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Por que tanta importação nos lácteos?

POR VALTER GALAN

PANORAMA DE MERCADO

EM 12/01/2024

3 MIN DE LEITURA

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Historicamente, os volumes de importações de lácteos do Brasil sempre foram bastante correlacionados ao diferencial de preços do leite ao produtor (em dólares por litro) pagos aqui no nosso mercado e no Mercosul.

Como mostra o gráfico 1, que apresenta esta relação, sempre que ela ultrapassa um determinado patamar médio (de 14%, ne média do período de 2009 a 2023) os volumes de importações também sobem; a relação inversa também funciona, isto é, quando os preços do leite aqui no Brasil ficam mais próximos (ou até menores) que no Mercosul, os volumes importados caem.

Gráfico 1. Relação de preços do leite ao produtor (Brasil/Mercosul) e volume de importações de 2009 a 2023



Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do ComexStat, do Cepea e do Inale.

 

No entanto, no período destacado no quadro vermelho pontilhado do gráfico 1, esta relação de preços não determinou os volumes de importação. Trata-se do período a partir de agosto de 2022 até o final de 2023 – a relação de preços do leite baixou consideravelmente e os volumes de importações, ao contrário, subiram bastante e se mantiveram bastante elevados até o final de 2023.

A explicação fica ainda mais complexa quando verificamos as vendas de lácteos no primeiro semestre de 2023, quando os volumes caíram, em média 3% em relação ao primeiro semestre de 2022; adicionalmente verificou-se um crescimento de 1,3% na produção brasileira de leite no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.

Enfim, tivemos demanda menor e produção maior. Por que então tanta importação? Algumas hipóteses que podem ajudar a entender (e a projetar o que pode acontecer em 2024):

  • Altas expectativas do setor sobre o cenário de crescimento econômico e demanda num novo governo Lula: sabidamente o nosso setor é pródigo em avaliar cenários e decidir com base em expectativas (normalmente otimistas). O novo governo Lula, que normalmente toma medidas para a ativação da economia e do consumo, gerou expectativas de grande aumento de consumo no início deste ano. Os preços elevados dos lácteos na ponta final trataram de “jogar água fria na fervura” do consumo no início de 2023.
     
  • Tempo entre contratar as importações e a chegada dos volumes ao mercado brasileiro: os traders e empresas importadoras mencionam de 45 dias a 2 meses entre fechar o negócio e os volumes efetivamente chegarem ao comprador. Nos últimos meses de 2023 este “lead time” pode ter sido até maior (quase de 3 meses), em função das maiores dificuldades de obtenção de LI’s (Licenças de Importação) e pela burocratização da entrada de produtos, num ambiente de mercado no qual produtores e muitas indústrias já começavam a “grita” contra os produtos importados;
     
  • Diferencial de preços do leite em pó industrial (LPI) entre o mercado brasileiro e o mercado internacional: este pode ser o motivo que mais explica os volumes ainda elevados de importações. Como mostra o gráfico 2, a partir de meados de 2022 (mais precisamente, março de 2022) o diferencial de preços do leite em pó industrial no mercado brasileiro e no mercado mundial (representado no gráfico pelas cotações do GDT) cresceu bastante. Ainda que os preços ao produtor tenham se aproximado da média do Mercosul, o derivado em pó seguiu alto, estimulando a manutenção e o aumento dos volumes importados.
     


Gráfico 2. Preços do leite em pó industrial (LPI) no mercado brasileiro e no mercado internacional (GDT (em US$/kg).

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados próprios e do GDT

 

No cenário de mercado de 2024, entramos o ano ainda com um significativo diferencial de preços do LPI entre o mercado brasileiro e o mercado internacional (GDT). Eventuais restrições de oferta no Mercosul (principalmente na Argentina, onde a produção no primeiro semestre deste ano deve cair entre 4% e 6%) e as medidas de cortes de benefícios fiscais adotadas pelo governo brasileiro (e que devem ser efetivas a partir de fevereiro) podem reduzir um pouco o ímpeto importador, mas nada como o bom e velho “preço” para determinar exatamente o que pode acontecer.

MilkPoint Mercado

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

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MAGNUN

SÃO JOSÉ - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 24/01/2024

Nessas análises são considerados todos ncm's derivados de lácteos? Ou somente alguns...?
EM RESPOSTA A VALTER BERTINI GALAN
MAGNUN

SÃO JOSÉ - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 26/01/2024

Então segunda análise a ser realizada seria, dividir esse aumento de importação por setores dos derivados, pois o meu dia a dia mostra que houve um aumento no ramo de proteínas e não necessariamente possa ter tido um aumento expressivo noutro setor, aí sim começamos a ter uma dimensão do motivo da pergunta do artigo.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2024

Olá Magnun,

São considerados todos os NCM´s.

Abraço!
ANTONIO CARLOS DOS REIS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/01/2024

Estar sempre atualizado com o mercado de lácteos
ANTONIO CARLOS CELLES CORDEIRO

NOVA FRIBURGO - RIO DE JANEIRO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/01/2024

Valter, bom dia.

Analise interessante.
Mas tem um questão que sugiro que vocês no Milkpoint também analisem: porque somos competitivos internacionalmente em carnes bovinas, aves, suínos, sem falar em soja, milho, açúcar, laranja & outros produtos e não somos em lácteos?
Ivan Zurita, quando era Presidente da Nestlé, certa vez falou que o Brasil estava "condenado" a ser um exportador de lácteos. Como era um executivo muito bem informado, acho que vale a pena entender porque está previsão não se tornou uma realidade.
Se tivéssemos atingido este patamar de competitividade, hoje seríamos exportadores, a produção seria muito superior e seríamos mais uma cadeia agroindustrial a gerar divisas para o País e riqueza para o interior.
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2024

Olá Antônio, tudo bem?

Sua pergunta é excelente e bastante complexa! Falta-nos preços estruturalmente competitivos no mercado internacional e aspectos de qualidade também (como shelf life de produto). Com relação ao shelf life, por exemplo, o mercado internacional trabalha com prazos de 18 a 24 meses para o leite em pó integral (uma das commodities lácteas mais transacionadas no mundo) e o nosso padrão aqui, até pouco tempo, era de um produto de 12 meses....

Preços competitivos estruturalmente (e não apenas quando a taxa de câmbio nos favorece) estão relacionados a custos baixos ao longo da cadeia produtiva, ponto no qual ainda temos bastante a trabalhar (não só nas fazendas, mas também nas indústrias e na logistica ao longo da cadeia produtiva).

Enfim, muito caminho ainda pela frente até a competitividade internacional desejada...

Grande abraço!
ALEX MOREIRA

NOVA INDEPENDÊNCIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2024

BOM DIA!!! EM SUA AVALIAÇÃO, QUAL O IMPACTO DO AUMENTO NO SALÁRIO MÍNIMO, NA DEMANDA DE PRODUTOS LÁCTEOS E CARNE? ACREDITA EM ELEVAÇÃO E CONSEQUENTEMENTE AUMENTO DE PREÇOS AO PRODUTOR?
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/02/2024

Olá Alex,

Certamente um aumento no salário mínimo ajudará bastante na demanda de lácteos. Outro ponto que ajuda são os preços no varejo, que entraram 2024 menores do que em 2023 (na mesma época do ano).
Esperamos uma reação de demanda neste primeiro semestre.

Abraço!

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