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Baixo Desempenho Leiteiro no Verão: A redução na ingestão de alimentos não é a única causa

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 19/01/2022

12 MIN DE LEITURA

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A temperatura percebida está intimamente ligada à temperatura do ambiente que, juntamente com a umidade relativa, aumentam no verão. Todas as espécies animais conseguem dissipar o calor endógeno corretamente para manter a temperatura fisiológica em uma faixa específica de temperatura percebida e, uma vez que essa é ultrapassada, se incrementa a temperatura corporal e, com isso, o animal experimenta o estresse térmico (ET). Os bovinos, em um ambiente termoneutro, têm temperatura retal em torno de 37,5-39,5°C. A temperatura percebida é indicada pelo índice de temperatura e umidade (ITU), a saber: 

ITU (°C) = Tar - (0,55 – 0,55 × Urel) × (Tar -58), onde:

Tar = temperatura do ar = [(1,8 × T°C) + 32]

Urel = umidade relativa (%).

Quando o ITU atinge 68 ou 78, o gado leiteiro e o de corte, respectivamente, apresentam sérias dificuldades para dissipar o calor. Quanto maior a umidade do ambiente, maior também a temperatura percebida (Tabela 1). As vacas leiteiras de alto desempenho não conseguem dissipar corretamente o calor endógeno e têm os primeiros sintomas de ET. Um deles, é a redução do consumo de alimentos e a seleção de concentrados, para reduzir a produção de calor endógeno por fermentação ruminal. Porém, a redução no desempenho produtivo possui vários fatores causais, não apenas esse primeiro aspecto.

Tabela 1: Índice temperatura umidade para vacas leiteiras calculado com base na temperatura (°C) e umidade relativa (%). Os valores são divididos por classes de risco: termoneutralidade (verde), risco médio (amarelo), alerta (laranja) e emergência (vermelho).

Índice temperatura umidade para vacas leiteiras

Saúde intestinal e função de barreira

O ET afeta fortemente a mucosa intestinal. Existem mudanças na circulação sanguínea, com o intuito de dissipar-se mais calor. Os enterócitos são muito sensíveis a fenômenos de hipóxia leve e à redução de nutrientes causados por essas alterações perfusionais. Assim, quando a temperatura corporal aumenta, existe a redução da disponibilidade de ATP e o aumento no estresse oxidativo e nitrosativo (presença de radicais livres de nitrogênio). O resultado é o rompimento da junção epitelial intestinal (estruturas proteicas intra e intercelulares com papel central na regulação da permeabilidade da membrana) e a diminuição da função de barreira desse tecido. Nesse caso, é importante sublinhar que a grande maioria da microflora intestinal, tanto benéfica quanto patogênica, é Gram-negativa, de modo que no lúmen intestinal existe uma enorme quantidade de LPS (lipopolissacarídeos, endotoxinas que estão incluídas na membrana celular Gram-negativa). Durante os períodos de ET, existe a presença simultânea desses LPS e uma maior permeabilidade da mucosa e, a consequência direta é o aumento da incidência de toxicose durante o verão. Ao mesmo tempo, o rompimento da integridade epitelial causa uma redução da absorção dos nutrientes da dieta pelo animal. Em poucas horas, essa má absorção causa a redução da produção: em 17 horas de exposição a um ITU de 68, talvez haja perda de 2,2 kg/cabeça/dia na produção de leite.

Outras consequências do estresse calórico

A redução do consumo de alimento não é a única consequência do ET. Para se avaliar as mudanças no metabolismo energético e na produção de leite, dois grupos de vacas leiteiras foram comparados. O primeiro grupo sofreu ET: o consumo de alimentos deste grupo foi registrado e usado para restringir o segundo grupo. O segundo grupo (controle) foi termicamente neutro (TN), mas alimentados com a mesma quantidade ingerida pelas vacas do grupo ET, com o intuito de eliminar o efeito relacionado à redução no consumo ou à disponibilidade de nutrientes da dieta.

  • Benefício hormonal relacionado à produção de leite

A somatotropina e IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina tipo-1), são os hormônios mais importantes para a produção leiteira. Sob condições fisiológicas, a somatotropina distribui os nutrientes absorvidos entre o úbere e os outros tecidos. Nas vacas leiteiras de alta produção, essa distribuição é favorável ao úbere. O mesmo hormônio estimula a produção hepática de IGF-1 que, consequentemente, induz o aumento da produção de leite. O balanço energético negativo (BEN) altera esse equilíbrio hormonal: a síntese de somatotropina aumenta, mas não o IGF-1. Assim, tanto a produção de leite quanto a fertilidade são afetadas: as fontes de energia são direcionadas às vias metabólicas fundamentais para a sobrevivência dos animais. Mesmo que a redução no consumo de alimentos cause o BEN, ficou provado que o grupo ET apresentou um desequilíbrio hormonal maior que os animais TN: as vacas do grupo ET apresentaram concentrações de IGF-1 significativamente inferiores às do TN. A consequência é que as vacas do grupo ET tiveram menor produção de leite e fertilidade.

  • Metabolismo de lipídeos

O aumento da necessidade de energia durante o BEN é encarado pelo animal através da mobilização do tecido adiposo e do aumento plasmático de ácidos graxos não esterificados (AGNE). Altas concentrações de AGNE levam à síntese de corpos cetônicos. Essas moléculas são usadas como fonte alternativa de energia, mas podem causar cetose se são produzidas excessivamente. Sob ET, o metabolismo energético não é muito eficiente: os bovinos sob ET apresentaram níveis basais de AGNE inferiores aos do grupo TN. Nos animais sob ET, a epinefrina, que induz a lipólise e o aumento da concentração de AGNE, não foi tão eficaz. Independentemente da menor ingestão alimentar nos períodos de calor, o ET afeta a expressão e a função de muitas enzimas e moléculas envolvidas no metabolismo lipídico. Os animais são dependentes da glicose para o suprimento de energia, e com uma mobilização lipídica diminuída existirão dificuldades para restaurar o equilíbrio energético fisiológico.

  • Metabolismo glicídico e muscular

O músculo esquelético é um dos principais responsáveis pela produção endógena de calor: se o ITU estiver alto, os animais se movimentam menos para reduzir a produção de calor. O aumento da temperatura corporal também aumenta a glicogenólise e a oxidação de carboidratos. Essas duas fontes de energia não são de origem dietética e sim, dos armazenamentos endógenos do animal. Os bovinos do grupo ET têm uma glicemia mais alta que os do TN, mas o músculo esquelético mantém boa sensibilidade à insulina, enquanto os animais TN têm maior resistência à insulina. Sob ET, o metabolismo muscular utiliza a glicólise anaerobicamente, produzindo altas concentrações de ácido lático. Assim, o animal modifica seu metabolismo (especialmente o ciclo de Krebs), tentando reduzir tanto os danos devidos às espécies reativas de oxigênio (ERO), quanto os processos metabólicos, com a particular inibição do complexo piruvato-desidrogenase, que reduz a produção de acetil-CoA, a partir do piruvato. Mesmo que sejam necessários mais estudos, essas modificações podem ser uma causa adicional para que os animais estressados pelo calor reduzam o desempenho.

Como manter os animais durante o período de verão?

Como o ET é uma condição inevitável, é necessário ajudar o gado a superar esse impasse e limitar as perdas de produção. É bom lembrar que a necessidade de água dos animais aumenta em mais de 50%, principalmente após a ordenha. A água deve estar em local de fácil acesso, fresca (20-30 °C), limpa e sempre disponível. A dieta de verão (TMR) deve conter ingredientes palatáveis, forragens de alta qualidade, açúcares e fibras digestíveis, relação de forragem: concentrado próxima a 40:60 % e ainda, deve fornecer aminoácidos metabolizáveis balanceados para compensar a redução de produção de proteína bacteriana. A produção de vitaminas do complexo B do rúmen é reduzida, sendo necessária a suplementação alimentar, de preferência, protegida da ação do rúmen. O aumento do estresse oxidativo pode ser resolvido com a adição de vitaminas A e E na ração. Outro aditivo útil é a niacina: ela causa uma ligeira vasodilatação, permitindo uma melhor dissipação de calor desde os tecidos internos até os periféricos, sem afetar a saúde intestinal dos animais. A niacina é altamente degradada pela microflora do rúmen: a microencapsulação dela permite obter os mesmos benefícios se comparada à forma livre, utilizando uma inclusão significativamente menor. Finalmente, foi demonstrado que a combinação de ácidos orgânicos e compostos idênticos aos da natureza, levam a uma melhora significativa na saúde intestinal e na função de barreira epitelial, melhorando a resistência à passagem de patógenos e toxinas, bem como a absorção de nutrientes.

Situação no Brasil

Os principais municípios produtores de leite no Brasil apresentam valores médios de temperatura e umidade que podem causar ET sazonal ao gado (Tabela 2), com as consequentes alterações metabólicas supracitadas.

Tabela 2. Temperatura e umidade dos principais municípios brasileiros na produção de leite

Estado

Município

 Temperatura média (°C)

Umidade média (%)

Mínima

Máxima

Mínima

Máxima

MG

Coromandel

14

29

55

80

MG

Ibiá

14

30

81

64

MG

Monte Alegre de Minas

16

31

55

79

MG

Patos de Minas

12

31

53

81

MG

Patrocínio

14

29

81

52

MG

Pompéu

13

30

57

78

MG

Prata

13

32

53

79

MG

Unaí

14

32

51

76

PR

Arapoti

11

27

72

81

PR

Carambeí

9

27

80

85

PR

Cascavel

8

28

71

84

PR

Castro

7

27

80

86

PR

Mallet

9

26

75

83

PR

Mamborê

12

29

68

80

PR

Marechal Cândido Rondon

12

31

71

84

PR

Palmeira

10

28

76

83

PR

Toledo

10

30

71

84

RS

Alvorada

11

30

71

83

RS

Carlos Barbosa

6

28

74

81

RS

Fortaleza dos Valos

10

29

70

83

RS

Santa Vitória do Palmar

8

27

75

85

RS

São José do Ouro

9

28

72

81

RS

Vila Flores

9

27

73

81

SC

Iomerê

6

25

75

85

SC

Macieira

9

26

71

80

GO

Jataí

13

32

53

80

GO

Piracanjuba

14

32

50

75

SP

Araras

11

30

62

80

Média

11

29

68

80

Fonte: INMET (2021)

Devido ao ET foram estimadas no Brasil quedas na produção leiteira que variam de 0,5 a 7,9 kg/vaca/d dependendo do grau do estresse térmico e do potencial de produção do animal (Tabela 3).

Tabela 3. Estimativas de perdas de produção de leite devido ao estresse térmico em diferentes regiões de Brasil

Estado

Município ou região

Perda

Potencial de produção

Referência

                               kg/vaca/d

ES

Marilândia

0,5

10

Oliveira et al., 2013

2,5

20

PR

Maringá

3,15

32,5

Klosowski et al., 2002

PR

Maringá

0,6

20,6

Souza, 2008

MG

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba

1,9

10

Nascimento et al., 2014

7,9

30

Média

 

2,8

20,5

 

Embora menos evidentes e estudados, os efeitos do ET também se apresentam em gado Bos indicus e seus mestiços (Azevedo et al., 2005; Lima et al., 2013). Algumas raças zebuínas (ex., Gir e Guzerá) foram geneticamente melhoradas para a produção de leite em condições tropicais, como linhagens puras ou cruzadas com raças mais especializadas. No entanto, entre várias raças de Zebu, o Gir mostrou ser a raça menos adaptada às condições climáticas quentes da região central do Brasil (Cardoso et al., 2015). Essa menor tolerância ao calor da raça Gir é resultado de sua seleção para a produção de leite (Santana et al., 2015). A situação piora no cruzamento com o Holandês (Girolando), porque à medida que se aumenta a proporção de Bos taurus, diminui-se, ainda mais, a tolerância ao calor (Lima et al., 2013).

Considerações finais

Índice de temperatura e umidade (ITU) maior que 68:

  • Altera a integridade e permeabilidade intestinal, com um maior risco de toxemia e distúrbios metabólicos;
  • Reduz a ingestão de alimentos e a absorção de nutrientes, com uma diminuição no desempenho produtivo e reprodutivo dos animais;
  • Reduz a síntese de IGF-1, com a consequente diminuição do crescimento e produção de leite;
  • Afeta a eficiência do metabolismo energético, fazendo com que o animal tenha que usar seu armazenamento endógeno de glicogênio.

A dieta balanceada e os aditivos nutricionais protegidos da ação do rúmen, como aminoácidos, vitaminas e a combinação de ácidos orgânicos e compostos naturais, podem ajudar os ruminantes a manterem o desempenho e o estado de saúde, mesmo com ET.

O MecoVit® (blend de vitaminas do complexo B e doadores de grupos metil, que promove a saúde hepática de vacas leiteiras em transição, Zang et al., 2019), o Microtinic®B-Complex, o Microtinic®B12 e o Microtinic®PP (fontes microencapsuladas de vitaminas do complexo B, que melhoraram a eficiência alimentar de vacas holandesas) são soluções da Vetagro, distribuídas exclusivamente pela Farmabase, para encarar o estresse térmico em todo o território brasileiro.

Quer saber mais? Fale conosco!

 

Artigo original de Sara Flisi disponível na língua italiana aqui

Adaptado por Luis Depablos (luis.depablos@vetagro.com)

Referências disponíveis mediante solicitação.

 

Este é um conteúdo da Vetagro.

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