ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Vem chegando o verão. Efeitos do calor e da umidade na reprodução de vacas de leite

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 05/12/2006

4 MIN DE LEITURA

1
0
O desempenho reprodutivo das vacas de leite cai drasticamente quando elas estão estressadas por temperatura e umidade ambiental altas. Os maiores impactos do estresse causado pelo calor e umidade são a redução da eficiência de detecção de cio, falhas na ovulação (a vaca manifesta cio, mas não ovula) e o aumento da perda embrionária nos primeiros dias após a inseminação.

Figura A. Taxa de concepção de vacas e novilhas durante o ano (1996 a 1998), Cia. Agrícola Nova América, Assis, SP (dados de campo coletados por Santos, R.M.).


As vacas não ficam muito ativas em dias quentes, preferem ficar na sombra e não fazer atividades que aumentem a produção de calor, como por exemplo, expressar atividade de cio (montar umas nas outras). Nos dias quentes, as vacas em cio montam poucas vezes e a duração do tempo de manifestação de cio também fica reduzida, dificultando a detecção do cio (Washburn et al., 2002, Lopez et al., 2004).

Diferentes tipos de estresse podem levar à falha da ovulação (Lopez-Gatius et al., 2005), que é uma das causas de infertilidade em rebanhos leiteiros (Wiltbank et al., 2002). Lopez-Gatius et al. (2005) observaram falha de ovulação de 3,4% em estações com temperaturas ambientais até 25°C e de 12,4% quando as temperaturas foram superiores a isto.

Sartori et al. (2002) observaram que com o aumento da temperatura ambiente, a temperatura corporal de novilhas (38,7 ± 0,01°C) elevou menos (p<0,05) que a de vacas em lactação (39,3 ± 0,03°C), e que novilhas, por serem menos susceptíveis a essas variações climatológicas, não alteram os índices reprodutivos no verão.

Os períodos próximos à ovulação até o terceiro dia do desenvolvimento embrionário são mais susceptíveis ao estresse térmico, e temperaturas elevadas reduzem a proporção de embriões que continuam em desenvolvimento (Ealy et al., 1993).

Os efeitos do estresse térmico reduzem conforme os embriões se tornam mais desenvolvidos, ou seja, o embrião adquire resistência aos efeitos negativos com o passar do tempo (Ealy et al., 1993; Hansen & Arechiga, 1999), mas Ryan et al. (1993) relataram que os efeitos negativos de altas temperaturas no desenvolvimento embrionário continuam mesmo depois de sete dias da fecundação.

Sartori et al. (2002) recuperaram embriões e oócitos de vacas e novilhas Holandesas no verão, seis dias após a observação de cio natural e verificaram que a taxa de fecundação foi maior (p<0,05) em novilhas (100%) do que em vacas em lactação (55%), e a qualidade dos embriões foi superior (p<0,05) em novilhas (72%) do que em vacas em lactação (33%).

Manter as vacas num ambiente o mais fresco possível vai evitar quedas acentuadas na produção de leite e na eficiência reprodutiva durante o verão. Sempre que possível, devemos usar formas de refrescar as vacas (sombra, ventilador, aspersão) nos cochos, nos locais de descanso e fornecer água de beber fresca, de boa qualidade e em quantidade. Água em quantidade e de boa qualidade é indispensável para a produção de leite.

Devemos também evitar as superlotações (respeitar o número de vacas por m2), o aumento da concentração de vacas por área dificulta a dissipação do calor, aumentado o estresse térmico.

A sombra, a água e a comida devem estar próximas para evitar esforços desnecessários. Sempre que a vaca caminha, produz calor, aumentando a condição de estresse térmico. Também devemos fazer os ajustes necessários na dieta durante o verão.

Colocar os touros com as vacas durante o verão para resolver os problemas reprodutivos decorrentes do estresse térmico não é uma boa solução. Os touros também são afetados pelo estresse térmico, eles ficam menos ativos (menor capacidade de monta) e a qualidade do sêmen também é afetada. Para complicar ainda mais a situação, o se o touro é exposto a temperaturas altas (acima de 30oC) por 2 a 3 dias a qualidade do sêmen fica comprometida nas próximas 4 ou 5 semanas.

A transferência de embriões (TE), além de multiplicar os indivíduos geneticamente superiores de um rebanho, pode ser utilizada para minimizar os efeitos negativos da alta produção de leite e do estresse térmico na qualidade do oócito e desenvolvimento embrionário inicial (Demétrio 2006).

Além da maior taxa de concepção, outra grande vantagem da TE em relação à IA é que na TE há prévia avaliação da presença do CL no momento da inovulação. A avaliação da presença do CL minimiza o decréscimo da probabilidade de concepção por falhas de ovulação, fator não avaliado quando se utiliza IA.

Estamos preparados para enfrentar mais um verão? O que vamos fazer para minimizar os efeitos negativos do estresse causado pelo calor e umidade?

Literatura consultada

Demétrio DGB. Fatores que afetam a taxa de concepção após inseminação artificial ou transferência de embriões em vacas holandesas em lactação. Dissertação de mestrado, FMVZ, Universidade do Estado de São Paulo (UNESP), Botucatu-SP, 2006.

Ealy AD, Drost M, Hansen PJ. Developmental changes in embryonic resistance to adverse effects of maternal heat stress in cows. J. Dairy Sci. 1993;76:2899-2905.

Hansen PJ, Arechiga CF. Strategies for managing reproduction in heat-stressed dairy cow. J. Anim. Sci. 1999;77(suppl.2):36-50.

Lopez H, Satter LD, Wiltbank MC. Relationship between level of milk production and estrous behavior of lactating dairy cows. Anim. Reprod. Sci. 2004;81:209-23.

Lopez-Gatius F, Lopez Bejar M, Fenech M, Hunter RHF. Ovulation failure and double ovulation in dairy cattle: risks factors and effects. Theriogenology 2005;63:1298-1307.

Ryan DP, Prichard JF, Kopel E, Godke RA. Comparing early embryo mortality in dairy cows during hot and cool seasons of the year. Theriogenology 1993;39:719-37.

Sartori R, Sartor-Bergfelt R, Mertens SA, Guenther JN, Parrish JJ, Wiltbank MC. Fertilization and early embryonic development in heifers and lactating cows in summer and lactating and dry cows in winter. J. Dairy Sci. 2002;85:2803-12.

Washburn SP, Silvia WJ, Brown CH, McDaniel BT, McAllister AJ. Trends in reproductive performance in southeastern holstein and jersey dhi herds. J. Dairy Sci. 2002;85:244-51.

Wiltbank MC, Gumen A, Sartori R. Physiological classification of anovulatory conditions in cattle. Theriogenology 2002;57:21-52.

Que assunto você gostaria de encontrar no Radar Técnico de Reprodução?

Escreva para o MilkPoint sua sugestão!

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

CARLOS NECESIO SOUZA SANTOS

PINDAMONHANGABA - SÃO PAULO

EM 16/01/2007

Meus amigos, foi perfeita essa abordagem. Como extensionista tenho visto de perto os prejuízos que o calor pode causar nos rebanhos.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures