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A situação do leite: onde entra o varejo?

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PANORAMA DE MERCADO

EM 04/09/2008

6 MIN DE LEITURA

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As quedas de preço do leite, como esperado, têm sido motivo de reclamações por parte da indústria e do produtor. Lideranças se unem para retomar velhas bandeiras, esquecidas nos momentos de bonança. Instrumentos para estocagem e escoamento da produção voltam à tona, e mesmo o marketing institucional começa a ser falado aqui e ali.

A situação do mercado é de fato preocupante. O Cepea divulgou os dados de agosto, mostrando queda de preços de 3,5 centavos, ou 4,66% a menos do que para o pagamento de julho. Porém, a sinalização é de que mais virá, sugerindo que o que o Cepea captou até agora não é a acomodação definitiva. Há leite spot a valores abaixo de R$ 0,60/litro no mercado, pois muitas empresas reduziram ou interromperam a compra de leite nessa modalidade, seja porque passam por grandes dificuldades e procuram se reestruturar (como é o caso da Parmalat, que reduziu muito a captação e isso tem efeito no mercado), seja porque estão com as fábricas cheias, seja porque as vendas estão baixas e os estoques, elevados. O spot normalmente precede baixas ao produtor, pois o valor recebido pelo spot, em seqüência, é repassado às cooperativas e produtores.

Os preços no atacado permanecem ruins. Fala-se em leite longa vida a valores de R$ 1,10 a R$ 1,30 por litro; queijo entre R$ 6,20 e R$ 8,50/kg; pó de R$ 5,00 a 9,00/kg, para o produto embalado em 25 kg.

No mercado externo, como já comentado no editorial (Clique aqui para ler), o cenário não é melhor. A Fonterra acabou de fazer novo leilão de leite, vendendo por cerca de US$ 3300/tonelada, o que daria um preço de equivalência abaixo de R$ 0,60/litro, para indústrias brasileiras que queira exportar sem perder dinheiro.

Outros países passam por ajustes semelhantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, o USDA divulgou o Milk/Feed Ratio desse mês, que nada mais é do que uma relação de troca do leite em relação ao alimento consumido pelas vacas, como o RMCR que o MilkPoint publica em algumas de suas análises. O valor foi de 1,89 - 40% menor do que o do mesmo período no ano passado, em que o Milk/Feed Ratio foi acima de 3,19. Para efeito de análise, eles consideram que acima de 3,00 a atividade é lucrativa. Os produtores norte-americanos já recebem, hoje, 15% a menos do que no mesmo período do ano passado. A bolha também estourou por lá.

Em contraposição a essa situação, o Dieese divulgou os preços dos alimentos na cesta básica de agosto e - surpresa - o leite longa vida subiu ao consumidor em 7 das 16 capitais avaliadas! Em outras palavras, o mercado para a indústria e para o produtor está em queda e o leite longa vida, um dos principais formadores de preço, ainda encontra forças para subir em diversas capitais.

O gráfico abaixo traz a variação do preço no atacado, de janeiro a maio, de acordo com o Cepea, e a variação no varejo de janeiro a agosto, de acordo com o Dieese, em quatro importantes capitais. Em uma primeira análise, estamos sendo injustos: o preço no atacado subiu mais do que o preço de varejo, até maio. De acordo com o Cepea, o longa vida no atacado subiu 17% de janeiro a maio, ou R$ 0,22/litro. No varejo, houve pouca alteração. Em São Paulo, por exemplo, o aumento foi de apenas 3,3% ou 6 centavos; em Belo Horizonte, o maior preço do país fora Belém, caiu de R$ 2,05 para 2,01/litro, ou 1,95%; já em Porto Alegre, a elevação foi maior: 11,3%.

O problema vem após maio, em que infelizmente ainda não temos os dados no atacado. Porém, a julgar pelas informações passadas pelas empresas, os valores deverão apresentar redução, principalmente em julho e agosto. Já no varejo, praticamente não houve alteração, como o gráfico mostra.

Em São Paulo, o consumidor pagou pelo longa vida em agosto 1,88/kg; em Belo Horizonte, 2,01/kg; em Goiânia, 1,72/kg, e em Porto Alegre, somente R$ 1,33/kg. Note que Goiânia vem apresentando elevações substanciais no varejo, sempre de acordo com a metodologia do Dieese.

Em levantamento realizado em Piracicaba, pelo MilkPoint, outros derivados apresentam preços de varejo bem superiores aos valores de atacado. Mussarela e queijo prato, por exemplo, estão cotados entre R$ 12 e 14/kg, ao passo que no atacado, como já mencionado, os valores giram em torno de R$ 8,00/kg. Uma diferença grande.

Informações divulgadas na mídia a partir de levantamentos de institutos de pesquisa indicam que o consumo de leite fluido teria caído 8% no primeiro semestre. Se o setor tem dificuldades de comercializar seu produto, reportando estoques elevados e tendo de amargar reduções de preços, se o governo preocupa-se com a inflação, em especial dos alimentos, porque os lácteos não caem na mesma proporção (ou não caem, como aponta o DIEESE) no varejo?


Clique na imagem para ampliá-la.

Ainda que pese a escassez crônica de informações de mercado nesse setor, e ainda que os preços no varejo venham a cair agora, parece evidente que a situação vivenciada pelas indústrias e produtores não resultou, até agora, em preços mais baixos no varejo, o que poderia auxiliar no aumento do consumo e no restabelecimento de uma condição de normalidade no mercado. Se isso for verdade, o varejo está com margens maiores e, curiosamente, ninguém, nem indústria nem produtores, levantou até agora publicamente essa questão.

Aliás, apesar de ser o principal canal de vendas, o varejo parece não fazer parte da cadeia de laticínios. Raramente participa de discussões, que me lembre não atua ativamente da Câmara Setorial, a ele não se imputa qualquer responsabilidade. É um ente à parte, e a criação dessa condição é, em parte, responsabilidade do próprio setor.

Há dois meses, noticiamos um protesto de produtores de leite na Alemanha, envolvendo derramamento de leite no campo e, principalmente, protesto junto aos supermercados. Há alguns anos, na Inglaterra, detectou-se que, ao longo do tempo, os supermercados estavam ficando com uma parcela cada vez maior de cada litro de leite gerado, em detrimento do produtor (a indústria em maior ou menor grau, mantinha sua margem). Isso resultou em protestos, ações na mídia e, em última análise, de um reposicionamento das principais redes de supermercados, que inclusive passaram a desenvolver uma relação direta com fornecedores de leite, pagando preços até 30% maiores para produtores selecionados, tomando o cuidado inclusive de não selecionar apenas os grandes produtores, mas sim um mix de produtores nos vários estratos de tamanho, visando ganhos de imagem. Em um evento recente que participei na Escócia, sobre leite e meio ambiente, notei a participação da diretora de compras de lácteos da Waitrose, uma das principais cadeias de supermercados do Reino Unido, que não só assistiu ao evento, mas fez colocações interessantes.

A mensagem aqui não é que se façam protestos nos supermercados. A questão é que enquanto o varejo não tomar parte ativa nas discussões setoriais, e não for responsabilizado pelas suas práticas, teremos um ponto frágil - e muito - na cadeia de laticínios.

Fazer isso não é fácil, nem imediato, mas também não é impossível nem algo a se perder de vista. O princípio de tudo é a representação setorial, que precisa ser reforçada. Junto dela, o levantamento de informações que possam subsidiar um posicionamento consistente. Enquanto isso, o comportamento do varejo passará sempre despercebido ao grande público, exceto quando se manifesta pró-consumidor, reclamando dos aumentos abusivos praticados por produtores e indústrias.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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JOÃO JACOB ALVES SOBRINHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/12/2008

Senhores, sem ser repetitivo, infelizmente no Brasil não tem outra forma de negociar com o governo a não ser pela pressão. Eu como produtor não posso abaixar a minha produção, porque se assim fizer aí sim vou para o buraco negro, tenho minhas contas para pagar a cada trinta dias (ração, sal, salarios, energias, produtos para ordenha, remedios e etc). Por que não fazemos como os Argentinos (bloquear rodovias, pagar a midia para mostrar ao mundo, o que estamos sofrendo).

Enquanto em todos os outros países do mundo estão forçando, pressionando as autoridades, nós brasileiros ficamos aguardando a boa vontade de alguém para fazer acontecer e este alguém que são nossos politicos não estão preocupados. Fazem uma reunião no ministerio da agricultura, estabelecem o preço minimo que não paga nem os custos mensais, são burocratas que não tem o minimo conhecimento do que é produzir leite neste pais. Por que não se coloca nesta mesa de negociação, produtores, laticinios, supermecados e governo para encontrarem um preço que dê margem de lucro para todas as areas envolvidas?

É tão simples, para que complicar? Ou tem algum interesse oculto que desconhecemos?
FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/10/2008

Bom dia,
Gostei muito do artigo de Savio Santiago, faço de suas palavras as minhas.

Abraço a todos
Fabio Gomes de Souza
PEDRO CARLOS CANI

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 02/10/2008

Prezado Marcelo

Não sei se estou atrasado, mas considero legal fazer o comentário que se segue. Hoje, fiquei extremamente surpreso. Fui a um supermercado e, como sempre faço, fui analisar o preço de derivados de leite. Encontrei queijo mussarela a R$ 21,30 (vinte e um reais e trinta centavos) por kg. Conheço todas as empresas e cooperativas que comercializam lácteos no Estado. A empresa que comercializa a marca em questão paga as seus fornecedores de leite, apenas R$ 0,56 (cinquenta e seis centavos) por litro de leite. Não dá para aguentar tão absurdo disparate.

Quem está aviltando o preço? Não preciso dizer mais nada. Aliás, vou dizer sim. Compro, e eles entregam na minha casa queijo parmesão (que ganhou 1º prêmio nacional, em qualidade) com dez meses de cura a R$ 25,00 (vinte e cinco reais, em junho de 2008) por kg. Dá para entender?

Fato recente, por aqui, produziu resultado satisfatório. O Ministério Público convocou os frigoríficos que operam no Estado e estavam pagando, aos produtores, em torno de dezessete reais a menos, por arroba de carne, em relação a outros Estados. E o preço ao consumidor chegava a ser até mais caro do em outros Estados. Estava bem caracterizada uma cartelização. Em menos de um mês os preços quase se igualaram aos outros Estados. A denuncia partiu da Associação do Criadores de Nelore e da Federação de Agricultura do Estado.

Talvez, no caso do leite, também coubesse uma denúncia. Como pode sair de R$ 0,56 para R$ 21,30. O preço ao consumidor não baixa nunca depois que sobe. Quem está ganhando?

Abraços
Pedro Cani

CEZAR PIMENTA GUIMARÃES

PONTA GROSSA - PARANÁ

EM 30/09/2008

Bom dia, Marcelo.

A globalização tem nos brindado com situações novas rapidamente e transformado realidades proximas em situações completamente antagonicas. Vejamos, no inicio deste mes de setembro a situação do leite estava na sua narrativa como em decrescente rentabilidade e agora vemos uma hipotese, pelo menos a minha, de um dolar estourando nas alturas, crise de leite na China e satelites, com a possibilidade de estouro novamente no mercado internacional do leite e seus derivados comercializados internacionalmente, bem como uma coleta intensiva de leite pelas industrias nacionais de produtos exportaveis, torcendo novamente nosso mercado.

É hora de entidades classistas se lançarem em frente para sua estruturação e normatização do mercado, pois as grandes empresas processadoras poderão, a exemplo de frigorificos , somente capitalizarem tais ganhos para sua contabilidade apenas. Olho vivo na situação.

Grato pela exposição.
DIMITRI VIANA

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/09/2008

Assim como muitos produtores de leite fui estimulado com a melhoria dos preços a investir na minha propriedade e peguei inclusive financiamento bancário para incremento da produção. Eu tinha consciência dos riscos de baixa do produto, mas na verdade esta queda momentânea não me assusta, o que me deixa preocupado de fato é a falta de mobilização da nossa categoria, que não participa em nada na construção do preço nem sabe ao menos quanto vai receber pelo litro entregue á industria.

Ficamos como vacas apenas pastando enquanto a industria, varejo, etc, fazem suas reuniões de estratégia para ganhar com o aumento ou com a queda dos preços. Sugiro uma grande mobilização nacional, que seria O DIA DO LEITE, em prol de varias reivindicações para o setor.
JOSE ANTONIO BORTOLUZZI

GUAPOREMA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/09/2008

Muinto bom este artigo, mas eu pensso que precisamos ter os produtores de leite com produçoes estabilizadas, para que nao haja empresarios entrando no setor de qualquer jeito. Na minha regiao, quando o leite sobe, aparece produtor de todo lado.

Produtor, industria, instituiçoes, Sindicatos, varejo, precisariam ser mais responsaveis. Nao sou invejoso, mas poderiamos tentar copiar a instituiçao Australiana.
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 24/09/2008

Nobre Colega Enio Thomé de Uberlândia - MG. Não há coisa melhor na vida, que um sonho realizado. Parabéns pela sua realização. Como sabemos, tudo na vida que se faz, há os prós e os contras. Com certeza, salvo melhor juízo, naquela atividade de planejamento e marketing, isto aconteceu. Assim, nesta atual atividade, também, os prós e os contras não deixam de ser natural. Para tudo na vida, se paga um preço, notadamente para se realizar um sonho.

Não sei a quanto tempo voce está na atividade, nem que tipo de gado leiteiro que voce tem. Se está recente e com gado bem raçado, está pagamento um preço muito alto. Já tivemos bons ventos na atividade leiteira. Veja bem alguns parâmetros: com 1 litro de leite, já comprei 2 quilos de concentrado; com 3/4 de litro, um litro de diesel; com 300 litros paguei um salário mínimo; com 25 litros, já comprei um saco de adubo e assim por diante. Isto foi lá por meados da década de 90. De fato a crise está ai, temos que administrar e tirarmos lição da mesma. Faça alguns ajustes e, tenha perceverança, que infelizmente, tem que ficar ruim, para depois ficar bom.

Nós temos que produzir, para a turma urbana comer e, com esse preço vil, a coisa não poderá ir longe, tenha paciência, a coisa vai mudar, não há coisa melhor na vida que fazer o que a gente gosta, ainda mais quando se realiza um sonho. Aqui vai um abraço de um produtor que também não está vendo qualquer luz no fim do túnel, a curto prazo, notadamente em face desta confusão nos mercados financeiros, que certamente resbalará no setor produtivo.
ÊNIO THOMÉ

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/09/2008

Prezado Marcelo.

Muito apropriada a sua análise expressa no artigo acima, assim como também são interessantes as inúmeras cartas dos leitores que, como eu, sofrem com essa crise na produção leiteira. A dois anos atrás, resolvi dar uma guinada em minha vida, e depois de 25 anos trabalhando na área de planejamento e marketing (incluindo 7 anos passados no exterior), resolvi tornar realidade um sonho que sempre tive, e me tornei um produtor rural, com investimentos na produção leiteira. Esperava com isso unir o meu prazer de trabalhar no campo com um rendimento que me permitisse ter uma certa tranquilidade nessa fase de minha vida.

Pois bem, após esse prólogo, eu seria redundante em escrever aqui o que todos já definiram em suas cartas.
Mas uma pergunta tem me tirado o sono e gostaria que o senhor me ajudasse a respondê-la, com toda a sua experiência: "Existe uma luz no fim do túnel?" Mas uma luz que iluminasse com mais concretude toda essa situação, pois o que tenho observado é muito discurso e pouca ação. Ou será que eu deveria ter permanecido quieto no meu "cantinho" lá na Suiça, apenas observando de longe as vaquinhas e comendo aquele delicioso chocolate da famosa multinacional que, aliás, deve ter também a sua parcela nessa crise que estamos vivendo por aqui?

Obrigado antecipadamente pelas respostas que, espero sinceramente, possam me auxiliar a continuar acreditando e investindo em meus sonhos.

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Ênio,

Obrigado pela sua mensagem.

A atividade leiteira, como diversas outras no agronegócio, é caracterizada por margens médias normalmente apertadas. Eu não balizaria meus investimentos em função dos altos preços de 2007, especialmente ao se considerar os custos mais baixos naquela época. Se isso ocorrer, a produção responderá e muito, como ocorreu no segundo semestre de 2007 e no primeiro semestre de 2008. Com isso, o equilíbrio entre oferta e demanda tende a se reestabelecer (e os preços caem).

Isso não quer dizer que a atividade é ruim. Apenas que, como com qualquer outra atividade, haverá espaço para quem trabalhar bem, de forma profissional. Eu diria que há perspectivas melhores do que a média dependendo de sua localização (se há concorrência na captação), volume (as bonificações para volume ainda são muito significativas e mudam totalmente a análise do negócio) e qualidade. Mesmo assim, haverá momentos mais difíceis. Produtores de grande porte, em localização favorável, e com gestão profissional, na média terão um bom negócio. O difícil será ter alta rentabilidade para um produtor de médio porte, que não faz da atividade um projeto de negócios. O pequeno, com mão-de-obra familiar, tende também a ter um negócio ou um modo de vida atrativo.

Acho também que a cadeia está se organizando, havendo problemas ainda de representatividade que dificultam ações coletivas ou de representação do produtor. Isso vai mudar, mas pode levar algum tempo.

De forma muito resumida, é isso. Boa sorte!

Abraço,

Marcelo
CARLOS HENRIQUE

GOIANÉSIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/09/2008

Marcelo Boa Tarde.

Recentemente em rede nacional foi feito uma materia em que mostrava que os preços do leite longa vida ao consumidor diminuiram muito fazendo com que o consumo aumentasse significativamente, houve uma grande rede de hipermercado cujo o gerente comentou que vendiam em media 18 caminhoes por mes de leite longa vida, e as vendas ja utrapassavam os 40 caminhões por mes.
Te pergunto. Se tivermos um aumento de consumo mesmos que a preços reduzidos, e os estoques forem reduzidos, não teriamos uma regularização mais rapida do mercado atual ou a relação não é bem assim.

Grato
Carlos Henrique.

<b>Resposta do autor:</b>

Olá Carlos Henrique,

Obrigado pela carta. De fato os preços no varejo recuaram e isso ajuda a aumentar o consumo e a desovar os estoques. É difícil saber em quanto tempo a situação se normaliza. Talvez a variável mais importante seja a oferta. Em várias regiões, se fala em queda de vendas de ração, da ordem de 20 a 30%, o que deve levar a um menor crescimento da oferta. Por outro lado, começam em 1 ou 2 meses o leite de pastagens do Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Acredito que o pior momento já passou, mas alguns ajustes ainda podem ser esperados.

Abs

Marcelo
PABLO CARVALHO

IGUATAMA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/09/2008

Até quando nós produtores vamos aguentar?
MAURICIO CESAR ANDREOLI

FRANCISCO MORATO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/09/2008

Prezado Marcelo,

Primeiramente, parabéns pela clareza e objetividade do artigo. A tempos atrás, o frango era a mercadoria chamariz das grandes redes varejistas, isto é, produto barato (abaixo do preço de compra) para atrair o consumidor que geralmente acabava comprando outros itens não tão necessários nos quais estava embutido o prejuízo do frango.

A estratégia era gerar estoques nos abatedouros e depois "leiloar" as gôndolas. Percebendo essa manipulação, os abatedouros diminuiram seus investimentos em frango inteiro e passaram a operar com produtos diferenciados e, de certa maneira, tiraram o frango da vitrine e melhoraram suas posições nas mesas de negociações.

Infelizmente, o leite longa vida ocupou rapidamente o lugar do frango nessa missão de atrair o consumidor e, para nosso espanto, a cadeia caiu nessa armadilha e agora não sabe como sair. E não é um problema só nosso, é mundial como tão bem você colocou. E não é de hoje, pois me recordo de relatos do Reino Unido desde 1996.

Na minha opinião, o cerne de tudo está nas relações entre o laticínio e o comércio varejista. Existem negociações obscuras nessa relação que desequilibram a balança forçando a queda do preço do leite pago ao produtor independente da redução ou não do consumo.
Ressuscitar o preço mínimo pago ao produtor é uma medida que com certeza resolveria esse desequilíbrio, porém deve ser muito bem articulada para não gerar excesso de oferta e desestabilizar a cadeia produtiva.

Para tanto, precisariamos trabalhar com metas definidas e submetermos ao controle externo (governamental ou organismo credenciado) das atividades produtivas. Será que estamos preparados?

Grande abraço,
Mauricio Andreoli
FAZENDA SALTO GRANDE DO JACUI LTDA

SALTO DO JACUÍ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/09/2008

Prezado Marcelo.
Concordo com suas colocaçoes acima.
Penso que com o aumento do preço da ração,medicamentos,minerais e fertizantes ,o custo para produzir um litro de leite aumentou de janeiro até agosto em torno de 25% .O preço passado ao produtor tambem teve uma grande queda de 25% em apenas 3 meses.

Com tudo,o produtor está sendo o maior prejudicado em relação as industrias,que já tem garantida as suas margens de lucros.Sendo necessario mais organização e união no setor.

P.S:Até quando nós produtores iremos pagar a conta?


SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 11/09/2008

Parabéns Marcelo, suas análises estão ajudando muito a todos nós.

Como já havia comentado anteriormente, o mercado vem se demonstrando muito instável desde junho. Na ponta conseguimos visualizar as variações de mercado mais rápido que o restante da cadeia por conta das variações de preço de venda e formação de estoques no momento em que ocorrem.

Continuo achando que o produtor foi mais uma vez ludibriado com especulações geradas pelas vendas de grandes indústrias que necessitavam de valorizar seus ativos aumentando faturamento (comprando leite).

Chegou a hora dos compradores destas indústrias se readequarem a realidade de mercado, fato que na minha opinião tem grande influência nas baixas de mercado por conta dos grandes volumes processados por essas indústrias. Também acredito que a questão do cambio e o desestímulo a exportação tem dificultado o mercado, haja vista que entramos em uma realidade de excesso de produção permanente quando avaliamos: Aumento de produção X Consumo interno.

Acredito que teremos um considerável desabastecimento em 2009/2010 se as cotações no campo recuarem muito nesta safra. Com o preço atual do boi, será inevitável o abate de rebanhos menos especializados. Outra questão que me leva a acreditar em desabastecimento é que nos momentos de crise nós produtores temos que reduzir a suplementação do gado, e como estamos ainda em período seco em muitas regiões, muitos rebanhos não terão bom desempenho reprodutivo, e por consequencia menos vacas parindo em 2009.

Como produtor, gostaria ainda de manifestar minha preocupação, acho que passaremos por uma crise de safra sem precedentes e por isso devemos nos organizar com urgência e pedir soluções ao governo que tornem mais amenos os efeitos da crise que se anuncia. O nosso governo só fala em etanol citando soja, milho e cana. A soja que já era disputada virou moeda. Infelizmente não ouvimos o governo citar o leite em nenhuma declaração ou análise do desempenho do agronegócio. Somos grandes empregadores e não podemos mais continuar fornecendo "etanol" para suplementação de nossos animais. O nosso governo tem que nos respeitar e nos ouvir como grandes produtores, geradores de renda e emprego para o agronegócio nacional.

Temos que pleitear um sistema de financiamento de estoques mais eficiente que financie o excesso de produção direto ao produtor através de sua indústria compradora. O sistema atual de EGF infelizmente só ameniza os efeitos da safra para as indústrias. Temos que nos manifestar agora, não há mais tempo para conversa.

Um abraço a todos;
Sávio Santiago
JOSÉ MANOEL DE OLIVEIRA MOURA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2008

Caros Senhores.
Se me permitem, vejo que, todos têm seus posicionamentos, seus pontos de vista. Claro é, que importantissimo numa democracia, as opiniões, discussões, pontos de vista, achismos, certezas, enfim idéias. Sim idéias, não é momento de filosofarmos, existem ferramentas no mundo capitalista que inexoravelmente controlam a produção, uns falam numa tal "mão invisivel", outros, que o mercado é autonomo, ainda que a velha lei da "oferta e da procura" controla o fiel da balança. Bem, não nos ateremos a pontos de vistas, conflituosos, que sem sombra de dúvidas, mais se prestam a promoções pessoais ou politicas, do que ao interesse maior.

A promissa maior é que numa relação conflituosa, deve prevalecer o bom censo, uma mediação, um acordo de cavalheiros, uma conciliação, onde os animos são acaimados, onde todos cedem, em beneficio de um valor axiomatico geral. Ou seja, a função social das atividades. O bem maior é a paz social, fim e não meio de toda atividade humana no planeta. A pólis Grega, chegou bem próximo da paz social, isto graças a mitigação dos interesses individuais.

Portanto, posições extremistas exarcebadas, devem ser execradas de toda busca por solucionar litigios. Por momento, temo que já falei, por demais, oportunamente dedicar-me-ei, a continuar neste eito, semeando assim, a colheita proficua da busca incansavel da paz entre os homens.
JOSÉ ANTÔNIO DOS REIS

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/09/2008

Marcelo

Parabéns pela coragem de tocar nesse ponto crucial da Cadeia do leite. Eu tenho medo é de que morra a "galinha dos ovos de ouro". E depois? Será que as grandes redes de supermercados irão para o campo produzir leite ou optarão pela importação do produto, sabe-se lá a que custo para o consumidor final.

Quanto às nossas lideranças, eu já perdi a crença nelas. Elas correm é para o lado que está ganhando. Eu só gostaria de ver um desses líderes com as botas sujas de fezes de vacas, tirando leite, para sentir o drama. Só quando se coloca na pele do produtor é que sabe onde a botina aperta.
NILTON P B MATOS

MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/09/2008

Marcelo,
Muito boa a sua esplanação sobre esse momento de incertezas que assola o mercado do leite . Por mais que leio e acompanho os acontecimentos relacionados ao setor o que me impressiona não é nem a queda de preços e sim a falta de previsibilidade que a euforia de 2007 provocou em toda cadeia produtiva do leite , nos levando a pensar e agir como se leite nunca mais fosse ter crise . Agora pergunto : será que toda a cadeia produtiva foi surpreendida com essa situação inversa às mais positivas e otimistas análises nacionais e internacionais do setor ?
Um abraço
Nilton Paulo
FELIPE SILVEIRA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - TRADER

EM 09/09/2008

Marcelo,

Qual a diferença entre o preço spot e o preço pago ao produtor?

Obrigado

<b>Resposta do autor:</b>

Felipe,

Não há uma relação tão direta assim, pois a variação entre esses dois preços depende de aspectos como a estratégia de cada laticínio e o momento de mercado. Se o mercado está muito ofertado, como agora, o leite spot pode valer menos do que o produtor recebe. Em algum momento lá na frente, esse preço mais baixo terá de ter repassado ao produtor, direta ou indiretamente. Em momentos de escassez, o spot sobe antes e atinge valores bem mais altos do que a média recebida pelos produtores.

Como o leite spot envolve uma intermediação mínima, em tese o valor a ser retido para os serviços administrativos são baixos, dependendo também do volume comercializado. Uma central que comercialize, digamos 500.000 litros diários, terá diluído a valores muito baixos os custos administrativos para fazer essa operação. Isso, ao menos teoricamente, implicaria em preços iguais para o leite vendido no spot e leite que o produtor que fornece para o mercado spot irá receber.

Atenciosamente,

Marcelo
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 08/09/2008

Penso que esse artigo pode ser o gatilho para um movimento substancioso. Gostaria de saber do Marcelo se possível sobre alguns pontos:

Qual (ais) entidade (s) a nível de Brasil estar(ão) trabalhando ativamente nos processos institucionais do setor? Dessas entidades, qual a que tem realmente fôlego (R$) na atualidade? A nível oficial (MAPA, Comissões no Congresso, MDA, Min. Integação Nacional, Embrapas, Universidades e Bancos oficiais), é possivel fazer um filtro e convocar para um fórum pessoas que realmente pensem e entendam questões minimas sobre o setor? Será que essas pessoas conhecem o Milkpoint? Nunca os vi por aqui.

O que a Lactea Brasil está fazendo para articular representações em todos os Estados da Federação? Quais laticínios, cooperatgivas e/ou grupos controladores já sinalizaram interessados em participar de discussões sobre o setor? Sabemos que nem todos, entre grandes, médios e pequenos estão dispostos a deixar em determinados casos, cômodas situações. Temos que ter um mapa de interessados para uma agenda positiva.

Na indústria de insumos (produção e indústria), quais delas se mostram na atualidade preocupadas com o assunto em pauta? Mais uma vez, penso que devemos nomear e publicar para que tenhamos conhecimento para possíveis medidas de boicote.

Bem, vamos ficando por aqui, parabenizando todos os participantes desse fórum e com a certeza de que no setor existem sim cabeças pensantes e sobretudo a mais poderosa arma que se pode dispor na atualidade, que é o Milkpoint.
HELVECIO OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/09/2008

Marcelo, bom!

Passando à prática as suas palavras, notei desta vez que você se posicionou do nosso lado com coragem. Você se habilitaria a nos representar em Brasília?

Nas próximas eleições podemos manda-lo pra lá. Só aqui de Minas a gente levanta um caminhão de votos. Se você topar começo hoje a fazer campanha. Já passou de hora de fazermos nossa bancada.

Forte abraço, Helvécio.

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Helvécio,

Obrigado pela carta e pela sugestão, mas não sou produtor de leite e não tenho as habilidades e competências necessárias para representar o setor. Minha contribuição, creio, será mais efetiva através do MilkPoint e de outras ações como nossos estudos e eventos sobre o setor.

Tenho certeza de que há, dentro dos produtores, lideranças e potenciais lideranças que podem desempenhar esse papel.

Um abraço,

Marcelo
ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/09/2008

Em tempo! Os varejistas simplesmente independem do preço dos laticínios, que também ja se defenderam baixando o preço junto aos produtores; tem suas margens de lucro e não trabalham de graça! Estão todos organizados. Nós, produtores, não!

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