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Fatores que interferem na desidratação da forragem durante o processo de fenação

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PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/07/2006

7 MIN DE LEITURA

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A conservação de plantas forrageiras na forma de feno tem por premissa o fornecimento aos animais de um alimento de bom valor nutritivo na época de escassez de forragem. Entretanto, a fenação também ocupa um papel importante no manejo das pastagens, desde que permite utilizar o excesso de produção obtido na estação de crescimento (Evangelista et al., 2003). Segundo Reis et al. (2001) o valor nutritivo do feno é o resultado das inter-relações que ocorrem entre inúmeros fatores, sendo os mais importantes relacionados às plantas, ao processamento a campo e às condições de armazenamento. Este artigo será direcionado às condições climáticas, ao fator planta e ao manejo imposto à forragem.

Fatores climáticos

Os fatores climáticos e o solo constituem o ambiente para a secagem da forragem no campo. As principais variáveis a serem consideradas em relação ao clima são: radiação solar, temperatura, umidade do ar e velocidade do vento. As altas correlações entre estas variáveis, torna difícil estabelecer quais os efeitos isolados de cada uma sobre a taxa de secagem (Rotz, 1995).

A radiação solar tem sido identificada como o principal fator ambiental que influencia a desidratação de gramíneas e de leguminosas, e conseqüentemente, está associada à taxa de secagem das forrageiras. Além disso, deve-se considerar a influência acentuada da umidade relativa do ar, da evapotranspiração potencial (ETP) ou déficit de pressão de vapor (DPV), da temperatura, dos ventos e da umidade do solo (Rotz, 1995).

A umidade relativa (UR) do ar é um dos principais fatores ambientais que exerce influência na perda de água da forragem desidratada a campo. Considerando que o feno é higroscópico, ou seja, absorve água do ambiente, a UR também influencia a umidade de equilíbrio da forragem, a fim de atingir valores adequados para o armazenamento (Tabela 1).

Tabela 1. Umidade de equilíbrio dos fenos em função da umidade relativa do ar.
 


Fonte: Raymond & Waltmam (1996).

Segundo Evangelista & Pinto (2005), a atividade de produção de feno no Brasil só não possui maior crescimento devido ao fato das limitações climáticas existentes para a desidratação da forragem. Pois no período de maior rendimento, aliado à qualidade da forragem (outubro a março), ocorrem chuvas de verão que limitam a produção de feno a campo. A ocorrência de chuvas durante a secagem pode gerar perdas de até 100% de matéria seca. Na fase final da secagem, as chuvas causam maiores perdas àquelas ocorridas no início do processo.

Fatores inerentes à planta

A superfície das plantas é coberta por uma camada de proteção denominada epiderme, cuja camada externa designa-se cutícula cerosa, sendo esta relativamente impermeável. A função desta cobertura incluindo a prevenção de danos físicos é diminuir as perdas de componentes da planta por lixiviação e excessiva perda de umidade.

Os estômatos são pequenos orifícios na epiderme, cobrindo de 1 a 3% da superfície da planta, mas 80 a 90% da água que deixa a planta o fazem via estas estruturas (Rotz & Muck, 1994; Rotz, 1995).

Os fatores relativos à planta que afetam a taxa de secagem são: conteúdo de umidade inicial, espécie forrageira e características físicas da forragem. A taxa de secagem apresenta correlação com características morfológicas, principalmente a razão de peso de folhas e relação folha:caule (McDonald & Clark, 1987).

Inúmeros fatores relacionados à estrutura das plantas influenciam a taxa de perda de água, destacando-se: a razão de peso de folha, a relação folha/caule, a espessura do caule, o comprimento do caule, a espessura da cutícula e a densidade de estômatos.

Em relação à proporção de caule, é importante considerar que a transferência de água do caule para as folhas é um fator relacionado à velocidade de secagem, principalmente em leguminosas e gramíneas colhidas na fase reprodutiva. A aplicação de tratamentos mecânicos nos caules, como o condicionamento, resulta em altas taxas de secagem, sendo vantajoso, mesmo se a perda de água do caule via folha for reduzida (Rotz & Muck, 1994).

Fatores de manejo

As plantas forrageiras têm características morfofisiológicas que demandam diferentes alturas de corte. De maneira geral, os capins de crescimento prostrado como os dos gêneros Brachiaria, Cynodon e Digitaria podem ser cortados de 10 a 15 cm, enquanto plantas de crescimento ereto como Avena, Hyparrhenia e Panicum, as alturas de corte são de 20 a 30 cm. Nas leguminosas como a alfafa, a altura de corte normalmente utilizada é de 8 a 10 cm do nível do solo.

A colheita da forragem com valor nutritivo adequado, ou seja, com elevada proporção de folhas tenras, resulta em leiras mais pesadas do que aquelas de plantas que possuem maior percentagem de caules, desta forma, apresentam maior dificuldade para circulação de ar, aumentando a resistência à perda de água (Rotz, 1995; Rotz & Muck, 1994).

A altura de corte influencia a porção de caule remanescente, determinando a intensidade do contato da forragem com o solo, influenciando a circulação de ar na base da leira. As leiras produzidas pela maioria das segadeiras são compactas e altas, e considerando que a resistência da leira na fase inicial de secagem é o principal fator que limita a perda de água, a taxa de desidratação pode ser aumentada após o uso dos ancinhos.

Assim, a perda de água na segunda fase de secagem pode ainda ser rápida, se esforços forem feitos para reduzir a compactação da leira com viragens e revolvimento através do uso de ancinhos (Moser, 1995).

O uso freqüente de ancinhos pode ser mais eficiente quando o conteúdo de água da leira varia de 66 a 50%. Durante esta fase, a forragem na superfície seca rapidamente, enquanto dentro da leira a desidratação é lenta. Assim, cada movimentação da leira proporciona condições apropriadas para a secagem.

Além disto, com a forragem tornando-se mais leve devido à perda de água, uma nova ação do ancinho propicia leiras mais abertas, com menor resistência à perda de água. Com o conteúdo de água abaixo de 50%, a leira entra em um estágio onde o uso do ancinho não é tão eficiente. Tal fato ocorre porque nessa fase a taxa de secagem é mais influenciada pela resistência da planta do que pela estrutura da leira. Nessa fase a umidade de equilíbrio entre o ambiente e a planta assume grande importância no processo (Tabela 1) (Rotz, 1995, Raymond & Waltmam, 1996).

No processo de secagem da forragem no campo, o topo da leira se desidrata antes da base. Desta forma, a manipulação da leira pode acelerar e uniformizar a secagem, através do revolvimento da forragem mais úmida, colocando-a na camada superior, onde ocorre a secagem mais rápida e também do espalhamento, aumentando a superfície de contato com o ambiente.

McDonald & Clark (1987), observaram taxas de perda de água, na segunda fase, variando de 0,5 para 1%/hora em forragem não virada, aumentando para 2%/hora em área submetida à ação de ancinhos, e de 3%/hora na forragem que sofreu condicionamento e foi virada com ancinho. Perda de folhas causadas pelo uso de ancinhos varia de 1 a 3% em gramíneas, mas pode atingir valores de até 35% na fenação de leguminosas.

As plantas acumulam açúcar durante o dia, através da fotossíntese, porém, no período noturno, ocorrem perdas destes através da respiração. Desta maneira, as concentrações de carboidratos não estruturais (CNE) em forragens podem ser influenciadas pelo ciclo diurno.

Mayland et al. (1998), compararam o efeito da colheita de HiMag festuca (Festusca arundinacea) e German WL 332HG alfafa (Medicago sativa), as quais foram realizadas nos períodos diurnos e noturnos, demonstrando que a colheita realizada no período diurno, quando comparada à colheita noturna, obtiveram maiores concentrações de proteína verdadeira, mono e dissacarídeos, carboidratos não estruturais totais (CNET) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), apresentando também valores inferiores de FDN e FDA, como pode ser visualizado na Tabela 2.

Tabela 2. Composição de forragens colhidas em dois períodos distintos.

 


Referências bibliográficas

EVANGELISTA, A.R.; PEREIRA, R.C.; ABREU, J.G.; PÈREZ, J.R.O. Forragens para ovinos. In: Volumosos na Produção de Ruminantes. Jaboticabal, 2003. Anais... Jaboticabal,SP: FUNEP, 2003. p.193-239.

McDONALD, A.D., CLARK, E.A. Water and quality loss during field drying of hay. Adv. in Agron., Madison. v.41, p. 407-437. 1987.

MOSER, L.E. 1995. Post-harvest physiological changes in forage plants. In: Post-harvest physiology and preservation of forages. Moore, K.J., Kral, D.M., Viney, M.K. (eds). American Society of Agronomy Inc., Madison, Wisconsin. p.1-19.

REIS, R.A.; MOEIRA, A.L.; PEDREIRA, M.S. Técnicas de produção e conservação de fenos de forrageiras de alta qualidade. In: Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas. Anais... Maringá:UEM, 2001, p.1-39.

ROTZ, C.A., MUCK, R.E. 1994. Changes in forage quality during harvest and storage. In: Fahey Jr., G.C. Forage quality, evaluation, and utilization. Madison. American Society of Agronomy. p.828-868.

ROTZ, C.A. Field curing of forages. In: Post-harvest physiology and preservation of forages. Moore, K.J., Kral, D.M., Viney, M.K. (eds). American Society of Agronomy Inc., Madison, Wisconsin.1995. p. 39-66.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

JÚLIO KUHN DA TRINDADE

SALIM JACAÚNA DE SOUZA JÚNIOR

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