A recria de bovinos leiteiros é primordial para que se consiga manter a “engrenagem” funcionando, essa parcela do rebanho responde pela melhora genética, reposição, crescimento de rebanho, desde que se forneça condições para esses animais expressarem seu verdadeiro potencial, pois são as futuras vacas da fazenda. Boulton et al (2017) mostrou em seu trabalho que em média o custo da recria se paga com uma a uma e meia lactações. Esse trabalho também mostra que o primeiro parto ocorre em média com 26 meses de idade, porém se a novilha parir aos 23 a 24 meses o custo de recria reduz na faixa de 18%.
Essa categoria impacta entre 20 e 30% dos custos totais da fazenda, porém precisamos olhar para ela com um investimento futuro. O objetivo da recria é produzir vacas geneticamente superiores, ter animais para reposição, permitir o descarte voluntário, propiciar o crescimento do rebanho, ser uma fonte de renda extra com a venda de animais. Todos esses pontos serão reflexos de uma baixa mortalidade e maior ganho de peso, para que se obtenham animais mais produtivos e mais cedo.
Por ser uma categoria que tem um custo elevado, muitas vezes acabam sendo negligenciadas ou recebem um investimento inferior ao que se recomenda para a criação. Para justificar os valores investidos temos os benefícios de ter um animal produzindo mais cedo. Estudos apontam para maior produção, maior longevidade e reprodução mais eficiente.
Alguns parâmetros são recomendados para que se tenha uma vaca produtiva e longeva:
- Dobrar o peso aos 60 dias de vida
- 17% do peso adulto aos 90 dias de vida
- 55 a 60% do peso adulto entre 13 e 15 meses (primeira inseminação)
- 85 a 90% do peso adulto ao primeiro parto (24 meses)
Além desses indicadores, existem inúmeros outros que fazem referência à saúde, mortalidade e desempenho;
A idade ao primeiro parto reflete o quanto está sendo eficiente o processo de criação, desde que o critério peso à primeira inseminação seja seguido, ou seja, se a novilha demorar para atingir o peso à primeira inseminação, consequentemente terá um parto tardio.
Nesse sentido, a recomendação técnica para a recria tem peso muito importante. Para o estabelecimento de metas para essa categoria devem ser levadas em consideração diversas peculiaridades das fazendas como: instalações, mão de obra, custo alimentar, custos fixos da fazenda, mas sempre buscando o melhor desempenho possível para atingir os números propostos, visando ter uma novilha de alto valor genético, com desempenho superior, que permaneça no rebanho.
O atraso ao primeiro parto aumenta o custo da recria devido ao represamento de animais nessa fase mantendo o custo alimentar e sem retorno financeiro (produção de leite) além de um maior consumo de alimentos entre o nascimento e parto;
Melhorar os índices da recria da fazenda com o olhar para idade ao primeiro parto, requer atenção desde o nascimento, com um ambiente adequado para o parto, colostragem de qualidade e em quantidade suficiente, desinfecção do umbigo, identificação. Todas as fases têm extrema importância para que se alcance o objetivo.
Por ser uma categoria “sem retorno” imediato, o foco muitas vezes é redução do custo. Realmente é uma estratégia correta?
Pensando na melhoria do desempenho das primíparas, reposição de animais, melhor eficiência da recria, diversas fazendas atendidas pelo Departamento de Produção Animal da Cotribá, aderiram ao Sistema de Criação de Terneiras, que contempla produtos específicos para cada fase, inicial, crescimento, puberdade, gestação e pré parto, visando alcançar as metas ideais para uma recria de sucesso. Os dados a seguir são de uma fazenda que aderiu ao programa em março de 2019;
Os dados são referentes ao período de um ano, com fechamento sempre no mês de março (inicio do programa):
A fazenda cria animais da raça Holandesa e utilizava o critério de 55% do peso adulto na primeira inseminação, porém alguns animais demoravam além dos 15 meses para atingir o peso. Com os dados levantados, iniciou-se na melhoria da fase inicial, desmamando com maior ganho de peso, formação de pequenos lotes pós desmame e dieta específica para cada fase. Com os ajustes realizados a fazenda conseguiu melhorar o ganho de peso e atingir os 55% do peso adulto entre 13 e 15 meses.O trabalho iniciou com referência aos dados retroativos, observou-se que havia espaço para o crescimento, visto que a idade da primeira inseminação e idade ao primeiro parto estavam ultrapassando o esperado, essas por sua vez, alongaram em decorrência do menor ganho de peso na fase inicial e perda de peso pós desmame.
Baia individual de recria
Os dados a seguir demonstram a evolução da produção de leite e eficiência reprodutiva dos animais que nasceram e ingressaram no programa em 2019 e tiveram o primeiro parto em 2021, que foram manejadas de acordo com o Sistema de Criação de Terneiras Cotribá, comparadas com animais que nasceram em anos anteriores e criadas conforme o antigo manejo da propriedade.
IP 1ª IA = intervalo parto primeira inseminação
IPC = intervalo parto concepção
*A informação foi baseada no mês de julho de cada ano
A produção de leite foi o mais impactante quando comparamos os animais, saindo de uma produção de 26 litros de média para 33, ou seja, 26,9% de acréscimo em produção, com 25 primíparas a mais. Redução no intervalo parto primeira inseminação e intervalo parto concepção são reflexos dos animais parindo com maior peso, consequentemente emprenham mais rápido, tornando o sistema mais rentável.
O custo para ter uma novilha em produção mais cedo tem influência de diversos fatores como: produção de alimentos, região para compra de insumos, qualidade do volumoso. Cabe a cada fazenda fazer a conta de quanto vale investir para ter o retorno mais rápido.
No exemplo acima sete litros de leite de acréscimo por dia e antecipação de três meses ao primeiro parto, representa 630 litros de leite a mais para pagar a conta, com preço médio recebido pela fazenda de R$ 1,96 em 2020, equivale a R$ 1.234,08 por animal, que para essa fazenda, e na grande maioria das propriedades, vale o investimento desde a fase inicial.
Esse resultado decorre do potencial genético utilizado na fazenda, com seleção de animais e principalmente por manter a rotina nutricional e de manejo recomendada. Recria normalmente torna-se um gargalo dentro das fazendas por demandar tempo e dinheiro, mas vale lembrar que esse é um investimento a longo prazo.
O programa de criação de terneiras da Cotribá foi desenvolvido baseado em estudos para estabelecimento das metas, usa-se produtos específicos para cada fase da recria, produtos produzidos matérias primas que passam por um rigoroso controle de qualidade, aditivos para melhora de desempenho em ganho de peso e saúde. Além disso dispõe de uma equipe técnica capacitada para auxiliar os produtores com as tomadas de decisões e acompanhamento dos resultados.
Em anexo segue o folder de recomendação:
Este é um conteúdo da Cooperativa Cotribá.