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Uma lupa no comércio internacional de lácteos do Brasil

POR VALTER GALAN

E ALINE BIGATON

PANORAMA DE MERCADO

EM 12/09/2014

5 MIN DE LEITURA

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O mercado internacional apresentou expressivas quedas de preços nos últimos 6 meses – quase 50% de redução nas cotações dos leites em pó – fruto do aumento significativo da produção na maioria dos países exportadores e de um comportamento mais conservador nos mercados importadores, principalmente na China, que acumula estoques de produto.

Mas, o que tem acontecido com o comércio internacional de lácteos aqui no Brasil? Estes preços muito mais baixos no mercado internacional tem impactado nossas compras e/ou vendas? Como?

Inicialmente, é importante relativizar a referência de preços do leilão GDT (Global Dairy Trade). O gráfico 01 mostra a evolução dos preços do leite em pó integral no leilão GDT e nos mercados Europeu e da Oceania, de acordo com dados quinzenais levantados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

Gráfico 01. Preços do leite em pó integral no mercado internacional

Fonte: Elaboração do MilkPoint Inteligência, com base em dados do leilão GDT e do USDA

Percebe-se que no longo prazo os preços tem uma elevada correlação (ou seja, as curvas de preços seguem a mesma tendência ao longo do tempo), mas há momentos (como vemos atualmente) de descolamento entre eles. Nas cotações mais recentes do mês de setembro deste ano, a média do GDT está em US$ 2.673/ton, US$ 340/ton abaixo do valor indicado pelo USDA para o mercado da Oceania e US$ 715/ton abaixo do mercado europeu. As médias de preços do leite em pó integral no período de janeiro a setembro (valores médios para o período) deste ano são as seguintes: US$ 3.863/ton no leilão GDT, US$ 4.151/ton para o mercado da Oceania segundo o USDA e US$ 4.579/ton para o mercado europeu, também segundo o USDA. Hoje os preços do leilão GDT, ao menos para o leite em pó integral, são uma referência de “piso” de preços das negociações internacionais.

A partir desta análise inicial, partimos para verificar em maior detalhe os números do comércio internacional lácteo do Brasil.

Exportações brasileiras

Focamos a análise nas exportações brasileiras de leite em pó integral. De janeiro a agosto deste ano o Brasil exportou cerca de 26 mil toneladas de produto, o que rendeu faturamento de aproximadamente US$ 137 milhões - valor médio por tonelada de US$ 5.238. 62% dos negócios foram feitos com a Venezuela (a preço médio de US$ 5.430/ton, equivalente hoje a cerca de R$ 13,5/kg, semelhante ao valor do leite em pó em sachet vendido no atacado). 33% dos negócios foram realizados com Argélia e Cuba, a preços médios de cerca de US$ 4.915/ton. A evolução dos volumes mensais e dos valores médios de exportação estão no gráfico 02.

Gráfico 02. Volumes exportados de leite em pó integral e preços médios de exportação
Fonte: Elaboração do MilkPoint Inteligência, com base em dados do MDIC

Nos últimos 2 meses, praticamente 100% do volume foi destinado à Venezuela. De acordo com agentes do mercado, os preços de venda, muito acima dos valores praticados hoje no mercado internacional, são resultado de negociações de longo prazo fechadas no início do ano, quando estes valores estavam mais próximos das médias de mercado.

Importações brasileiras

O mercado brasileiro importou, de janeiro a agosto, cerca de 17,5 mil toneladas de leite em pó integral (sim, tivemos um superávit na balança comercial deste produto!). O valor médio de importação foi de aproximadamente US$ 4.800/ton e todo o volume importado veio de países do Cone Sul (65% do volume da Argentina, 20% do Uruguai e 15% do Chile).

Gráfico 03. Volumes importados de leite em pó integral e preços médios de importação
Fonte: Elaboração do MilkPoint Inteligência, com base em dados do MDIC

Percebe-se uma redução nos valores por tonelada importada a partir de maio, seguindo a tendência observada no mercado internacional, mas com muito menor velocidade.

O que esperar daqui para frente?

Como indica a tendência no gráfico 04, os preços de importação dos lácteos no Brasil devem, a partir deste mês, convergir para patamares mais baixos – hoje estão entre cerca de US$ 500 ou mais acima dos patamares esperados, em função da evolução dos preços desde janeiro/14. Os países que são fontes tradicionais de volumes para abastecimento do mercado brasileiro (Argentina, Uruguai e Chile) estão em plena safra da produção, mas sua produção acumulada este ano é menor (entre 1,5% e 3%) em relação ao ano passado - informações de agentes do mercado argentino indicam que agora, no segundo semestre, a produção daquele país deve recuperar seu ritmo de crescimento, fechando 2014 em patamares de volume bastante próximos a 2013. Adicionalmente, também se abriu para estes países a opção do mercado russo (leia matéria a respeito da maior feira de alimentos da Rússia - clique aqui). Por outro lado, a atual diferença de preços entre o mercado interno e o mercado internacional começa a criar interesse de outros países exportadores (notadamente os Estados Unidos) no nosso mercado. Assim, espera-se um aumento dos volumes de importações nos próximos meses.

Gráfico 04. Preços (em US$/ton) do leite em pó integral

Fonte: Elaboração do MilkPoint Inteligência, com base em dados do GDT, USDA e MDIC

Com relação ao mercado de leite fresco, ele tem se mostrado bastante estável nos últimos meses – os preços ao produtor, divulgados pelo CEPEA, tem mantido média próxima a R$ 1,10/litro nos últimos 4 meses. Neste momento, o principal direcionador destes preços é o leite longa vida – que conseguiu repassar preços no varejo na média de agosto e tenta manter os repasses no atacado.

A manutenção do mercado dependerá da velocidade de crescimento das importações, principalmente de leite em pó, e da capacidade do UHT em repassar preços. Para este último fator, é importante verificar que a entrada forte de leite do sul do país (em função da safra naquela região) tende a diminuí-la.


Outros conteúdos exclusivos e o mais completo banco de informações sobre o mercado lácteo brasileiro e mundial, podem ser encontrados no novo serviço de inteligência para o mercado de leite, o MilkPoint Mercado (www.milkpoint.com.br/mercado).

Caso tenha interesse em conhecer e interagir com a plataforma, podemos disponibilizar gratuitamente uma senha temporária para um período de “degustação”. Acesse www.milkpoint.com.br/mercado e preencha o formulário “Assine aqui” ou envie um email para inteligencia@milkpoint.com.br

 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

ALINE BIGATON

Engenheira Agrônoma - ESALQ/USP

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VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/09/2014

Caro Roberto,



Certamente a janela de oportunidade de exportações para a Rússia pode trazer um ajuste maior da oferta a demanda no nosso mercado interno



Caro Alexander,



Sabemos que havia quase 20 unidades industriais em acerelado processo de aprovação para exportação de manteiga e/ou queijos para o mercado russo.



Abraço!



Valter
ALEXANDER DE BORBA GRCIA

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/09/2014

Alguém sabe de algum laticínios que esteja habilitado a exportar queijo ou leite em pó para Rússia.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/09/2014

Walter,

Uma nova variável nesse contexto é o embargo á Russia por EUA e UE. O Brasil está sendo fortemente demandado pelo mercado russo e isso será uma componente positiva no melhor equilibro da oferta e demanda do atual semestre.

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