O objetivo do projeto é vincular a iniciativa privada à pública. De acordo com o diretor da ESALQ, Luiz Gustavo Nussio “essa é uma ótima oportunidade para os alunos da universidade desenvolverem uma atividade que está totalmente alinhada ao que a Universidade de São Paulo busca hoje”.
Segundo Wagner Arbex, analista científico da Embrapa, o “Ideas for Milk” já está fazendo história, dado o interesse despertado nas várias sedes e além delas. No evento, Arbex propôs uma dinâmica entre os participantes dividindo-os em quatro grupos. Por meio de palavras citadas pelo próprio público (como custo, logística, qualidade, escala, cadeia, inovação, entre outras), os grupos foram convidados a criar uma startup em cinco minutos. Após isso, tiveram 30 segundos para expor as ideias a todos. “Com esse simples networking, provocamos o despertar de possíveis atores que contribuirão para o desenvolvimento do agronegócio”, completou o analista. O evento contou com a participação de mais de 80 pessoas.
Dando sequência, Marcelo Carvalho, da AgriPoint, comentou que é muito saudável a atitude da ESALQ em trazer esse tipo de evento para dentro da instituição. Ele apresentou brevemente a cadeia do leite para os participantes e pincelou a importância do setor para o agronegócio nacional. “Hoje no Brasil temos 11 mil transportadores de leite. Coletar todo o leite em um dia no país é a mesma coisa que dar 55 voltas na Terra. Cito isso para vocês terem noção do tamanho do negócio. Somos o quarto maior produtor de leite do mundo, com, 35 bilhões de litros/leite/ano, segundo os dados oficiais”.
Ele ainda mostrou que 99% dos municípios brasileiros produzem leite atualmente no Brasil e mesmo com problemas, como a baixa produtividade de algumas propriedades, a produção cresceu nos últimos 15 anos. “Existe uma diversidade muito grande com relação aos sistemas de produção. Ainda temos ordenha ao pé, mas também, criação a pasto com alta produtividade e sistemas de confinamento altamente eficientes”, explica. De acordo com Marcelo, há alguns drivers importantes que devemos nos atentar na atividade leiteira, como aumento de escala, intensificação, automação, gestão, produtividade, genética, precisão, sustentabilidade, segurança alimentar, bem-estar animal e integração com outras atividades. “Esses drivers tem muito a ver com a proposta do Ideas for Milk”, constata.
“Outro número que mostra a importância do setor é a quantidade de indústrias lácteas com SIF (Serviço de Inspeção Federal) no país – que totalizam 2 mil estabelecimentos”, acrescentou. “O mercado de leite está passando por uma fase de transformação. Hoje vemos alguns exemplos disso como empresas lácteas sendo adquiridas por grandes companhias (a compra da Verde Campo pela Coca-Cola), a importância da origem da matéria-prima ser conhecida e divulgada (caso da Delicari) e a inovação na área dos derivados lácteos (+Mu). A cadeia está indo além do leite que estamos acostumados a ver e consumir”. Ele acredita que daqui há dez anos olharemos para trás e veremos inúmeras mudanças na atividade. “É um segmento promissor e muita coisa boa vem acontecendo”.
Para finalizar, Wagner citou que os avanços tecnológicos estão evoluindo ao longo do tempo e no meio rural ainda há muito o que ser feito. “A maneira de fazer negócios mudou assim como as relações de consumo. A tecnologia está chegando no campo e estamos cada vez mais vinculados e dependentes dela. Antes a internet não era tão disseminada nessa área, mas agora, ela está muito mais popularizada. Os sistemas de produção como um todo estão começando a adotar sensores e outras soluções em pecuária de precisão”.
Para ele, o agribusiness ainda está imaturo com relação às inovações e isso é uma oportunidade. “O mercado está aberto para os acontecimentos recentes. Hoje são 4180 startups cadastradas no país, porém, apenas 23 são destinadas ao agronegócio (0,5% do total). Queremos que o “Ideas for Milk” traga os empreendedores para um mercado que está aberto”.
Nussio finalizou o evento mostrando aos alunos e docentes que a submissão de projetos para o Ideas for Milk deve envolver o intercâmbio entre departamentos. “O conhecimento para essa iniciativa está presente em diversos departamentos da Universidade. É um grande oportunidade de promover essa troca de ideias”, afirmou.
Como participar:
As inscrições para o concurso “Ideas For Milk” serão on-line, do dia 1º de agosto a 12 de outubro. Serão selecionados 40 projetos para seguirem para a 2ª fase, que contará com oito finais locais, nas universidades parceiras. Apenas um ganhador de cada final local seguirá para a nacional.
Podem participar equipes informais ou startups já constituídas, com ideias para projetos de software web, aplicativos mobile ou solução em hardware. As propostas devem ter foco nas grandes áreas temáticas do agronegócio do leite - como insumos agropecuários, logística de captação e distribuição do leite e indústria de laticínios.
Os benefícios para os ganhadores vão desde a participação e o aprendizado em um processo que envolve a formulação de uma ideia com potencial de mercado até a possibilidade de alavancar um negócio lucrativo.
A inscrição e entrega dos projetos devem ser feitas até o dia 12 de outubro, pelo site: www.ideasformilk.com.br, onde informações adicionais podem ser encontradas.