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Divagações de um produtor novato

POR LUIS FERNANDO LARANJA

ESPAÇO ABERTO

EM 22/12/2014

22 MIN DE LEITURA

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Tem coisas que só se faz para os camaradas que são muito amigos do peito... Quando o Marcelo mandou uma mensagem há alguns dias atrás me convidando para escrever um artigo para o especial de fim de ano do MilkPoint eu pensei que estava frente a uma dessas situações. Tem coisas que se o Papa Francisco te pedir você até tem jeito de dizer “não” (e olha que eu acho que esse Papa “é o cara” !) mas se um brother te pedir você “tá ferrado”... Fim de ano é aquele stress enlouquecedor, agenda caótica, qualquer atividade extra faz o caldo entornar. Excomunguei o Marcelo no meu pensamento, mas topei a parada. Amizade funciona assim...

Mas agora que começo a escrever este artigo reconheço mais uma vez que o Marcelo é mais sábio e mais amigo meu do que eu imaginava, pois sinto um prazer imenso ao começar redigir este texto. Das coisas que tenho que fazer hoje, praticamente o dia do stress final antes das festas, talvez esta seja a mais prazerosa. Obrigado Marcelo por abrir mais uma vez o espaço do MilkPoint para eu escrever “qualquer coisa”.

Outro dia eu contabilizei 102 artigos meus escritos para o MilkPoint. Acho que o primeiro eu escrevi em Março de 2000. Acabei de passar os olhos por alguns deles no site. Boas lembranças...

Mas hoje vou fazer um artigo diferente da grande maioria dos que já escrevi até agora para o MilkPoint, até por força da minha situação e do meu envolvimento com a cadeia de produção do leite atualmente. Eu fui um acadêmico, pesquisador e consultor por mais de 10 anos e, portanto, a minha perspectiva era sempre sob esse prisma. Sai da academia, fiquei sem “mexer com leite” por uns 8 anos, e há 4 anos voltei para a atividade, mas com outro chapéu, o de produtor de leite. E é com esse chapéu que escreverei as linhas abaixo.

Isso faz uma diferença danada, e eu percebi isso de forma acelerada. Acho que a minha missão, de escrever, pelo menos, agora vai ficar mais fácil, não menos responsável, mas acho que escreverei com menos amarras do que quando eu era um acadêmico e precisava referenciar formalmente meus argumentos e as minhas teses, quando por ossos do ofício era importante seguir uma linearidade quase cartesiana e respeitar a lógica do raciocínio acadêmico.

Quero neste artigo enumerar uns 04 pontos aleatórios que julgo relevantes de serem pensados por todos que produzem leite (produção primária) e como eu vejo tais questões hoje como produtor.

Primeiro resumirei o que faço hoje: há 4 anos eu entrei de sócio numa empresa produtora de leite chamada Ouro Branco Agronegócios. Temos uma unidade de produção em Itararé-SP, onde produzimos atualmente cerca de 8 mil litros leite/dia. Esse projeto nasceu duma casualidade. Meus sócios, que trabalham no setor de reflorestamento, celulose e papel compraram uma fazenda “porteira fechada” há 5 anos, na qual “veio junto” um rebanho leiteiro com cerca de 100 vacas em lactação, pasmem, da raça Simental... (é inacreditável, eu sei, mas esse bicho dá leite...). A média de produção na época ficava ao redor de 20 litros/vaca/dia. Era a melhor genética Simental Fleckvieh disponível no Brasil. A fazenda tinha sido montada originalmente em 1972 por um empresário Alemão que trouxe matrizes Simental “Leiteiro” para o Brasil. E 40 anos de seleção, usando sempre touros provados da Alemanha, não tem jeito de dar um resultado ruim...


Grega da Santa Andrea – Grande Campeã Nacional (6a. Lactação)

Pois esses meus sócios “malucos” cometeram a insensatez de me pedir para fazer um projeto para “abrir esse novo negócio no Grupo”. Foi como “jogar pinto no lixo” como se diz na roça...

Na época montamos então um plano ambicioso para chegar numa produção de 30 mil litros/dia num prazo de 05 anos. Produzíamos 2 mil litros naquela época.

Para isso investimos um bocado num programa de FIV, usando matrizes de gado de corte que tínhamos na fazenda como receptoras e as nossas melhores matrizes Simental como doadoras. E aí tomamos algumas decisões radicais e não tradicionais. Por exemplo, eu me convenci ao longo dos últimos tempos que tem total sentido fazer cruzamento entre raças especializadas leiteiras. Definitivamente! E inspirado em programas como o Pro-Cross que está em curso nos EUA (e de forma semelhante em vários outros países) montei um programa de cruzamento entre o Simental x Holandês x Jersey.


Novilha meio sangue HPB x Simental


Novilhas meio sangue HVB X Simental

Outra decisão “não convencional” foi a adoção do sistema de Compost Barn para alojamento das vacas em lactação. Acho que em modelos de grande escala fomos os pioneiros nesse sistema no Brasil. Os nossos amigos médicos-veterinários Leonardo Silva e Adriano Seddon foram uns dos “culpados” por essa acertada decisão (na nossa visão até hoje).



Compost Barn

Com essas decisões em caráter macro iniciamos o projeto. Resumindo, 03 anos mais tarde cá estamos, com cerca de 350 vacas em lactação, média de 23 litros/vaca/dia e 8.000 litros no tanque todo o dia. O rebanho cresceu muito, pela base, a partir das bezerras nascidas de FIV e gestadas no ventre das receptoras de corte. Hoje temos cerca de 1.300 fêmeas na fazenda de “mamando a caducando”. Temos hoje 80% dos animais em lactação como novilhas, sendo a grande maioria meio-sangue Simental x Holandês. No ventre dessas novilhas que começaram a parir no início de 2014 temos majoritariamente bezerras “tri-cross” das Meio-Sangue x Jersey. O meu olho pode estar me traindo, mas eu “tô xonado” por essas bezerras. Acho que darão muito leite, mas especialmente serão longevas e férteis.


Bezerras Tri-cross Simental/HVB x Jersey

Produzimos hoje um leite com 12,88% de ST, 3,91% G e 3,33% P (última análise da Castrolanda onde somos cooperados e comercializamos o nosso leite).

O rebanho jovem continua crescendo de forma acelerada porque adotamos uma política de uso intensivo de sêmen sexado nas novilhas (que são muitas no rebanho hoje, para o bem do futuro e para o mal do nosso bolso no curto prazo...). Usamos 03 tentativas de sêmen sexado em todas as novilhas, o que tem nos dado um resultado de cerca de 75% de novilhas prênhes de sêmen sexado. Com tudo isso e com um orçamento bem apertado projetamos um crescimento de uns 4 a 5 mil litros de leite a mais no tanque a cada ano a partir de agora e devemos beirar os 30 mil litros/dia almejados lá pelo final de 2019. Ou seja, a “dura realidade” nos impôs um prazo adicional de 2 a 3 anos para atingirmos a nossa meta final de escala de produção. Mas como eu já tô com o cartão da mega-sena da virada no bolso... Quem sabe no dia 01/janeiro esse plano muda...

Esse é o cenário onde eu dedico uma pequena parte do meu tempo de trabalho atualmente. E aqui segue a primeira coisa relevante deste artigo: eu sou um produtor de leite que não tem nessa atividade a minha atividade principal, mas sim uma atividade de diversificação de investimentos. Sem dúvidas é a coisa que eu mais gosto de fazer, mas não é a que “tá pagando as contas lá em casa hoje” (espero que pague no futuro...). Então esse vai ser o meu primeiro ponto dos 04 que eu prometi abordar neste artigo, de forma livre e muitas vezes intuitiva, como eu não podia fazer quando escrevia para o MilkPoint como pesquisador e acadêmico:

1) É POSSÍVEL PRODUZIR LEITE DE FORMA RENTÁVEL SEM DEDICAÇÃO INTEGRAL DO PROPRIETÁRIO À ATIVIDADE? A minha resposta impulsiva seria um tremendo NÃO! Mas o que estou tentando provar com a experiência da Ouro Branco é o contrário disso. E confesso que não estou 100% convencido da minha tese. Mas também não estou com nenhum receio de testá-la. De forma grosseira, o sucesso do leite tá no “olho do dono”. Por uma questão óbvia, trata-se talvez da atividade agropecuária com maior rotina diária de tarefas múltiplas e incessantes 365 dias do ano. Pronto, acabou! Eu digo para os meus sócios, com todo o respeito aos plantadores de floresta, que você pode tocar uma plantação em larga em escala seja de Eucalipto ou de Pinus a partir do escritório de São Paulo indo uma vez por mês para “dar uma passada” na floresta. Mas não dá prá fazer isso na atividade de produção de leite. Não dá!!! Esqueça!

Então a único jeito da minha tese de sucesso para a Ouro Branco parar em pé é ampliar o conceito de “dono”. É possível ter um “dono” na fazenda que não necessariamente seja o principal “acionista” da empresa? E neste caso estamos falando de uma equipe de colaboradores e executivos que tocam a fazenda como “donos”. Eu acho que SIM. Mas esta é uma hipótese pouco testada e com poucos casos de sucesso na atividade de produção de leite. Eu só vejo uma alternativa neste caso, a unidade de produção certamente precisa ter uma escala grande, de forma a viabilizar a contratação de colaboradores com uma remuneração muito boa (e/ou outros pacotes de atratividade como remuneração variável, participação nos lucros, opção de compra de ações ou coisas do gênero). O meu ponto é, se isto é viável em praticamente todas as outras atividades produtivas, sejam comerciais, industriais ou de serviços, porque não pode valer para o leite? Os exemplos até hoje são escassos no mundo todo, mas aos poucos vão aparecendo casos de empresas de produção de leite tocadas por profissionais contratados. Enfim, a minha resposta impulsiva a pergunta inicial continua sendo “NÃO !” , e agora adiciono um “MAS QUEM SABE...”. E daí aproveito a liberdade de não ter as amarras acadêmicas para chutar um número mágico. Eu acho que não dá para pensar numa estrutura de gestão profissional independente num volume de produção diária abaixo de 20 mil litros/dia, senão você não consegue escala suficiente para viabilizar uma remuneração atrativa para os colaboradores, que serão “donos do negócio” junto com você. Eu poderia discorrer muito mais sobre este assunto sobre o qual tenho discutido e pesquisado ultimamente, mas pela limitação do espaço aqui encerro este ponto desta forma sumária e simplista e passo para a próxima questão...

2) FALTA MÃO DE OBRA NA ROÇA (E VAI FALTAR CADA VEZ MAIS): é provável que de cada 10 artigos que analisam esta questão, dez concluam exatamente da forma que está escrito acima, ou seja, que a mão de obra vai ficar cada vez mais escassa no campo. Mais uma vez, escrevendo mais livre e sem respeitar os estudos e as estatísticas, eu discordo disso tudo, baseado só nas minhas impressões. Talvez nós tenhamos aqui um problema de qualificação do assunto, ou seja, não estamos tratando de “número de pessoas” disponíveis para trabalhar na roça hoje e no futuro, mas sim de “tipo de pessoas” que farão as atividades cotidianas nas fazendas. Isso muda muito a análise! Pra nossa felicidade geral, a qualificação das pessoas, inclusive na roça, vem passando por uma revolução absurda. Eu diria que o termo é esse, revolução. Você achar um caboclo jovem hoje no campo que não frequentou a escola é “quase impossível”. Mas eu vou mais longe do que isso, você encontrar um jovem hoje que mora na zona rural, filho de um funcionário típico de fazenda, que tenha ou esteja frequentando um curso superior não é caso raro mais. E isto para mim é uma coisa espetacular. Isto é o que pode fazer a diferença quando falamos do futuro da produtividade por exemplo. Dado este cenário, a questão posta é que oportunidade de trabalho nós temos para oferecer para este jovem e qual oportunidade de trabalho ele está interessado?

Eu digo que a célula operacional principal do funcionário tradicional de fazenda era a “célula muscular” (o cara carregava saco de ração, raspava esterco do curral, tirava leite na mão, etc...), mas cada vez mais a principal célula operacional será o “neurônio” (o cara vai gerenciar dados, administrar robôs ou ordenhadeiras altamente automatizadas, tratores e vagões misturadores de alta tecnologia, relatórios de produção complexos e analíticos). Nos últimos 200 anos o mundo passou por 2 revoluções, a industrial, que substituiu a força física do homem pela força mecânica e que foi provavelmente a mudança mais radical e rápida da história da humanidade e mais recentemente a revolução da internet (associada a outras coisas como inteligência artificial, comunicação em rede e outros nomes que nem eu sei o que significam...) que multiplicou a capacidade de processamento de informações e por consequência o potencial da capacidade de uso do cérebro humano em proporções inimagináveis há 30 anos atrás. Bom, em muitos casos essas duas “revoluções” estão chegando ao campo “numa pancada só”. Nós convivemos ainda com a mudança da enxada, do “raspador de bosta” e da “munheca” para tirar leite, para a ordenha robotizada. É mole?

A pergunta no assunto deste ponto é: vai faltar caboclo para raspar bosta de estábulo e tirar leite na munheca? A resposta é SIM, GRAÇAS A DEUS! Mas se você me perguntar se vai faltar moleque inteligente para gerenciar a ordenha robotizada, vagão misturador computadorizado, trator ligado com GPS que faz agricultura de precisão a resposta é NÃO, GRAÇAS A DEUS! E grande parte desses moleques que estão operando ou vão operar essas máquinas esquisitas e complexas são filhos do cara que carregava saco de ração nas costas. Estamos falando de uma revolução em uma geração. Isso é espetacular. E o salario desse garoto, não vai ter parâmetro de comparação com o do pai dele, também GRAÇAS A DEUS! E para não frustrar velhos Marxistas como eu, vou dizer que o capitalista (“dono da fazenda”, detentor dos meios de produção e do capital, blá,blá, blá...) que vai contratar o moleque, vai pagar um salário significativamente maior para ele não por que acha isso socialmente legal, mas sim porque o moleque vai gerar um volume de leite/funcionário infinitamente maior. Então para continuarmos felizes com a nossa tese Marxista a mais-valia continua rolando... E a molecada cabocla com “chip cerebral turbinado” vai ganhar uma grana que o pai jamais imaginaria.

E veja que essas novas tarefas mais desafiadoras do campo são altamente atrativas para esse novo perfil de “funcionário”. Eu realmente acho que o garoto vai querer muito exercer uma atividade que exige o talento dele, a formação dele. Pilotar um desses tratorzões tecnológicos comuns hoje nas fazendas é muito melhor do que jogar Playstation 4 ou Xbox, coisa que a molecada faz muito melhor do que nós. E eu estou falando de recursos básicos, pois o nível de interatividade nas atividades agropecuárias com as novas mídias vai ser crescente numa escala que nós ainda não temos condições de entender. Outro dia uma empresa veio me oferecer um recurso que garantia que todas as vacas no cio seriam anunciadas em tempo real no meu celular... “Deus me livre, eu falei!!!”, mas o moleque que faz a gestão de informações lá da fazenda “ficou doido”. Esse é o moleque que vai querer trabalhar na roça, que vai levar o nosso índice da taxa de concepção para um patamar melhor do que o pai dele que usava uma caderneta no bolso e uma caneta presa na orelha.

E qual a atratividade em termos de qualidade de vida para um jovem morar na roça? Com todas essas revoluções, morar na roça vai ficar cada vez melhor... Hoje você tem internet em tudo que é rincão desse país (eu tenho negócios até nos confins da Amazônia e mesmo de forma muitas vezes precária a internet tá chegando lá muito rapidamente), isso amplia muito as possibilidades e a qualidade de vida desse caboclo. As vias de acesso, via de regra ficam melhores, as escolas ficam mais perto, você tem água limpa em casa, saneamento, comida farta, silêncio em casa, segurança, isso tudo, talvez ofereça uma perspectiva para um jovem melhor do que ir morar numa cidade para ser funcionário da área de TI de uma empresa, de uma loja, de um banco. Vários estudos já começam a apontar em diversos países, como nos EUA, por exemplo, o início do retorno dos jovens para o campo.

Então eu acho que devemos ter outra visão sobre este “problema” (falta de mão de obra), porque talvez ele não exista. Nós precisamos acelerar essa transformação potencial sensacional que temos, com benefícios para todos e com aumento da produtividade e da felicidade. Eu gostaria de acelerar mais essa transformação na nossa empresa, talvez eu devesse priorizar ainda mais isso, apesar de que lá na Ouro Branco nós temos um Gerente de Leiteria formado em Letras, um Gestor de Informações graduado em Informática, um tratador do gado estudando Educação Física e um Gerente de Agricultura estudando Agronomia em curso noturno. E toda essa turma é lá da roça.

3) A ÁGUA VAI SER UM RECURSO CADA VEZ MAIS ESCASSO: esta é uma tese que eu concordo integralmente. Tá certo que é até covardia tratar desse assunto nesta ano, ou seja, me beneficio aqui das circunstâncias deste momento, porque o brasilzão tá numa secura de dar dó em grande parte das regiões. Como sou um ambientalista declarado de longo tempo, vou agora de forma oportunista, “nadar de braçada” em cima dos céticos, me aproveitando, infelizmente, do desespero da falta dágua por parte de muitos. Digo: “eu avisei!!!”. Estou falando das “mudanças climáticas”, termo certo, na minha visão, em substituição a expressão “aquecimento global”, que foi o termo mais infeliz das últimas décadas utilizado pelo movimento ambientalista, por ter dado margem a uma discussão imbecil se o mundo estava ficando mais quente ou menos quente na média. O que é claro para mim, cientificamente provado e indiscutível na minha visão até acadêmica, é que devido à ação do homem o Clima do Planeta está mudando rapidamente e vai mudar mais rapidamente dependendo da postura que nós tomarmos como habitantes transitórios deste “mundão de Deus”. Então mudança de clima é bem diferente de aquecimento da temperatura planetária. E mudança climática, com eventos extremos mais frequentes, detona a agricultura, ponto final. A água é o elemento mais evidente dessa equação. Eu tenho investimentos numa empresa no Acre e outra em São Paulo, e me lasquei nas duas neste ano. No Acre a nossa empresa ficou quase embaixo d’água naquela que foi a maior enchente já registrada na história do Rio Madeira. Já em Itararé foi decretado estado de calamidade pública por excesso de calor e seca, as vaquinhas quase viraram “uva passa” de tanto calor (e a produção e a reprodução foram pro beleléu). Já a quebra na produtividade do milho para silagem foi relevante. Sobrou água num lugar e faltou noutro! Em resumo, gestão/economia da água, preservação radical das nascentes, preservação da mata ciliar são questões fundamentais e prioritárias na atividade agropecuária hoje e particularmente na produção de leite, que por característica é altamente dependente da disponibilidade de água boa e farta 365 dias no ano, seja para os animais, para as plantas e para as operações de higiene da produção.

Eu poderia dar um passo a frente aqui neste tópico e me aventurar pelo tema da produção de leite com “baixas emissões de Carbono”, mas acho que muitos poderiam achar que eu estaria “passando do ponto”, então esta parte eu deixo para o especial de fim de ano do MilkPoint do ano que vem...


4) BEM-ESTAR DOS ANIMAIS E IMAGEM DO SETOR DE PRODUÇÃO: vou aqui juntar dois temas potencialmente distintos num bloco só, pois eles se misturam na equação final.

Começo com uma caricatura. Cresci numa fazenda de gado de corte no interior do RS. Historicamente um dos objetos mais emblemáticos da cultura campeira gaúcha é a espora, símbolo da valentia, da destreza, do domínio do homem sobre o animal, cantada em versos e rimas pelo Rio Grande afora. Dizem que o Rio Grande “foi aberto” pela valentia dos Gaúchos e na base da pata dos cavalos. Eu realmente acho que a fronteira gaúcha foi mesmo. A história diz que o meu bisavô formou fazenda na fronteira oeste cercando gado alçado no mato. E você não tira gado xucro e alçado do mato cantando musiquinha de ninar para a boiada. No jargão do business moderno eu deveria dizer que o “diferencial competitivo” ou a “vantagem comparativa” que o meu bisavô tinha era um grupo de uns 5 ou 6 campeiros com uma coragem e uma brutalidade bem acima da média e uma tropa de cavalo crioulo bem domada. E na base da espora, da boleadeira e do laço a boiada ia sendo tirada do mato, cercada e domesticada. Acho que não poderia ser diferente, dadas as circunstâncias da época.

Quando eu era garoto eu contava essa história para meus amigos e “crescia no grupo”. Os meus amigos achavam que o véio bisavô meu era “o cara, valente e corajoso”. Se os meus filhos, que são adolescentes, contarem essa história hoje na escola, eles “perderão ponto no grupo”. Os amigos vão pensar: “que véio ignorante e troglodita esse tataravô do cara!”. O fato é que o meu ativo de relacionamento há menos de 40 anos virou passivo para os meus filhos... A velocidade com que essa perspectiva mudou é impressionante.

Que Deus tenha o finado João Aquino na invernada do céu, campeando gado em harmonia com a sua boiada...

Certamente com a contribuição da rápida urbanização, que faz com que as pessoas se distanciem da relação tradicional e histórica dos homens com os animais de produção e passem a ter uma visão muito mais “humanizada” dos bichos (eu não quero entrar aqui no mérito da questão só no fato), a visão e expectativa do consumidor hoje é que os produtos que chegam à sua mesa sejam frutos de uma relação muito civilizada com os animais. Sem entrar no mérito do debate, mas simplesmente da perspectiva comercial do negócio é isto que o consumidor vai buscar e valorizar cada vez mais e ponto final. Se somarmos a isto o fato de que o “big brother” é onipresente hoje, pelas inúmeras oportunidades das novas mídias, a fazenda de qualquer um está aberta 24 h por dia para a humanidade”, seja via foto ou um filme postado no youtube feito por um celular qualquer. E o fato público relevante pode ser desde um funcionário dando um tapa na bunda dum bezerro até um ato evidente de crueldade com qualquer animal da fazenda. Podemos argumentar até que dar um tapa no bum-bum dum filho em casa para enquadrar aquele tinhoso que você adora de paixão pode ter sentido (é uma longa polêmica), mas talvez um universo imenso de consumidores não goste de ver um funcionário seu dando um tapa na bunda nem mesmo dum bezerro, imagina algo pior do que isso. E é disso que nós estamos falando!

Mas eu gostaria de aproveitar esse cenário radical que eu mesmo criei para dizer que temos uma oportunidade aqui para o negócio (e para a satisfação filosófica daqueles que realmente gostam dos animais). Tratar bem os animais é uma prática que só faz bem, especialmente numa fazenda leiteira. Os bezerros vão ter menos doenças, as novilhas vão crescer e emprenhar mais, as vacas vão produzir melhor. E eu acho que as pessoas vão viver mais felizes também. É incrível, mas isso é uma questão prática na qual nós podemos interferir rapidamente e as vezes não prestamos atenção. Eu tenho visto coisas muito simples e altamente eficientes que todos deveriam usar. Práticas basais como não usar mais “porretes”, “varas”, “relhos” seja lá o que for, numa fazenda de leite deveriam ser a regra. Na Ouro Branco nós adotamos há algum tempo aquela técnica de usar as bandeiras para conduzir os animais. Fico impressionado como um negócio tão simples funciona tão bem e traz resultados tão positivos. Mas é preciso definir isso como uma política da fazenda. Eu ainda me incomodo um pouco sobre como a turma se comporta em alguns eventos de manejo da fazenda. Especialmente nas práticas de manejo mais intensivas e massais (vacinação, vermifugação), me incomodo um pouco com o excesso de pressão que a moçada põe nos animais. A turma quer fazer o trabalho rápido logicamente, faz parte até da eficiência do processo, mas eu digo que até a força e o jeito com que se aplica a pistola de injeção no animal deveria ser objeto de treinamento do funcionário (nós sabemos obviamente que tem jeito de dar uma injeção mais doída ou menos doída...).

Então essa história de “Animal Welfare” (Bem Estar Animal) que se vê falar com cada vez mais frequência na minha opinião não é “conversa prá boi dormir”, mas sim uma questão cada vez mais importante para o nosso negócio, seja do ponto de vista da produção (os animais vão produzir mais) seja do ponto de vista do marketing (as pessoas vão querer comprar o leite das nossas vacas felizes) e mesmo do ponto de vista filosófico individual (nós vamos dormir mais felizes e com a consciência tranquila).

Eu aproveito então e adiciono a questão da “imagem do setor”. O Bem Estar Animal é uma parte, mas a outra parte está relacionada com a qualidade efetiva do produto seja do ponto de vista higiênico seja do ponto de vista nutricional. E aqui temos outro ponto chave sobre o qual dediquei grande parte da minha vida acadêmica, a qualidade higiênica do leite.

Produzir um leite com baixa carga microbiana, com baixa CCS e livre de antibióticos é uma obrigação para aqueles que querem perenizar na atividade. E quero reforçar a minha tese que sempre defendi como consultor e pesquisador, agora como produtor: as estratégias para se conseguir esses 3 quesitos acima não são complexas. Trata-se de uma receita de bolo que deve ser seguida a risca. É uma questão de disciplina. Estamos falando principalmente de tratamento de todas as vacas secas, manutenção básica do equipamento de ordenha, pré e pós-dipping, resfriamento rápido do leite, uso de detergente adequado e água quente na limpeza do equipamento de ordenha, segregação dos animais tratados com medicamentos e respeito aos prazos de carência dos mesmos.

Mas temos um desafio além deste, que é o desafio da porteira para fora. Esses episódios recorrentes de fraudes grosseiras e adulterações criminosas do leite são MUITO RUINS para o setor, mas para esse problema eu não tenho uma sugestão tão clara de solução.

Em resumo, essa experiência de 3 anos como produtor de leite tem sido muito gratificante e educativa. Concluo de forma simplista que produzir leite com eficiência é possível com a adoção de técnicas não muito sofisticadas mas que precisam ser cumpridas com regularidade e padronização, ou seja é mais coisa para gente organizada e metódica do que para gente genial e indisciplinada. A Fazenda Santa Andrea está de portas sempre abertas para compartilhar tudo o que estamos tentando construir e aprender. Os nossos indicadores de performance vêm melhorando sistematicamente desde que começamos o projeto há 3 anos, mas ainda estão bem distantes daqueles que julgamos aceitáveis para o sucesso do empreendimento. A tarefa está sendo um pouco mais difícil do que imaginávamos mas gostamos do desafio e temos fé de que vamos perenizar o negócio. Por via das dúvidas já começamos a treinar os herdeiros...

Um Feliz Natal e um Ano Novo com Muita Saúde, Paz e Felicidade!


Treinamento dos herdeiros: pela “ordem de chegada” – Lucas, Eduardo, Carolina e Fernanda.

 

LUIS FERNANDO LARANJA

Santa Andrea Agropecuária - 30 anos de seleção de Simental dupla aptidão

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LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/12/2016

Marcelo, agradeço pela mensagem e pelos comentários.

Passados dois anos deste artigo escrito, os resultados continuam "bem interessantes". Nós já temos um numero razoável de vacas em lactação tri-cross, sendo estas principalmente filhas de touros Jersey em cruzamento com as meio sangue Simental x Holandes. Os dados sugerem que estas tri-cross tem um desempenho superior as puras Simental e as cruzadas Sim x Hol . Isso tanto em termos de produçao de leite quanto desempenho reprodutivo e CCS.

Quanto a tolerância ao carrapato e ao calor eu não tenho elementos para afirmar que este gado se adaptaria melhor, mas acho que se há algum benefício nesse sentido este benefício é marginal ou muito pequeno.



abraço !



LF
MARCELO PRETO SILVA

EM 27/11/2016

Luis ,boa tarde

Sou da região do Sul da Bahia ,região cacaueira ,e estou começando a aperfeiçoar meu rebanho leiteiro ,gostei muito da sua iniciativa do cruzamento tricross , simental / HVB X jersey ,você escreveu esse artigo no fim de 2014 ,quais são os resultados geral hoje obtidos  e principalmente a minha dúvida é ,essas vacas com esse grau de sangue e principalmente com o sangue simental ,na sua opinião ,se adequariam a minha região ,com relação principal ao calor e carrapato ,no sistema de criação a pasto ?

Muito obrigado pela atenção ,e parabéns a matéria ,e minha mãe sempre diz ,faça sempre com amor e fique sempre à frente que os resultados irão aparecer mais fáceis .



Abraço



Marcelo Silva
LEONEL FIRPO LUCAS

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/07/2015

Claro que quero pois o elemento que escreveu, já esta devendo a deus muito, pela inspiração que lhe foi dada! parabéns
JOAO GOMES DE AZEVEDO

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/01/2015

Bom dia Luiz!

Li seu artigo 3 vezes e confesso que fiquei surpreso:

Quando você faz ponderaçoes sobre suas atividades onde a produção era 20 litros/vaca/dia e 3 anos apos pulou para 23 litros/vaca/dia, acho pouco diante do grau de conhecimento que voce tem e com uma estrutura ja montada.

No ponto 1

Quando voce fala "Eu acho que não dá para pensar numa estrutura de gestão profissional independente num volume de produção diária abaixo de 20 mil litros/dia, senão você não consegue escala suficiente para viabilizar uma remuneração atrativa para os colaboradores, que serão "donos do negócio" junto com você". Aqui voce desanima todos os produtores abaixo dessa produção. Não posso concordar com voce de jeito nenhum, minha média mes é 150l dia estou sobrevivendo bem e treinando um funcionario para me suceder.

Ponto 2

Não falta mão de obra na Roça ou seja( Zona Rural), o que precisa é mudar a cabeça de nós  Empresários.

Ponto 3

O principal responsável pela mudança do clima infelismente somos nos Empresários.

Ponto 4

Se a cabeça de nos Empresario não mudar não vai ser a do executante que mudará.



A mudança tem que começar de cima para baixo.



Precisamo investir muito mais muito mesmo em treinamento, treinamento, treinamento... e para isso não precisa de muito dinheiro não, temos que preparar nossos funcionários todos os dias.



Abraço




MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 09/01/2015

Prezado Laranja,



Foi uma satisfação e alegria ler o artigo escrito pelo produtor de leite LF Laranja. Os pontos que  levantados foram uma ótima oportunidade para uma profunda reflexão de como podemos encarar estes desafios.



Obrigado e um forte abraço, Marcos Veiga


LEONARDO GEREMIAS MADEIRA

TUBARÃO - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 06/01/2015

Dr. Luiz,

Parabens bela material, o ponto muito interesante em relaçao a mao de obra,

Sou recem formado e estou dento muita dificuldade em relaçao ao mercado de trabalho,

Como pode um setor que diz "falta mao de obra", falta a valorizaçao do jovens para que possamos crescer profissionalmente e pessoalmente na producao de leite.
GILMARA CRISTO

ALAGOINHAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/01/2015

Excelente este artigo, francamente de arrepiar. Conceitos tão simples, mas tão atuais, que decerto devem ser aplicados na VIDA e nos negócios. Muito grata pela oportunidade que nos proporcionou. Deixou-me cheia de entusiasmo para trabalhar mais e mais. Muito sucesso em sua jornada, Sr. Luis.
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/01/2015

Adir,



Obrigado pelos comentários. Concordo com vc em dois pontos que vc levantou: temos uma disponibilidade crescente de tecnologia por parte dos fornecedores de equipamentos, sem dúvida, e concordo também que muitos produtos, especialmente importados, deveriam ter um preço mais acessível. Em termos de equipamentos e alguns insumos nós temos um dos preços mais altos do mundo dentre os países relevantes na producão de leite. Eu tenho feito recentemente umas análises para avaliar a possiblidade de fazer importação direta de alguns equipamentos. Por exemplo: ventiladores. Se vc for no alibaba.com vc verá a diferença absurda de preço em relação ao que temos disponível no mercado brasileiro.

Abraço e Sucesso no seu empreendimento aí em Minas.


ADIR FAVA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/01/2015

Prezado Luis Fernando,

Sinceramente estou muito agradecido por ler depoimentos como este que você escreveu, pois tenho a mesma percepção que você acerca dos 4 pontos principais abordados no seu texto. Há que observar que o Brasil tem muitas desigualdades entre as regiões, sejam pelos aspectos culturais, sejam pelas condições geográficas, ou outros fatores. Ainda assim, toda a sua abordagem é muito interessante e pode ser aplicável mediante uma dedicação séria ao planejamento integral da atividade. Eu percebo que cada vez mais não haverá espaço para amadores e aventureiros. Isto é bom demais. A industria de equipamentos está dando sua contribuição e precisamos incrementar mais os recursos tecnológicos disponíveis. Os preços e as taxas de importação desses produtos deveriam ser mais acessiveis. Seja como for, sinto-me feliz perceber que o Brasil avança positivamente com empreendedores como você, Luis. Enfim, o Marcelo revelou ser um homem de muita visão e de grande inteligência convidando-o para este belo artigo. Então, você, Luis, e o Marcelo estão de parabéns por esta bela oportunudade dada ao leitor com artigo como este. De minha parte, meus agradecimentos.
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

Arno,



obrigado pela mensagem. Nós estamos utilizando o Compost Barn desde Março de 2012 em larga escala. Hoje temos cerca de 400 animais alojados nesse sistema de confinamento e vamos inaugurar mais um barracão para mais 170 vacas agora no mês de janeiro. Posso te afirmar que estamos satisfeitos com esse sistema.

Considerando que o assunto é longo, eu recomendo a leitura do artigo do prof Marcos Veiga, escrito aqui no Milkpoint (link abaixo)



https://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_compost_barn_uma_alternativa_para_o_confinamento_de_vacas_leiteiras_4771.aspx



Alem do artigo, tem ali 217 comentários. inclusive alguns meus.



Mas em resumo eu apontaria 03 questóes cruciais abaixo:



1) ter disponibilidade de cama (preferencia serragem) em local próximo e com preço acessível

2) fazer o revolvimento da cama duas vezes por dia

3) não exceder a lotação adequada. Nós começamos optando por 10 m2/vaca e hoje achamos que precisamos de pelo menos 12 m2/vaca



Boa sorte no seu empreendimento e espero que vc tenha sucesso com o compost barn.



abraço !
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

Grande Márcio,



antes de mais nada, com tanta presença alegretense neste fórum, tenho que relembrar uma das cançoes mais bonitas da música regional Gaúcha: "Não me perguntes onde fica o Alegrete / Segue o rumo do seu próprio coração / ..." .

A satisfação é imensa de interagir com velhos colegas e compartilhar memórias tão positivas. O "laboratório do Juca" , muito mais do que uma unidade de pesquisa de excelência, foi um centro de formação de "gente talentosa e qualificada". Boas lembranças do Mestre José Luis Rodrigues, que além das Ciências Veterinárias entendia muito da Arte do Futebol. Bom saber da tua jornada como técnico atuante na pecuária leiteira.

Entendo bem a tua perspectiva, como nativo da fronteira eu também nunca tinha visto uma ordenhadeira na vida até entrar na faculdade. E como comentei anteriormente para o nosso colega Marcos, eu acho que realmente a pecuária de leite pode ter um papel cada vez mais fundamental para a nossa região da fronteira. Como vc mesmo falou, temos muita coisa a aprendar com a gringaiada e alemãozada da Serra quanto ao uso racional e intensivo da terra.

Também concordo contigo quanto ao potencial deste Brasilzão no setor da pecuária de leite. Rodei bastante este mundão visitando fazendas leiteiras em vários continentes e realmente acho que temos um potencial competitivo muito grande.

Quanto ao tema da comercialização, também concordo contigo, temos muito o que melhorar. E eu gostaria e acreditar que todo esse trauma recente causado pelas diversas operações policiais e do Min Público no Sul do país possam resultar, no longo prazo, num processo mais transparente e aceitável de comercialização do leite e que possam afastar da atividade os marginais que mancham a imagem da nossa cadeia produtiva do leite.

Desejo muito sucesso nas tuas atividades aí na região do Alegrete e estamos aqui sempre de portas abertas para quando vieres para estes lados.

E o nosso reconhecimento e agradecimento ao Milkpoint por funcionar como no nosso "facebook lácteo" permitindo a conexão com os velhos amigos.



Grande Abraço !

LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

Grande Renato,



obrigado pelos comentários. Camaradas jovens e bem formados como você é que farão a diferença da Pecuária de Leite no futuro. Obrigado por toda a tua contribuição para a nosso projeto, desde a fase inicial. Vamos com Fé que a nossa jornada tá só no início.



Grande Abraço e um Feliz e Próspero Ano Novo para toda a Famíla !
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

Grande colega Marcos,



foi uma satisfação ver os teu comentários aqui. Mais uma vantagem desse mundo cibernético, encontrar velhos conhecidos espalhados mundo afora.

Boas lembranças do velho e bom Diretório Acadêmico da Fac de Vet da UFRGS. E naquela época a posição era sempre: "se hay greve yo soy a favor".

Bom saber das tuas atividades aí na velha e boa Santa Rosa. Desejo sucesso nos teus empreendimentos aí na região e quando vieres para estes pagos daqui não deixe de nos fazer uma visita.



abraço !
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

José Antônio,



obrigado pelos comentários. Bom interagir com mais um "conterrâneo" da fronteira Gaúcha.

Sucesso aí na tua atividade no Alegrete. A difusão da pecuária leiteira aí na região, na minha opinião, é altamente desejável e interessante como forma de diversificação das atividades agropecuárias, e particularmente da intensificação do uso da terra.



Grande Abraço Colorado (e se tu fores gremista, boa sorte no Gauchão.)
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2014

Maicon,



obrigado pela mensagem. A fazenda está de portas abertas. Se tiver interesse em nos visitar Você pode entrar em contato com o Luiz Macedo, nosso gerente de pecuaria.

Fone (15) 997752987 ou email; pecuaria@santaandrea.com



abraço !
MÁRCIO FONSECA DO AMARAL

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/12/2014

Prezado Luis Fernando, parabéns pelo artigo! Sem que me perguntes, me permita dizer que te conheço desde quando, em 1991 concluía meu curso de Medicina Veterinária no laboratório de reprodução do Juca (grande José Luis Rodrigues), na UFRGS, de onde saíste. Tive o prazer de conviver com o Magrão Paulo, Marcelo Bertolini, Tita, Danilo e outros tantos teus amigos e que, tornaram-se meus também, naquele curto espaço de tempo, mas de muita importância para minha formação pessoal e profissional. Faço essa introdução para reforçar a qualidade do que escreveste, pois mesmo sabendo da tua capacidade, pois me formei e fui trabalhar na "finada CORLAC" em Taquara e lá, lia muito sobre teus trabalhos para controle de mastite, enquanto profissional iniciante na atividade leiteira. Sendo "crioulo" do Alegrete, tu imagina a minha experiência com a atividade leiteira (quase nula - a não ser pelo fato de "tirar leite a mão para o consumo", quando passava as férias na fazenda de meu avô, em Rosário do Sul). Porém, vendo o que aquela turma da Encosta da Serra fazia em meia dúzia de hectares sonhei sobre a possibilidade de, quem sabe um dia ver esta atividade gerando divisas e concretizando sonhos de quem queira permanecer no campo no meu Alegrete - na Fronteira Oeste do RS, contrariando as tendências mundiais e desafiando toda a questão cultural, que tu deves conhecer bem. Pois, Deus me permitiu a realização deste sonho e, ao retornar para o Alegrete como Extensionista Rural da EMATER, além colaborar para ver uma atividade em franco desenvolvimento, também me desafiei em conhecer o outro lado do balcão, pois acredito piamente que todo o extensionista e/ou pesquisador só se tornará mais completo quando tiver esta experiência que estás tendo como produtor. Caso contrário, por mais minuciosa que seja uma pesquisa, jamais ela estará pronta sem passar pela rotina de trabalho de uma propriedade rural - e não vale ser dentro de unidades de pesquisa, tem que ser no campo mesmo. Fazendo essas considerações, confesso que, cada vez mais reafirmo a minha convicção sobre a vocação do Brasil para ser o grande "player mundial" no leite, pois tecnologias eficientes chegam em um percentual muito pequeno de propriedades e já somos o 4º maior produtor. Imagina quando isso se "espraiar" (como diz um político gaúcho) por esses rincões de meu Deus. Daí o problema será outro, que inclusive o Rio Grande do Sul já vem experimentando, que é comercialização - somos "mirins" neste quesito. Quanto ao resto, concordo contigo em quase que tudo do artigo e desejo que continues cumprindo com a tua missão, que é levar tecnologia para o homem do campo. Que 2015 seja de muito sucesso, paz e trabalho. Forte abraço!!
ARNO RICARDO GOELZER

QUINZE DE NOVEMBRO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2014

Bom dia

gostaria de saber das dificuldades enfrentadas pelos produtores que já trabalham  com compost barn.

Estou iniciando contruí um galpão 20 x 30 de cama e já tinha um tratador 11 x 30 com 60 canzis e vivo do leite. Ordenha 2 x 6 eurolate e qualificando meu rebanho holandes.

gostaria de um apanhado geral.

Desde já obrigado
RENATO AUGUSTO MENEZES NUNES

ITARARÉ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/12/2014

Parabéns pelo artigo Laranja, sempre é bom ler sobre o nosso trabalho.

Vindo da cidade, cursando Sistemas de Informação. Procurei uma oportunidade de aprender outro ramo na Ouro Branco, e qdo chego vejo que o sistema de automação é melhor que muita empresa de tecnologia. Eu agradeço a Deus por esses 3 anos na empresa que VC se empenhou para melhorar.



Um Feliz Natal e um Prospero Ano Novo!



Que 2015 seja melhor que 2014 para todos nós da Ouro Branco.



Abraço
MARCOS SOUZA DE FREITAS

SANTA ROSA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/12/2014

Laranja: quando entrei na Fac de Veterinária da UFRGS, vc estava saindo. Nunca esqueci de uma reunião no auditório, sobre greve de funcionários, e lá estava vc bem atuante. Acompanhei sua carreira, de longe (RS), e tenho orgulho em dizer: eu conheço esse cara! Também sou produtor de leite, em Santa Rosa-RS, com parceria em dois tambos, um de Jerseys e um de Holandesas. Seu texto merece muito elogios: a maneira fluente e gostosa de se ler, abordagem de fatos com verdadeiro conhecimento, como mencionaste, acadêmico e prático, destaque aos pontos de verdadeira relevância, e muitos outros que poderia citar.

Parabéns! E retribuo um desejo de um Feliz Natal e próspero 2015 a vc e toda sua equipe. Parabéns tbm ao Milkpoint por proporcionar uma mesagem como a sua neste final de ano. Acho que foi um "presente de Natal". Abraços
LUIS FERNANDO LARANJA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/12/2014

Pedro,



obrigado pelos comentários. Estamos alinhados nessa perspectiva que você colocou. E acho que nós teremos surpresas na velocidade com que automação irá entrar na atividade de produção de leite. Na Europa isso já é uma realidade estabelecida. Em recente visita a Alemanha eu fiquei impressionado com a disponibilidade de tecnologias como a ordenha robotizada. Uma fazenda de altíssima produção com 50 a 100 vacas em lactação é tocada facilmente por um casal, com um nível de comodidade impressionante. Essas tecnologias ficarão mais baratas e acessíveis numa velocidade grande eu acredito. E como você falou, este tema estará no topo da agenda do setor.



grande abraço !

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