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LADC: plantando uma semente

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 23/11/2015

6 MIN DE LEITURA

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A ideia do Latin America Dairy Congress surgiu a partir da percepção de que precisávamos fazer, no Brasil, um evento com uma proposta global, aproximando o mundo lácteo de nosso mercado. Tenho participado de diversos eventos lá fora, em especial do Global Dairy Congress, realizado pela Zenith e que serviu de inspiração para o nosso evento. Nesses eventos, sempre saía com uma certa frustração: nossas discussões aqui, via de regra, envolviam uma agenda de passado, ao passo que lá, a agenda era de presente e futuro.

Michel Nalet, diretor mundial da Lactalis, fala aos participantes

Como proposta global, entende-se: discutir temas de negócios, envolvendo empresas e o setor como um todo, no Brasil e no mundo; utilizar um formato objetivo, intenso e aberto a discussões e networking e reunir palestrantes de diversos países e com grande experiência e capacidade de comunicação, e dispostos a liderar. Um evento, enfim, que estimularia a participação de dirigentes de empresas, que abririam mão de 2-3 dias de suas atribuladas agendas para ouvir, refletir e expandir suas visões sobre seus negócios e o próprio setor. Como colocou Isabelle Ortiz, diretora da francesa Bel, citando o Dalai Lama, “quando falamos, apenas repetimos o que sabemos; quando ouvimos, podemos aprender algo novo”.

Isabelle Ortiz, da Bel (França)

Também, nosso intuito foi trazer gente (casos de sucesso, consultores) alinhados com o futuro. Há, sem dúvida, muita coisa boa ocorrendo aqui no Brasil. Muitas empresas crescendo – a palavra crise quase não foi citada (ou melhor, foi: um dos empresários disse que, por causa da crise, estava crescendo 50% neste ano e não os 75% planejados...). A agenda foi, enfim, voltada para o futuro.
 
Há um empreendedorismo de alta qualidade nascendo (ou se fortalecendo) no setor, e creio que isso pudemos captar. Casos como o da Delicari, apresentado por Craig Bell, um dos neozelandeses da Leitíssimo, certamente nos fazem pensar que há oportunidades por aqui que poucos países apresentam. Acho que a iniciativa dos neozelandeses, tanto na Leitíssimo como na Delicari, tem muito a nos ensinar e a nos estimular. A maneira como estruturam a estratégia de negócios, partindo da forma como o leite é produzido e levando esse valor ao produto final, é muito interessante e acertada.

Craig Bell, da Delicari.

Também, é altamente digno de nota e elogios o caso da Verde Campo, de Alessandro Rios. Rios representa o novo empresário lácteo brasileiro: antenado, visão progressista, moderna proposta de valor, responsabilidade social e participação ativa nas questões setoriais. Ele merece o nosso aplauso e incentivo. Tivemos, ainda o caso da Yorgus, de Enrico Letta, cuja visão é ser uma Chobani brasileira. Estes três casos de sucesso discutidos no evento simplesmente não existiam há 10 anos atrás. Representam, sem dúvida, um olhar sobre o futuro do setor.

Alessandro Rios, da Verde Campo.

Esse futuro também pode ser percebido na fala de Ricardo Cotta, diretor da Itambé. Tem sido muito comum, em nosso meio, a postura do “fala, fala, e não diz nada”; ficamos em cima do muro em questões-chave e, com isso, deixamos de evoluir. Quase ninguém tem a coragem de colocar o dedo na ferida, em alto e bom som. Foi o que Ricardo fez, ao dizer que temos que abrir nosso mercado caso queiramos realmente ter um projeto de futuro para o setor. Observação: ele fez a ressalva de que muitas vezes não competitimos em pé de igualdade com outros países, como no caso das ajudas aos produtores oferecidas quando o mercado cai, como agora na União Europeia. Mas minha percepção foi de que essa ressalva não elimina a sua opinião de que precisamos ter uma postura diferente, caso contrário nosso mundo lácteo ficará restrito ao Brasil (e a Venezuela).
 
Nessa busca pelo futuro, nada ficou mais evidente do que as limitações que temos a respeito da burocracia e, mais do que isso, o choque das regulamentações vigentes para registro de produtos, rotulagem, tarifas de importação de ingredientes e coisas do gênero, e as demandas do mundo atual. A diretora da Bel mostrou como adaptar marcas globais a mercados locais, dando o exemplo da Laughing Cow (A vaca que ri), cuja comunicação visual é uma simpática vaquinha vermelha. No painel de discussões, foi alertada: é possível que, em algum momento, ela tenha que tirar a vaquinha das embalagens, porque não se pode ter no Brasil animais “humanizados” nas embalagens lácteas (obs: para queijos ainda pode, mas vai saber...). Esse simples exemplo mostra que estamos na contramão do mundo, criando enormes dificuldades para o marketing desenvolver abordagens que estimulariam o consumo, a geração de empregos e tudo o mais que envolve o setor.

Como resolver essa questão? A única forma é através da representação setorial atenta e alinhada com o que está sendo feito no mundo lácteo, trazendo informações relevantes e procurando flexibilizar ou alterar as normas vigentes. A impressão que temos é que queremos comprar uma Ferrari, mas nossas estradas ainda são de terra, dando elas o limite de até onde podemos chegar. Nesse ponto, o governo é o nosso limite.

Outro ponto muito interessante foi a visão de Julian Mellentin, da New Nutrition Business, que mostrou que está em curso uma mudança na percepção a respeito dos lácteos como produtos saudáveis. Até 1 ou 2 décadas atrás, os lácteos eram vistos ou como recipientes para componentes externos que seriam os responsáveis por fazer bem (probióticos, fitoesterois, CLA, etc) ou, pior, como produtos que apresentavam limitações para o consumo, como o teor de gordura saturada, sal, etc.
Hoje, isso está mudando. As evidências sugerem que não há associação entre consumo de queijos, por exemplo, problemas de obesidade e cardíacos. Estamos assistindo ao que pode ser provavelmente um renascimento dos lácteos como produtos saudáveis por si só, o que oferece uma excelente plataforma para o setor.

Na mesma linha, a visão do “menos é mais” foi abordada por diversos palestrantes, que mostraram que a redução do número de ingredientes artificiais e a simplificação do processo industrial tem ganho cada vez mais adeptos, inclusive ganhando espaço na mídia, espontaneamente. Foram 23 apresentações de excelente nível e que trataram dos grandes temas atuais do setor: oportunidades de mercado; globalização do setor lácteo; inovação; sustentabilidade; segurança alimentar e casos de sucesso.

Painel final, com Richard Hall, da Zenith; Enrico Letta, da Yorgus; Craig Bell, da Delicari; Carlos Ramirez, da Powerful Yogurt; Alessandro Rios, da Verde Campo; Marcelo Carvalho, da AgriPoint.

Ao término do evento, que realizamos em uma bem sucedida e complementar parceria com a Zenith International, ficamos com a sensação de que havíamos criado algo diferente nesse evento. Evidentemente, um evento por si só não muda o setor, longe disso. Mas ele pode contribuir para que uma nova agenda, voltada para o futuro, seja cada vez mais incorporada, substituindo o blá-blá-blá enfadonho e retórico que há tempos discutimos e que muitas vezes usamos como desculpa para nossa postura. Nesse sentido, esperamos ter sensibilizado os líderes que lá estiveram; são eles, afinal, que já estão construindo o futuro. 

15 anos depois da criação do MilkPoint, percebo que fizemos um evento muito alinhado com a nossa proposta primordial: trazendo e discutindo as questões que precisam ser discutidas, para que a cadeia do leite avance. Quem sabe, no futuro, o setor lácteo no Brasil seja reconhecido pela mesma eficiência, competência e liderança mundial que existe em outros segmentos. Se isso ocorrer – e esperamos que isso corra – o LADC foi uma das sementes desse processo. Espero realmente que cresça e frutifique!

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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EDIEL ANDRÉ KERBER

CONSTANTINA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/11/2015

Parabéns, o Brasil e a cadeia láctea precisam de eventos e pessoas como você. Muito bom. Sucesso sempre!
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 25/11/2015

Obrigado a todos pelos comentários! Fico muito feliz de ter contribuindo e estar fazendo parte desse novo momento do setor.
ANDRÉ MARCEMINO HAMPF

CASTRO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/11/2015

Parabéns pela iniciativa, tomara que seja uma boa semeadura e com grandes frutos e próspera colheita. É o que a pecuária leiteira nacional merece.
MARCUS REZENDE

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 24/11/2015

Prezados...

Sem sombra de dúvidas, o LADC foi o melhor evento da cadeia láctea ocorrido no Brasil em 2015. Não foi fácil conseguir uma vaga na agenda, mas confesso que valeu a pena cada minuto presente no evento. Um show...

Não foi uma só semente plantada... muitas foram lançadas em solo fértil... agora é cultivar para que deem bons frutos.



Sucesso a todos...
HENRIQUE COSTALES JUNQUEIRA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/11/2015

Marcelo, acho que seu posicionamento está perfeito em incluir na sua conclusão a questão da organização setorial. Como foi dito no LADC temos ainda uma grande pulverização na industrialização do leite, mas questões fundamentais precisam ser discutidas, concluídas e defendidas conjuntamente. Temos algumas ações através dos sindicatos das indústrias, Láctea Brasil,  Aliança Láctea Sul, federações de agricultores e pecuaristas e tantas. Participei do evento e que digo que valeu o esforço, é vital reservar tempo para discutir estratégias...
JULIO CESAR GOMEZ

PESQUISA/ENSINO

EM 24/11/2015

A partir de Formosa Argentina. Entidade UNF.ACHA 131. Oficial Recording Leite (Argentina Holstein Breeders Association) parabenizou os organizadores do Congresso. excelência e atenção.
EDVALDO SOARES DE ARAUJO

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 24/11/2015

Olá Marcelo. Concordo com tudo o que você diz e faz. Incentivo até, que todos da cadeia produtiva do leite, leiam e ouçam o que você propõe. Parabens pelo sucesso do evento.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 24/11/2015

Sem duvida!..:)
CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

MOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/11/2015

Obrigado Marcelo, mas a Empresa esteve bem representada



abs,
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 23/11/2015

Obrigado Marius, e obrigado Zamboni! Faltou a sua presença!!
CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

MOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/11/2015

Prezado Marcelo, parabéns por mais este importante evento.



Mais uma você à frente do Milkpoint dá prova de sua vusão moderna, dinâmica e pensando anos à frente.



abs



Zamboni
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/11/2015

Parabens pelo suceso do evento.

A semente plantado com certesa trara bons frutos e a Milkpoint sera a terra fertil para germinar e crescer,so que agora temos que aguardar germimar e posteriormente os tratos culturais.Mais uma vez parabens e conte com nosco..

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