Os preços ficaram em média a R$ 0,5214/l, valor cerca de 16% superior ao cotado no mesmo período do ano passado. A média do trimestre foi de R$ 0,5037 pagos por litro de leite, o que representou um aumento de 16,3% em relação a 2006, mas uma queda de cerca de 6% frente a 2005. A média de preços obtida entre janeiro e março de 2004 a 2007 foi de R$ 0,4727/l.
Gráfico 1. Preços nacionais pagos aos produtores de leite em reais por litro.
O principal fator responsável pelo melhor preço neste ano, se comparado ao ano anterior, é a menor oferta de leite, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo o Cepea, a captação de leite pelos laticínios nacionais entre janeiro e fevereiro foi 5,22% inferior ao verificado no mesmo período do ano passado. Assim, há uma maior procura pelo produto, o que influencia uma alta de preços.
Desde o segundo semestre do ano passado, em função de intensas chuvas em algumas das principais regiões produtoras do país, a captação de leite reduziu bastante. Normalmente nesse período há menor produção em função do término do ciclo produtivo das pastagens.
Aliado a isso, está a maior demanda pela matéria-prima para exportação, tendo em vista que os preços externos estão em patamares altíssimos - nesta semana, segundo o USDA, o preço do leite em pó integral ficou entre US$ 4.000 e US$ 4.400 por tonelada no Oeste da Europa, enquanto, no mesmo período do ano passado, o valor médio foi de US$ 2.175/tonelada. Países importantes no mercado de exportação estão com pouco leite, como é o caso da Austrália e até da Argentina, que verificou queda de 7,3% na produção no início desse ano em comparação ao ano passado.
No mercado spot - comercialização de leite entre as indústrias -, os preços apresentaram nova reação em função da demanda de produtos destinados à exportação. Em Goiás, por exemplo, no início de março, o litro do leite estava em cerca de R$ 0,63, contra R$ 0,50/l a R$ 0,51/l em janeiro. Em abril já há negócios na casa dos R$ 0,73, significando aumento de cerca de 46% no período.
Em Minas Gerais, o preço do spot, de acordo com agentes do setor, ficou entre R$ 0,66/l e R$ 0,70/l no início de abril. As negociações desse mercado são feitas quinzenalmente.
Para o mês de abril, segundo agentes de mercado, há uma tendência de novo aumento de preço ao produtor, entre 2 e 3 centavos, aproximadamente. Isso porque ainda há grande procura pelo leite em função de uma oferta mais restrita.
Além disso, os preços internacionais estão em contínua alta e por enquanto não sinalizam queda, estimulando assim a demanda pelo leite com destino à exportação, mesmo com o dólar em baixa. Neste mês, segundo agentes do setor, o leite em pó exportado pelo Brasil chegou a US$ 4.000 por tonelada, valor com significativa alta, a ponto de compensar a baixa cotação da moeda estrangeira.
Alguns agentes de mercado acreditam ainda que o mercado doméstico deverá se acalmar a partir da segunda quinzena de maio, em função do aumento da oferta que normalmente ocorre nesse período no Sul do país, com o início da produção de pastagens de inverno.
Nas principais bacias leiteiras, o mercado segue ainda com tendência de alta em função da redução de produção com o período mais seco. Em Minas Gerais, por exemplo, a queda de produção normalmente verificada nesse período do ano foi mais significativa que a verificada em 2006. Isso ocorreu em virtude do excesso de chuvas seguido de calor intenso, não permitindo boa recuperação da maior parte das pastagens.
Segundo o Cepea, a captação no estado em fevereiro foi 3,5% menor em relação ao ano anterior. Isso fez com que houvesse maior procura pelo leite, influenciando assim os preços da matéria-prima.
Goiás também inicia seu período de entressafra, com a oferta de leite restrita e aumento considerável na concorrência pelo leite, principalmente por empresas focadas em exportação. No primeiro bimestre do ano o estado apresentou uma captação em fevereiro 4% inferior à verificada no mesmo período do ano passado, de acordo com o Cepea. A região também foi bastante prejudicada com as intensas chuvas no final de 2006.
No estado de São Paulo, a produção diminuiu nos últimos meses em função de uma estiagem antecipada em fevereiro. Segundo agentes, a ocorrência de veranicos em algumas regiões do estado também afetou negativamente as pastagens, contribuindo assim para a redução da oferta de leite e aumento da concorrência entre laticínios.
Convidamos os leitores a dar sua opinião sobre o mercado de leite na região que atuam, indicando a situação de preço e oferta.
Veja também mais dados sobre o mercado de leite na seção Estatísticas.