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Entressafra à moda antiga no mercado de leite |
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO
Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.
ANDRÉ UIS RAMOS SANCHES
Economista (UFV), Mestre em Economia Aplicada (ESALQ/USP), Analista de Mercado do MilkPoint
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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCOJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 22/04/2013
Prezado Xico Nascimento Prado: Hoje, em visita ao supermercado, deparei-me com uma média assustadora de UHT a R$ 2,60 (dois reais e sessenta centavos). Como podemos, nós, os produtores, receber, pelo leite integral (este, o verdadeiro) que produzimos, menos de R$ 1,00 o litro?
Acho que o consumidor vai querer levar só meio litro (rsrsrs). Vai ter condomínio para compra de leite (juntar dois ou três amigos e comprar partes de um litro para cada um) - rsrsrs. "Seria cômico se não fosse trágico", como alguém já disse antes, com muita propriedade. Um abraço, GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG =HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE= |
SAULO ANTONIO MELO SIQUEIRACÁSSIA - MINAS GERAIS EM 22/04/2013
Sem dúvida alguma os comentários são coerentes. Mas preço alto no mercado internacional têm alto significado para a indústria e os produtores nacionais. Estes preços altos inibem a indústria de fazer estoque com leite importado e, quer queiram ou não, isto beneficia sim os produtores brasileiros, pois a indústria perde em muito sua capacidade de manobrar os preços internos do leite pagos aos produtores, independentemente de qualquer diminuição do consumo interno ou internacional, pois é possível revogar muitas leis, mas a da oferta e da procura é bem mais difícil.
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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCOJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 22/04/2013
Prezados Marcelo Pereira de Carvalho e André Luís Ramos Sanches: Parabéns pela análise. Somente teço algumas ilações: 1) O que ocorreu, inicialmente, foi que algumas plantas industriais, atormentadas com a constante necessidade de ampliação de suas produções, em face de um mercado consumidor emergente e perene, aumentaram suas capacidades de processamento e, assim, passaram a depender mais de grandes volumes de leite, para que não tivessem que manter ociosos alguns setores, em evidente prejuízo. Destarte, passaram a ter que pagar mais pelo produto para poderem cumprir seus compromissos comerciais (algumas, que não detiveram esta capacidade, acabaram sendo comercializadas para as grandes, ou, simplesmente, fecharam suas portas) e a saída foi a elevação do preço pago ao produtor. 2) Em paralelo a este fenômeno, a crise da soja e do milho, causada pela baixa produtividade americana e que desencadeou uma enorme corrida à exportação, deixando desassistidos a nós, os produtores nacionais de leite, que dependíamos destes produtos para manter a produtividade de nossos animais, ante o marasmo do Governo, que nada fez para nos proteger, fomentou uma queda inusitada na produção, pois tivemos que destinar menor volume destes aparatos alimentares corriqueiros aos animais, que nos responderam, por óbvio, com menores índices de produtividade (vale a máxima: "a vaca produz o que entra em sua boca"). 3) Com os anúncios de supersafra, tanto nos Estados Unidos da América quanto no Brasil, que contrariaram as expectativas de preço internacional, a soja e o milho não baixaram de preço, apenas voltaram a seu patamar normal. Portanto, não existe queda no valor destes, mas, sim, mera adequação aos quadrantes da normalidade, que estavam túrgidos ante a especulação multinacional de preços. Em contrapartida, a produção de leite não ficou mais barata, apenas, dentro do que se pode esperar em tempos regulares de safra. As margens de lucro, que estavam quase nulas, voltaram, apenas, a ser pequenas.
4) Finalmente, o preço do leite encontra-se defasado (os recentes ajustes não equilibraram o mercado, que ainda se encontra muito aquém do necessário), por anos de exploração do produtor pela indústria e pela constante ação politiqueira de aumentar o salário mínimo a patamares irreais e insustentáveis, acima de qualquer força produtiva realizável, e que, se mantida, irá causar enorme desemprego no campo. O voto passou a ser mais valioso que o próprio cidadão. Apenas uma pequena conjectura, um empregado rural, hoje, recebe, em média 1,5 salário mínimo por mês (não se encontra mão de obra rural mais barata), o que representa o custo base de 1271 litros de leite (considerado o preço médio de R$ 0,80 por litro), inatingível para muitos, de sorte que arregimenta mais de um terço da produção mensal média brasileira, que beira aos três mil litros mês. CONTINUAMOS NA MESMA Um abraço, GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG =HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE= |
OLIVINO DOS SANTOS FILHOITAPETININGA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM 22/04/2013
boa tarde , a todos com a experiencia de longos anos trabalhando com o leite , acho que o preço tinha que subir , mas temos empresas que estão pagando um preço fora do mercado até 1,15 será que vão conseguir pagar como já aconteceu com outras empresas ?
temos que ter cuidado pois o consumidor já começou a reclamar do preço dos produtos lacteos . não acredito que possa sustentar por muito tempo este preço . tomara que eu esteja enganado mas ....... |
ZEIDE SABBOTUCATU - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 22/04/2013
Os argumentos são válidos, porem não refletem toda a realidade. Em 1994 vendíamos um litro de leite a indústria por R$ 0,37 (trinta e sete centavos de reai), o salário mínimo era R$ 70,00 (setenta reais), um saco de milho R$ 5,00 (cinco reais), um saco de farelo de soja R$ 8,00 (oito reais), um caminhão de cevada (resíduo de cervejaria) com oito toneladas custava 700 litros de leite, , portanto não é justo que o produtor de leite pague a conta política do produto, pois toda vez que o produto sobe o vilão é sempre o produtor, ao passo que a industria sempre fica com seu lucro, pois dita o preço, o varejo da mesma forma é o que menos faz e mais ganha,. Este quadro tem que mudar e acredito que chegou a hora, pois não tem de onde importar leite, e mesmo que o governo tire os impostos de importação, como é comum, o produto ainda chegará a um preço mais alto ao consumidor.
Gostaria de salientar, ainda, que os dados sobre produção e produtividade não condizem com a realidade brasileira, tendo em vista que a grande maioria dos produtores não consegue a média de 20 kg/ dia em seu rebanho e não podemos basear ganhos em 100 grandes produtores, pois não são a locomotiva do leite no Brasil, nossa produção é de pequenos produtores com médias bem menores, que vivem exclusivamente de sua produção. |
JOSÉ LEMES BALTAZARFORMIGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 21/04/2013
Pessoal, esse novo equilibrio que se encontrará lá na frente, as vezes não é bom.
Não é bom quando a nossa margen fica baixa, pois diminuimos a produção, e não é bom quando o preço ao consumidor aumenta, porque ele para de comprar. Marcelo e André, Existe alguma forma de se "encontrar" o verdadeiro equilibrio entre a produção, a industrialização e o consumo? Da forma que vivemos nessa gangorra, não é fácil. |
LUCIANO MACHADO DE SOUZA LIMAJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 21/04/2013
parabens pelas informações. estes dados mostram o caminho a ser percorrido por nos produtores, que precisamos estar atento as mudanças do mercado e dispostos a aplicar novas tecnologias de produção e manejo, para nao fechar nossas empresas.
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XICO NASCIMENTO PRADOMOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM 20/04/2013
Marcelo e André Luis, simplesmente brilhantes na análise da situação, e no fechamento da matéria.
A lógica econômica sempre prevalece. Prevaleceu até no tomate, imaginem no leite, que já ganhou os noticiários, revistas e telejornais. Infelizmente o consumidor, não tem essa visão do lado do produtor, de menor rentabilidade em 2012, seca na NZ, etc e tal.. Ele vai somente ver que em 2012 pagava seus R$ 1,70 a R$ 1,90 no litro de UHT e hoje vai pagar R$ 2,00 a R$ 2,30. Aí, em vez de levar 1 caixa fechada de 12 unidades de 1 L, vai levar somente 1 caixinha de 1 L na esperança ou expectativa de queda do leite. Ou vai tentar trocar o UHT pelo leite em pó, mas a latinha de 400 gr também saiu dos seus R$ 6,00 a R$ 8,00 para R$ 9,00 a R$ 11,00. Ou seja, compra menos quantidade ou para de beber leite. O produtor de leite não diminui a quantidade de Farelo de Soja e Milho, quando eles ficaram caros? Essa será a lógica do consumidor de UHT e Leite em Pó. Como vocês sabiamente disseram, agora é hora do produtor se preparar para "A VOLTA DO MERCADO", buscar eficiência, para sempre poder aproveitar os bons mercados. E a industria pensar a longo prazo e trabalhar sua rede de fornecedores de leite com coerência, com assistência técnica e não com ilusão de preços altos momentaneos (2 meses), que é o que 99% delas estão fazendo. Fica a dica. Tudo que sobe, desce. |
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