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Manejo do risco de contaminação dos alimentos por micotoxinas em propriedades rurais

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/04/2007

6 MIN DE LEITURA

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Alimentos contaminados por micotoxinas podem prejudicar as operações nas fazendas, assim como a produção de alimentos, à custa de vários fatores: as micotoxinas são invisíveis, inodoras e não podem ser detectadas por testes simples e rápidos. Entretanto, podem reduzir consideravelmente a produção animal. Assim, o conceito de análise de risco deve ser adotado para reduzir o risco casual e definir riscos aceitáveis de contaminação.

O melhor controle é a prevenção da micotoxina no campo, que é suportada pela própria rotação de cultura e aplicação de fungicidas a tempo real. Em caso de manifestações de toxinas, ações específicas são requeridas para certos grupos e tipos de micotoxinas. Compostos absortivos podem ser usados para reduzir o potencial micótico de uma forma geral. Outras estratégias como a utilização de enzimas ou desintoxicação microbiana têm sido usadas mais recentemente para conter os impactos de certas toxinas de fungos.

Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos que causam micotoxicoses (resposta a presença de micotoxinas), quando ingerida pelos animais. Os fungos Fusarium, Aspertillus e Penicilliun são os principais e mais abundantes mofos que produzem essas toxinas e contaminam alimentos destinados a alimentação de animais e de humanos.

Devido aos modernos métodos e grande crescimento da pesquisa neste campo, mais de 300 micotoxinas tem sido diferenciadas até o momento. Mas, de grande importância, em termos de considerações práticas, as aflotoxinas, tricotecenes, zearalenonas, ocratoxinas e fumosinas são de particular interesse.

As aflatoxinas são as mais conhecidas. Isso se deve ao fato de seus representantes serem uma das mais potenciais substancias carcinogênicas conhecidas. São produzidas por muitas estirpes de A. flavus e Aspergillus parasiticus, em diferentes produtos, incluindo cereais e sementes oleaginosas. A Aflatoxina B1 é considerada a maior e principal hepatocarcinogênica em animais, podendo afetar várias espécies, em diferentes, idades, sexo e condições de nutrição. Os ruminantes de uma forma geral são menos susceptíveis, mas também podem ser acometidos por essas micotoxinas. A Tabela 1 apresenta as principais micontoxinas na produção animal.

Tabela 1. Principais toxinas produzidas por fungos presentes em alimentos destinados a alimentação animal.
 


A micotoxinas zearalenona é também produzida pelas espécies de Fusarium, com altos efeitos estrogênicos, que resulta em redução da fertilidade, natimortos em fêmeas e redução da quantidade e qualidade do esperma em machos. Devido a similaridade com o estradiol, a zearalenona é capaz de se ligar aos receptores de estrogênio nas células mamárias, sendo classificado como um estrógeno não esteroidal, micoestrógeno ou fitoestrógeno. Embora o potencial biológico da zearalenona seja alto, sua toxicidade é considerada baixa.

A ocratocina A, a qual é produzida por enorme variedade de espécies de Aspergillus e Penicilliun, têm sido listadas como possivelmente carcinogênicas para humanos pela Agência Internacional de pesquisas no Câncer. Causa toxicidade renal, nefropatia e supressão imunológica em vários animais, resultando em redução de desempenho destes. Também tem sido detectada em sangue e outros tecidos animais, além do leite. Também tem sido atribuída a diarréias fatais em humanos.

A mais recente descrição de micotoxinas com relevância para humanos e animais são as fumonisinas, reportadas primeiramente na África do Sul em 1988. As fumosinas são produzidas por um grande número de Fusarium, notadamente Fusarium verticilliodides, Fusarium proliferatum e Fusarium nygamai, assim como Alternaria sp. Da família das fumosinas, a B1 é a mais abundante, causando severas diarréias, hepatotoxicidade e nefrotoxicidade, além de afetar o sistema imunológico dos animais.

Várias micotoxinas podem ocorrer simultaneamente, dependendo de condições ambientais e disponibilidade de substrato. O estabelecimento de limites de mitocoxinas e suas regulação podem ser influenciados por vários favores, ambos de natureza científica e sócio-econômicas, incluindo:

- disponibilidade de dados tecnológicos,
- disponibilidade de dados de ocorrência em diferentes produtos,
- conhecimento da concentração e distribuição da micotoxina,
- disponibilidade de métodos analíticos para determinação, e
- legislação.

O diagnóstico de micotoxinas em animais é baseado em estudos experimentais com toxinas específicas e animais específicos, geralmente sob condições toxicológicas laboratoriais muito bem definidas. Entretanto, os resultados podem ser muito próximos de situações reais em fazendas. Fatores como sexo, raça, cruzamento, ambiente, status nutricional, a entidade toxicológica, podem afetar a intoxicação e sintomatologia. O diagnóstico é muito dependente da amostragem do alimento que foi ingerido e que causou a intoxicação.

Como medidas preventivas, as práticas de manejo que visam maximizar o desempenho das plantas e reduzir o estresse podem diminuir substancialmente a contaminação por micotoxinas. Isso inclui o uso de variedades adaptadas, fertilização adequada, tratamento de sementes, irrigação se necessário, rotação de cultura, etc. Entretanto, nenhum tipo de manejo pode eliminar a contaminação em anos favoráveis para desenvolvimento das mitocoxinas.

Alguns fungos, como várias espécies de Fusarium, são colonizadores comuns de resíduos de cultura, podendo sobreviver na entressafra. Assim, resíduo de trigo, milho, arroz, etc, podem ser fontes de inoculo, que se desenvolvem quando a temperatura fica mais favorável.

Após a colheita, medidas preventivas para controle e prevenção de fatores que favorecem o crescimento de fungos e subseqüente produção de toxinas precisam ser considerados. Assim, fatores como atividade de água de produtos estocados, temperatura, condição dos grãos, composição do gás intergranular, interações microbianas, presença de preservantes químicos ou biológicos, ganham grande importância.

A aplicação da técnica de análise de ponto crítico de controle pode ajudar em muito a se proteger contra as micotoxinas.

- O primeiro ponto é a análise de risco, preparação de uma lista de passos no qual a micotoxina poderia se manifestar e descrever as medidas preventivas.
- O segundo passo é determinar o ponto crítico de controle, determinação dos materiais, produtos e passos que devem ser monitorados.
- O terceiro passo é estabelecer o limite crítico de controle, ou seja, a tolerância máxima.
- O quarto passo é estabelecer os procedimentos para monitoramento dos pontos críticos de controle. Isso pode incluir procedimentos para amostragem, preparação de amostras, etc.
- O quinto passo refere-se ao estabelecimento de ações corretivas, que incluem limpezas de silos, caixas, depósitos, elevadores da fábrica de ração, etc.
- O sexto passo é a verificação dos procedimentos adotados no quinto passo.
- Por último, o sétimo passo é o registro de todo o processo para arquivamento no escritório para análise futura.

Em caso de evidência de micotoxinas nas operações diárias da fazenda, a primeira e principal prática é direcionar o alimento contaminado para categorias animais menos susceptíveis, e ainda, se possível, misturar o alimento contaminado com alimento livre de toxinas, para estabelecer limites de contaminação abaixo dos padrões aceitos. Quando isso não é possível ou não é permitido pela lei, como ocorre na Europa, outros métodos precisam ser aplicados.

Embora certos tratamentos têm sido encontrados para reduzir os níveis de micotoxinas específicas, nenhum método simples tem sido desenvolvido com igual efetividade contra a grande maioria das micotoxinas que podem ocorrer junto a uma grande variedade de produtos.

Vários grupos de substâncias têm sido testadas para reduzir a contaminação micótica, como silicatos de alumínio, em particular a argila e minerais zeolíticos. Bentonitas de cálcio, bentonitas de sódio, bentonitas organofílicas, bentonitas tratadas com ácido, diatomitas e vermiculitas também podem ser empregadas. Entretanto, os experimentos que estudaram a eliminação de micotoxinas como as aflatoxinas, a partir de alimentos contaminados, pelo uso de absorventes, demonstraram resultados controversos.

Considerações finais

Podemos observar que as micotoxinas são quimicamente diversas, e que esses metabólitos produzidos por fungos têm grande variedade de efeitos tóxicos. As medidas preventivas começam com a produção de alimentos para alimentar os animais seguindo as práticas agronômicas estabelecidas para cada cultura. Também, a prevenção e controle dependem de contínuos testes dos ingredientes, assim como dos produtos finais, ou seja, deste o plantio da cultura do milho até a silagem colocada no cocho, por exemplo.

Quando são necessárias ações para desintoxicação de alimento contaminado, a escolha do método depende da espécie micótica envolvida, a fim de garantir o desempenho adequado dos animais na fazenda. A mistura com alimento não contaminado, acrescido da inclusão de um aditivo absortivo seguido do redirecionamento deste alimento para categoria animal menos susceptível, é uma das práticas mais adotadas pelos produtores.

Fonte:

Animal Feed Science and Technology. Volume 133, Issues 1-2 , 1 February 2007.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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CESAR AUGUSTO ZANDONÁ

BARRA FUNDA - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 18/04/2007

Parabenizo o site e o autor pela preocupação com um assunto tão importante para a produção leiteira no Brasil, pois essa é a próxima barreira que enfrentaremos na produção de leite.

Só quem atua na linha de frente sabe quanto importante são esses dois assuntos. Obrigado.

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