suinocultura, agricultura de milho e soja, pecuária de corte e cafeicultura.
A Santa Luzia é uma das mais importantes fazendas produtoras de leite a pasto do Brasil, com uma produção de 28.000 litros diários, com 1450 vacas em lactação, sendo 1000 animais no sistema a pasto tradicional e 450 vacas no novo projeto a pasto, irrigado e com ordenha rotatória (a primeira do mundo para animais da raça Girolando).
A suinocultura responde por 50% do faturamento do grupo e os dejetos são utilizados para adubação e para o biodigestor, gerando energia elétrica. Também ocorre o tratamento dos dejetos – separando os sólidos dos líquidos. A ideia da integração da suinocultura com o leite, há muitas décadas atrás, ocorreu com o objetivo de dar destino ao soro oriundo do desnate. “O leite era comercializado em forma de creme (fabricação de manteiga) devido à dificuldade de transporte e ausência de resfriamento”, ponderou Maurício.
O projeto de crescimento da fazenda abrange um maior equilíbrio entre as atividades, preocupação crescente com o meio ambiente e sustentabilidade. “A busca pelo crescimento sustentável da produção de leite na Santa Luzia em sistema de pasto tem como objetivos principais a exploração mais racional de suas potencialidades como terra, rebanho, integração entre as atividades produtivas, mão de obra especializada e conhecimento adquirido ao longo dos anos. O objetivo são os ganhos de escala, redução dos custos fixos e maior rentabilidade na operação, tornando a atividade mais competitiva e atraente”, pontuou.
A partir da propriedade adquirida em 1996, Edvaldo estruturou uma série de atividades inter-relacionadas: produção de leite, suínos, aves e peixes. O leite é processado em laticínio próprio e vendido, entre outros canais, na padaria Alkmim, dele mesmo. Os peixes são filetados e também vendidos ao comércio, na busca constante pela agregação de valor.
O produtor ressaltou algumas iniciativas sustentáveis utilizadas na sua integração, como aproveitamento da água da irrigação para a criação de peixes. Todo o processo é direcionado para aproveitar os restos de alimentos com o intuito de reduzir custos e priorizar as questões ambientais.
Os projetos futuros de Edvaldo abrangem uma mini-usina fotovoltaica (usina solar), uso de aquecedores solares e ampliação da utilização do gás metano para o funcionamento da caldeira do laticínio ou gerador de energia – deixando de lado a dependência da lenha.
Concluindo, ele deixou a seguinte mensagem para os ouvintes: “São as dificuldades que nos deixam criativos e nos fazem buscar soluções. Diversificar não é fácil, mas às vezes é necessário. Quer ter sucesso? Trabalhe e trabalhe muito, capacite-se, recuse a sua zona de conforto. Eu só conheço essa receita para o êxito”.
A área total da fazenda é de 140 hectares, sendo 53 ha irrigados e 35 ha de pastagem de sequeiro. A pastagem irrigada é composta por piquetes rotacionados, produção de silagem e cana-de-açúcar para a alimentação bovina. A produção de leite média atual é de 1800 litros/dia.