Os resultados de alguns levantamentos mostram que a chance de nascimento de uma fêmea é menor do que de um macho em rebanhos leiteiros (porcentagem de macho:fêmea em dois grandes grupos de dados foi de 54:46; Ryan and Boland 1991 Theriogenology 36, 1-10, and Berry et al. 1995 J. Anim. Sci. 78, 76 abst). Os dados desse estudo foram analisados para determinar a relação entre o escore de condição corporal (ECC) da vaca no momento da inseminação artificial e o gênero da cria.
Vacas Holandesas de 3 fazendas foram inseminadas em tempo fixo de 8 horas antes (-8) a 16 horas após (+16) a aplicação da segunda dose de GnRH do protocolo Ovsynch e tiveram o escore de condição corporal avaliado no momento da IATF (1 = muito magra e 5 = muito gordo).
Dados prévios do laboratório do Dr. Pursley indicaram que vacas inseminadas -8 e +16 horas, receberam a IA aproximadamente 36 e 12 horas antes da ovulação, respectivamente, e o longo tempo de incubação in vivo dos espermatozóides aumenta a porcentagem de nascimento de fêmeas. O escore de condição corporal das vacas foi classificado em <2,5 = baixo; 2,5 a 3,5 = médio e >3,5 = alto.
Foi detectada uma significante correlação entre ECC e a porcentagem de macho:fêmea (P < 0,05).
Tabela 1. Relação entre o escore de condição corporal e a porcentagem de macho:fêmea.
A inseminação aproximadamente 36 horas antes da ovulação tendeu (P = 0,10) a reduzir a porcentagem de machos no grupo de alto ECC, 46:54 comparado com 62:38 nas vacas que receberam a IA aproximadamente 12 horas antes da ovulação.
A taxa de perda de gestação entre 28 e 56 dias após a IA não foi diferente (P >0,10) entre as três classificações de ECC, sugerindo que a diferença na porcentagem de macho:fêmea não é resultado de perda de gestação especifica de um determinado sexo.
Em resumo o ECC no momento da IA altera a porcentagem de nascimento de macho:fêmea, e o desvio para produção de macho em vacas de alto ECC pode ser corrigido pela alteração do momento da inseminação em relação a ovulação.
Os pesquisadores sugerem que o escore de condição corporal altera a porcentagem de macho:fêmea devido a alterações no ambiente da tuba uterina e do útero, o que interfere de forma diferente na taxa de sobrevivência dos espermatozóides que contém os cromossomos X e Y.