José Luiz Moraes Vasconcelos
Em rebanhos leiteiros, a alta produção de leite está associada com redução na taxa de prenhez, acarretando perdas econômicas aos produtores de leite.
A utilização de bST em vacas leiteiras é indicada por aumentar a produção de leite, principalmente nesta fase em que os preços estão compensadores para o produtor, que esta visando a maior produção possível, e consequentemente aproveitar a boa fase por que passa a atividade leiteira.
Tem sido muito discutido o efeito da aplicação de bST na eficiência reprodutiva, com resultados contraditórios, embora a maioria mostre certo decréscimo na eficiência reprodutiva, ainda que os mecanismos fisiológicos envolvidos não estejam claros.
Conforme discutido em radares anteriores, a utilização de sincronização de ovulação em vacas de leite com inseminação artificial em tempo fixo (Ovsynch: GnRH - 7 dias - PGF2a - 2 dias - GnRH -12 a 18h - IA) tem sido extensivamente utilizada. Este protocolo permite avaliar mais criteriosamente o efeito de alguns fatores na reprodução, pois ~90% das vacas ovulam de forma sincronizada 24 a 32h após a aplicação do segundo GnRH.
Os dados que vamos citar nos próximos radares são de experimentos conduzidos pelo colega Frederico Moreira (brasileiro) que faz parte da equipe do Prof. Thatcher da Universidade da Florida.
Experimento 1 (J. Dairy Sci. 83:1237-1247, 2000).
O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito da somatotropina bovina (bST) na taxa de concepção ao primeiro serviço em vacas que receberam o protocolo Ovsynch, sendo que o diagnóstico de gestação foi feito aos 27 e 45 dias pós I.A. Também foi avaliada a taxa de perda embrionária dentro deste período.
O grupo tratado recebeu a primeira aplicação de bST (Posilac = Lactotropin, 500mg) juntamente com a primeira aplicação de GnRH (Cystorelin, 100 mcg, i.m.) do protocolo Ovsynch (63 +- 3 dias pós parto), recebendo 7 dias depois PGF2a (Lutalyse, 25mg, i.m.). Cerca de 48h depois recebeu novamente outra injeção de GnRH (Cystorelin, 100 mcg, i.m.), sendo então inseminado pela primeira vez (horário predeterminado) 16 a 20 horas depois do 2º GnRH, o que ocorreu com 73 +- 3 dias pós parto. Vacas com condição corporal <2,5 em escala 1 a 5 no inicio do tratamento não foram incluídas. O grupo controle recebeu a primeira aplicação de bST com 105 +- 3 dias pós parto. Os dois grupos continuaram recebendo bST a cada 14 dias até 30 dias antes da secagem.
Os resultados estão apresentados na Tabela 1.
Estes resultados mostram que a utilização de bST associado ao protocolo Ovsynch aumentou a taxa de concepção ao 1º serviço, com diagnóstico de gestação aos 27 e 45 dias pós I.A., em vacas leiteiras, contradizendo alguns dados de literatura, que apontavam a diminuição da eficiência reprodutiva com o uso de bST.
Talvez pela eliminação de falhas na detecção de estro e de falhas na ovulação pelo protocolo Ovsynch, estes dados demonstram que o bST tem efeito benéfico no desenvolvimento e sobrevivência embrionário, hipóteses que serão discutidas no próximo radar.
É interessante observar que a taxa de perda embrionária entre 27 e 45 dias pós inseminação artificial não foi diferente entre os dois grupos, embora alta em ambos, mostrando que mortalidade embrionária é um sério problema em vacas de leite em lactação. Deve-se utilizar de todas as ferramentas disponíveis (vacinação, redução do estresse térmico), visando minimizar este problema de mortalidade embrionária precoce. Provavelmente discutiremos este aspecto mais à frente.
fonte: MilkPoint