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Perspectivas favoráveis para os primeiros meses de 2008, mas custos preocupam

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 21/12/2007

7 MIN DE LEITURA

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O período de safra na região Sudeste e Centro-Oeste estimulou a oferta e, com ela, uma redução de preços em novembro. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea, da Esalq/USP - o preço médio pago pelo litro de leite no mês passado foi de R$ 0,6946/l (queda de cerca de 5 centavos por litro em relação a outubro).

O estado que apresentou maior redução em novembro foi Minas Gerais, com queda de R$ 0,0684/l, seguido de Goiás, com R$ 0,0573/l.

Nos estados do Sul, os preços já vinham registrando quedas mais acentuadas desde setembro em função da maior oferta local, tendo em vista o período de safra da região. De acordo com o Cepea, só no Rio Grande do Sul houve um aumento da captação de leite de 10% em setembro, frente a agosto, e de 6,5% em outubro.

O estado que apresentou maior diminuição dos valores pagos aos produtores foi Santa Catarina, com quase 18 centavos por litro de redução entre o pico e o último mês, ficando em R$ 0,5276/l em novembro, de acordo com os dados do Cepea. De janeiro a setembro, o aumento de preços neste estado foi de pouco mais de 26 centavos por litro.

Nota-se, porém, que há grandes variações entre estados e regiões no que se refere às magnitudes de aumento e queda nos preços. Na Bahia, por exemplo, houve um aumento de mais de 21 centavos por litro até setembro e uma redução de apenas 2 centavos por litro a partir desse mês, e em novembro o preço médio foi de R$ 0,6427/l.

Gráfico 1. Comparação do aumento dos preços até setembro com a queda dos mesmos a partir deste mês, em reais por litro.


Na média nacional coletada pelo Cepea, houve, até novembro, uma redução de quase 11 centavos por litro desde setembro, comparada a um aumento de mais de 31 centavos por litro desde janeiro.

Em média, os preços no mercado doméstico estiveram 31,8% superiores entre janeiro e novembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, ou cerca de 15 centavos mais altos.

Os preços se mantiveram em patamares mais elevados, mesmo com um aumento significativo da captação de leite - segundo o Centro, a captação de leite até outubro foi 8% superior à do mesmo período de 2006. A partir disso, fica a questão sobre se essa mudança de patamar de preços está se consolidando no setor, ou seja, se é uma mudança estrutural. Um indício para que a resposta seja positiva é o aumento dos custos de produção, principalmente dos preços de grãos, como milho e soja, que consequentemente elevam os custos da ração. Os preços desses produtos atingiram níveis muito elevados, e agentes de mercado, por enquanto, não estimam uma reversão desse comportamento no curto ou médio prazo, em virtude da elevada demanda mundial.

Além disso, segundo um estudo do Cepea, CNA e Federações de Agricultura de Goiás e Minas Gerais mostrou que a alimentação é o principal item dentro dos custos operacionais (desembolsos mensais), o que intensifica a preocupação com a situação de alta dos preços dos grãos.

Portanto, a atividade será viável com os elevados custos apenas enquanto os preços pagos pelo leite também permanecerem em patamares superiores aos obtidos nos últimos anos. O fator rentabilidade do setor deve ser decisivo para o crescimento da produção leiteira. Em enquete realizada pelo MilkPoint, o resultado parcial foi que cerca de 49% de um total de 130 participantes, acredita que 2008 será melhor para o setor em termos de rentabilidade.

Neste ano, o principal fator que estimulou um acréscimo na produção leiteira foi a elevação de preços, em função do aumento da demanda por lácteos, tanto interna como externamente. Nesse sentido, o grande impulsionador do aumento das compras desses produtos foi o aumento da renda populacional, e o maior poder de compra das classes C, D e E. E esse fator deve continuar favorecendo o setor leiteiro em 2008, além das exportações, que terão importância cada vez maior ao permitir o crescimento sustentável da produção.

Gráfico 2. Evolução dos preços médios do leite pagos aos produtores, em reais por litro.


Em Minas Gerais, para o leite de dezembro, a expectativa da maioria dos agentes de mercado é de estabilidade, especialmente por parte de grandes empresas que atuam no estado, mas alguns ainda acreditam em ligeira queda de preços, dada a maior pressão de oferta. A produção de leite atingiu seu pico em novembro - com cerca de um mês de atraso em função da estiagem prolongada na região - e deve seguir estável neste mês.

A estabilidade de preços pode ocorrer, de acordo com agentes, em virtude da menor produção de leite longa vida - ocasionada pela redução do consumo que ocorreu em função das denúncias de fraude - o que tem pressionado menos os valores no campo. Uma maior quantidade de matéria-prima está sendo enviada para as indústrias de leite em pó e de queijos, que em geral possuem melhores condições de negociação e de alternativas de mercado para lidar com estoques.

O leite spot no mercado mineiro está sendo vendido entre R$ 0,55/l e R$ 0,70/l, segundo agentes de mercado, variando de acordo com a qualidade do leite. Com as denúncias de fraude, algumas empresas acabaram deixando de comprar leite spot, preferindo a mercadoria dos próprios fornecedores.

De acordo com agentes do setor, pode ainda haver uma ligeira queda no preço do leite spot, mas se houver, será de, no máximo, cerca de 3 centavos por litro.

Em Goiás a oferta também aumentou nos últimos meses em função da chegada das chuvas e maior produção de pastagens. Segundo o Cepea, a captação de leite em outubro no estado aumentou 7,94% em relação a setembro. A expectativa de agentes de mercado também é de estabilidade ou ligeiro recuo de preços para dezembro.

No Rio Grande do Sul, a tendência, segundo agentes do setor, é estabilidade ou alguma recuperação de preços em dezembro. A oferta de leite está menor, visto que o pasto de inverno acabou e o de verão ainda está no início da produção. Com isso, a expectativa é de aumento da produção de leite ao longo deste mês e de janeiro, e um declínio da mesma para fevereiro.

Agentes de mercado afirmam ainda que os estoques de leite em pó e leite longa vida no estado gaúcho estão baixos, e o que é produzido acaba sendo vendido.

Há também uma preocupação grande com a possibilidade de redução dos créditos presumidos às empresas de laticínios no estado, que tendem a reduzir incentivos como o desconto do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Agentes de mercado acreditam que esta medida pode ser desestimulante para o setor, depois de tantos investimentos de indústrias neste ano no Rio Grande do Sul.

No Paraná, o Conseleite projetou uma redução de pouco mais de 2 centavos por litro de leite aos produtores em dezembro, em função da queda dos preços de leite longa vida e queijos no atacado. No entanto, há possibilidade de, até o final do mês, a queda ser inferior à prevista, isso porque a projeção é feita com base no comportamento dos preços de atacado nos primeiros dias do mês.

A produção paranaense está aumentando com a chegada das chuvas, mas ainda de forma modesta, visto que muitos produtores utilizaram o alimento para o gado suplementar às pastagens antecipadamente, em virtude da estiagem prolongada.

Desse modo, o cenário tende a ser mais estável em janeiro, visto que a produção de leite na maioria das regiões se estabiliza ou começa a diminuir. O fato é que, mesmo com os preços de janeiro historicamente mais baixos que dos meses anteriores (Gráfico 2), os custos mais elevados neste momento tendem a segurar mais os preços mesmo durante a safra.

Nesse contexto, os valores pagos pelo leite no começo de 2008 tendem ainda a permanecer acima dos cotados no início deste ano, provavelmente na casa de 30%, mesmo que em patamares mais baixos que os registrados entre agosto e outubro. Mas o comportamento do mercado ainda dependerá de fatores como clima, e consequentemente da oferta da matéria-prima.

As exportações têm sido um importante canal de comercialização. Até outubro, mesmo com os altos valores do leite no mercado internacional, as vendas se mantiveram abaixo do esperado em volume e inferiores a 2006. No entanto, em novembro, o país atingiu novo recorde em volume e valor exportados em lácteos, impulsionado pelas vendas de leite em pó integral - cerca de 15 mil toneladas a US$ 59 milhões, enquanto que a média dos meses anteriores em 2007 foi de 6,8 mil toneladas e US$ 17 milhões.

Um motivo importante para este salto foi a falta de produtos lácteos na Venezuela (principal importador de leite em pó integral em novembro), que tem, inclusive, importado o produto emergencialmente em aviões, como ocorreu no início de dezembro, com negociações com a Itambé.

Se esse comportamento permanecer nos próximos meses, será também um importante fator para sustentar os preços internos, em virtude do maior escoamento de produtos lácteos.


Envie seu comentário sobre o mercado de leite através da seção de cartas do leitor.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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JULIANO RICARDO RESENDE

UBERABA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/01/2008

Parabéns pelo artigo. Eu vejo várias reclamações sobre preços de concentrados, de mão-de-obra, de insumos. Levando em consideração que os grãos representam de 40 a 60% do custo variável da propriedade, uma estratégia inteligente é reduzir custos com este insumo. Para isto, a alternativa é melhorar a qualidade do volumoso para depender menos do concentrado. Então, ao invézs de reclamar, veja como está o manejo de sua pastagem, a eficiência de sua mão-de-obra, a qualidade de seu leite, etc.

Se não formos eficientes, reclamar não vai resolver o problema.
MARCOS JOSÉ ALMEIDA DE MENEZES

CAPIM GROSSO - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/01/2008

Muito oportuno o artigo. O que nos preocupa é o preço praticado pelas indústrias locais, que em novembro, em plena entressafa do leite, já tinha baixo o preço para R$ 0,57/l resfriado. Espero que essa política de preços praticados siga a tendência de melhoras para o setor.
PAULO FERNANDO DA SILVEIRA BUENO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/01/2008

Prezados amigos,

Muito oportuno e objetivo o artigo. Parabéns. O que gostaria de abordar parece pouco relevante, porém afeta diretamente a colocação do leite pasteurizado nas pequenas e médias cidades.

Trata-se do famigerado leite informal, ou clandestino, distribuido de porta em porta, sem o menor controle sanitario, tanto na origem, qual seja a sanidade do gado, como nas condições precarias em que chega ao consumidor.

Quem deveria zelar por isso, fiscalizar, coibir, enfim, sua continuidade?

Gostaria de ouvir seus comentarios.
Feliz 2008.
MARCELO FERNANDES REZENDE

ORIZONA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/01/2008

Parabéns a vocês por esse artigo.

Deixo também uma janela que seria a conversão de preços comparados entre grãos e leite, conforme comentado pelo Sr. Joseph Crescensi.
LUIZ FERNANDO BONIN FREITAS

NOVA FRIBURGO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/12/2007

Parabéns pelo artigo, entendemos a complexidade de se produzir leite, seu gerenciamento, correto controle de custos em toda a atividade, e acompanhamos criteriosamente o mercado de grãos, visto que entendemos ser a alimentação um aspecto muito importante. Produção leiteira é profissionalismo, bom gerenciamento, entrega, amor à atividade, luta, perseverança, momentos de reflexão e paciência. Paz, saúde e sucesso em 2008.
HAROLDO DE OLIVEIRA COSTA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2007

Caros Dr. Marcelo e Dra Aline,

Parabéns pela abordagem do artigo e concordo com o Sr. JOSEPH quanto à necessidade da demonstração dos custos de produção, que atualmente tem aumentado muito apesar da melhor remuneração do leite.

Continuem fazendo as análises do mercado e tendências, pois nos auxiliam na definição e planejamento da produção.

Boas festas a todos.

Haroldo Costa
JOSÉ RICARDO VILKAS

ANGATUBA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2007

Parabens pelo artigo, sempre bem lúcido. Produzir leite é quase uma arte. Temos as variáveis das mais variaveis, como clima e preços dos insumos e do leite. Felizmente também produzo cereais, e com esta alta não os forneço às vacas, e dou lugar aos subprodutos de indústria, deixando-me muito satisfeito economicamente nas duas áreas. Por isso temos que ter nas mãos os controles de gastos para depois não reclamar do leite derramado!

Que 2008 seja muito bom para todos!
AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/12/2007

Tambem tenho a mesma opinião, que para o estudo ser completo, seria de extrema importância que fizessem um comparativo de quatro anos de alimentação, salário, energia elétrica e diesel. Todos veriam que hoje nossa remuneração é muito baixa, com os custos das propriedades leiteiras.

Quanto a pagar por qualidade, isso é só um discurso, mais nada.

Próspero Ano a todos ...
JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 22/12/2007

Caros Dr. Marcelo e Drª Aline,

Muito bom esse artigo, so faltou um ítem. Um gráfico demonstrativo que sobrepõe essa conversão de Mílho, soja, silagem e salários contra o preço do leite pago ao produtor. Se essa informação mostrasse os últimos 4 anos de "crise", acredito eu, que havia épocas no meio de tal "crise" que foram mais remunerativos do que os dias de hoje.



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