As últimas semanas antes do parto até o puerpério (os 20 dias após o parto) são uma etapa desafiadora para as vacas leiteiras. Durante esse período de transição, há uma maior incidência de patologias metabólicas e de infecções relacionadas. As patologias metabólicas durante a transição (Figura 1) afetam negativamente a produção de leite da lactação inteira, a fertilidade, a função do sistema de imunidade e a vida produtiva dos animais. Os fatores de risco mais importantes para as alterações do metabolismo estão concentrados nas últimas 3 semanas antes do parto.
Figura 1: Patologias metabólicas: fatores de risco para o desempenho produtivo, reprodutivo e da saúde (Fantini, 2017)
As fazendas leiteiras que não superlotam o barracão, que manejam um lote pré-parto e que separam primíparas de multíparas, conseguem diminuir o estresse. Porém, cuidados adicionais de dimensão, higiene e temperatura são necessários. O manejo alimentar segue um programa de preparação. O rúmen demora pelo menos 40 dias, para se adaptar totalmente a uma nova dieta. O teor de proteína bruta e carboidratos não estruturais (amidos e açúcar) deve ser incrementado gradualmente, desde o pré-parto, para que a capacidade de absorção do rúmen também aumente, tendo em vista a grande quantidade de ácidos graxos voláteis que serão produzidos com a dieta de lactação. O ideal é o fornecimento de três dietas diferentes aos animais: uma para o período seco, a segunda pré-parto e a última para vacas recém paridas.
Especial atenção merece a tendência de diminuição da gestação para 275 dias na raça Holandesa, fato que poderia diminuir a duração do manejo pré-parto. A pior combinação possível, é o reagrupamento de animais muito próximo do parto, junto a altas concentrações de nutrientes na dieta. A consequência, é o alto risco de desenvolvimento de acidose ruminal subclínica (sem sinais clínicos), que causa redução no consumo alimentar, ainda maior que o apresentado fisiologicamente, piorando os balanços negativos de energia (BEN) e proteína (BPN). O BEN e o BPN levam a uma forte perda de peso dos animais depois do parto e também, ao excessivo acúmulo hepático de ácidos graxos (elevando o risco de fígado gorduroso e cetose subclínica, mesmo antes do parto). Quando a acidose ruminal subclínica ou a cetose metabólica ocorrem antes do parto, existe um alto risco de desenvolvimento de fígado gorduroso, deslocamento do abomaso, metrite, mastite e menor fertilidade (Figura 2).
Figura 2: Interconexões de patologias metabólicas (Fantini, 2005)
Durante os últimos 40-60 dias de gestação, há um elevado risco também para as desordens minerais. Excesso de cálcio, fósforo e/ou deficiência primária ou secundária de magnésio, cloro e enxofre expõem os bovinos a risco de hipocalcemia durante o pós-parto: o sinal clínico mais relevante é o colapso puerperal. Essa patologia metabólica altera os músculos e as funções imunológicas mediadas por células. Os animais afetados comem menos, piorando o BEN e o BPN, além de apresentarem menor contratilidade dos esfíncteres dos mamilos (com alto risco de mastite) e do músculo uterino (com alto risco de metrite puerperal).
Uma maior concentração de nutrientes na dieta pré-parto garante uma boa ingestão de carboidratos e proteínas, minimizando a produção de AGNE e corpos cetônicos. Durante o período seco, a microbiota do rúmen produz uma menor quantidade de ácidos graxos voláteis e as vilosidades ruminais são menos estimuladas. O intuito de incrementar a concentração alimentar de carboidratos é aumentar a produção de propionato pela microflora do rúmen, levando ao rápido crescimento de vilosidades ruminais (esse processo leva de 6 a 8 semanas). A suplementação de amido (sua fermentação produz ácido propiônico, que é o precursor mais importante da glicose) mantém a glicemia e reduz a produção de corpos cetônicos e AGNE. A quantidade exata de amido não está definida, porém, muitos autores sugerem 24%, no entanto, esse é um percentual arriscado se o manejo do pré-parto for inferior a 20 dias.
A proteína bruta (PB) da dieta, durante o período seco, é comumente de 12% e isso segura a correta fermentação ruminal e o adequado fornecimento de proteína metabolizável. No final da gestação, recomenda-se aumentar a PB para 14%, com os 2% adicionais em fontes de proteína protegidas da ação ruminal. Para que se reduza a produção de AGNE, corpos cetônicos e a perda de proteína muscular materna, sugere-se que do total de PB, a proteína degradável no rúmen seja 60-65% e a proteína solúvel 30-35%.
A diminuição fisiológica da ingestão alimentar, que piora nos últimos dias de gestação, especialmente em vacas multíparas (Figura 3), deve ser enfrentada mesmo sem problemas de saúde subclínicos. A nutrição clínica e funcional têm um papel central na transição; a suplementação com colina microencapsulada durante este período mostrou efeitos positivos na saúde e produção de leite das vacas de elevado desempenho. A metionina microencapsulada (aminoácido doador de grupos metil de estreita relação metabólica com a colina), também implica em melhora da saúde, produção (quantidade e composição do leite) e reprodução das vacas suplementadas desde a transição e, na prática, sua utilização vem ganhando espaço em fazendas onde não é possível ter um grupo de vacas recém paridas.
Figura 3: Consumo alimentar (% de peso corporal) antes do parto
Além de sua função na síntese de proteína, é importante lembrar que os aminoácidos são parcialmente usados também na produção de glicose. A necessidade de glicose aumenta de 1 kg/vaca/d no final da gestação para, no mínimo 2,5 kg/vaca/d após o parto. A metionina é o aminoácido essencial mais importante na nutrição das vacas leiteiras. A metionina e a colina microencapsuladas estão entre os nutrientes protegidos da ação ruminal mais recomendados para o uso durante a transição. A colina (também doador de metil), é fortemente envolvida no metabolismo hepático: sua deficiência é um dos fatores predisponentes mais importantes da esteatose hepática (fígado gorduroso) das vacas leiteiras.
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