Autoras:
Mayara Oliveira e Daniela Demetrio (Ruann Genetics, Riverdale, CA, USA)
Ricarda Santos (Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil)
O estresse térmico é um fator que afeta a fertilidade de vacas lactantes de alta produção. Sendo assim, no verão e início do outono são observadas taxas de prenhez (TP) reduzidas. Os programas de transferência de embriões são usados para produzir mais animais de alto mérito genético, mas também poderiam aumentar a fertilidade, contornando todos os fatores negativos que afetam o desenvolvimento de embriões antes dos 7 dias (desenvolvimento de ovócitos, ovulação, fertilização e/ou desenvolvimento inicial dos embriões).
Neste estudo, foram analisados os dados de inseminação artificial (IA) e transferência de embrião (TE) entre junho de 2017 e maio de 2019. Junho, julho, agosto, setembro e outubro, foram chamados meses críticos, uma vez que a taxa de concepção da primeira IA fica inferior a 44%.
As vacas estavam alojadas na Maddox Dairy em Riverdale - Califórnia/EUA. O rebanho, formado de vacas holandesas, contava com a ordenha 3500 animais, com equivalente adulto de produção de leite em 305 dias de 12.800 kg.
Vacas de primeira e segunda lactação eram incluídas em um programa de sincronização da ovulação conhecido como presync-ovsynch estrus, para que a primeira IA ocorresse aos 85 dias após o parto ou para receber um embrião 7 ou 8 dias após cio esperado.
Os embriões eram produzidos in vivo ou in vitro em doadoras holandesas, e eles eram transferidos frescos ou congelados.
O sangue foi coletado no dia 30 após o cio esperado (23 dias após a TE) e a gestação diagnosticada pelo Teste de Gestação Bovina IDEXX PAG (parte da placenta dos ruminantes produz glicoproteínas associadas à gestação (PAG) que podem ser detectadas por ELISA no sangue da vaca gestante a partir de 28 dias. Vários rebanhos leiteiros dos EUA têm usado este teste para complementar ou substituir o uso da ultrassonografia transrectal para diagnóstico precoce da gestação. A capacidade preditiva da PAG para diagnosticar a gestação é alta: acima de 95% de precisão).
Todas as vacas sincronizadas para receber IATF foram inseminadas, mas apenas vacas com a presença de um corpo lúteo (CL) no dia da transferência receberam embrião. A presença de pelo menos um CL não foi detectada em 28,7% das vacas (32,2% nos meses críticos e 25,7% nas demais). Infelizmente, a presença do CL não pode ser detectada por ultrassonografia em todas as transferências de embriões, de modo que a taxa de não ovulação pode ter sido superestimada. As vacas sem CL foram consideradas vazias e utilizadas para calcular a taxa de prenhez ajustada (AdjPR).
A taxa de prenhez por TE foi superior à IA, especialmente nos meses críticos. Os embriões frescos produzidos in vivo tiveram mais impacto positivo na taxa de prenhez. Quando as vacas sem CL foram consideradas vazias, a diferença entre IA e ET ainda é evidente para embriões produzidos in vivo e transferidos frescos (Tabela 1).
Tabela 1. Efeitos do período do ano sobre a taxa de prenhez e taxa de prenhez ajustada após inseminação artificial ou transferência de embriões em vacas holandesas lactantes de junho de 2017 a maio de 2019, Riverdale, CA.
PR = Taxa de prenhez; AdjPR = taxa de prenhez ajustada (vacas sem CL no momento da transferência de embriões foram consideradas vazias no cálculo)
Além de produzir animais de maior mérito genético, a TE pode manter a fertilidade em vacas holandesas em lactação, especialmente durante os meses críticos do ano. O outro benefício do uso de TE, é que as vacas que não ovulam são ressincronizadas imediatamente, o que não é o caso das vacas inseminadas.