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Mercado em alta: até onde há espaço para novos aumentos?

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 13/03/2008

4 MIN DE LEITURA

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O mercado de leite passa por um momento atípico. De acordo com o Índice de Captação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o volume de leite captado em janeiro foi 22,5% superior ao do mesmo mês do ano passado. Além disso, ficou apenas 0,12% abaixo do volume de dezembro, período em que normalmente ocorre uma redução mais significativa:em 2007 houve uma queda de 2,9% no mesmo período, e em 2006 de 3,8%. Nos últimos 12 meses terminados em janeiro de 2008, de acordo com dados do Cepea, o volume de leite adquirido pelas indústrias foi 11,3% superior ao período anterior. E subindo: nos últimos 7 meses, a diferença alcançou nada menos do que 16,7%.

Mesmo com uma produção relativamente alta, os preços do leite se mantêm elevados. Em fevereiro, a média foi de R$ 0,6860/l, o que representa aumento de 37% em relação ao mesmo mês de 2007. Os valores dos últimos meses foram sustentados principalmente em função da maior demanda por parte das indústrias exportadoras de leite em pó.

Gráfico 1. Evolução dos preços pagos pelo leite ao produtor, em reais por litro, e o índice de captação de leite pelas indústrias (base 100 em junho de 2004).


Observa-se, pelo Gráfico 1, o índice de captação de leite e o patamar de preços pagos aos produtores nos últimos meses, visivelmente superiores aos de 2006 e 2005. Nesse cenário, a questão é se há espaço para novos aumentos nos valores pagos aos produtores. A resposta varia muito de acordo com a política de cada empresa e dos preços que elas vinham pagando, além da paridade do preço de exportação.

Há, no geral, uma expectativa de alta de preços para março. Porém, algumas empresas que pagaram preços relativamente altos durante o período de safra pretendem ainda manter estabilidade para março. Um exemplo disso é a rentabilidade relativamente baixa nos últimos meses dos segmentos de leite longa vida e queijos em função do maior custo da matéria-prima e queda no preço final do produto, conforme o MilkPoint publicou no último artigo de mercado (clique aqui para ler).

Em fevereiro já houve um aumento médio de cerca de 2 centavos por litro no preço do leite pago ao produtor, de acordo com o Cepea. Os estoques nas indústrias estão ficando menores em função de uma queda de produção em várias regiões, segundo agentes do setor, e há uma maior disputa entre as empresas pela matéria-prima. Apesar dessa queda de produção, normal para a época, a produção de 2008 certamente continua bem acima da de 2007, o que é indicativo, aliado a redução nos estoques, do consumo que segue elevado.

No segmento de leite longa vida (que normalmente impulsiona o mercado no campo), de acordo com agentes de mercado, o varejo tem aceitado um aumento de preços nas últimas semanas e a expectativa é que haja nova alta do produto.

Gráfico 2. Evolução dos preços do leite longa vida no varejo do Paraná, em reais por litro, e a representação do custo da matéria-prima (média nacional) no valor final do produto.


No mercado spot (comercialização entre as empresas), há uma sinalização de alta de preços. Em Goiás, os valores ficaram na faixa de R$ 0,80/l a R$ 0,82/l (com ICMS) - em meados de fevereiro, os preços oscilavam entre R$ 0,72/l e R$ 0,73/l.

Os custos, principalmente com ração animal, também permanecem elevados. O farelo de soja cotado pela Seab/PR em fevereiro ficou em R$ 713,92/t, o que representou aumento de 31,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os preços do milho recuaram um pouco em fevereiro em função da colheita, mas no final do mês apresentaram sinais de recuperação. A média cotada no mês passado foi de R$ 23,98/sc de 60kg, o que significou uma alta de 29,2% sobre fevereiro de 2007.

Isso tende a sustentar os preços do leite em patamares mais elevados que o dos últimos anos. Caso contrário, há o risco de haver uma queda de produção em virtude da inviabilidade econômica.

Nesse cenário, há dois pontos que devem ser destacados: o baixo valor do dólar frente ao real e o quanto isso pode influenciar nas exportações e importações de lácteos; e as cotações internacionais dos lácteos, que já não apresentam o mesmo vigor de antes. A moeda nacional mais valorizada frente ao dólar encarece o produto brasileiro, o que provoca uma perda de competitividade com produtos estrangeiros, além de atrair a importação, criando um teto natural de preços internos.


De acordo com dados do Banco Central, na primeira quinzena de março o dólar foi cotado a R$ 1,68 em média, enquanto no mesmo mês de 2007, o valor era de R$ 2,09. Em dólar, o preço médio do leite no campo em fevereiro ficou em US$ 0,3965/l, 66,4% superior ao de fevereiro do ano passado. No mesmo mês, nos Estados Unidos, o valor médio foi de US$ 0,3754/kg.

Gráfico 3. Evolução dos preços do leite no Brasil e nos Estados Unidos, em dólares por litro.


Por outro lado, a economia brasileira vem crescendo acima do esperado, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), impulsionada pelo consumo das famílias, e acredita-se que essa tendência se mantenha em 2008, o que deve favorecer um aumento da demanda de lácteos.

Tudo somado, a avaliação do momento é que há espaço para elevações dos preços no atacado, desafogando os segmentos de queijos e longa vida. Parte dessa elevação retornará ao produtor; porém, se os preços internos ficarem muito acima dos preços no mercado internacional, há o risco de aumento das importações. Tanto o câmbio quanto os preços externos estão em pior situação quando comparados a 2007. Nesse sentido, as tarifas anti-dumping são importantes para evitar entrada maciça de produtos lácteos, em especial dos Estados Unidos e União Européia.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 08/04/2008

Através da análise do Gráfico 2, fica fácil perceber o aumento da margem bruta, por parte da indústria, nos meses de agosto/setembro. Na minha opinião isto comprova a grande capacidade da mesma no armazenamento de nosso produto, visando o "achatamento" dos preços pagos aos produtores.

Uma falta de lealdade, tanto para o fornecedor quanto para o consumidor. Além deste fato, a falta de impunidade em relação à fraudes ocorridas, nos transformam em alvo fácil neste mercado injusto, uma vez que um litro de leite acaba se transformando em dezenas de litros.

A única alternativa para nós produtores é a organização das entidades de classe, além de um controle rigoroso sobre nossos custos (Analisando o gráfico 1, fica difícil imaginar custos acima de R$ 0,45 a R$ 0,50/litro para a viabilidade da atividade). O mercado mudou mas todo o cuidado ainda é pouco. O produtor organizado - tanto interna como externamente - é sempre o que menos sofre com estas oscilações de preço.
JOSE ENOCK CASTROVIEJO VILELA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/04/2008

São extremamente importantes os comentários dos colegas produtores, tão mal remunerados que fomos nos últimos anos. Parece que vamos ficar ricos nas atuais circunstâncias, vejamos: analisemos o aumento de 32% do farelo de soja, de 30% na saca de milho, e o fosfato parece que todo mundo esqueceu, além do aumento dos medicamentos, as dificuldades e o alto custo da mão de obra; além dos crescentes aumentos na aquisição e manutenção dos equipamentos

Portanto, hoje estamos apenas sendo remunerado e empatando em nossa atividade, pois, se analizarmos o capital investido, ainda estamos no vermelho, sem contar com as noites de sono perdidadas, ou seja, o grande sacrificio de nossa atividade, porém extremamente gratificante, eu sempre digo, o dia que na minha propriedade deixar de ser produtora de leite, deixo de ser produtor rural, me sinto orgulhoso.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/04/2008

A análise do companheiro Renato Calixto é muito importante, porque, vimos, ao longo de todas as outras mensagens que a sucederam, uma apologia ao corte nos custos de produção. Não que não se deva, cada vez mais, enxugá-los.

Mas só isto não é o bastante. Quem já trabalha, como eu, nos limites mínimos de despesas, não tem mais onde estirpar, sob pena de perder produção, o que, em dias de tanta procura, é um verdadeiro desastre. Está na hora de produtores, com mais de quinhentos litros de leite/dia, começarem a exigir dos compradores contratos de preço mínimo para o seu leite, evitando, com isto, as oscilações do mercado, já que, como sabido, o governo não adotará medidas de regulação de preço.

Isto porque estes produtores têm poder de negociação com os Laticínios, que, atualmente, estão a aceitar qualquer volume, para cumprirem suas metas de fábrica e, portanto, não podem dar-se ao luxo de perder volumes expressivos.

Por outro lado, quem tem maior poderio financeiro, como, aliás, acontece em todos os campos do comércio, inevitavelmente poderá adquirir maiores volumes de leite, já que poderá fazê-lo a melhor preço. Infelizmente, os que não reúnem saúde financeira suficiente, irão sucumbir. É a lei do mercado.

Só que, neste caso e pela primeira vez, nós, os produtores, estamos podendo receber um pouco melhor por nosso produto. Tomara que o preço do leite chegue mesmo a R$ 1,00 (um real) o litro porque, ainda assim, será muito seguro produzí-lo com lucro e melhor produtividade.


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/03/2008

Sou um pequeno produtor em Cidade Oriental, GO, e moro em Brasília. Entrego meu leite na COPAS, Coopertativa Agropecuária de São Sebastião, DF. Desde o ano passado perdemos os 5 principais produtorees de de nossa cooperativa, todos com produção acima de 400 l/dia, estamos passando por um momrnto muito difícil, pois temos contrato com o governo do Distrito Federal, e tudo indica que faltará leite no Brasil em 2008, sendo que os preços devem chegar a patamares nunca vistos, uma vez que os grandes laticínios possuem contrato para exportaçãoe acredito que eles virão ao mercado buscar este produto a qualquer custo, pagando um preço irreal ao mercado interno, mas viável ao mercado externo. Existem boatos que em Julho de 2008 o preço chegará a R$ 1,00 para o produtor.

Temos enfrentado problemas com o preço das rações, que tem subido de forma absurda, pois a fábricas, além de pagarem preços maiores nos insumos, não estão encontrando matéria-prima. Em nossa cooperativa estamos trabalhando com tanques comunitários, e percebemos que houve uma queda acentuada na nprodução. Em nossa pesquisa descobrimos que os pequenos produtores diminuiram a quantidade de ração dada para o gado.

O nosso laticínio está preocupado, pois se os grandes laticínios vierem precisar comprar nosso leite, irão buscar os pequenos produtores, e devidos a exportação esses laticínios estão capitalizados, o que faz que não consigamos fazer frente aos preços praticados pelos mesmos.
KRISHNAMURTI SIMON EVARISTO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2008

A análise de mercado e projeção do preço que será pago ao produtor é interessante e serve como subsidio para a elaboração do planejamento semestral da atividade leiteira. Mas, nunca foi tão importante o produtor ser um bom gestor do custo de produção, pois temos que ter lucratividade satisfatória.
Além disto, ter um bom planejamento dos gastos é fundamental. Sabe-se quanto vai valer um litro de leite a médio prazo, então nada justifica os gastos ultrapassarem o faturamento bruto. Itens como ração concentrada há um limite mensal no orçamento (planejamento) para aquisição, que irá determinar a disponibilidade de ração para o rebanho, de forma economicamente viável.
MARCELO ORMELAS VALADARES

UNAÍ - MINAS GERAIS

EM 20/03/2008

Agora o produtor de leite tem alguns motivos para comemorar, pois além de uma aumento significativo no preço do leite, tem a expectativa de mellhora. No entanto deve-se ficar atento ao seu custo para produção do leite que deve ser minimizado na medida do possível para a maximização do lucro.

Marcelo Ornelas Valadares
MARIA LUZINEUZA ALVES GOMES DA MAIA

MARABÁ - PARÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 17/03/2008

Prezados,

Marcelo e Aline, parabéns pelo artigo, essa análise nos faz dispertar para trabalhar fixamente com nossos produtores produtos voltados para gestão da propriedade envolvendo redução do custo de produção, para que possam atingir lucros satisfatórios na sua atividade leiteira.
MIGUEL ÂNGELO L. M. DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/03/2008

Gostaria de parabenizar os autores desta oportuna análise, o que nos deixa, produtores de leite mais por dentro da realidade do mercado nacional e internacional, e nos dá subsídios para podermos planejar corretamente nossa atividade.
DIVINO RODRIGUES DE A. JUNIOR

GOIÂNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 16/03/2008

Diante dessa alta de preços e dessa inconstância de manter o mercado interno ou exportar, o produtor encontra, ao meu ver, como uma de poucas opções tentar ao máximo diminuir o custo de produção, visando maior lucratividade com os preços pagos.
ARTUR EDUARDO VILELA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/03/2008

Observo dois pontos importantes nesta reportagem:

1-A tendência á estabilidade dos preços pagos ao produtor nos últimos meses;

2 -Acompanhamento dos preços pagos no mercado Norte americano.

Isso nos permite um melhor planejamento a médio prazo, coisa quase impossível nos últimos anos. Vamos torcer para que estas perspectivas sejam mantidas!

Artur Eduardo Vilela
FRED QUEIROZ

REDENÇÃO - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/03/2008

Sou produtor de leite na região de Redenção (PA), e acredito que temos aqui o leite mais barato do mercado, 0,40 na plataforma, e uma produção crescente que nos faz acreditar muito no futuro do leite no Pará. Gostaria que outras empresas do ramo de leite venham conhecer a nossa região, pois aqui tem espaço para outros laticínios se fixarem, agregando valor ao nosso produto, o leite.

Desde já obrigado.
AGENOR TEIXEIRA DE CARVALHO

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/03/2008

Marcelo e Aline.

Parabéns! Como sempre "falando pouco e acertado".
Este é o verdadeiro "Panorama de Mercado", pois relata exatamente a situação no momento. Leite com estabilidade ou tendência de pequena alta, puxada pelo consumidor interno que teve melhora do poder aquisitivo. Exportação ainda é muito pequena para regular preços. Temos um enorme mercado interno para ser explorado.

Hoje, acho melhor estabilidade, pois alta de preço com dólar despencando abre espaço para importação e especuladores (tiradores de leite) que só aparecem nas horas erradas. Fico até com medo de super produção, pois campo para isto nós temos de sobra. Temos é que produzir mais ou menos na medida do consumo, como funciona qualquer economia, pois se começar a sobrar leite...

O gráfico mostra muito bem o significativo aumento da produção, impulsionado pela média de preços nos últimos doze meses. Já dá para ter saudade do "governo" regulando preços. "Vamos devagar com o andor,pois o santo é de barro".

RODRIGO SIMÕES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 15/03/2008

Gostaria de saber se realmente o mercado tem forças para aguentar esses repasses de preço no produto final, na minha opinião o consumidor em geral não tem essa força toda em seu poder aqusitivo, e nós fabricantes ficamos no meio do tiroteio. De um lado o produtor que não quer e realmente não pode ser sacrificado, e do outro o comprador que não quer aceitar a alta nos preços, sempre alegando que o mercado não esta comprador e etc. Então gostaria de saber a opinião de vocês, até quando isso vai durar em nosso país?

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