ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Entressafra inicia com estabilidade ou pequena alta, em função de elevados estoques

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 15/02/2008

4 MIN DE LEITURA

10
0
O mercado de leite, de um modo geral, vem se mantendo estável ou com pequena alta de preços em fevereiro, mesmo com uma redução da produção já refletida na mudança de comportamento de alguns laticínios, que se mostram mais receptivos a novos produtores. Um dos fatores responsáveis por esse comportamento foi a chegada atrasada das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, fazendo com que em algumas regiões a redução da oferta de leite (como normalmente começa a acontecer em fevereiro) não ocorresse de forma significativa.

Além disso, as indústrias, em geral, ainda estão com um nível de estoque elevado o que fez com que essa menor produção não se refletisse em menor disponibilidade de leite e, consequentemente, melhoria de preços.

Outro fator que está influenciando o comportamento dos preços no campo é o mercado de leite longa vida, cujo consumo segue mais retraído em virtude do período de férias escolares.

Algumas indústrias de Minas Gerais pretendem manter os preços pagos aos produtores até março, segundo agentes de mercado, podendo haver alguma reação de preços a partir de abril. Porém, o comportamento dos preços ainda dependerá da política de cada empresa compradora e dos preços que elas vinham pagando. No geral, a expectativa é de estabilidade ou pequena alta de preços para fevereiro e março, e uma elevação mais significativa a partir de abril. No entanto, as condições climáticas também deverão ditar as tendências nesse período.

No mercado de leite spot (comercialização entre as indústrias) de Goiás, os preços estão estáveis, entre R$ 0,72/l e R$ 0,73/l (com ICMS). Em Minas Gerais, houve uma pequena reação, ficando entre R$ 0,70/l e R$ 0,75/l, dependendo da empresa. Em Santa Catarina, o preço está entre R$ 0,71/l e R$ 0,75/l (com ICMS).

O mercado de leite em pó segue firme, em função da maior demanda por empresas exportadoras e do aumento da demanda interna, impulsionada desde o episódio de fraude envolvendo o leite longa vida em outubro. Os preços do produto estão sendo reajustados em função da Páscoa, em cujo período há uma maior demanda pelo produto, e pelo início da entressafra de leite.

Empresas exportadoras de leite em pó que se beneficiam dos preços externos em alta (que inclusive se recuperaram do período de quedas consecutivas iniciado em outubro) acabam remunerando melhor o produtor pela matéria-prima, o que tem afetado a concorrência para as indústrias voltadas ao mercado interno e de outros segmentos. Segundo agentes do setor, hoje o leite em pó integral é vendido no atacado por volta de R$ 9,50/kg (embalagem de 25kg).

As indústrias de leite longa vida são as que possuem maior estoque no momento, segundo agentes do setor, em função dos preços relativamente baixos, tendo em vista o maior preço da matéria-prima, e do consumo mais retraído, em virtude do período de férias: algumas empresas acabam também retendo a mercadoria na expectativa de um aumento de preços. O longa vida deu sinais de reação, mas o mercado não absorveu ainda. Há quem acredite que este pode ser um fator que atrase o aumento de preços aos produtores.

No varejo, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), o preço médio cotado em janeiro foi de R$ 1,43/l, o que representou uma redução de 6% frente a dezembro. O valor representa um acréscimo de de 13,5% frente a janeiro de 2007, porém, o preço médio da matéria-prima esteve cerca de 36% superior na mesma comparação.

O segmento de queijos, segundo agentes do setor, também segue com margem mais apertada. Isso porque o custo da matéria-prima está relativamente alto, puxado pelas indústrias de leite em pó, e porque até o momento não houve espaço para alta de preços, apesar da procura razoável pelo produto.

De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, os preços do queijo mussarela no atacado tiveram uma queda de 28,6% entre agosto e dezembro do ano passado.

Fazendo uma estimativa da rentabilidade relativa das indústrias de queijos, leite em pó e longa vida, por meio da diferença entre o preço do atacado e o custo da matéria-prima em 2007 (e supondo estáveis os demais custos no período), observa-se uma significativa redução, dada pela queda dos preços no atacado, principalmente no segundo semestre do ano passado, aliada aos preços relativamente elevados do leite.

Gráfico 1. Evolução da rentabilidade relativa para queijo mussarela, leite em pó integral e leite longa vida, de janeiro de 2007 a janeiro de 2008.


De acordo com o gráfico, o melhor momento para os três segmentos foi entre junho e agosto, quando a rentabilidade foi maior. Em julho, o índice foi 142% superior a janeiro no caso do queijo mussarela, 103% no caso do leite em pó integral e 68% no caso do leite longa vida. Em dezembro, os segmentos de queijos e leite longa vida registraram índice inferior ao do início do ano passado e apenas o de leite em pó, apesar da queda, permaneceu relativamente alto no final de 2007.

Contudo, com a entressafra, a expectativa é que os preços do leite tenham um aumento, o que pode refletir nos preços dos derivados. Com uma margem apertada, é possível também que as indústrias repassem os maiores custos para os consumidores nos próximos meses, quando o consumo tende a aumentar, em função do retorno das férias escolares.

Os custos mais altos de produção de leite, os preços externos em alta e o aumento da demanda por lácteos também tendem a segurar os valores do produto no mercado interno. Isso pode contribuir para aumentar o custo das indústrias, mas também elevar os preços do produto final. O mercado ainda dependerá do comportamento das vendas.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

10

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

MARCO AURELIO WEYNE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/03/2008

Parabéns Moacir Bogado pelo comentário. Acertou na mosca!
LUCAS ANTONIO DO AMARAL SPADANO

GOUVÊA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/03/2008

Marcelo e Aline,

Parabéns mais uma vez. Sou vice-presidente de uma associação de produtores rurais de Gouveia, próxima a Diamantina. Lendo as cartas acima, dou razão a todos os que escreveram, realmente, a culpa é nossa, mesmo associados, morremos de medo do comprador de leite, recebemos atrasado e todos se calam; o erro é nosso (produtores). Já ouvi associado me dizer: "não discuta com o dono, poderá prejudicar a todos", ora, discutir é uma coisa e negociar é outra, acontece que o medo não deixa nem ao menos se negociar, afinal aquele dinheirinho do leite é que sustenta a família.

Algum dia, como disse o João Augusto, as asociações das associações que deverão negociar com os compradores, enquanto não acontece, o Moacyr Bogado tem razão, temos que parar de sonhar com a bezerra linda e partir para o mercado, esperar o governo é pedir esmola, agora a pergunta é simples, sem união, como? Já pensaram em três dias sem entrega de leite pelos pequenos produtores, faríamos queijo e coalhada à vontade e o que os nossos compradores fariam? Temos que tirar o cabresto que nos atrasa e nos tolhe.

Um abraço
Lucas Spadano
Consultor, produtor de leite.
MOACYR FIORILLO BOGADO

NITERÓI - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/03/2008

Se há uma coisa que nos une é angústia pela justa remuneração do leite que produzimos.

Estou mais inclinado a concordar com o João Augusto M. Caldeira que com o Guilherme A. de Mello Franco no que esperar do governo. Se o governo conseguisse fazer a sua parte no tocante a inspeção e não atrapalhasse com absurdos do tipo: exigir que no rótulo do leite constasse que crianças só podem beber leite com receita médica (quem não acreditar que leia no rótulo do próximo pacote de leite que consumir) já estava muito bom.

Existe um vasto mercado a ser conquistado por nós produtores, mercado externo e interno também. Se o consumo de lácteos per capita interno atingir o patamar dos paí­ses desenvolvidos, teremos que aumentar nossa produção em 50%. E se um dia o chinesinho quiser pingar um leitinho no seu chá nem se fala.

Para isso acontecer, depende de muito profissionalismo e competência comercial nossa, e não esperar que o governo venha fazer por nós. Será que nos tornamos grandes exportadores de suco de laranja, frango, carne bovina graças ao governo?

Quando se diz que o produtor é o elo mais fraco da cadeia, não se pode fechar os olhos à  burrice comum que nos (produtores de leite) assola, que é a cegueira tí­pica dos apaixonados. Se o industrial de leite descobrir que envasar água dá mais lucro que mexer com leite, transforma o laticí­nio em água mineral, o mesmo faria o varejista. Já o produtor, ainda que convencido que produzir leite é um péssimo negócio, vai continuar produzindo porque sonha em ver mojando aquela bezerra linda que nasceu ontem. Assim não há lei de procura e oferta que consiga equilibrar esse mercado.

Saudações laticinistas!

Moacyr Bogado.
Veterinário, produtor de leite.
Um abraço.
JOÃO AUGUSTO MACHADO CALDEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/03/2008

Marcelo e Aline,

Parabéns pela contribuição a um assunto que faz parte das expectativas de todos nos produtores. Uma coisa já mudou de 2007 para 2008: a preocupação com o cenario de 2008: isto é um progresso.

O governo sim, tem que fazer a sua parte. Por outro lado, temos importantes iniciativas dos líderes do agronegócio como a Serlac e Itambé, entre outras
que têm sido pioneiras na abertura das exportações de lácteos.

A partir da decada de 70, assistimos vários segmentos de nosso agronegócio fazer um belo "para casa" e hoje têm uma posição no mercado internacional de encher qualquer um de nós de um imenso orgulho. O último número da "Veja" cita o suco de laranja, o café, a carne de frango, a soja o fumo e a carne bovina. Os economistas dizem que quando o cliente é forte e o fornecedor é fraco é o cliente quem faz o preço; este é o nosso caso.

Sou produtor há 9 anos. Nesta época, Associação de produtores era um sonho. Hoje, constata-se a existência de um grande número de associações espalhadas pelo país. Já foi um passo. Os benefícios já podem ser notados pelos participantes.

Nos países mais desenvolvidos nesta área já há inumeras Associações de Associações de produtores. Elas é que negociam com as Associações de Laticínios.
Não será este o nosso futuro?

A concretização disto depende de nós! Já há exemplos deste tipo de organização aqui.

Não será este o nosso caminho, vamos dar os primeiros passos!

João Augusto M. Caldeira
MARCO ANTÔNIO DA COSTA

PARAGUAÇU - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/03/2008

A respeito do preço do leite pago a pequenos agricultores na região de Alfenas alguns lacticínios estão pagango o valor de: R$0,50 centavos de real por litro bruto. Descontando o carreto sai por R$0,45 centavos de real.
MARCOS TADEU COSMO

SALES - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/03/2008

Antes de assinar embaixo das palavras do colega Gilherme A. de Mello Franco, gostaria de agradecer aos amigos do MilkPoint pelas oportunidades criadas para discutir ou somente ler assuntos que de uma forma ou outra estão colados nos produtores de leite.

Na cadeia da produção de leite, existem inúmeras possibilidades para se aprimorar, seja na genética, equipamentos, alimentação, manejo etc. Porém, quando você termina de ordenhar seus animais, aí começa um problema para o qual a solução ainda não foi encontrada, que é simplesmente a venda do produto pelo qual você lutou, estudou, trabalhou, investiu e teima em continuar.

Nós somos apaixonados pelo que fazemos, mas temos um grave defeito para o mercado: somos um bando fragmentado e sem nenhum tipo de suporte político agregador, ou seja, um prato cheio para quem vai comprar o leite, e ainda temos de dar graças a Deus quando recebemos em ida o pagamento.

Não vejo no horizonte qualquer passo, seja dos produtores ou dos governos no sentido de organizar de forma efetiva o setor leiteiro.

Sonho com o dia em que possamos ter uma OPEP dos produtores, que nos permita usar as mesmas armas que hoje é usada contra nós.

Um abraço a todos.

Marcos Tadeu Cosmo
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/03/2008

Prezados Marcelo e Aline,

Mais uma vez, brilhantes e necessários em seus comentos. Infelizmente, num país de dimensões absurdas como o nosso, as diversidades regionais não nos permitem uma precisão nos dados. Mas, em um aspecto, é inegável a certeza das informações: o mercado continuará a explorar o produtor em favor do lucro. E isto é de fácil explicação: nosso produto é valorado não pelo detentor da matéria prima (produtor) mas pelo comprador (laticínio) que a ele atribui o "quantum" que quiser.

O exemplo maior disto é a média estadual de preços para Minas Gerais, sempre divulgada por vocês e que nunca chega à nossa região (Zona da Mata/Sul), apesar de termos os mesmos gastos com a produção. O maior preço praticado foi R$ 0,60 (sessenta centavos) por litro para o leite produzido em Janeiro e quitado em Fevereiro. A média estadual beira aos R$ 0,70 (setenta centavos). Parece pouca a diferença, mas num universo de 3000 litros/mês (média de produção individual), a perda é de R$ 300,00 (trezentos reais), ou seja, 16,66 %.

Todavia, compramos nas cidades nosso leite à média de R$ 1,60 (um real e sessenta centavos) o litro, mais do dobro do que recebemos na fazenda. Enquanto não tivermos, pelo menos, uma política de preço mínimo para o leite, todo mês será de penúria e de lamentação (pelo menos, para nós, os produtores).

Parabéns e obrigado pelo lapidar artigo.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/02/2008

Olá Marcelo e Aline,

A entressafra na região Sul está aí, mas nas demais regiões do Brasil isto pode demorar um pouco mais devido às chuvas. Os metereologistas já prevêem uma estação de frio antecipado, resta-nos esperar para ver onde e como se desenrola a entressafra nas demais regiões, acredito em um ano bom.

Mas chegou aos ouvidos dos produtores uma notícia. Os russos vêm aí, querendo leite. Segue aqui minha pergunta: o governo está preparado para responder, exigir e negociar com a comissão russa?

Os Ministros e seus auxiliares estão preparados para responder e qualificar nossa produção? Ou relatarão os acontecimentos do ano passado com normal e permitido?

O Ministério de Agricultura e Pecuária está preparado para fiscalizar todas as indústrias e laticínios para um aumento brusco nas exportações de lácteos?

Os exemplos de incompetência estão aí, o setor de suínos do Parana sofreu 2 anos por declarações do então secretario e seu acessor, agora a pecuária de corte com declarações infelizes, onde nós vamos parar?

Desculpem, Marcelo, Aline e leitores do MilkPoint, mas um desabavo é necessário, é extremamente preocupante.
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/02/2008

Concordo plenamente com o comentário do mineiro Agenor Teixeira de Carvalho.

Paulo Fernando. APLISI.
AGENOR TEIXEIRA DE CARVALHO

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2008

Olá, Marcelo e Aline,

De acordo com a matéria, fica provado que as indústrias que fabricam leite em pó foram as que melhor rumuneraram os produtores, e conseguiram passar a safra sem grandes baixas.

Na minha região (Araxá MG), os preços tiveram pequena baixa, isto porque temos aqui duas grandes exportadoras. Agora eu pergunto: por que o Governo não incentiva a expansão das nossas indústrias, trazendo divisas e gerando mais emprego? Será que nossos governantes são "cegos ou incompetentes"? Ou será que eles precisam do "leitinho" barato de cada dia para manter suas políticas sociais eleitoreiras?

O mundo pede leite, e espera por "ele". E eu continuo acreditando que um dia teremos uma política agrícola séria e competente para administrar esse sobe e desce dos nossos produtos.

Acredito que se tivéssemos mais estabilidade, produziríamos muito mais, e talvez pudéssemos até trabalhar com preços menores. Um dia chegaremos lá!

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures