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Vacas secas sofrem com estresse térmico?

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 08/09/2009

5 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Dr. Todd R. Bilby, no XIII Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2009.

Introdução

O estresse térmico (ET) afeta negativamente todos os aspectos da produção de vacas leiteiras. A queda da produção de leite e as perdas reprodutivas durante o verão afetam significativamente o potencial econômico das fazendas leiteiras. O impacto econômico anual do ET sobre a produção animal nos EUA foi estimado em 2 bilhões de dólares, sendo que apenas a indústria leiteira é responsável por prejuízos de 900 milhões de dólares. O estresse térmico ocorre em diferentes combinações de nível de radiação solar, temperatura ambiente e umidade relativa do ar. A situação é complicada ainda mais pela produção de calor metabólico (gerado pela própria vaca). Geralmente, a vaca fica mais sensível ao ET à medida que sua produção de leite aumenta, pois produz mais calor metabólico. A indústria leiteira continua a manter o foco na seleção de características genéticas para produção de leite, o que pode aumentar ainda mais a suscetibilidade das vacas leiteiras ao ET e intensificar ainda mais as quebras na produção de leite durante o verão e a piora do desempenho reprodutivo. Além disso, a seleção para rendimento leiteiro reduz a tolerância de termo-regulação da vaca leiteira. As raças predominantes nos EUA foram desenvolvidas para climas temperados e são mais produtivas em temperaturas entre 5 e 15oC. As vacas apresentam queda de produção quando expostas a temperaturas entre 15 e 25oC. Entretanto, reduções dramáticas ocorrem quando a temperatura supera 25ºC. Consequentemente, estratégias devem ser implementadas para atenuar os efeitos do ET sobre a reprodução e a produção de leite para melhorar o desempenho das vacas e a rentabilidade da fazenda.

Melhora do desempenho reprodutivo pelo resfriamento de vacas secas

Tradicionalmente, as vacas secas prenhes recebem pouca proteção contra o ET, pois não estão produzindo leite e incorretamente se supõe que sejam menos suscetíveis aos efeitos do calor. Fatores adicionais de estresse são impostos durante este período devido a mudanças abruptas no estado fisiológico, nutrição e ambiente, que podem aumentar a suscetibilidade da vaca ao ET e têm uma influência crítica sobre sua saúde, produção de leite e reprodução no pósparto. O período seco é especialmente importante, uma vez que envolve a involução e subsequente desenvolvimento da glândula mamária, rápido crescimento fetal e indução da lactação. O estresse térmico durante este período de tempo pode afetar as respostas endócrinas, levando a abortos, antecipação do parto, redução do peso do bezerro ao nascer e redução da maturação de folículos e ovócitos associada ao ciclo reprodutivo pósparto.

Muitos estudos relatando efeitos sutis do ET sobre a fertilidade subsequente foram publicados há mais de 20 anos, quando o rendimento leiteiro médio era muito inferior ao atual. Além disso, nossos sistemas de resfriamento e o conhecimento das estratégias de redução de temperatura (quando, onde e quanto) para atenuar o ET avançaram significativamente nestes últimos anos. Um estudo conduzido na Arábia Saudita em três fazendas relatou melhora em pico de produção de leite (41,23 vs. 39,55 kg), redução do número de serviços por concepção (3,1 vs. 3,7 serviços) e redução da taxa de descarte por falha reprodutiva (7,7 vs. 19 %) para vacas secas submetidas a resfriamento evaporativo vs. apenas sombra. Mais recentemente, estudos levaram a conclusão que o resfriamento de vacas secas com sombra, ventiladores e aspersão de água vs. vacas que tinham apenas sombra à disposição reduziu o número de serviços por concepção e os dias abertos e aumento o rendimento leiteiro durante o período pósparto.

Em 2006, foi comparado vacas secas expostas a aspersores de água em linha junto ao cocho, ventiladores e sombra com vacas que tinham apenas os aspersores de água à disposição e observaram aumento do rendimento leiteiro de 60 dias sem diferenças em escores de condição corporal (ECC), incidência de distúrbios pósparto ou concentrações séricas de ácidos graxos não esterificados. Neste estudo, não foram medidos os parâmetros reprodutivos; entretanto, o resfriamento das vacas secas com sombras, ventiladores e aspersores aumentou a produção total de leite aos 60 dias em 84,14 kg/vaca, elevando o lucro estimado anual em US$2.131/vaca (apenas em base de produção de leite).

O problema dos efeitos residuais (carry over effects) do ET durante o verão sobre a fertilidade do outono pode ser acentuado por ET durante o período seco. Sabe-se bem que são necessários cerca de 2 meses para que a baixa fertilidade do outono seja restaurada até o nível médio do inverno. Os folículos antrais levam 40-50 dias para se desenvolver até folículos dominantes e ovular. Se o ET ocorrer durante este período, tanto o folículo quanto o ovócito em seu interior são danificados. Uma vez que ocorra a ovulação, o ovócito danificado tem poucas chances de ser fertilizado e formar um embrião viável. O resfriamento de vacas secas pode reduzir os efeitos do ET sobre o folículo antral destinada a ovular 40-50 dias depois, que é a época de início da estação de cobertura, aumentando possivelmente as taxas de concepção ao primeiro serviço.

A melhor forma de atenuar os efeitos negativos do ET durante o pré e pósparto é através do resfriamento. O resfriamento de vacas secas com aspersores junto à linha de cocho, ventiladores e sombra é comprovadamente benéfico para a redução do número de serviços por concepção, de descartes por razões reprodutivas, dias abertos e aumento do rendimento leiteiro, com retorno significativo sobre o investimento se comparado a vacas só expostas a sombra ou aspersores. Além do resfriamento adequado, a mudança de certas práticas de manejo pode ajudar a atenuar o impacto do ET em áreas de ondas de calor intermitentes. Por exemplo, muitas vacas também são vacinadas quando secas, o que pode causar febre que, se associada ao ET, pode resultar em temperatura corporal acima da normal (38,5 - 39,3ºC). Possivelmente, seria benéfico adiar vacinações de vacas secas durante dias de calor muito intenso se o curral de vacas secas não estiver equipado para resfriamento.

Nem sempre as nossas fazendas têm condições de fazer resfriamento das vacas secas com aspersores e ventiladores, mas podemos sempre tentar colocar essas vacas em piquetes sombreados e confortáveis.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 14/09/2009

Prezado Ronaldo Mendoça dos Santos,
Obrigada pela participação.
Infelizmente não conheço artigos que relacionem estresse térmico e aumento da progesterona, mas vou procurar.
Até mais,
Ricarda.
JOSE TEIXEIRA PIRES

SANTARÉM - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/09/2009

Sou pecuarista em Santarém - Pará e tenho vacas de leite da raça girolando e braunvolando( Gir + Braunvieh ou Girolando + Braunvieh).
Nossa temperatura media é de 31º grau celsius (min 23º C e maxima 35ºC).
Novilhas 5/8 girolando só entra em cio com 24 meses e as meio sangue braunvolando com 14 meses....
Não faço mais cruzamento acima de 50% de grau holandes .... problema aqui são sério com estresse termico... intervalos de partos enormes...

Sds,
José Pires
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 09/09/2009

Gostaria de saber se vocês conhecem algum estudo que relata aumento de progesterona pela adrenal de vacas de alta produção leiteira submetidas ao estresse calórico e as possíveis consequências na reprodução desses animais.

Atenciosamente,
Ronaldo Mendonça dos Santos.

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