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A sanidade nas primeiras semanas de vida

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/09/2004

5 MIN DE LEITURA

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O correto manejo dos bezerros é um fator de grande relevância nas fazendas leiteiras. A redução da perda de bezerros e a produção de animais saudáveis garante a estabilidade do rebanho e oportunidades de bons negócios no futuro.

Bezerras que crescem com uma alimentação inadequada e com alta incidência de doenças fatalmente não serão vacas saudáveis e não poderão exprimir seu potencial genético produtivo. Para proporcionar um adequado resultado na criação de bezerros é importante trabalhar com equilíbrio no tripé: dieta, instalação e manejo sanitário.

A fase de maior risco na vida do bezerro é o primeiro mês de vida, neste período há uma grande fragilidade às doenças, e por isso o manejo sanitário no pré-parto, parto e nas primeiras semanas do pós-parto devem ser priorizados.

Pesquisadores da Universidade da Flórida avaliaram em 939 partos as principais causas da perda de bezerros com menos de 24 horas de vida e observaram que 1,6% dos partos foram prematuros e nestes casos, ocorreu a morte de 18% dos bezerros; 2,4% dos partos apresentaram distocias e necessitaram de auxílio, sendo que nestes casos 40% dos bezerros morreram; e em 2,5% dos 939 partos o bezerro nasceu com dificuldades de respiração e nestes casos 42% dos bezerros morreram. Neste estudo pode ser comprovado que cerca de 5% dos bezerros nascem mortos ou morrem em até 24 horas após o parto.

É sempre importante lembrar que cuidados com a limpeza da maternidade irá reduzir a exposição do recém-nascido e da vaca recém-parida aos microorganismos causadores de infecções, tais como a diarréia, infecções umbilicais, mastite, entre outros.
 


Nos primeiros dias de vida o umbigo representa a maior e mais importante porta de entrada de microorganismos no neonato, sendo que o controle dos problemas umbilicais (onfalopatias) envolve a desinfecção do umbigo no pós-parto na Tintura de Iodo (5 à 10%) e a manutenção de um ambiente limpo e seco. As principais seqüelas associadas às infecções umbilicais são o abscesso hepático, a artrite infecciosa, a pneumonia e as enterites.

Em um outro estudo da Universidade da Flórida foram avaliadas 322 bezerras holandesas durante os dois primeiros meses de vida e foram pesquisados os principais fatores de risco para a ocorrência de hérnias umbilicais. Foi concluído que bezerras com infecções umbilicais apresentam 5,65 vezes mais chance de desenvolverem uma hérnia umbilical e que quando a prevenção de infecções umbilicais é realizada corretamente é possível reduzir 82% das hérnias umbilicais.

Outra doença que acomete o neonato é a diarréia, sendo um problema multifatorial que envolve fatores ambientais, infecciosos, nutricionais e defesas imunológicas do bezerro. Esta doença é considerada a mais comum nesta faixa etária e a que apresenta os mais altos custos.

Existem várias bactérias, protozoários e vírus que podem causar a diarréia, mas dentre eles 6 patôgenos merecem ser destacados: Escherichia coli K99, enterotoxinas, rotavírus, coronavírus, Cryptosporidium parvum, Salmonella spp. e Clostridium perfringens tipo C.

Os principais efeitos da diarréia são desidratação, desequilíbrio eletrolítico, acidose, perda de apetite e depressão. O tratamento deve ser fundamentado na reposição dos fluidos e eletrólitos perdidos com a diarréia. E assim como todo problema, quanto mais cedo a diarréia for diagnosticada e tratada, melhores são as chances de recuperação e menores serão os efeitos colaterais.

A prevenção deve ser baseada no aumento da resistência do animal e na redução da exposição aos patógenos causadores de doenças. Para o desenvolvimento da resistência às enfermidade é importante lembrar que o colostro deve ser oferecido no menor espaço de tempo após o parto. Por isso, os fatores que aumentam o intervalo do parto até a ingestão do colostro irão afetar negativamente o desenvolvimento da resistência no neonato. No pré-parto a dieta e o escore corporal da vaca devem ser adequados para o crescimento do feto e para a produção de um bom colostro. A vacinação da vaca no final da gestação contra a Escherichia coli K99, rotavírus, coronavírus, e Clostridium perfringens tipo C é uma alternativa para a obtenção de anticorpos específicos contra a diarréia no colostro.

Para a redução da exposição aos patógenos causadores de doenças faz-se necessário a implantação de medidas de biossegurança, tais como: maternidade limpa, seca e sem amontoamento de esterco; evitar acúmulo de animais em áreas pequenas; separar bezerros doentes; manejar / alimentar bezerros sadios antes dos bezerros acometidos.

A pneumonia é também uma doença complexa que acomete os bezerros causando sérios prejuízos. Apesar de ser causada essencialmente por microorganismos, a pneumonia é uma doença multifatorial envolvendo também o ambiente, a instalação e características do manejo, tais como inadequado fornecimento do colostro, muitos animais no mesmo lote, excesso de estresse na desmama, etc.

Vários agentes virais e bacterianos estão envolvidos nas infecções respiratórias. Entre os vírus destacam-se Vírus Sincicial Respiratório Bovino (BRSV), Diarréia Bovina Vírus (BVD), Parainfluensa tipo 3 (PI3) e o Herpesvírus bovino tipo 1 (HIV - 1). As bactérias comumente encontradas são a Pasteurella haemolytica, Pasteurella multocida, Actinomyces pyogenes, Haemophilus ssp. Os micoplasmas são importantes agentes primários e secundários das infecções respiratórias, dentre eles o Mycoplasma dispar e o Mycoplasma bovis.

Pesquisadores da Universidade de Cornell - USA avaliaram os efeitos das principais enfermidades que acometem os bezerros sobre o ganho de peso durante os primeiros 3 meses de vida. E destacaram a pneumonia como a enfermidade que mais afeta o ganho de peso diário dos bezerros.

O controle da pneumonia envolve a manutenção das instalações limpas e com boa ventilação, garantia da condição imune do bezerro através do correto oferecimento do colostro, manejo de lotes com poucos animais, evitar estresse na proximidade da desmama, realizando outras atividades como descorna e retirada de tetos extras, 2 semanas antes ou 2 semanas depois da desmama.

Em última análise, a onfaloflebite, diarréia e pneumonia são as principais enfermidades que acometem os bezerros na fase de aleitamento. Apesar das diferentes características destas doenças, há um importante ponto em comum para controlar estes problemas sanitários que é a correta implementação das medidas de biossegurança para animais jovens.

Fonte:

STEENHOLDT C.; HERNANDEZ, J. Risk factors for umbilical hernia in Holstein heifers during the first two months after birth. J. Am. Vet. Med. Assoc. n.9, p. 1487, 2004.

https://www.umaine.edu/livestock/Publications/scours.htm

VIRTALA, A.M.; MECHOR, G.D.; GROHN, Y.T.; ERB, H.N. The effect of calfhood diseases on growth of female dairy calves during the first 3 months of life in New York State. J. Dairy Sci., n. 104, p. 1049, 1996

DONAVAN, G.A.; DOHOO, I.R.; MONTGOMERY, D.M.; BENNETT F.L. Associations between passive immunity and morbidity and mortality in dairy heifers in Florida, USA. Prev. Vet. Med. n.34, p. 31, 1998.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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LUCIANO M. REDU

OUTRO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/09/2004

A MAIORIA DAS PROPRIEDADES QUE ADOTAM O SISTEMA INTENSIVO COM SUPLEMENTAÇÃO (NO CASO DO RS), POSSUEM UM SISTEMA DE CRIAÇÃO DE TERNEIRA EM CASINHAS (TERNEREIRAS) EM CIMA DO TIFTON PRINCIPALMENTE, GOSTARIA DE SABER POR PARTE DA AUTORA DO ARTIGO, SE ELA GOSTA DESTE SISTEMA OU CONDENA?

<b>Resposta:</b>

Prezado Luciano,

Obrigada pelo seu e-mail.

Gosto muito do sistema das casinhas móveis sobre o piquete. Com esta instalação é possível oferecer um ambiente ventilado e com o piso renovado à cada dia. Bem melhor que as instalações cobertas (antigos bezerreiros). Mesmo assim, é importante manter os animais com diarréia um pouco mais afastados dos demais, e manter a área que foi utilizada por estes animais acometidos um período maior sem uso, para que o sol possa secar bem os montes de esterco.

Vale a pena ressaltar que é importante para a limpeza da área jogar cal sobre o capim após roçar o tifton (ou a estrela), repetir esta prática (caiação) à cada três meses.

Com atenção,

Renata Souza Dias

HELENO CARDOSO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/09/2004

Muito bom o artigo da Dra. Renata, só faltou a recomendação da vacinação contra as doenças que causam as pneumonias; temos hoje no mercado vacinas de última geração para as principais doenças causadoras das pneumonias. Medicina Preventiva se baseia em técnicas de manejo e vacinação em massa, quando houver disponibilidade da vacina é claro!
Parabéns pelo nível técnico do artigo.

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