ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Somente leite em pó ganhou!

POR PAULO DO CARMO MARTINS

PANORAMA DE MERCADO

EM 31/01/2006

5 MIN DE LEITURA

2
0

No artigo anterior demonstrei que os preços do leite caíram mais na fazenda que na gôndola do supermercado, que a renda do produtor caiu em 20%. Também demonstrei que, em geral, os preços dos Derivados Lácteos beneficiaram os consumidores. Neste artigo demonstro que o Leite em Pó foi exceção. A única!

No presente artigo é apresentado o comportamento de preços de sete produtos lácteos e comparado com o IPCA, que é o índice que mede o Custo de Vida. Na prática, o IPCA mede a inflação de preços para os consumidores e é o índice oficial para se aferir as metas de inflação, pelo Governo. O IPCA é a inflação de varejo. Para entender os gráficos que estão abaixo, sugiro você que leia o início do artigo anterior, onde existe explicação em detalhes, clicando aqui.

Os quatro primeiros gráficos apresentam uma linha vermelha, horizontal ao índice 100. Toda vez que a linha de preços de um derivado lácteo (linha verde) estiver acima desta linha vermelha, significa que o preço naquele mês esteve acima do preço praticado em dezembro de 2004. O inverso é verdadeiro, ou seja, quando a linha de preços do derivado lácteo estiver abaixo da linha vermelha, significa que, naquele mês, o produto foi vendido a preços abaixo que em dezembro de 2004. Por outro lado, para saber se o preço do produto ganhou ou perdeu da inflação de varejo naquele mês, é importante comparar o preço do produto com o IPCA. Portanto, toda vez que a linha de preços do lácteo (verde) estiver acima da linha amarela, significa que o produto lácteo em questão teve seu preço acrescido mais que o Custo de Vida, o IPCA. Ganhou da Inflação de varejo. Quando estiver abaixo, significa que este perdeu para o Custo de Vida, ou perdeu para a Inflação de varejo. Nesse caso, mesmo que o preço tenha crescido, em termos reais ele decresceu pois, em termos relativos, ficou mais barato que a média dos demais preços para o consumidor.

No gráfico 1 percebe-se que o preço no varejo do Leite em Pó esteve bem acima do IPCA, ao longo de todo o ano, chegando em dezembro com preços 11,3% acima do preço verificado há um ano atrás. Por outro lado, o Leite Pasteurizado apresentou um soluço de preços entre abriu e julho, quando ganhou do IPCA. Mas, desde junho iniciou queda vertiginosa de preços, ou seja, -13% até dezembro. Surpreendentemente, por um litro de Leite Pasteurizado o consumidor pagou 7,1% a menos em dezembro de 2005, que o que ele pagou em dezembro de 2004, enquanto que, para manter sua família com os demais gastos o consumidor teve de despender 5,1% a mais (linha amarela). Uma grande perda para o produto e um grande ganho para o consumidor.

Gráfico 1. Comportamento de preços do Leite em Pó, Leite Pasteurizado e IPCA, entre dezembro de 2004 e dezembro de 2005.
 


Fonte: Produzido pelo autor, com base no IBGE (2006).

O Doce de Leite e iogurte, produtos largamente comercializados por pequenos e médios laticínios, tiveram comportamento pífio de preços no varejo, conforme demonstra o Gráfico 2. A variação de preços do Doce de Leite foi menor que a variação de preços dos demais produtos e serviços que o Brasil consumiu ao longo de todo 2005. Os preços do iogurte seguiram trajetória similar e terminaram o ano com preços menores que em Dezembro de 2004, em 1,5%. Ambos, portanto, perderam para a inflação do varejo (IPCA), sendo que o iogurte apresentou Deflação.

Gráfico 2. Comportamento de preços do Doce de Leite, iogurte e IPCA, entre dezembro de 2004 e dezembro de 2005.

 


Fonte: Produzido pelo autor, com base no IBGE (2006).

Em 2005, o sonho de grande parte dos empresários laticinistas foi produzir Leite Condensado. E alguns estão materializando este sonho, com vários projetos de novas plantas industriais sendo negociados com o BNDES. É provável que, nos próximos dois anos, a oferta desse produto cresça e tomara que essa oferta extra seja carreada para o mercado internacional, pois também o Leite Condensado teve comportamento pífio de preços, conforme demonstra o Gráfico 3. Ao longo de todo 2005, a variação de preços no varejo foi inferior à variação do IPCA, ou seja, os demais preços de produtos e serviços adquiridos pelo consumidor se elevaram mais que os preços desse produto. Já, o Creme de Leite teve comportamento de preços no varejo pior ainda. De junho a dezembro conseguiu a façanha de ser ofertado aos consumidores a preços menores que os praticados em dezembro de 2004 e terminou o ano sendo vendido a 2,5% mais barato que há um ano atrás.

Gráfico 3. Comportamento de preços do Leite Condensado, Creme de Leite e IPCA, entre dezembro de 2004 e dezembro de 2005.

 


Fonte: Produzido pelo autor, com base no IBGE (2006).

Já a manteiga (Gráfico 4) apresentou comportamento de preços que lembra o comportamento do Leite Pasteurizado (Gráfico 1). A variação de seus preços ganhou da variação do IPCA entre março e agosto. O melhor preço obtido foi em julho. A partir daí ocorreu queda de preços contínua, de 6,4% até dezembro de 2005. Neste mês, o produto foi vendido a preços 1% inferior ao praticado em dezembro de 2004.

Gráfico 4. Comportamento de preços do Doce de Leite, Yogurte e IPCA, entre dezembro de 2004 e dezembro de 2005.

 


Fonte: Produzido pelo autor, com base no IBGE (2006).

O Gráfico 5, na verdade se desdobra em sete, pois cada um retrata um produto. Mas, todos reproduzem os ganhos e perdas mensais, entre janeiro e dezembro de 2005 da variação de preços de cada produto no varejo, frente à variação de preços dos demais produtos e serviços consumidos pelo brasileiro no ano passado.

Os preços do Leite em Pó, que é commodity no mercado internacional, tiveram o melhor desempenho entre todos os produtos analisados: terminou o ano 6,2% acima da inflação. A Manteiga, por sua vez, terminou o ano com perda de 6,0%. Já o iogurte terminou 2005 com perda de 6,6%, enquanto a perda de variação de preços do Doce de Leite foi de -2,3%.

O Leite Condensado finalizou o ano com perdas de 4,3%, enquanto que o Leite Pasteurizado foi o que mais perdeu: -12,1%. Por fim, o Creme de Leite, com perdas de -7,8%. Na próxima quinzena apresentarei análise similar para Leite Fermentado, com Sabor, além dos queijos Prato, Parmesão, Mussarela, Frescal, Cremoso e do Reino. Até lá!

Gráfico 5. Comparação na variação de preços de produtos selecionados e o IPCA, entre janeiro e dezembro de 2005.

 

 

 

 

 

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

ANDRÉ LUIZ COKELY RIBEIRO

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2006

Dr. Paulo,



Estamos em Frutal-MG, onde a crise nos atinge desde maio/05 e nossa cooperativa, a COFRUL, produz Longa Vida. Vimos há poucos dias a queda de uma grande indústria láctea que atua em nossa região, a Malibú, que possui mais de 6 itens com certeza, na sua linha de produtos derivados de leite, além de Longa Vida e neste cenário tenebroso estamos sempre nos questionando:



- Será que a diversificação é a saída?



Lendo este artigo, acredito que não.



Será que a tendência é de outras empresas caírem? Como sobreviveremos com taxas de juros sobrando e recursos faltando para investirmos em Marketing, Frota, Ampliação das Plantas Industriais das Cooperativas, etc.?



Creio no aumento de consumo do Produto Leite, e os derivados vindo por osmose. Pesquisa para produção e industrialização creio não faltar, mas devemos casar estas com o meio médico, odontológico e nutricionista, para alavancarmos a Indicação Técnica para o consumo, certo?



Parabéns pelo estudo e principalmente pela divulgação neste site, que pelo visto, é largamente acessado já na América Latina. Estaremos juntos no Congresso Panamericano, no Sul, em Junho, Até lá.
JORGE LEON PEREZ

OUTRO - PESQUISA/ENSINO

EM 04/02/2006

Excelente la concepcion del articulo, no conozco el anterior donde se menciona la perdida del 20% del productor

mi inquietud es como participa y pierde participacion el productor o sea por el producto mas representativo o una media ponderada de todos los productos.



La hipotesis es que la ineficiencia de toda la cadena se rompe y paga el productor que todos los dias recibe menos

en colombia hace 10 años era del 65% y el año 2005 esta en el 45%.



Nuevamente es muy interesante este y todos sus articulos y comentarios. Debemos crear una red de analistas carnicos y lacteos en america del sur.



Saludos



Jorge Leon Perez



<b>Resposta do autor:</b>Prezado Dr. Jorge,



Nosso comentário sobre a perda do produtor em 20% não se refere à perda na participação na composição ao longo da cadeia, como o senhor descreveu. Nosso trabalho se referiu à perda de preços. Os preços pagos ao produtor caíram tanto no Brasil entre o meio do ano e o final do ano de 2005 que em dezembro o produtor recebeu 29% a menos que recebeu em Junho de 2005. Se comparado com o que o produtor recebeu em janeiro de 2005 e o que recebeu em dezembro de 2005, a perda foi de, aproximadamente, 20%.



Paulo Martins

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures