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Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza...

POR VALTER GALAN

PANORAMA DE MERCADO

EM 11/12/2018

3 MIN DE LEITURA

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Trata-se de um provérbio português, que indica que aquele que nunca teve acesso a algum bem ou guloseima ou mesmo posição social, quando passa a tê-lo exagera na dose, abusa do tal bem, ou se farta da tal guloseima ou abusa da nova posição, gerando rupturas, “dores de barriga”, desconfortos, conflitos...

Parece ser este o caso quando tratamos das importações de leite realizadas para o mercado brasileiro nos últimos meses. O gráfico 1 mostra os volumes mensais importados, em milhões de litros de equivalente leite, até o mês de novembro.

Gráfico 1. Importações brasileiras de leite (em milhões de equivalente leite). 


Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado, com base em dados do MDIC

Com os preços baixos do leite no mercado interno até junho, as importações eram pouco competitivas e os volumes acumulados caíram cerca de 35% no primeiro semestre.

No entanto, no pós-greve, os preços internos (ao consumidor final, na venda da indústria ao varejo, no mercado spot e, por fim, ao produtor) subiram muito rapidamente e o mercado “virou”! Quase que ao mesmo tempo, o mercado internacional fez o movimento contrário, com uma redução significativa dos preços dos derivados lácteos (entre junho e novembro, o leite em pó integral caiu 22% ou quase US$ 600/ton no GDT). Muito rapidamente as importações passaram de pouco interessantes a muito competitivas e os volumes importados começaram a crescer: nos últimos 3 meses as importações crescerem 75% em relação a 2017!

O maior problema é que, na contramão deste cenário, os volumes de venda das principais categorias lácteas passaram de um tímido crescimento nos primeiros meses deste ano (em relação ao mesmo período de 2017) a uma queda acumulada, quando consideramos o período de janeiro a setembro/outubro.

Assim, como mostra o gráfico 2, o balanço de disponibilidade mensal per capita - (produção formal + importações – exportações)/população – mostra um crescimento estimado do volume per capita disponível de 4,6% em outubro e de 5,3% em novembro em relação aos mesmos meses de 2017. Num mercado no qual o consumo indica queda de volumes em relação ao ano passado, um aumento deste tamanho na disponibilidade per capita certamente terá como consequência a queda dos preços internos

Gráfico 2. Disponibilidade per capita mensal e sua variação, mês a mês (2018 vs. 2017)(*). 


Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado, com base em dados do IBGE e do MDIC
(*) produção formal de leite em outubro/novembro de 2018 estimada pelo MilkPoint Mercado.

Se não tivessem crescido tão fortemente as importações em outubro e novembro deste ano (por exemplo, se tivéssemos mantidos os volumes importados em outubro e novembro de 2017), o crescimento da disponibilidade teria sido 0,9% e 2,1% respectivamente, ao invés de 4,6% e 5,3%! Assim, nos referidos meses, o volume importado respondeu pela maior parte do leite “extra” não consumido em nosso mercado.

Alguns pontos a ponderar:

  • As importações são realizadas porque o preço do produto importado é competitivo vis a vis o produto nacional (sem entrar na discussão sobre triangulações, subsídios e outros temas);
  • Há um prazo entre contratar os volumes importados e recebe-los aqui no Brasil, que pode ser de 1,5 a 3 meses;
  • Os volumes são quase que exclusivamente importados da Argentina e do Uruguai, de leite – não há alíquota de importação nestas operações.

Feitas estas constatações, aparentemente os agentes importadores “se lambuzaram no melado” e vem causando um razoável desequilíbrio entre oferta e demanda no nosso mercado. As importações foram planejadas/contratadas logo no pós-greve (julho/agosto) no “furor” da subida de preços e da necessidade do abastecimento e o produto chega num momento em que a produção local vem crescendo e a demanda rareando.

Segundo as informações de mercado, os preços do leite ao produtor estão caindo significativamente (ainda que a média Cepea não mostre uma queda tão significativa até o pagamento de novembro) e, assim, os sinais dados pelos crescentes volumes importados são absolutamente dissonantes com a aparente realidade de mercado.

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

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MARLUCIO PIRES

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/12/2018

Bom dia Valter. Falemos em números exatos então quanto a queda acumulada. Leite setembro pago em outubro: 1.40; leite outubro pago em novembro: 1.18; leite novembro a ser pago em dezembro: expectativa de 1.00. lembrando que a produção caiu 10% de setembro pra outubro, depois houve estabilidade no volume. Essa é minha situação
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/12/2018

Olá Marlucio,

Muito obrigado pelo comentário! Seus números são bastante semelhantes aos de vários produtores com os quais temos contato e, também, ao que algumas indústrias estão reportando. Se olharmos a base de preço média Brasil (Cepea), a baixa acumulada até novembro (leite de outubro) é de cerca de 18 centavos - se a baixa de dezembro (leite de novembro) for de 15 centavos, completa cerca de 33 centavos de baixa, bem menos do que o que você reporta....

Um abraço!

Valter
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/12/2018

Valter, bom dia. Será mesmo que nunca comemos melado?
Somos velhos importadores pelo que sei. Crescemos a produção de forma heterogênea (sistemas de produção diferentes em regiões distintas), não controlamos a oferta interna, não temos preços competitivos para o mercado internacional (ainda). E toda vez que temos altas internas demasiadas, essas são seguidas de aumentos nas importações, lógico quando fatores que não controlamos colaboram (ex. dólar). A solução está ainda muito longe. Agora é hora do griteiro sobre as importações, que de fato atrapalham o setor em "benefícios aos consumidores". A equação é mesmo difícil! E pelo que vejo, a "fórmula" ainda não foi encontrada pelo setor no Brasil! Mas creio que estamos a caminho!
Abraço!
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/12/2018

Caro André,

Muito obrigado pela mensagem!
De fato, ainda somos importadores estruturais, mas acho que temos condições de achar o caminho reverso (isto é, de passarmos a exportadores estruturais).

De qualquer forma, o consumo brasileiro passou de cerca de 120 litros/habitante/ano para 175 litros/habitante/ano com menor participação das importações no total consumido - ou seja, o crescimento da produção foi muito importante para sustentar este nosso aumento de consumo.

O artigo tem o objetivo de alertar o setor para possíveis ajustes que poderiam ser feitos em preço e oferta no mercado interno e que provavelmente reduziriam a competitividade das importações.

É isso. Grande abraço!

Valter
EM RESPOSTA A VALTER BERTINI GALAN
ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/12/2018

Bom dia Valter. Eu entendi o artigo e o que descreveu. Também concordo com todas observações sobre nosso crescimento enquanto consumo e produção. Só tenho um ponto de vista diferente. Não creio que iremos equacionar os problemas de oferta e demanda (logo aos preços ao produtor) de forma inédita para um setor fragmentado como o do leite. Se olhar para os produtos que somos exportadores e também grandes consumidores (laranja, açúcar, carnes, café, soja) veremos que o somos, por que somos competitivos em preços a nível mundial. Penso que com o leite o caminho deverá ser o mesmo. Precisamos eficiência, custos alinhados ao mercado internacional na base de produção, caso contrário seremos sempre uma boa oportunidade para os exportadores (logo continuaremos importadores). Não adianta falarmos de aumentar nossa produção interna a custos "fora de mercado", caso isso continue ocorrendo, novamente estaremos dando margem aos importadores. Sei que temos um mercado interno invejável, e não raro muito convidativo. Também temos nichos muito atraentes. Mas não dão vazão as demandas reais. Muitos fatores externos influenciam (positivamente ou não), e penso que se formos competitivos em relação aos custos, nos momentos positivos teremos gratas surpresas, e nos momentos difíceis, passaremos com margens menores, porém sem correr o risco de ficar fora do jogo. Um forte abraço.
EM RESPOSTA A ANDRÉ GONÇALVES ANDRADE
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/12/2018

Olá André,

Com certeza a fragmentação do nosso setor dificulta a coordenação e a transferência mais rápida de informações de mercado ao longo da cadeia de valor. Quem sabe no futuro não consigamos melhorar isso?

Grande abraço!

Valter
LUIZ EDUARDO MORAIS

POÇOS DE CALDAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/12/2018

Falou pouco, mas falou tudo...
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/12/2018

Olá Luiz,

Obrigado pela participação! Grande abraço!

Valter
OPENWAY ORDENHADEIRAS

AMETISTA DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 11/12/2018

Quais son as empresas importadoras ? , esa info e importante !!
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/12/2018

Olá!

Muito obrigado pela participação! Não é aberta, no sistema do MDIC, a informação das empresas importadoras.

Um abraço!

Valter

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