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Enterotoxemias (parte 2)

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/01/2005

3 MIN DE LEITURA

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Conforme foi abordado no último artigo, a enterotoxemia têm sido alvo de várias suspeitas de casos clínicos; sobretudo naqueles casos controversos e de difícil solução do diagnóstico.

Os detalhes sobre as características anatomopatológicas encontradas pelo pesquisador da UFMG nos animais estudados com enterotoxemia serão abordados no intuito de auxiliar sua diferenciação das demais doenças. As características dos achados macroscópicos durante a necropsia realizada nos animais que apresentaram curso agudo durante o experimento foram principalmente edema das vias aéreas e interstício pulmonar com presença de conteúdo espumoso na traquéia e nos brônquios. Os pulmões apresentavam septos interlobulares com material gelatinoso e, em geral todo o órgão encontrava-se aumentado de volume.

O líquido pericárdio estava aumentado de volume, e o epicárdio e o endocárdio apresentavam petéquias em graus variados. O intestino delgado apresentava conteúdo fluido com formação de gás. A bexiga encontrava-se distendida em alguns animais e repleta de urina. O pesquisador comenta ainda em sua tese que a retenção urinária é um achado freqüente em bovinos com alterações do sistema nervoso central.

As alterações cerebrais observadas são indicativas de congestão e edema. Outros autores citam ainda a ocorrência de uma lesão cerebral conhecida como hérnia do cerebelo, que consiste na saída deste para fora da calota craniana, através do forame Magno.

Em relação aos achados microscópicos, o pesquisador destaca que a principal alteração encontrada no Sistema Nervoso Central foi o edema perivascular proteináceo, localizado principalmente na substância branca ou na transição com a cinzenta; foi também observado encefalomalacia simétrica focal. No pulmão, foi observado edema proteináceo intersticial e inter-alveolar, em outros casos foi observado infiltração discreta à moderada de neutrófilos nos septos intra-alveolares. O autor destaca que a formação do edema pulmonar segue o mesmo padrão do edema cerebral, a partir da ação da toxina epsilon alterando a permeabilidade vascular e permitindo o escape de proteínas.

Na avaliação da patologia clínica, dentre os animais com quadro agudo, apenas 29% apresentaram glicosúria. Entretanto, a glicosúria é um achado considerado consistente no diagnóstico da enterotoxemia em ovino e caprino. Vale ressaltar que foi observado proteinúria em todos os animais com quadro agudo. Os níveis sanguíneos de creatinina, uréia, glicose, proteínas totais e albumina não exibiram diferenças significativas entre os quadros e entre os animais que não adoeceram.

Reunindo todas as informações coletadas, o autor estabeleceu em sua pesquisa alguns parâmetros auxiliares para o diagnóstico da enterotoxemia bovina pelo C. perfringens tipo D:
- susceptibilidade dos animais, caracterizada pela ausência de anticorpos neutralizantes contra a epsilon toxina;
- histórico de dieta rica em carboidratos facilmente fermentáveis;
- sinais clínicos de alterações no SNC;
- Casos com curso rápido, podendo contudo, ocorrer quadros subagudos e de recuperação espontânea;
- Proteinúria
- Lesões indicativas de alterações de permeabilidade vascular durante a necropsia
- Pesquisa de toxina epsilon em conteúdos de duodeno, jejuno e íleo.
- Diagnóstico histopatológico de edema perivascular proteináceo cerebral, degeneração e encefalomalacias simétricas focais corticais. Além disso, presença de edema pulmonar alveolar, intersticial e perivascular proteináceos.

Em última análise, vale a pena ressaltar que como o diagnóstico da enterotoxemia depende dos achados clínicos, é de suma importância que o clínico esteja alerta para os principais sintomas e também consciente da complexidade do diagnóstico desta doença. Reunindo as informações aqui coletadas da referida pesquisa e contando com o apoio de um laboratório, será possível definir realmente o diagnóstico dos quadros suspeitos de enterotoxemia.

Fonte:

FACURY, E. F. Indução experimental de enterotoxemia pelo Clostridium perfringens tipo D em bovinos. 2004. 106f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) - Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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RENATO S. MACHADO POMPÉU-MG

POMPÉU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/01/2005

Olá Renata,

Parabéns pelo artigo. Temos sofrido muito com a enterotoxemia aqui em Pompéu e achei estranho no estudo do Lobão a ausência de uma hemorragia petequial difusa no intestino. Este é o achado de necrópsia mais evidente por aqui.

De qualquer forma já é um avanço que o pessoal da UFMG admita a existência da doença, pois antes insistiam que o que nossos animais tinham era Botulismo.

Discutíamos pois botulismo não costuma matar em 12 horas e ainda mais quando o surto só se controlava com a vacina que contivesse Clostridium perfringens tipo D.

Volto a agradecer, artigos como o seu sempre ajudam a nos manter atualizados, apesar da distância.

<b>Resposta da autora:</b>

Prezado Renato,

Agradeço sua mensagem e fico muito satisfeita em poder abordar um tema de seu interesse.

A opinião do Lobão sobre o tema é também tentar difundir um problema comum e com diagnóstico muito controverso. Acho que ele sempre trás boas novas para escola e uma postura muito ética e equilibrada. Tento sempre obter sugestões sobre temas com ele.

Voltei a procurar se há algo mais enfático sobre a hemorragia petequial difusa no intestino, mas achei apenas que foram observadas alterações da permeabilidade vascular em órgãos como coração, pulmão, rins, intestino, linfonodos mesentéricos e mesentério ocasionando lesões circulatórias discretas.

Caso vc tenha sugestões sobre tema para os próximos artigos é só enviar e procuro obter material e escrever sobre o tema!

Grande abraço e muito obrigada,

Renata Souza Dias

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