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Mercado internacional de lácteos segue firme

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 27/03/2007

6 MIN DE LEITURA

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Desde meados do segundo semestre do ano passado os preços do leite em pó no mercado internacional se elevaram a ponto de alcançar, hoje, recordes históricos. O motivo disso foi a restrita oferta externa, causada pela queda de produção na União Européia e na Austrália, importantes exportadores mundiais, aliada à forte demanda, fruto do crescimento da economia mundial, especialmente nos países asiáticos, onde inclusive o consumo tem se elevado.

Em função da oferta restrita de lácteos no mercado externo, na Europa, por exemplo, o valor do leite em pó desnatado para exportação, segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), alcançou a média US$ 3.487/tonelada na décima primeira semana do ano (11 a 17 de março), ou seja, um aumento de 60,3% referente ao valor obtido no mesmo período do ano passado. A média da Oceania foi de US$ 3.300/tonelada (53,5% acima da média obtida no mesmo período de 2006).

No caso do soro de leite, os preços do Oeste da Europa em fevereiro, de acordo com o USDA, ficaram em média a US$ 1,45/kg, contra os US$ 0,85/kg cotados no mesmo período do ano passado, representando um aumento de mais de 70%. São aumentos espetaculares ao considerar que se trata de commodities.

Antes de analisar os efeitos atuais esse quadro, é interessante colocar que muitos analistas entendem que tais aumentos embutem uma mudança estrutural de preços, e não uma alta conjuntural. Essa mudança seria fruto da impossibilidade do aumento da oferta nos principais exportadores, seja por restrições climáticas, como é o caso da Austrália, seja por falta de áreas, como a Nova Zelândia, seja por políticas restritivas, como é o caso da União Européia.

Caso esse raciocínio proceda, novos elementos farão parte do cenário internacional de lácteos. Um deles é o aumento da competitividade de países com custos tradicionalmente elevados, como é o caso dos EUA e de alguns países da Europa, que têm condições de competir sem subsídios, nessas condições. Esse panorama leva a uma redução dos subsídios à exportação e, com ela, uma possível diminuição da pressão externa visando a queda dos mesmos.

Influência do mercado externo no setor lácteo brasileiro

Falando agora do curto prazo, a alta do mercado externo já começou a influenciar os valores de exportação do Brasil. Em fevereiro, o valor médio de exportação do leite em pó integral ficou 31,3% superior ao do mesmo período do ano passado, ultrapassando, inclusive, os patamares obtidos pelas exportações argentinas, como pode ser observado no gráfico 1. No caso do leite em pó desnatado, 21,5% mais caro.

Gráfico 1. Evolução dos preços de exportação do leite em pó integral, em US$/kg.



Os preços internacionais de lácteos favorecem uma substituição de importações no mercado interno, e é nesse sentido que o cenário internacional tende a exercer maior influência no setor lácteo brasileiro. Com a oferta externa escassa e os preços em patamares nem sempre viáveis para a importação, a tendência é que haja maior procura pelo fornecimento interno da mercadoria, elevando os preços ao produtor.

Com as exportações brasileiras, ocorre o inverso. Se tornam mais atrativas em virtude da escassez de oferta no mercado mundial e dos altos preços, apesar da valorização do real frente ao dólar, que tende a ser um fator limitante às negociações. Por enquanto, os preços altos estão compensando o baixo valor do dólar, segundo agentes do setor.

O gráfico 2 traz a comparação do preço virtual do leite, calculado a partir dos preços de leite em pó desnatado e manteiga no mercado internacional, com os preços médios praticados no mercado interno. Observa-se que a diferença entre o preço virtual internacional e o valor do leite cotado no Brasil em dólares por quilo aumentou significativamente a partir de agosto do ano passado, sugerindo que o bom momento no mercado internacional ainda não atingiu plenamente os produtores.

É necessário ressaltar que, para o cálculo do preço virtual, utiliza-se os valores do mercado europeu, superiores ao que se consegue pelas exportações brasileiras, seja pela distância do mercado consumidor, mais próximo da Europa, seja pela menor presença do Brasil no mercado mundial, que resulta em preços médios mais baixos do que os obtidos pelas exportações européias. Portanto, não se pode dizer que US$ 0,33/litro seria exatamente o preço de equilíbrio, mas algo abaixo disso. Nesse sentido, o leite spot atingiu, na primeira quinzena de março, cerca de R$ 0,63/litro (US$ 0,30/litro), valor que já preocupou alguns exportadores.

Gráfico 2. Evolução dos preços virtuais de leite na Europa e dos preços do mercado interno, em dólares por quilo


Além disso, não se pode esquecer dos efeitos dessa alta no mercado interno. Além do leite em pó, que tem subido nos últimos meses, o longa vida está em trajetória de alta e espera-se o mesmo para queijos. O equilíbrio de mercado, porém, será encontrado algum momento mais a frente.

Mesmo com o cenário internacional em alta, as exportações brasileiras ainda não superaram as importações até fevereiro. Isso ocorre provavelmente por dois motivos. O primeiro, é que ainda há a efetuação de contratos antigos de importações, o que fez com que as compras neste ano fossem elevadas - foram 38,6% superiores em volume e 46% em valor em relação a 2006, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

O segundo é que há falta de matéria-prima no mercado interno para exportação desde fevereiro, segundo agentes exportadores. O período é de entressafra e a produção na maioria dos estados produtores já está diminuindo. Segundo dados do Cepea, só em Minas Gerais e Goiás - os dois estados de maior produção no Brasil - a redução da captação foi de 7,56% e 1,7%, respectivamente, ainda em janeiro. A tendência é de diminuição também em março.

Os preços internos têm sido influenciados pela oferta mais restrita causada pela menor produção de leite e pela maior procura pela matéria-prima para a fabricação de leite em pó destinado à exportação. Em fevereiro, de acordo com os dados do Cepea, o valor médio do leite ao produtor já apresentou recuperação de um pouco mais de um centavo e, conforme agentes do setor, a tendência é de novo aumento de preços em março.

A tendência, de acordo com agentes do setor, é que o mercado nacional acompanhe o cenário dos preços externos.

Tendência é de mercado internacional firme

A oferta no mercado internacional ainda dependerá das exportações européias, que devem começar a se intensificar nos próximos meses. No entanto, com a escassez de lácteos e a grande procura por esses produtos, agentes do setor acreditam que mesmo com a entrada da safra da UE, os preços deverão permanecer firmes pelo menos durante o próximo trimestre do ano.

Um indício para essa tendência é o corte dos subsídios para o leite em pó integral e desnatado aos produtores da União Européia, feito no ano passado. Agentes do setor acreditam que o Governo daquele bloco só tomaria essa atitude se realmente os produtores europeus se beneficiassem do cenário internacional e se a tendência fosse de alta.

Quanto a um possível aumento dos patamares de preços, há dois pontos de vista. Por um lado, há quem acredite que os preços do leite em pó desnatado possam chegar a US$ 4.000 por tonelada, em virtude da elevada demanda. Por outro lado, há de se considerar que os maiores importadores de leite em pó são países menos desenvolvidos, o que limitaria os patamares de preços.

De qualquer forma, não há expectativa de queda de preços no mercado internacional, o que provavelmente segurará os preços no mercado brasileiro também, tendo em vista a restrita oferta externa e os altos preços de lácteos para importação.

De acordo com um relatório do USDA, a produção neste ano de leite fluido nos principais países produtores deverá se manter praticamente estável em relação a 2006. Por exemplo, na União Européia (principal bloco produtor e exportador de lácteos), a produção de leite em 2007 está projetada para aumentar apenas 0,07% frente a 2006 - 100 mil toneladas. Na Oceania, continente muito representativo nas exportações mundiais, a Nova Zelândia deve apresentar aumento de 1,3% (200 mil toneladas) e a Austrália, uma queda de 3,8% (redução de 395 mil toneladas) em relação ao ano passado.

No total, o USDA estima que a produção mundial de leite aumentará 2,09% em 2007, com um acréscimo de 8,914 milhões de toneladas. Por outro lado, o consumo mundial deve aumentar 3,1%, ou seja, uma demanda adicional de 5,282 milhões de toneladas, o maior acréscimo de um ano para outro desde 2002.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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LUIZ FERNANDO BRANCO

PASSO FUNDO - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/08/2007

Depois de termos passado por vários ciclo econômicos, como do madeira, do boi, do trigo, recentemente da soja, hoje o Estado inicia um novo ciclo que é do biocombustível e do leite.

O etanol vai dominar as atenções do mercado no setor primário no Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste brasileiro.

Para nós da região Sul, até podemos contemplar este novo tempo da agricultura, porém, jamais seremos competitivos por motivos essencialmente de clima.
Temos, porém, uma alternativa muito melhor que isso. Não iremos ingressar de cabeça no ciclo da bioenergia, porém ele vai nos facilitar a ganhar muito com a produção de lácteos, com a utilização de subprodutos da indústria do etanol e do biodiesel.

Regiões tradicionalmente produtoras de leite como Minas, Goiás, São Paulo, já estão priorizando a produção de cana. Por quê? Porque é muito mais fácil plantar, colher e vender cana do que criar terneira, produzir comida, fazer manejo reprodutivo, sanitário, ordenhar pelo menos duas vezes por dia e ainda enfrentar um mercado concentrador das agroindústrias.

Especialmente para nós, os gaúchos, é uma oportunidade muito boa que se vislumbra no setor primário. Temos clima que nos permite produzir alimentos durante todos o ano. É claro que alternado com forragens de inverno e de verão. Temos um bom padrão genético, e temos o que mais importa em qualquer atividade que é mão-de-obra qualificada, tanto no que diz respeito aos trabalhadores que estão diretamente ligados a produção de comida e ao processo de manejos dos animais, como na assistência técnica em quantidade e qualidade.

O mundo está vendo isso com bons olhos e grandes empresas já estão apostando na nossa capacidade de produzir em quantidade e qualidade.

A maior indústria de alimentos do mundo se instala em solo gaúcho. Não é por acaso, nem por bondade de Governos, nem por gostar de chimarrão.

Teremos imensa dificuldade de a curto prazo atender toda a demanda do mercado.

Nossas agroindústrias já estão trabalhando com uma ociosidade de 30% e agora com mais quatro novas plantas e ampliação das existentes certamente faltará leite.

Em outras oportunidades de expansão da atividade, quando faltavam animais, era só atravessar a fronteira do Uruguai e trazer quantas cabeças se quisesse do bom gado lá existente.

Hoje já foi trazido tudo que era possível. Resta pouca coisa. Temos que adotar algumas estratégias para poder atender a demanda, que passa por retardar o descarte, usar sêmen sexado, melhorar o manejo das terneiras e novilhas para encurtar o tempo do primeiro parto, diminuir o intervalo entre partos e aumentar a produtividade.

O mercado internacional está aquecido e desde meados do segundo semestre do ano passado os preços do leite em pó se elevaram a ponto de alcançar, hoje, recordes históricos.

O motivo disso foi a restrita oferta externa, causada pela queda de produção na União Européia e na Austrália, importantes exportadores mundiais.
Em função da oferta restrita de lácteos no mercado externo o valor do leite em pó desnatado para exportação na União Européia obteve um aumento de 60% referente ao valor obtido no mesmo período do ano passado. A média da Oceania foi de 53% acima da média obtida no mesmo período de 2006.

Essa mudança de preço é fruto da impossibilidade do aumento da oferta nos principais exportadores, seja por restrições climáticas, como é o caso da Austrália, seja por falta de áreas, como a Nova Zelândia, seja por redução do rebanho como é caso do Uruguai, seja por políticas restritivas, como é o caso da União Européia.

Engº.Agrº. Luiz Fernando Branco -Produtor rural de Capão Bonito do Sul -RS
AMAURY RESENDE MANCILHA

ARAÇATUBA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/04/2007

Pelo relatado acima, "Céu de Brigadeiro", para o sofrido produtor brasileiro.

Espero que os laticínios exportadores, saibam desbravar e consolidar novos mercados, e o mais importante, que dividam seus lucros com nossos produtores. Apenas desta maneira seremos um grande exportador de lácteos.

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