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Chineses estão despejando leite nos campos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 21/01/2015

3 MIN DE LEITURA

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Em um país ainda assombrado pelas memórias amargas de escassez de alimentos, que durante o Grande Salto para Frente levou dez milhões de chineses a se tornar “fantasmas famintos”, a imagem do leite sendo jogado nos campos é difícil de ver. Porém, atualmente em Hebei, Shandong, Mongolia Interior, e outros locais, o leite está sendo jogado nos campos.

Nem mesmo os criadores de suínos querem comprar o produto para alimentar seus leitões. Os produtores de leite chineses estão derramando o leite nos campos e abatendo seus rebanhos visando economizar na alimentação dos animais. Muitos faliram e não têm esperanças mais de viver da produção leiteira.

Essa situação difícil já dura cerca de 10 meses e está piorando. Por décadas, a China tinha alta demanda por leite. De fato, no final de 2012, esse “ouro branco” gerava 5 yuan (US$ 0,81) por quilo aos produtores. Os bancos prontamente financiaram projetos de fazendas leiteiras médias e grandes, incluindo alguns envolvendo 10.000 ou mais cabeças de vacas holandesas importadas.


Produtores jogam leite no campo na cidade de Weifang

Infelizmente para os produtores de leite chineses, os consumidores na China adquiriram uma preferência enorme por leite e outros produtos lácteos importados. Essa preferência foi o resultado a longo prazo do escândalo de contaminação de fórmulas lácteas infantis em 2008 com melamina, que levou 300.000 bebês a ter problemas renais. Porém, a demanda por leite na China estava tão alta que os produtores ainda podiam fazer negócios e vender seu leite às fábricas locais: sua participação no mercado nacional ainda representava 30%. No momento, entretanto, o leite caiu para 3,5 yuan (US$ 0,57) por quilo, que dificilmente torna a atividade lucrativa. Nos primeiros 11 meses de 2014, 884.000 toneladas de leite em pó foram importadas pela China, 20% a mais que no ano anterior.

Justamente quando parecia que as coisas não poderiam ficar piores, os produtores de leite chineses foram, então, afetados por um baque externo: as sanções comerciais ocidentais contra a Rússia, resposta a seu suporte aos separatistas ucranianos. A Rússia era um grande importador de produtos lácteos ocidentais e respondeu proibindo as importações de produtos agrícolas da Europa. Como resultado, um grande volume de leite em pó excedente da Alemanha, Holanda e França agora está sendo vendido na China. O mercado chinês tem definido tendências, com os preços caindo no mundo todo. Dessa forma, na China, a tonelada do leite em pó neozelandês de janeiro para novembro passou a custar metade do valor inicial. Nesse ponto, as companhias de lácteos pararam de comprar leite fresco local. Está mais barato para eles reconstituir o leite importado da Nova Zelândia a 2,2 yuan (US$ 0,35) por quilo do que comprar o produto local.

Essa sequencia de eventos, por sua vez, exibiu o calcanhar de Aquiles no modelo de negócios de mega fazendas leiteiras chinesas, especialmente sua forte dependência da combinação de alimentos caros importados das Américas e pasto local de baixa caloria para alimentar suas vacas. Isso torna seu leite não somente mais caro, mas a opção menos rica em proteína também.

Os produtores locais não receberam ajuda das tarifas sobre o leite importado da Nova Zelândia, que foi estabelecida em torno de 5% em 2013, após um acordo de livre comércio assinado entre Pequim e Wellington cinco anos antes.

Diante da crise, o Ministério da Agricultura chinês está tentando convencer gigantes locais, como Yili ou Mengniu a comprar leite de produtores chineses. O Ministério está pedindo a essas empresas que façam isso por razões patrióticas e para garantir que as fontes domésticas de leite continuem a existir para elas no futuro. O governo chinês argumenta que se os produtores locais de leite abandonarem a atividade, provavelmente a Yili e a Mengniu ficarão totalmente dependentes do leite importado e, dessa forma, há risco de no futuro serem chantageadas por "produtores ocidentais gananciosos". O Ministério da Agricultura também está buscando negociar com outros ministérios do governo para instituir uma série de subsídios para ajudar os produtores locais a sair da atual crise.

Entretanto, a longo prazo, a melhor solução é aumentar a produtividade e eficiência das fazendas leiteiras chinesas, de forma que eles possam produzir e vender leite a preços que são competitivos com os concorrentes internacionais. Fazer isso leva anos, se não, décadas.

A reportagem é da Forbes, traduzida e adaptada pela equipe MilkPoint.

Em 20/01/15 – 1 Yuan Chinês = US$ 0,16290
6,13866 Yuan Chinês = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

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DUARTE VILELA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2015

Há anos a China tem sido o fiel da balança no mercado de lácteos mundial.



Por duas vezes, a convite do governo de Minas Gerais através do Polo de Excelência do Leite, tive oportunidade de conhecer o setor leiteiro chinês. Na primeira vez na região mais rica ao Nordeste e da segunda ao Sul, região com maior dificuldade em produzir.



Independentemente da região percebeu-se claramente a dependência deles de tecnologia ocidental. Seja de equipamentos, seja de genética e o mais grave, alimentos. Importavam grãos, notadamente do Brasil e o incrível, alimentos volumosos da Austrália entre outros, importando pre secado, feno, etc.



Apesar da dificuldade de se obter informações confiáveis, conseguimos garimpar que a terra por lá é para produção de alimentos preferencialmente para a população, principalmente verduras e similares. Por isso pode se verificar mega investimentos em confinamentos com tudo importado, exceto é claro a mão de obra que lá é abundante e de baixo custo.



Qualquer um poderia deduzir que, com essa estrutura produtiva, os sistemas não eram sustentáveis. Agora estamos compreendendo melhor esse quadro.
ANTÓNIO LUIZ GOMES

SANTARÉM - SANTARÉM - PESQUISA/ENSINO

EM 27/01/2015

Boa análise!
FERNANDO LUIZ NASCIMENTO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 26/01/2015

A situação que os chineses estão vivenciando nos faz refletir, enquanto gestores de políticas públicas, a importância de desenvolvermos políticas que não coloquem os produtores em situações delicadas. Os reflexos desses movimentos internacionais aliados ao quadro de retração do mercado interno levam a redução de preços pagos aos produtores de leite. Por isso, o gerenciamento de custos da atividade torna-se função primordial, pois só assim o produtor saberá como reduzir seu custo de produção para enfrentar essa fase e, estar preparado para aumentar sua produção quando o mercado indicar para recuperação. A assistência técnica contínua e efetiva é uma ferramenta fundamental neste processo.
ANTONIO NOVAES DA SILVA

TAUBATÉ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/01/2015

1- não sei se devemos subestimar a capacidade dos chineses, independentemente do setor.



2- não é a primeira vez que vemos leite sendo jogado fora por produtores.



3- a situação Rússia x Europa x USA pode se resolver no curto ou médio prazos.



4- os excedentes de produção (internacionais) costumam ser temporários ou cíclicos.



5- o consumo de lácteos pelos chineses ainda é muito baixo.



6- vamos esperar "o que vai dar para ver como é que fica".
PAULO MAURICIO B BASTO DA SILVA

CASTRO - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/01/2015

O Brasil que se cuide, pois acha que vive numa ilha de prosperidade. Qq sufoco e aperto no mercado pode gerar dificuldades grandes para produtores e laticínios.
OSCAR URDANGARAY

BUENOS AIRES - BUENOS AIRES - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/01/2015

---Estimados:

                        Interesante articulo.

                        La aduteracion de los concentrados

                        proteicos con melamina en la cadena

                        alimentaria  es una dolorosa tragedia,

                        que refuerza la necesidad de tener normas

                        y controles eficaces.

---Saludos: Oscar Urdangaray.-

                 

     
DARLANI PORCARO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/01/2015

Estou com o Sr. Roberto acima, a tradição dos chineses é plantar arroz e cuidar de peixes, agora,  o leite, é um negócio novo para eles, mas com o tempo e apoio do Govêrno , podem melhorar e muito.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/01/2015

Claramente mostra a ruptura de um modelo de negocio totalmente artificial.

A importação maciça de vacas da NZ, grãos da America e mega projetos com zero de tradição e experiencia, tanto do gestor Chines como de suas jovens equipes de trabalho, não poderia mesmo dar certo.  

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