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Boas perspectivas de preços, mas custos de alimentação serão mais altos

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 22/01/2007

5 MIN DE LEITURA

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O ano de 2007 começa com expectativas bastante positivas para o produtor de leite, resultantes das seguintes constatações:

- em dezembro, os preços médios, de acordo com o Cepea, foram 7 centavos maiores do que no mesmo mês do ano anterior;
- em janeiro, espera-se pouca alteração desse quadro, caracterizando uma safra bastante curta, se é que se pode chamar de safra;
- os preços externos seguem em alta, sem perspectivas de redução nos próximos meses
- nada indica substancial aumento da oferta interna de leite;
- os preços do leite em pó e queijos vem reagindo aos poucos; longa vida ainda não, mas a tendência é de aumento para o próximo mês;
- esses fatores deverão ser responsáveis por uma elevação de preços médios em comparação a 2006 (em valores nominais).

Esse quadro de preços mais altos sugere aumento da rentabilidade. Porém, antes de contar com os ovos na cesta, convém analisar os preços dos insumos de alimentação, uma vez que a escalada dos preços de algumas commodities tem sido um fato novo - e preocupante - no cenário.

O milho é que apresenta a situação mais complicada. Segundo dados da Seab/PR (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do estado do Paraná), o valor no atacado em dezembro do ano passado foi 34,5% superior ao preço de janeiro do mesmo ano. No atacado de São Paulo, segundo dados da Conab, a variação foi de 35,1%. A média cotada no segundo semestre do ano foi cerca de 21,5% superior à do primeiro semestre em São Paulo (Conab) e 14,4% no Paraná (Seab).

No caso da soja, o aumento tem sido menos expressivo, se analisarmos os dados da Seab/PR. De acordo com eles, a média do segundo semestre no atacado foi apenas 1,5% superior à média obtida no primeiro semestre do ano passado.

Com os preços em alta, já se observam previsões de aumento de área plantada das duas culturas devido ao maior entusiasmo com o setor para 2007. No entanto, um estudo do Cepea, comentado em notícia do jornal DCI, reforçou a tendência de alta de preços de produtos agropecuários mesmo com um aumento da safra no Brasil. O trabalho aborda o fato de que os mercados futuros desses grãos indicam tendência de alta para 2007.

Esses aumentos corroem a rentabilidade da produção animal, especialmente as mais intensivas no uso de ração. Para ilustrar, o gráfico abaixo traz a variação de preços do milho, farelo de soja e leite desde abril de 2005, classificado como índice 100. Observa-se a evolução dos preços de milho e soja a partir de setembro do ano passado. Em dezembro, o milho atingiu pela primeira vez os valores de abril de 2005 (sem contabilizar a inflação do período), enquanto a soja e o leite continuam abaixo desse patamar. Embora analisando o período em questão, a soja já esteja em uma situação de preço melhor do que o leite, em termos comparativos, o que representa uma margem de lucro menor para a atividade no período para os produtores que utilizaram os grãos para alimentar o rebanho.

Gráfico 1. Variação dos preços de leite, milho e farelo de soja.


Fontes:Cepea, Seab/PR
Elaboração: Equipe MilkPoint

Nesse cenário, o produtor de leite precisa trabalhar muito bem os custos de suplementação, seja utilizando subprodutos economicamente interessantes, seja arraçoando com maior precisão, seja trabalhando com forragens de elevada qualidade, que demandam uso menos intenso de concentrados, seja evitando o desperdício. Em épocas de preços elevados de alimentos, mais do que nunca é fundamental ser eficiente na suplementação.

Além da relação de preços do leite e outros insumos, é interessante analisar um outro índice, que ajuda a dimensionar de modo mais correto a atual situação. A figura 1 mostra a variação da Receita Menos o Custo da Ração, deflacionada pelo IGP-DI, considerando o período de 2000 a 2006. Definiu-se uma vaca produzindo 20 kg/dia, recebendo 7 kg de uma ração baseada em milho e farelo de soja, os principais insumos e que acabam puxando as demais cotações.

Figura 1. Variação da Receita Menos o Custo da Ração, deflacionada pelo IGP-DI, entre 2000 e 2006.


Fontes: Cepea, Seab/PR, FGV
Elaboração: Equipe MilkPoint

A média desse valor, nesses últimos 7 anos, calculada mês a mês, é de R$ 7,47 por vaca/dia. Esse é o valor que sobraria para pagar os demais custos, incluindo o volumoso, e gerar lucro. Nota-se grande variação desse valor em função das flutuações nos preços do leite e dos grãos, apesar de que, em 2006, dada a relativa estabilidade, a flutuação tenha sido bem menor do que nos demais anos. O ponto a ser analisado é que dezembro de 2006 verificou valores 4,5% abaixo da média geral para o período, atingindo R$ 7,13. Esse valor (tabela 1) é menor do que a média de todos os últimos 7 anos, à exceção de 2001, o ano da maior crise da atividade, e de 2002.

Isso não é tudo. Em setembro de 2006, havíamos escrito que esperava-se preços médios para o milho em 2007 até 20% mais altos do que em 2006. Para a soja, esse aumento seria de 5% (valor que está se mostrando conservador). Considerando que essas previsões estão corretas, o leite deveria ter preço médio de R$ 0,503/litro em 2007 para que a RMCR seja igual a de 2006. Comparado a 2005, o segundo melhor ano da série, o preço médio deveria ser de R$ 0,537/litro. Constatando que em 2006 o preço médio foi de R$ 0,4811/litro e que começamos janeiro com preços cerca de 16 a 17% mais altos do que no mesmo período do ano passado, o aumento necessário de 11,7% no preço médio, em comparação a 2006, para que a RMCR atinja os patamares de 2005, parece possível, dada a conjuntura de mercado.

Isso não quer dizer que a rentabilidade do produtor será mais alta, mesmo que a RMCR alcance valores até superiores aos verificados em 2000 e 2005, os dois melhores anos. É importante lembrar que esse índice, embora isolando o principal item de custo, não contempla as variações em itens relevantes, como mão-de-obra, energia elétrica, óleo diesel e fertilizantes, para ficar em alguns apenas. De qualquer forma, pode-se dizer que 2007 começa com uma perspectiva de mercado positiva, ainda que os custos de alimentação demandem uma boa dose de alerta e bom gerenciamento da programa de alimentação.

Essa percepção positiva pode ser captada pela enquete realizada pelo site MilkPoint, em que 58,8% dos votantes acreditam que 2007 será melhor do que 2006, contra 16,2% que consideram que será pior, enquanto o restante acredita que será equivalente ou não sabe.

Tabela 1. Receita Menos o Custo da Ração (RCMR) médio dos últimos 7 anos (R$/vaca em lactação/dia, supondo uma vaca de 20 kg/dia recebendo 7 kg de ração feita na fazenda, à base de milho, farejo de soja e minerais).


Fontes: Cepea, Seab/PR, FGV
Elaboração: Equipe MilkPoint

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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MAXWEL DA COSTA SILVEIRA

ARARUAMA - RIO DE JANEIRO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 14/02/2007

Boa tarde Marcelo, achei bastante interessante o assunto. O que nos poderíamos fazer seria uma adubação de pastagens em piquete rotacionado, com poucas vacas, mas de boa qualidade.

Assim podemos diminuir um pouco o custo da ração, desde que seja bem manejado.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/01/2007

Para aqueles que trabalham com gado de alta performance genética e produtividade compatível, a situação se complica, de sorte que temos que manter a suplementação de nossas reses, sob pena de vê-las definhar.

Lado outro, os animais de lactações elevadas são sempre animais pesados, de grande porte, cujo regime de pasto não é salutar, já que tais bovinos não se movimentam muito, em face de seus mais de seiscentos quilos, não aproveitando, como deviam, os nutrientes encontrados no campo. Para estes, o cocho é o melhor caminho.

Há, ainda, o mercado de oportunidades que, antevendo a alta dos produtos componentes da ração, como o milho e a soja, elevam o preço dos substitutos, como a cevada, não porque este elemento esteja em histórico de alta, mas para aproveitar a maior procura (em nossa região, este resíduo de cervejaria, que até dezembro de 2006 era comercializado à R$ 80,00, entregue na propriedade, passou para R$ 120,00, numa variação de cinqüenta por cento). A situação é muito grave e poderemos continuar a ver grandes produtores cerrando suas portas.
MOACYR FIORILLO BOGADO

CONCEIÇÃO DE MACABU - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2007

Sempre utilizei o raciocínio de extrair da receita do leite o gasto com concentrado, para enxergar o que a terra produziu. Agora passo a conhecer a sigla RMCR. Sugiro acrescentar neste índice a despesa com adubo, que não deixa de ser um tipo especial de concentrado, concentrado para a terra.

Não tenho dúvida que utilizá-lo de forma técnica, concorre para diminuir o gasto com concentrado (como sugere a Maria Beatriz endossada pelo Rodrigo), porém, seria coerente jogar o seu custo, no mesmo balaio que usamos para o concentrado. E viva a Gramínea Tropical!

Abraços.
PAULO HORACIO CARDOSO

EUGENÓPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/01/2007

Na minha região, a tendência mencionada acima não procede, visto que recebemos o valor líqüido de R$ 0,3945 / litro, uma baixa de aproximadamente R$ 0,04 em relação ao mês de dezembro.

Quanto aos insumos, os preços praticados realmente tiveram uma recuperação muito grande, principalmente o milho, que está chegando na nossa região, através de compra conjunta, a R$ 31,00.

Diante deste quadro, faz-se necessário dosar o uso de concentrado e buscar alternativas mais econômicas de alimentação.
JUVENAL CARVALHO SANTOS

JATAÍ - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/01/2007

Concordo quando falam em adubação de pastagens para resolver o problema da alta de preços da ração. Assim, incrementaremos a dieta de nossas vacas com volumoso de qualidade, precisando apenas de um pequeno complemento.
ANDRE ZANAGA ZEITLIN

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 26/01/2007

Embora possa parecer líqüido e certo que soja e milho (e por conseguinte, concentrados em geral) estejam iniciando um longo ciclo de alta, ao passo que o aumento do preço internacional do leite seja conjuntural e mais momentâneo, é preciso cautela.

A febre do etanol de milho nos EUA e a crescente demanda mundial por soja são fatos incontestáveis, mas nao imutáveis. A primeira está sujeita ao preço do barril (caindo) e a resposta da oferta mundial de milho (subindo).

A segunda está fortemente concentrada na China, que já começa a dar sinais de que não conseguirá manter as taxas de crescimento atuais eternamente (por várias razões), e também dependerá da resposta da oferta ao novo patamar de preços.

O Brasil, coincidentemente, é quem dará a tônica deste crescimento na oferta mundial de soja. A julgar pelo ritmo da conversão de pastagens e abertura de novas áreas, pelo investimento privado em infra-estrutura de processamento e transporte, vai ser grande.

Quanto ao leite nosso de cada dia, mais mudancas a vista: cotas caindo na Uniao Europeia, pressao crescente sobre os subsidios americanos e a eterna incerteza do clima na Oceania (ainda mais nestes tempos de aquecmento global).
Vale (e muito) acompanhar os mercados futuros neste momento de mudancas.

A relacao de troca entre leite e concentrados devera, portanto, "balancar" no futuro proximo em direcao a um novo ajuste. Esperemos que nao gere muita marola. Infelizmente o setor leiteiro nacional ainda estara reativo (e nao proativo) em relacao ao que vier a acontecer. Continuamos blasfemando contra cambio, juros e falta de politicas e pouco avancamos em promocao do mercado interno e abertura de novos mercados no exterior.

PS1: A depender de como se comportara a relacao de troca entre leite e concentrados, talvez tenhamos uma otima oportunidade para testar a tese de que sistemas a pasto levam vantagem na sua maior flexibilidade quanto ao uso deste insumo. O Prof. Sebastiao Teixeira Gomes e demais economistas de plantao certamente estarao atentos.

PS2:Maria Beatriz: otimo "ouvir" voce apos tantos anos. Saudacoes jersistas!

RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 23/01/2007

De forma direta é demonstrado o que já vem sendo especulado na nossa região. A alta dos insumos componentes dos concentrados já vem sendo falada. Esse fato é preocupante especialmente para vários produtores que investiram em elevação da produtividade (baseado em aumento da taxa de lotação e do potencial genético do rebanho).

De certa forma, esse artigo traz uma visão relativamente animadora, tendo em vista manutenção de preços mais atrativos. Só resta saber se esse comportamento ocorrerá aqui, onde o preço médio praticado vem girando entre R$ 0,48 e 0,49, não apresentando expectativas de elevação. E em alguns casos até mesmo redução.
MARIA BEATRIZ MALTA CAMPOS DOTTA E SILVA

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/01/2007

Marcelo, achei interessante o artigo, pois tudo indica que este ano os preços serão melhores que 2006.

Temos que fazer as contas na ponta do lápis para não gastar muito com concentrados e usar o máximo possível o pasto adubado. Assim, nossa rentabilidade será maior.

Abraços.

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