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O uso de touros para esconder os problemas do Manejo Reprodutivo

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 19/12/2005

3 MIN DE LEITURA

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Os produtores de leite têm duas opções para cobrir as vacas e novilhas: inseminação artificial (IA) e monta natural (touro). A IA há muito tempo é recomendada devido às vantagens genéticas e econômicas.

Recentemente nos EUA a revista Hoard's Dairyman publicou um estudo que mostra um aumento da utilização de touros em rebanhos leiteiros.

Tabela 1. Porcentagem de coberturas com Touros em vacas e novilhas nos EUA
 


Por que os produtores estão aumentando o uso de touros? Muitos produtores acreditam que não têm custos e são uma boa alternativa para corrigir as falhas do programa de IA. Outros acreditam que os touros têm maior habilidade para detectar vacas em cio e que com isso conseguirão reduzir o intervalo entre partos.

Em muitos casos, as vacas que não ficam gestantes após uma ou duas inseminações consecutivas ou vacas que nunca são detectadas em cio são colocadas com touros. Como em fazendas com vacas de alta produção a taxa de concepção é em torno de 40%, uma porcentagem grande de vacas ficam gestantes dos touros e não apenas as vacas que realmente apresentam algum problema.

Geralmente acredita-se que depois do gasto inicial com a compra do touro as coberturas não têm custos e que o uso de touros economiza dinheiro e tempo em programas ineficientes para detectar cio. Essas posições devem ser reexaminadas.

Primeiro, os gastos com IA devem ser considerados investimentos, devido às comprovadas vantagens da IA. Segundo, muitas das despesas de manutenção do touro são alocadas nas outras despesas da fazenda de leite, ficando escondidas. E para manter o touro na fazenda é necessária a construção de instalações seguras, para evitar acidentes. Por exemplo, no estado de Wisconsin, touros leiteiros são responsáveis por um acidente fatal por ano, não temos essa estatística para o Brasil, mas os acidentes também ocorrem por aqui.

Fertilidade do Touro

Os proprietários geralmente consideram que um touro sexualmente maduro pode identificar, cobrir e emprenhar todas as vacas que entram no cio. Porém, a eficiência dos touros depende de alguns fatores como: fertilidade, libido, capacidade de monta e sanidade. Os touros devem ser examinados frequentemente, para evitar esses problemas.

Outro problema que geralmente esquecido é o efeito do estresse térmico sobre a fertilidade dos touros. A qualidade do sêmen de touros de raças leiteiras é reduzida pela exposição contínua por cinco semanas a temperatura ambiente de 30oC ou de 38oC por duas semanas, sem apresentar redução da libido.

O estresse térmico compromete a fertilidade do touro por reduzir a concentração espermática, a motilidade e aumentar a porcentagem de espermatozóides com morfologia anormal no ejaculado. A qualidade do sêmen só volta à condição anterior ao estresse térmico depois de dois meses. O efeito prolongado do estresse térmico no touro em conjunto com o efeito do estresse térmico na fertilidade da vaca reduz muito a fertilidade do rebanho.

Outros problemas do uso de touros é que eles podem transmitir doenças venéreas. As centrais de sêmen garantem sêmen livre de doenças venéreas por exames periódicos e adição de antibióticos no sêmen e os touros das centrais são examinados para certos defeitos genéticos.

Uma melhor alternativa para as fazendas que apresentam falhas na detecção de cio seria o uso de protocolos de IA em tempo fixo, ao invés do uso de touros.

Controle da Reprodução

Outra importante vantagem de um programa bem conduzido de IA é o acesso aos dados precisos de data de cobertura, que permitem o controle do rebanho e dos índices da eficiência reprodutiva, facilitando a tomada de decisões. Isso nem sempre é possível com o uso de touros, principalmente quando eles ficam soltos com as vacas.

Muitas vezes a previsão da data do parto em vacas cobertas por touros é errada, comprometendo o período seco e o manejo de transição, levando a perda econômica devido ao aumento da incidência de distúrbios metabólicos e a redução da produção na lactação seguinte.

Conclusão

Temos que repensar o uso de touros em fazendas de leite principalmente porque eles são muito utilizados no verão, quando as vacas apresentam problemas decorrentes do estresse térmico. Muitas vezes nos esquecemos que os touros também são afetados pelo estresse térmico e que a recuperação só vai ocorrer dois messes depois do fim do estresse térmico.

Não pense apenas no curto prazo (touros não são provados). Não vamos perder a oportunidade de utilizar animais comprovadamente com capacidade de melhorar a lucratividade de nossos rebanhos. Hoje existem técnicas que permitem a IA em horário pré-determinado, inclusive com a possibilidade de indução de ciclicidade. Pense no longo prazo. Procure um técnico capacitado para orientá-lo.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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FERNANDO ANTONIO DE AZEVEDO REIS

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/02/2006

Ricarda e José Luiz,



Gostaria de retratar a minha experiência, utilizo IA faz 15 anos, sendo fundamental para melhoria genética do rebanho, acredito ter acertado em 90 % das escolhas de sêmen. Eu mesmo faço o acasalamento, mas muitos produtores, vendedores de sêmen e técnicos da área não sabem acasalar, o que se torna um risco.



Eu, particularmente, também utilizo monta natural sempre com touros de meu rebanho escolhido pelo critério da família da vaca e do sêmen do pai, evitando sempre consangüinidade nos acasalamentos.



Meu rebanho é 45% de monta e 55% de IA, sendo o gado 90% jersey PO (150 cabeças de bezerras a vacas) e uma coisa garanto, nem o melhor conhecedor de Jersey distingue quem é de IA ou monta natural, tanto no aspecto morfológico ou de produção.



Portanto, eu gostaria de frisar que tudo depende do critério na escolha do sêmen ou do touro.
FRANCISCO ROSSIGNOLI FLORES

SÃO JOSÉ DOS QUATRO MARCOS - MATO GROSSO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 06/01/2006

Tudo bem, concordo que não se deve utilizar touros em rebanhos leiteiros (quando se trata de propriedades com melhores instalações, onde a finalidade é a produção de leite de qualidade), mas se pensarmos que na maioria do Brasil central existem muitas (milhares) de pequenas propriedades, onde só existe uma pecuária de subsistência, fica difícil pensar em implementar técnicas mais modernas (como a inseminação artificial).



Estes produtores, no entanto, possuem touros de baixo valor comercial e de baixa qualidade, não realizam nenhum exame, somente a febre aftosa que é obrigatória, mesmo assim ainda é de se duvidar se os animais são mesmos vacinados pelos seus proprietários.



Acredito que, num futuro próximo os pequenos proprietários possam se conscientizar de que tem que melhorar a genética do gado com uso de IA, pois muitos não acreditam nesta técnica a partir do momento que se deparam com um reprodutorzinho que eles acham que é bom.



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