Para fevereiro, segundo fontes consultadas pelo MilkPoint, a expectativa é de estabilidade ou alta de preços em função do início da entressafra. Posto isso, o aumento das chuvas no Sudeste e Centro-oeste parece dar uma sobrevida à safra, reduzindo o ritmo de retomada dos preços, cuja expectativa de recuperação era maior há um mês. De qualquer forma, a tendência é que as empresas demandem mais leite para processamento e estocagem para o período de seca, quando a produção de leite é menor. Além disso, neste mês encerram-se as férias escolares, e o consumo de lácteos tende a ser maior. Porém, o mercado ainda dependerá do comportamento da oferta de leite no período, tendo nas condições climáticas uma importante variável.
A variação de preços depende muito ainda da empresa compradora. Em Goiás, por exemplo, algumas cooperativas chegaram a aumentar em até R$ 0,03/l o preço ao produtor e algumas indústrias em até R$ 0,05/l. O portfólio de produtos de cada empresa e a estratégia de momento estão por trás desse comportamento.
No mercado spot (comercialização de leite entre as indústrias), também já se fala em recuperação de preços. Esse mercado funciona como um "termômetro" para os preços ao produtor. Quando há tendência de queda, no mercado spot a redução ocorre antes e com maior intensidade. O mesmo acontece quando há uma tendência de alta.
De acordo com agentes do mercado, a possível retomada de preços se deve também a maior demanda de leite em pó nos mercados interno e externo. De acordo com dados do Cepea, em dezembro, a média de preços do leite em pó (400g) no atacado dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul foi de R$ 11,75/kg, considerando o leite fracionado em pacotes de 400g, frente à média de R$ 8,18 obtida no mesmo mês de 2006. A alta alcançou 43,6% no período.
Nesse cenário, resta ao segmento de leite longa vida, por sua vez, acompanhar para não perder matéria-prima, ainda que o leite UHT não tenha subido tanto.
A oferta de leite no mercado interno já atingiu o pico nas principais regiões produtoras - Sudeste e Centro-Oeste e segue estável. No Sul, em algumas regiões a produção já apresenta declínio, o que é normal para o período.
Um fator que tem sido apontado por vários agentes do setor como limitante ao aumento da produção é o preço da ração animal, que está elevado em função da alta do milho e do farelo de soja. Muitos produtores estão utilizando o mínimo de ração e o máximo de pastagens para otimizar os custos (clique aqui
para ler artigo sobre o aumento dos custos de produção).
A demanda interna de lácteos aumentou mesmo com preços mais altos em 2007. Para analisar o consumo de leite aparente, foi calculada a disponibilidade interna de leite, por meio da produção formal - tomando como base a variação do índice de captação de leite do Cepea, que mostrou aumento de 9,88% no volume adquirido pelos laticínios em 2007 -, adicionada ao volume importado e subtraindo a exportação, em equivalente leite (Tabela 1).
Com base nisso, em 2007, houve um aumento de 6,4% no consumo aparente em relação a 2006. Um dos principais fatores que favoreceram o aumento do consumo foi o aumento da renda populacional.
Tabela 1. Consumo aparente de lácteos no mercado interno, considerando apenas a produção inspecionada pelo SIF.
De acordo com especialistas, os riscos para o consumo brasileiro neste ano incluem a crise econômica internacional e a possibilidade de falta de energia. Porém, o emprego e a renda tendem a continuar em crescimento neste ano, o que pode favorecer o consumo de lácteos em 2008. Por ora, para os próximos meses há uma expectativa de sustentação de preços, com tendência de alta, em função da entrada da entressafra nas principais regiões produtoras.
O mercado internacional também tem sido favorável, visto que os preços dos lácteos se mantêm elevados. Após consecutivas reduções de preços de lácteos exportados do Oeste da Europa, no final de janeiro houve uma recuperação de acordo com dados do USDA. Na Oceania, os preços permaneceram estáveis no final do mês passado.