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Uma tentativa de explicar o mercado em 2010

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PANORAMA DE MERCADO

EM 17/08/2010

7 MIN DE LEITURA

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Temos um déficit crônico de informações estatísticas no Brasil, em especial na agricultura. Em função disso, muitas vezes somos obrigados a "prever o passado" para poder explicar o que ocorreu. O que dizer então de prever os próximos meses?

Nesse artigo, o intuito é procurar explicar a elevação e queda precoces dos preços dos lácteos, conforme o gráfico 1 mostra: após uma rápida escalada de preços ao produtor, em maio, antes do início oficial da tradicional entressafra, os preços começaram a retroceder, em um comportamento distinto do verificado nos últimos 4 anos (aliás, parece haver uma antecipação do pico de preços desde 2007).
 

 


A primeira tarefa dessa previsão do passado é calcular a disponibilidade per capita de leite no primeiro semestre, ao menos considerando o leite inspecionado. Ocorre que só temos os dados do IBGE para o primeiro trimestre: 5,7% de aumento sobre o mesmo período de 2009. O que fizemos então foi utilizar a variação porcentual para o segundo trimestre, obtida pelo Cepea, e aplicar na quantidade de leite informada pelo IBGE no primeiro trimestre. É uma arbitrariedade, mas tem sua lógica.

Ao fazermos isso, considerando que o Cepea indicou uma modesta queda de 6% - compatível com as boas expectativas de preços nesse início de ano e com a relação de troca favorável-, teremos que a produção oficial no primeiro semestre teria sido de 10,11 bilhões de litros, o que daria significativos 9,6% acima da produção de 2009.

Esta ordem de grandeza parece verossímil, se considerarmos que i) o primeiro semestre de 2009 foi um período de retrocesso na produção; ii) os preços não resistiram por muito tempo, o que seria realmente de se esperar em função de um aumento significativo da produção, aliada ainda a importações maiores do que as exportações, estas quase nulas.

Utilizando esta estimativa de produção, além de importações, exportações e da população média no período, foi possível enfim calcular a disponibilidade per capita de leite, isto é, quanto cada habitante teve à sua disposição, teoricamente, de equivalente-leite (lembremos: apenas do leite inspecionado). Esse cálculo indicou um aumento substancial em relação a vários semestres anteriores, à exceção do segundo semestre de 2009.

 

 



Seria essa disponibilidade per capita suficiente para resultar nas quedas drásticas verificadas muito antes do normal?

Antes de concluir, é importante analisar a variável da demanda. Aqui, fizemos mais uma estimativa arbitrária. Partindo do crescimento do PIB de 7,3% para 2010, um ano de forte recuperação na economia, e do aumento da população da ordem de 0,93%, inferimos que a renda per capita crescerá 6,32% em 2010, uma elevação significativa, portanto.

Sabe-se que, a cada incremento porcentual da renda, há uma elevação do consumo de lácteos. É a chamada elasticidade-renda da demanda. Utilizando os dados da Pesquisa do Orçamento Familiar do IBGE, de 2002/03 (POF 2002/2003), que indicam uma elasticidade-renda de 0,49, ou seja, que a cada 1% de aumento da renda em média o consumo de lácteos aumenta 0,49%, calculamos o aumento porcentual potencial do consumo de lácteos em 2010, que seria da ordem de 3,10%, suficiente para elevar o consumo de 148 kg para 152,6 kg, um aumento de mais de 4,5 kg por pessoa/ano. Por fim, levando em conta que, além do crescimento da renda há o aumento da população, o mercado total, em volume, pode em tese crescer 4,06% em 2010.

Claro que há estimativas consideráveis nesses cálculos, mas é um ponto de partida. Também, é preciso lembrar que nem todos os lácteos apresentam a mesma elasticidade-renda: queijos e iogurtes são bem mais elásticos do que leite em pó e leite fluido, por exemplo.

Agora que chegamos até aqui, resolvemos ir um pouco mais longe. Estimando a população mês a mês, a produção mês a mês (inclusive para os meses faltantes), as importações e exportações mês a mês (idem), e distribuindo o aumento potencial do consumo per capita a cada mês, fazendo ainda uma ponderação para as diferenças de consumo entre os meses (ex: fevereiro e julho com menor consumo, etc), é possível calcular déficit/superávit de leite a cada mês e, obviamente, no acumulado do ano. É o que os gráficos 3 e 4 mostram.

A rigor, o que teríamos seria um superávit decrescente nos meses iniciais, substituído, a partir de abril, por um déficit, isto é, consumo maior do que oferta. Por esses dados, e supondo um aumento de produção de apenas 2,4% no segundo semestre, fruto do desestímulo ocasionado pela queda nos preços, teríamos basicamente um ano em que em metade dos meses teríamos déficit no consumo, em especial nesse momento. Em suma, a pressão agora seria altista, e não baixista (ou estável em patamares significativamente mais baixos do que os picos).

 

 



Mas não é o que está ocorrendo. Para nossa análise estar equivocada, isto é, para que tenhamos uma oferta superior à demanda nesse período, das duas, uma: ou a oferta está bem mais alta do que o estimado, isto é, os 9,6% de aumento no primeiro semestre estariam subestimados - o que seria uma possibilidade pouco provável-, ou a elasticidade-renda é ainda mais baixa do que 0,49%, isto é, cada % de aumento da renda geraria um aumento ainda mais baixo do consumo. Isto pode ser possível, considerando que nos baseamos na POF 2002/03 e, de lá para cá, com o aumento da renda e com a redução da proporção desta gasta com alimentação, a tendência é mesmo a redução da elasticidade-renda.

(observação: a outra possibilidade não considerada é a existência de estoques de passagem significativos de 2009 para 2010, o que é provável levando-se em conta o salto na disponibilidade per capita de leite no segundo semestre de 2009. Com isso, o ano teria iniciado com estoques ainda mais elevados, o que explicaria o fato de não termos um mercado comprador nesse momento - mas, de qualquer forma dificulta a compreensão a respeito dos aumentos dos preços - veja a discussão nas cartas, a partir da contribuição do Laércio Barbosa).

Há, ainda, uma terceira possibilidade: o comportamento específico do leite UHT. Nos últimos anos, tem sido o produto mais volátil em termos de preços. Em 2009, as indústrias que tinham estoque de UHT no inverno tiveram resultado muito positivo ao vender boa quantidade no momento de alta dos preços. Este fato pode ter direcionado a estratégia comercial do segmento: aumentar a captação no início do ano, visando lucrar com preços mais elevados no meio do ano. Uma estratégia lícita, por sinal, desde que as condições do mercado a justificassem.

Ocorre que, com o aumento da oferta de leite a taxas consideráveis e, considerando que o UHT tem baixa elasticidade-renda, a possível estratégia consensual não foi bem sucedida: em algum momento, o mercado falou mais alto e os preços retrocederam, puxando o restante do mercado para baixo.

O gráfico 5 dá pistas nesse sentido. Trata-se da variação dos preços do UHT no varejo de Piracicaba/SP, confrontada com a variação dos dias médios de fabricação. Nossa experiência tem mostrado que os momentos de preços mais altos coincidem com maior giro do produto, refletido em dias de fabricação mais baixos nas prateleiras. No entanto, nesse ano ocorreu algo distinto. O aumento de preços foi acompanhado pelo aumento nos dias de fabricação, sugerindo que o setor apostou em um comportamento altista, que acabou não se sustentando. À medida que os preços subiam, os estoques também cresciam e a data média de fabricação aumentava. Há que se ter cuidado em extrapolar a amostragem em uma cidade para todo o país, mas a julgar pelo que nossos contatos no mercado nos informaram ao longo do período, esse cenário parece correto.

 



Se nossa análise estiver correta, haveria espaço para ajustes para cima dos preços dos lácteos no atacado e ao produtor, ao menos nesse momento, e desde que o balanço entre exportações e importações não fique ainda mais negativo mês a mês. Talvez pelas imperfeições do mercado, pelas particularidades de produtos específicos ou pela proximidade das chuvas, isso não venha a ocorrer (ou, talvez, por erros nas nossas estimativas, que partiram de vários pressupostos).

De qualquer forma, mais do que procurar prever o que vai ocorrer ou mesmo o que ocorreu, esse artigo tem o propósito de procurar levantar pontos para discussão, sejam eles relativos à oferta, à demanda ou ao comportamento dos preços.

Gostaríamos de ouvir a sua opinião a respeito desses dados, principalmente dos agentes envolvidos com o dia-a-dia do mercado de lácteos.

Este é um artigo diferente dos demais artigos dessa seção. É uma análise que fará parte de um novo serviço de consultoria de mercado que desenvolveremos, chamado de
MilkPoint Market Analysis, focado no mercado corporativo. Em breve, vocês terão mais informações.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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GLAUCO RODRIGUES CARVALHO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 01/10/2010

Caro Marcelo,
antecipar tendências é um grande desafio, sobretudo em países como o nosso, em que o acesso a boas estatísticas é deficiente e o volume de dados muitas vezes insuficiente. Verifiquei que o dado da Pesquisa Trimestral do IBGE, divulgado a pouco, veio em linha com sua estimativa de captação. Poucos conseguem está proeza.
Existe um ditado Irlandês que "quando acertamos ninguém se lembra, mas quando erramos, ninguém se esquece".
Parabéns pela análise.
Abraço.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 01/10/2010

Caro Glauco,

Obrigado pela mensagem. Realmente é uma tarefa complicada fazer previsões no Brasil. É preciso reunir diversas informações qualitativas, confrontá-las com os números disponíveis, juntar um pouco de experiência e, claro, ter alguma sorte...

Grande abraço,

Marcelo

JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA

EM 16/09/2010

Boa noite a todos

Quero primeiramente registrar o meu apreço e admiração pelo milkpoint que sempre traz um conteúdo de alta qualidade e equilíbrio.

Porém, tenho convicção plena de que o preço do leite pago ao produtor não está sujeito à justa e inquestionável lei da oferta e demanda e sim de um oligopólio.

Ainda sinto falta de um grande movimento no sentido de conscientizar o produtor rural que a organização da classe é a melhor ferramenta na direção de conquistas de melhorias na remuneração do nosso produto.

Percebo muito tímida a atuação dos sindicatos dos produtores rurais e federações a que estão ligados, que a meu ver não tem contribuido com a união e fortalecimento da classe, bem como no direcionamento de políticas que beneficiem o setor.

Digo a todos que aqui leem que a união dos produtores, que a meu ver passa pelo movimento sindical e caminha pelo cooperativismo, é a melhor forma de amenizar as dificuldades enfrentadas pelos produtores frente aos gigantes compradores de leite.

Apelo para que os personagens de destaque no cenário da ativiade leiteira brasileira, que sempre aparecem nos debates, inclusive neste, diminuam o caminhar de lado, buscando sempre explicar, analisar e se encaixem em uma campanha pela organização da classe produtora de leite.

Por que não trabalhar com coragem e clareza em prol da união da classe de produtores de leite assim como ocorre na maioria dos paises produtores de leite mundo afora.


Um grande abraço e muito obrigado







A quem interessar possa, segue abaixo um breve relato da nossa experiência de vida (40 anos), apenas para justificar que as minhas colocações não são simplesmente apaixonadas mas sim alicerçadas em uma história de vida ligada ao leite

Sou filho de produtor e acompanho a produção de leite há mais de 20 anos em algumas regiões de Minas Gerais (Zona da Mata, Metropolitana de BH, Leste de Minas, Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas), no Espirito Santo e na Bahia. Já atuei por mais de quatro anos como supervisor da Socil Guyomarc´h onde tive contato com um grande número de produtores de leite nas regiões citadas. Tive minha formação (graduação, mestrado e doutorado) na UFV em Viçosa e sempre com forte ligação com a atividade leiteira. Já trabalhei também em cooperativa de laticínios como superintendente e presidente. Tive também oportunidade de trabalhar como gerente de vendas de uma fábrica de rações de médio porte.
Atualmente sou professor/pesquisador do Instituto Federal Baiano em Teixeira de Freitas onde leciono as disciplinas de Bovinocultura e Forragicultura, além de trabalhar também com pesquisa e extensão.

Muito obrigado em dobro a você que se interessou e chegou até aqui
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 16/09/2010

Caro Diego,

Obrigado pelo comentário. Acho que sim, que a negociação de leite UHT no mercado internacional poderia ser um fator que melhoraria a previsibilidade do mercado e permitiria que produtores, indústrias e varejistas estabelecessem suas estratégias.

DIEGO SILVEIRA MARTINS

SACRAMENTO - MINAS GERAIS - MERCADO DE LONGA VIDA

EM 11/09/2010

Caro Marcelo,

Muitos produtores me questionam o mercado futuro, pois aqueles que querem investir na atividade estão com medo e não tem nenhuma garantia de preço para se organizarem e produzirem com qualidade a longo prazo.
Será que uma das saídas é mesmo negociar o UHT na BM&F para assim obter um pouco dessas de garantias?
E com relação as importações, o que vimos nessa negociação com o Uruguai foi inegligencia do governo com os nossos produtores pois temos capacidade de produzir e suprir o nosso mercado com leite de qualidade, sem precisar fazer um tripe para importar soro dos EUA.
SIMONE DONAIRE POMPÉA

MONTE CASTELO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2010

Eu pergunto,o que irá acontecer quando os estoques de leite baixarem ou acabarem?Os preços baixos e a prolongação do periodo seco,estão fazendo com que pequenos,médios e grandes produtores arrendem suas propriedades para o plantio de cana-de-açucar e eucalipto na minha região.Tenho a leve certeza de que isso também está acontecendo em outras localidades.Quando será que seremos reconhecidos e remunerados da maneira que merecemos?
LUCIANOF32

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/09/2010

O leite nunca vai melhorar de preço. Devemos sim, ter custos reduzidos, ou ate sair da atividade .....
NEWTON MARCON

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/09/2010

Caro Marcelo

Parabéns pela iniciativa do M.M.Analisys. O que vi em teu artigo e comentários posteriores das cartas é que analizamos o passado e quanto ao futuro, não saberemos. Além do quê, os dados de industrias de laticinos são inverossímeis pela intenção de especulação. São tantas variáveis especulativas e sem conclusão definitiva. O produtor não entende como o leite na prateleira mantém o preço com poucas variações e o preço na produção é esta disparidade. Fica uma sensação que no fim das contas nem produtor e nem experts entenderam o que aconteceu após tantas explicações não è? Um grande abraço a todos.

Marcon
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/08/2010

Caro Marcelo

Voltando da Argentina voltei a ler seu artigo, e mais uma vez parabéns pela oportunidade do mesmo e pelo esforço para que tentemos entender o que está acontecendo.

Observando o gráfico de preços ao produtor me chamou a atenção que os preços máximos pagos pela indústria de 2007 a 2010 se colocam no patamar entre R$ 0,75 a R$ 0,80, variando a ocorrência entre maio e setembro, e que os preços mínimos pagos pela indústria, com exceção de 2007 ( R$ 0,49/litro ) ficaram no patamar de R$ 0,60.

Uma coisa interessante para entender o que acontece no nosso mercado seria uma explicação dos fatores limitantes nesses valores em termos do consumo ( preço máximo ) e da oferta ( preços mínimo ).

Mas mais interessante ainda para entender o que acontece no nosso mercado seria correlacionar, mês a mês, os preços recebidos pelos produtores, com os volumes captados pelas indústrias e também com o volume consumido e preços pagos pelos consumidores.

Sem essas informações fica difícil de entender o que acontece no nosso mercado e principalmente buscar soluções para se ter uma distribuição mais justa do preço na cadeia produtiva e menores flutuações no preço ao produtor.

No meu modo de ver o que está acontecendo em 2010 tem muito a ver com o que aconteceu no final de 2008 e em 2009, quando se aludia excesso de demanda se contrapondo a grandes importações, que só em termos de leite em pó equivaleriam em 2009 a 0,5 bilhões de litros, e como já disse em artigo publicado no "Espaço Livre", precisariam ser investigadas. A investigação deveria ser continuada em 2010, quando a importação liquida de leite em pó já atingiu o equivalente 0,27 bilhões de litros, e já importamos cerca de 10.000 toneladas de queijo contra a média de 4.000 kg por ano do passado. A importação de soro começou 2010 com 1.550 toneladas, cresceram mês a mês e em junho e julho passaram de 4.000 toneladas.

E veja que com tudo isso se baixa o preço ao produtor alegando excesso de oferta e a Tangará é eleita pela revista Exame por dois anos seguidos a maior empresa de lacticínios do País, so que sei, sem processar um único litro de leite de produtor nacional.

Se o MAPA não conseguir explicar o que está acontecendo, talvez só Sherlock Holmes ou o Ministério Público possam explicar ( a comissão de agricultura e pecuária da Câmara declarou em Audiência Pública que recorreria ao Ministério Público se fosse necessário para explicar o que estava acontecendo no nosso mercado ).

Penso que a massa de informação que precisamos para uma analise segura e entender o que está acontecendo terá que vir através do MAPA ou do Ministério Público.

Grande Abraço

Marcello de Moura Campos Filho

LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/08/2010

Caro Marcelo,

Também com relação às importações, outro grupo que tem passado despercebido é o dos queijos.
Neste ano já foram importados quase 10.000 ton de queijo, 70% a mais que no ano passado..
São cerca de 100 milhões de litros de leite a mais em nosso mercado!!!

Você não acha que esse volume está exagerado, frente ao histórico recente de importações de queijo?

Abraços,
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 27/08/2010

Laércio,

Concordo, vamos abordar o tema também em uma próxima oportunidade.

Abraço,

Marcelo
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 25/08/2010

Prezados José Alvimar, Clemente, Valter, Valdir (parabéns pelo bi), Gustavo, José Humberto, Marcos e Carlos,

Obrigado pelos comentários. Estive fora nos últimos dias, em função da realização do Simpósio Interleite, em Uberlândia/MG. Esperamos com o tempo aprimorar nossas informações de mercado. Além da questão dos estoques, temos dificuldade em acessar informações a respeito da alocação do leite nos diversos produtos. Quanto é feito de pó, UHT e queijo, a cada mês? Não temos essa informação, pelo menos não diretamente. Esses dados facilitariam muito o entendimento do cenário.

Me parece claro que essa flutuação excessiva de preços não é positiva para ninguém, ainda que haja momentos muito atraentes. A assimetria de informação contribui para isso.

Sobre as importações, sem dúvida elas exercem um papel negativo, especialmente quando a oferta está mais alta, como está nesse ano. Porém, em quantidade, até julho, importamos menos do que no ano passado (em equivalente-leite são 360 milhões de litros contra 470 em 2009, até julho). Mais do que o Uruguai, preocupa o aumento do volume originário dos Estados Unidos - e isso não está sendo muito comentado. Os EUA têm muito mais leite do que o Uruguai e a colocação desse produto aqui tem um efeito potencial muito maior.

Importações de UHT: muito barulho, mas o volume tem sido pequeno, apesar de crescente.

CARLOS MATTOS

MONTEVIDEO - MONTEVIDEO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 20/08/2010

Me parece un buen análisis de la situación
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/08/2010

Marcelo
O"MMA" é uma grande iniciativa.
Podemos discordar de alguns ítens, mas a proposta é muito válida.
Considero muito importante que as entidades nacionais que "nos representam",
sejam avalistas para que a equipe do Milkpoint tenha acesso a todos os dados oficiais de controle e que a equipe possa subsidiar também, todos os orgãos de controle, com ítens relevantes que possam não estar, ainda, sob controle das autoridades.
Inegavelmente, todos os dados dos produtores (os 100 maiores, as bacias leiteiras, a qualidade da produção, etc. etc) são muito transparentes para quem se interessa. Em contrapartida, os outros elos (sempre os elos) tem estratégias comerciais que, muitas vezes, são tiros no pé do produtor e por consequencia nos demais "elos".
É interessante como em outras atividades, o governo tem informação sobre os estoques reguladores e diante deles toma atitudes que podem beneficiar os importadores em detrimento das especulações no mercado interno.
No nosso caso, o que temos é o que voce chama de "PREVISÃO DO PASSADO".
Ora, se fala tanto em profissionalização, que tal profissionalizar as informações, dar acesso a todos os elos da cadeia.
Acho que é brilhante a sua iniciativa e o trabalho poderia ser facilitado pelos outros "elos" e pelos orgãos de controle que temos.
Com a palavra mais uma vez as entidades que nos representam!!!!
Parabéns!
MARCOS TEIXEIRA DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 19/08/2010

Marcelo,
As indústrias possuem mais ou menos 1,5 mes de estoques de produtos.
O varejo está com um mês.
Potanto, portanto a equaçã produção, consumo, estoques precisria virar do avesso para os preços subirem
O cenàrio correto consiste em preços estáveis até setembro e depois queda brusca
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/08/2010

Caro Marcelo,

Realmente é difícil conseguir um dado confiável dos estoques totais no país, talvez junto ao MAPA se consiga uma informação nesse sentido, pois as empresas informam mensalmente seus dados ao ministério.

A alternativa que sugeri de retroceder o estudo para a entressafra de 2009 foi justamente para contornar a falta desse dado, pois provavelmente o estoque era zero ou próximo de zero na metade de 2009, devido à forte escassez que tivemos naquele momento (veja que em maio e junho de 2009 se observa o menor valor de dias de prateleira em sua amostragem).

Abraço,
VALTER JOSE VON KRUGER SOBRINHO

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2010

Marcelo,estou na atividade leiteira há 25 anos como produtor,como filho de produtor 60 anos,sempre estamos nesta luta. Ja escrevi um vez que so seremos
respeitados e valorizados quando nos organizarmos,por este artigo por sinal muito
bom e esclarecedor,vemos a dificuldade para fazermos previsões, estoques e preparo para enfretarmos o dia a dia. Veja como foi dificil para você fazer esta
analise. Imagine nós?! Como diz o Gaucho quanta sac das industrias e do governo.
Fazer media no MERCOSUL a nossas custa.A classe C e D,qual o consumo?
Esmola com dinheiro dos outros é facil!
Abraços
Valter.
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 18/08/2010

Marcelo, parabéns por mais esta brilhante iniciativa da valorosa equipe do Milkpoint. Está claro que tudo é ainda muito na base das suposições, mas é assim que se começa a formar um banco de dados para acompanhamentos futuros com bases sólidas. Só espero que voces tenham o respaldo necessário com base na verdade, por parte dos executivos que trabalham na área de captação, industrialização, distribuicão e varejo, para que tenhamos uma radiografia confiável da produção, coleta, distribuição, disponibilidade e consumo do leite e derivados, brasileiro. Aliás, nesse país de governos de araque, não podemos mesmo contar, nem confiar em dados fornecidos por eles e muito menos por entidades aconchavadas com o sistema.
Se confirmadas as adesões, o Milkpoint Market Analysis, vai sem sombra de dúvidas ser uma ferramenta de trabalho muito útil a toda a cadeia produtiva do leite inclusive, no sentido de orientar o produtor no sentido de acelerar, ou tirar o pé na hora de planejar o futuro de sua produção.
Mais uma vez, Parabéns, a todos os envolvidos nessa tarefa.
Abraços,
Clemente.
LUCIANO PAIVA NOGUEIRA

SETE LAGOAS - MINAS GERAIS

EM 18/08/2010

Pelos comentários trazidos, especialmente o do Sávio, verifica-se que nem sempre o preço reflete a realidade do mercado.
Temos sempre que ter em mente que as empresas estão no papel delas, de comprar o melhor produto possível pelo menor preço possível. Quando os vendedores são desorganizados, fica mais fácil ditar o mercado.
Acompanho as análises de mercado do Milkpoint, e muitos debatedores já haviam antecipado que o aumento antecipado da cotação, no melhor momento da produção no sudeste, tinha a clara intenção de formar estoques. Previram que a partir de junho os preços começariam a cair, com os estoques das indústrias já formados (estoque, leia-se, maior capacidade de negociação).
Além disso, outro debatedor atesta que havia estoque já no final de 2009, o que torna pouco explicável o aumento de preços a partir de fevereiro.
Pelo que se pode ver, estes comentaristas estavam certos quanto à insustentabilidade dos preços a partir de maio.
JOSÉ AVILMAR LINO DA SILVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2010

Pabenizo o Sr. Marcelo pelo artigo tão bem escrito com gráficos maravilhosos, mas na verdade existem mais coisas além do que foi muito bem apresentado. Vamos deixar de querer tampar o sol com a peneira e vamos direto a um ponto cruciante desta situação. O que está acontecendo este ano, assim como nos outros também, é que nossos governantes ou desgovernantes só querem que a "grande massa" de nosso querido Brasil tenha alimentos baratos em casa, para encher suas barrigas, votar neles e tudo continuar como tem sido. Vejam os dados sobre as negociatas que fizeram, este ano, com o URUGUAI: Negociaram a venda de uma determinada quantia de carne de frango para o URUGUAI (cota pré estabelicida) e liberaram a importação de leite de nosso país vizinho, sem definir a quantidade, onde sabemos que o custo de produção é muito inferior ao nosso. Com isso a importação de lacteos pelo Brasil cresceu de maneira assustadora, sobrando leite e seus derivados no mercado interno (Veja a balança comercial dos produtos lacteos nos últimos meses). Com isto o preço pago ao produtor caiu muito. Mas isto não importa. O que importa é que a "grande massa eleitoreira, de barriga cheia e cabeça vazia"vai votar nestes nossos desgovernates, o produtor vai ficando cada vez mais empobrecido, desanimado, diminui a produção, suas propiedades ficam improdutivas e aí poderão agir em nome do social e desapropiar nossas propiedades para fazer a tão sonhada reforma agrária. Continuam no poder. Isto é o que é mais importante.

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