ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Com a chegada do verão tenha precaução com o Pinkeye

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/11/2006

4 MIN DE LEITURA

12
0
O Pinkeye é uma doença ocular infecciosa e contagiosa, na qual os animais apresentam conjuntivite, lacrimejamento e ceratite. Muitos produtores já estão familiarizados com esta enfermidade, mas ainda não realizam as medidas preventivas para minimizar a ocorrência deste problema. É também denominada "doença do olho branco" ou ceratoconjuntivite infecciosa bovina (CBI).

O Pinkeke pode se disseminar rapidamente, fato que dificulta o controle da doença, tornando as perdas econômicas mais significativas. Nos casos mais graves, pode afetar os dois olhos, comprometendo expressivamente o conforto do animal, dificultando o acesso ao alimento, e ainda, favorecendo a ocorrência de acidentes.

As perdas econômicas ocasionadas pelo Pinkeye estão associadas à perda de peso, à redução da produção de leite, e à cegueira. Deve-se destacar que esta doença afeta principalmente os bezerros na fase de aleitamento, prejudicando o desenvolvimento do animal. Com a redução de peso, o estresse causado pela dor e o desconforto, os bezerros afetados pelo Pinkeye tornam-se mais susceptíveis à ocorrência das doenças mais prevalentes nesta fase, como a diarréia, tristeza parasitária e pneumonia.

A Moraxella bovis é a bactéria causadora desta enfermidade. É uma bactéria gran negativa, que produz exotoxinas que infectam a córnea e a conjuntiva (Figura 1). As lesões causadas pelas exotoxinas desencadeiam um processo inflamatório que provoca edema da córnea e opacidade corneal. Com a redução da espessura corneal, em casos extremos, a pressão do humor aquoso pode provocar a ruptura da córnea, levando o animal à cegueira irreversível.

Além da Moraxella bovis, outras bactérias patogênicas da microbiota ocular colonizam as lesões, contribuindo para o agravamento do quadro. É importante ressaltar que já foram identificadas diferentes cepas da Moraxella bovis, sendo que algumas são mais patogênicas que outras.

Todos os fatores que podem irritar os olhos são fatores predisponentes, tais como poeira de estrada, poeira da manipulação de concentrados, capim alto, insetos, algum tipo de pulverização feita próxima à instalação dos animais. Além disso, há também os fatores que favorecem a transmissão da bactéria entre os animais: falta de higiene nas instalações, contato focinho-focinho de bezerros em aleitamento, higiene dos utensílios para aleitamento, frascos de colírio e as mãos dos funcionários. Há também relatos da hipovitaminose do tipo A acarretar a anormalidade epitelial e favorecer ocorrência do Pinkeye.

Perante aos fatores predisponentes enumerados acima, fica simples compreender porque a moléstia é mais comum durante o verão. Neste período do ano, há maior concentração de moscas, maior umidade, maior chance de contaminação bacteriana e também, maior radiação ultravioleta.

As moscas são um importante transmissor do Pinkeye e após ingerir a secreção contaminada, voam para outros vários animais, disseminando a bactéria. Após a cura, os animais tornam-se reservatórios da bactéria, podendo também apresentar o agente na secreção nasal e vaginal.

Os primeiros sintomas do Pinkeye são a produção abundante de lágrimas, e o fato do animal tentar ficar com os olhos parcialmente fechados. Em seguida, ocorre o aparecimento de uma mancha branca no centro da córnea, que de acordo com a severidade da infecção e com as condições de tratamento, pode ou não evoluir para uma úlcera. (Figuras 2 e 3)

O tratamento do Pinkeye deve ser feito com antibiótico. Existem algumas opções de antibióticoterapia parenteral que apresentam bons resultados: Tetraciclina intramuscular ou o Florfenicol intramuscular. Outra opção são as aplicações subconjuntivais de penicilina; para executar esta aplicação é indicado um bom período de treinamento com o veterinário.

Não é indicado executar esta aplicação sem experiência prévia. A utilização de colírios e "sprays" não têm a mesma ação que os métodos mencionados acima (com uso de antibióticos), principalmente devido ao período de contato ser pequeno (a lágrima retira o medicamento). Quando houver manipulação dos olhos do animal acometido é recomendado o uso de luvas para evitar aumento da disseminação da enfermidade. Tenha sempre a rotina de anotar os animais acometidos, o tratamento utilizado e os resultados obtidos.

Uma opção para auxiliar o tratamento é cobrir os olhos afetados, desta forma é possível proteger a área afetada de irritações (poeira, capim), insetos e da luz solar. A forma mais usada para proteção dos olhos é o uso de uma aba de tecido resistente (brim, por exemplo).

Em última análise, o controle da enfermidade é realizado com o controle dos fatores predisponentes, principalmente as moscas. Quando poucos animais estão acometidos pode-se optar pela separação para reduzir a transmissão. É importante a conscientização dos funcionários sobre a facilidade de disseminação desta enfermidade para os demais animais do rebanho, bem como as medidas de higiene para reduzir a contaminação de vários animais e a ocorrência de um surto da enfermidade.

Figura 1. Nomenclatura das diferentes estruturas do olho, observar a localização da córnea e da conjuntiva (principais regiões do olho afetadas pelo Pinkeye).


Figura 2. Novilha com inicio da lesão, mancha branca no centro da córnea.



Figura 3. Bezerra com um mês de idade,que apresenta um quadro severo de pinkeye.


Fonte:

Maas, J. Pinkeye theraphy. UCD Vet Views - California Cattleman, maio, 2002. https://www.vetmed.ucdavis.edu/vetext/INF-BE_cca/INF-BE_cca02/INF BE_cca0205.html

Stades, F. C., et al. Fundamentos de oftalmologia veterinária. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999.

Walker, B. Pinkeye in cattle. NSW - Departament of Primary Industries - Agriculture, outubro, 2004. https://www.agric.nsw.gov.au/reader/cattlehealth/a0931.htm

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

12

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

LAIS RAIANE SOARES ALVES

UBERABA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 30/07/2020

Olá, há possibilidade do bezerro já nascer com ceratoconjuntivite? Uma vaca pariu e o bezerro nasceu com um dos olhos todo branco, poderia ser?
CRISTOVÃO SIMÕES BATISTA

FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA

EM 26/08/2019

Muito bom esse texto, fácil a leitura e explicações para o pequeno produtor rural.
Obrigado
LEOKAUFER

RANCHO QUEIMADO - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/03/2008

Olá Dra Renata, muito bom artigo!

Recentemente acompanhei um surto em uma propriedade, e foi usado o terracortil, o que voce teria a dizer sobre o uso de corticóides nestes casos? E quais outras doenças podem ser diagnóstico diferencial?

Agradeço a atenção e parabéns pelo artigo.
VICENTE DE PAULO LIMA

CAMPINA DA LAGOA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/12/2006

Gostei muito do artigo, pois traz informações de grande valor para nós, produtores. Parabéns.
DIVINO LÚCIO GARCIA DE CARVALHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/12/2006

Já tive incidência desta doença no meu rebanho, logo no início das atividades. Usei alguns spray indicados, com resultados não muito satisfatórios. Fui ter mesmo resultados excelentes, quando comecei usar um produto antimastite intramamário com o nome de afimastite (lab.Calier) para vaca em lactação, indicado pelo meu sogro que é médico veterinário e ex-professor de parasitologia pela a UFGO. Parece que devido ter alguns óleos na sua composição, não deixa o produto ser eliminado com facilidade, ficando por mais de 24 h nas bordas dos olhos. Faz mais de 2 anos que não tenho mais nenhum problema.
ANGELO JOSE DE OLIVEIRA

MACHADO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 28/11/2006

Muito oportuno o artigo apresentado, pois estou com alguns casos em meu rebanho. Utilizei a aplicação de terracortril, com bom resultado.

Estou tentando controlar as moscas, que parecem ser o principal agente contaminador, conforme o artigo.

Parabéns.
JOÃO CARLOS RENOFIO HOPPE

SANTA CRUZ DO RIO PARDO - SÃO PAULO

EM 22/11/2006

Muito oportuno esse artigo nesta época do ano. Só queria acrescentar que, como foi citado, a mosca é a principal transmissora. Quando atendo a um caso desta enfermidade, para evitar a disseminação, faço uma aplicação de algum mosquicida com um pincel entre os chifres até perto dos olhos, evitando assim a disseminação da enfermidade.

Sempre obtive ótimos resultados e faço a aplicação nos doentes e nos contatos do lote.
PAULO CESAR DIAS THOMAZELLA

SOROCABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/11/2006

gostei muito do artigo que será de grande valia para ajudar nos meus conhecimentos como profissional da área.Parabéns pela matéria.DEUS abençõe a todos.
PAULO CÉSAR GUIMARÃES

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/11/2006

Em nossa região é muito comum o aparecimento de animais com ceratoconjuntivite no verão. Temos tido boa resposta no tratamento e na prevenção com o uso de vacinas e também com o uso de antimastíticos nos olhos afetados.
JULIANO VERZOLA MONTANHER

MANDAGUAÇU - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/11/2006

Existem vacinas que são eficazes, mas devem serem aplicadas preventivamente.

Já fiz aplicações subconjuntivais com floranfenicol, e obtive sucesso em 95% dos casos com apenas 1 aplicação de 0,5 ml em cada conjuntiva.
CARLOS EDUARDO REINIG FILHO

SÃO PAULO

EM 16/11/2006

Parabéns pelo artigo, chamando a atenção quanto à contaminação da <i>Moraxela</i> tanto nos animais como como no ser humano. Já tive casos no meu rebanho e tratei com terramicina com sucesso. Somente em um caso não consegui, por desconhecimento da patologia.

Não tenho estatísticas, mas creio ser muito freqüente em animais e seres humano, já que nos pronto socorros do SUS, os casos de ceratoconjuntivite chegam em estado complicado, com perfuração e endoftalmite, após os pacientes já terem usado vários tipos de medicações, dificultando a bacterioscopia e a cultura das secreções.

Durante 23 anos trabalhei com urgência oftalmológica nos pronto socorros do serviço publico, e a consideração da <i>Moraxela</i> quase nunca é feita pelas úlceras corneanas infectadas.

Considero ser um diagnóstico importante a ser considerado dentro da medicina humana. Necessita ser mais divulgada dentro dos PS das regiões onde se trabalha com agropecuária também.

Já que a terramicina é muito efetiva nos casos, ajudando a prevenir a cegueira pela <i>Moraxela</i>, estamos tendo um aumento das ceratoconjutivites provocadas por aumento da secreção da pele das pálpebras, meio de cultura para muitos microorganismos, sendo muitas delas de difícil tratamento.

Novamente, parabéns pelo artigo, muito oportuno e importante.
JOSÉ LUIZ NELSON COSTAGUTA

SANT'ANA DO LIVRAMENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 16/11/2006

Muito bom o tema. Na minha região, tem ocorrido surtos desta enfermidade. Os maiores foram em gado da raça Hereford, pois apresentam pele despigmentada ao redor dos olhos.

Tão sérias foram as ocorrências, que muitos criadores optaram por cruzar seus Hereford com o Braford, pela pelagem veremelha ao redor dos olhos, que os protege das agressões externas.

Sempre que numa população se apresente mais do que 3% de animais afetados, os mesmos são isolados, e os demais restantes (que ainda estão sem enfermidades) são todos tratados preventivamente com colírios ou spray.

Este manejo profilático é o que tem dado mais resultado no nosso meio.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures