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Receita para o Dia dos Pais: "Cabrito surrado"

POR NEYD M M MONTINGELLI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2010

4 MIN DE LEITURA

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Quando eu era pequena, meu avô era policial rodoviário e ele costumava fazer grandes festas para a família e amigos em datas especiais. Estas festas tinham a sua preparação iniciada com a antecedência de vários dias e envolviam várias pessoas. A casa da minha avó ficava polvorosa e num divertimento só, por todos os dias. Eu adorava aquilo!

O meu avô gostava de fazer estas comemorações principalmente no primeiro dia do ano, quando ele chamava não só a família como também os amigos e vizinhos e a festa tinha o nome de "Boas entradas de Ano Novo". Neste dia o cardápio era muito variado. Em todas estas festas não podia faltar o cabrito assado à moda da família árabe e principalmente outros pratos como quibe, tabule e mejadra (arroz com lentilha) feitos pelas minhas tias Jamile e Olga. Eu lembro bem da festa do dia dos pais onde ele fazia o "cabrito surrado" tradicional e minha avó, bem brasileira, fazia o restante do cardápio que era uma variedade de alimentos resultado da mistura de etnias da família: maionese de macarrão, risoto, cuscuz, e até farofa de ovo, regados a azeite de oliva e crem (tempero de raiz forte).

O tradicional "cabrito surrado" era uma especialidade do meu avô. Ele encomendava o cabrito de um amigo que escolhia pessoalmente o animal para o abate e entregava no final da tarde de sábado, dentro de um grande saco de estopa.

Meu avô lavava o cabrito com uma escova dentro do tanque de lavar roupas, para o desconsolo da minha avó, que depois levaria dias até tirar o cheiro do seu precioso instrumento de trabalho doméstico. Depois ele o colocava em uma grande bacia de alumínio, especialmente mandada fazer para este fim e somente usada para isso. Colocava a bacia no chão da varanda e sentava em uma cadeira de palha que tinha as pernas cortadas pela metade, para poder ficar mais perto do cabrito. Com as suas enormes mãos, esfregava aquele tempero esverdeado e cheiroso que minha avó já deixava pronto. Esfregava, esfregava, por dentro e por fora, em todos os cantinhos, sempre conversando e tomando uma cervejinha em um copo todo ensebado pelo tempero de suas mãos.

Terminado o trabalho, colocava o cabrito na bacia e cobria com um pano de prato sob protestos de minha avó, pois geralmente ele pegava um dos panos bordados e branquinhos dela. Deixava lá e depois quando eu via, o cabrito estava imerso em um líquido roxo com as cebolas que dava vontade de ficar mexendo, era o outro tempero líquido. E ali ficava o cabrito, até o dia seguinte bem cedo, quando iria para o fogo.

A churrasqueira era artesanal: um buraco oval era feito em baixo da cobertura de cortar lenha, de mais ou menos 1 metro de largura por 0,50 cm de profundidade. Para isso ele chamava um rapaz da vizinhança e dava uns trocos.

Depois fazia dois suportes de madeira verde em forma de forquilha, colocando um de cada lado, enchia de carvão, colocava o cabrito em um espeto de madeira verde bem comprido e pendurava nos suportes, depois que o fogo já estivesse quente.

Enquanto estava fazendo esta arrumação, eu e minha avó fazíamos a vassoura de tempero. Era muito divertido. Nós íamos até a horta colher mentruz, erva doce e salsinha. Tudo tinha que ter o caule bem comprido para poder amarrar. Minha avó fazia então 2 vassouras com esses temperos, amarrando com barbante, deixando um cabo comprido de mais ou menos 0,50 a 0,80 cm, para poder alcançar o cabrito, sem se queimar. Às vezes ela amarrava uma varinha para deixar mais comprido ainda.

Com o cabrito no espeto, meu avô sentava-se na sua cadeira pitoca, e ficava com os amigos em volta, "surrando" o cabrito com a vassoura. Molhava a vassoura no molho e surrava o cabrito para ele não secar e para não secar a boca, tomava um gole de cerveja.

Ingredientes:

- 1 cabrito novo inteiro;
- 10 cebolas em rodelas;
- 1 garrafa de vinho tinto;
- 2 garrafas de água;
- 3 colheres de pimenta do reino moída;
- 3 colheres de pimenta rosa;
- ½ kg de sal;
- 3 cabeças de alho descascadas;
- 3 maços de hortelã grandes;
- 2 vassouras de temperos - mentruz, erva doce e salsinha com talo comprido.

Modo de Fazer

Em uma tigela coloque o sal, as pimentas, metade da hortelã, 3 cebolas cortadas em cubinhos e 3 dentes de alho amassados. Misture tudo e soque bem até ficar uma massa. Pode passar no processador. Lave o cabrito e enxugue.

Esfregue bem esse tempero por todo o cabrito, por dentro e por fora, cubra com um pano limpo e deixe sobre uma mesa por pelo menos 30 minutos. Enquanto isso prepare o outro tempero com os ingredientes restantes desta massa e da receita. Misture bem e passado o tempo, coloque o cabrito em um recipiente grande e fundo e derrame o tempero liquido sobre ele, virando e molhando de vez em quando até a hora de assar. Deixar nesse tempero por no máximo 12 horas em local fresco e arejado, melhor ainda se for sob refrigeração, totalmente coberto, livre de insetos.

Coloque o cabrito em um espeto grande e leve à churrasqueira, regando com o molho que ficou no recipiente. Para isso use a vassoura de temperos, batendo na pele para penetrar, não deixando o cabrito ficar seco e com isso nem o fogo da churrasqueira ficará alto. Quando a carne ficar macia e soltando do osso estará pronta para servir. Aproveite para acompanhar com os outros pratos da tradição familiar e faça também a sua história.

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ODEMIRES SÉRVULO DE OLIVEIRA

GOIÂNIA - GOIÁS

EM 09/12/2010

Caríssima Neyd!

Muito obrigado pela dica. Irei fazer esta receita com cordeiro para comemorar o Ano Novo.

Aprovieto para desejar-lhe um grande Natal e venturoso Ano Novo.
Grande abraço.
Odemires
NEYD M M MONTINGELLI

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 07/12/2010

Prezado Odemires,
Pode sim. O meu avô às vezes usava também um cordeiro. Em uma festa de casamento ele colocou os dois no buraco. E surrou tanto o cordeiro quanto o cabrito!!!
A diferença é deixar por mais tempo a carne no tempero, marinando. A carne de cabrito absorve mais rapidamente o tempero do que a de cordeiro.
Depois é só aproveitar as delícias.
Neyd Montingelli
ODEMIRES SÉRVULO DE OLIVEIRA

GOIÂNIA - GOIÁS

EM 07/12/2010

Cara Neyd, boa tarde!

Esta receita poderá ser utilizada para cordeiro?

Grande abraço.
Odemires
NEYD M M MONTINGELLI

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 03/08/2010

Prezada Marita Vidal,
É um prazer compartilhar a minha história e as receitas da família.

Neyd Montingelli
Curitiba/PR
MARITA VIDAL

ARAPARI - PARÁ - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 03/08/2010

Mais uma vez Neyd nos prestigia com uma maravilhosa receita! Parabéns!

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