Considerando a possível variação no tamanho e proporções corporal de búfalas em lactação, que podem variar em função da composição racial tanto em rebanhos puros quanto em rebanhos mestiços e da presença ou não de chifres (búfalos descornados), é oportuno conhecer o tipo de animal que será criado para a construção das instalações no sistema de produção de leite de búfala. Das raças com maior produtividade de leite que são criadas no Brasil, temos a raça Murrah, que apresenta um porte menor, e a raça Mediterrânea, que apresentam um porte médio, semelhante aos animais da raça Girolanda.
Apesar da boa produtividade individual de leite de alguns animais da raça Jafarabadi, a participação deste grupo genético nos rebanhos de leite de búfala é inferior por serem animais de porte maior, apresentarem maturidade sexual tardia a conformação de chifre que dificulta o manejo dos animais em cocheiras e sistemas automatizados de ordenha. Não podemos esquecer das características dos animais da raça Jafarabadi por ser esta uma raça muito utilizada e também adequada para a formação de rebanhos mestiços descornados para a produção de leite.
De maneira geral, as búfalas em lactação são animais com peso médio de 700 kg de peso vivo, porte médio e muito profundos, com grande capacidade abdominal e membros posteriores largos, o que determina a necessidade de adequar troncos e outras formas de contenção para as práticas de manejo. Atualmente, existem currais de ordenha de búfalas que utilizam todos os sistemas de ordenha inicialmente desenhados para bovinos (fila indiana, espinha de peixe, carrocel) dentre os quais o sistema de fila indiana é o mais adequado para a ordenha de búfalas com o bezerro ao pé e também o de mais facial adaptação.
Em relação à contenção dos búfalos em pastagens e currais, é sabido que para cercar os búfalos é necessária muita comida e sombra para garantir o bem estar dos animais. Quando estão bem tratados e não há disputa entre reprodutores ou fêmeas no cio em área confrontante com o local onde estão os reprodutores, é raro ver búfalos “fugindo” do local onde devem ficar. É importante lembrar que, quando definimos o local onde os animais devem permanecer, a escolha do ambiente que impomos aos animais pode ser mais conveniente para o proprietário e funcionários do que para os animais e, ao não atender uma condição mínima de conforto e saciar a fome dos indivíduos, é natural aos búfalos e também aos bovinos, equinos, ovinos, caprinos, etc, se movimentarem em busca de melhores condições.
Referências para a construção de currais e instalações para búfalos estão disponível também na literatura. Considero oportuno consultar o livro “CRIAÇÃO DE BÚFALOS: Alimentação, manejo, melhoramento e instalações”, publicado pela EMBRAPA em 1993 de autoria dos doutores Cristo Nascimento e Luiz Octávio Moura Carvalho.
Mesmo os búfalos mansos e adaptados ao manejo produtivo, em relação aos demais animais, possuem maior facilidade de transpor barreiras físicas (cercas) e ambientais (lagos e brejos), quando não recebem a atenção necessária para se alimentar e repousar.
A maior capacidade dos búfalos em se movimentar se dá em função de características físicas em membros e articulações e também do couro que é mais espesso e não de comportamento bravio como é eventualmente comentado. Ao utilizar o búfalo para a produção de leite e obter lucro, devemos nos aproveitar destas características e ganhar mais dinheiro realizando adaptações quando necessárias. Vejam só, o búfalo é facilmente contido com a utilização de um único fio de cerca elétrica colocado em altura de 0,80 metros do chão. Por não ter habilidade em saltar e ser muito sensível ao choque, a utilização de cerca eletrificada na altura indicada limita a passagem dos animais adultos por cima e por baixo da cerca. Quando há a presença de bezerros ao lado das búfalas, é necessário adicionar outro fio de cerca eletrificado em altura de 0,40 metros, ficando assim todo o rebanho contido no local desejado.
Nunca se esqueça de colocar sombreamento para os animais, mesmo que seja necessário construir sombra artificial com a utilização de sombrites, bambu, palha ou madeira. Quando possível, utilizem o sombreamento natural de árvores e cercas vivas, onde se destaca o sansão do campo.
Quando o rebanho de búfalos é parte de um sistema de produção de leite do tipo familiar, é comumente observada a manutenção de um pequeno grupo de animais ao redor das residências e currais de ordenha sem a necessidade de contenção.