ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Manejo de vacas leiteiras para melhoria do desempenho reprodutivo durante períodos de estresse calórico

POR JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 02/03/2001

5 MIN DE LEITURA

0
0

José Luiz Moraes Vasconcelos

Nesse radar, será apresentada uma pequena parte da palestra que será proferida pelo Dr. Matt Lucy durante o curso "Novos enfoques na produção e reprodução de bovinos", conforme programa divulgado pelo site.

Contamos com a sua presença para melhor entender os mecanismos relacionados aos efeitos do estresse calórico na eficiência reprodutiva de bovinos.

Nos encontramos em Uberlândia!

Fisiologia do estresse calórico e reprodução

O estresse calórico afeta negativamente o desempenho dos animais, sendo um problema importante em vacas leiteiras em lactação. Nos Estados Unidos, as taxas de concepção em vacas leiteiras geralmente caem para 10 a 20% no verão (Figura 1). O estresse calórico causa infertilidade em bovinos no país todo; porém, é mais significativo nas criações de regiões subtropicais e áridas. Tais perdas de concepção fazem com que alguns pecuaristas de leite suspendam a inseminação em grandes rebanhos leiteiros durante o verão nos Estados Unidos. Vacas leiteiras em lactação são particularmente sensíveis ao estresse calórico devido ao calor gerado pelo alto metabolismo associado à produção de leite, o que faz com que vacas de alta produção de leite sejam mais suscetíveis ao estresse calórico. Em um estudo recente com vacas leiteiras no estado da Flórida, Al-Katanani et al. (1999) avaliaram as taxas de retorno de 90 dias durante todo um ano e verificaram que a infertilidade no verão era maior nos animais com maior produção de leite.

Portanto, há um efeito aditivo do estresse calórico e da maior produção de leite na diminuição das taxas de concepção em gado leiteiro.

Figura 1 - Taxas de concepção em vacas leiteiras nos Estados Unidos: Flórida (subtropical), Arizona (sudoeste árido) e Minnesota (temperado). Adaptado de Hansen, 1997

 

Figura 1



Os efeitos do estresse calórico podem estar diretamente relacionados ao aumento da temperatura corporal das vacas com estresse calórico. Ulberg and Burfening (1967) demonstraram que pequenos aumentos da temperatura corporal das vacas causavam diminuição das taxas de prenhez (Figura 2). Esse aumento afeta o aparelho reprodutor e o feto, e tais mudanças no aparelho reprodutor afetam a capacidade de as vacas ficarem prenhes durante o estresse calórico.

Figura 2 - Taxas de prenhez em bovinos com diferentes temperaturas retais na estação de monta (Ulberg and Burfening, 1967)

 

Figura 2



Efeitos do estresse calórico no ovário

Folículos. A qualidade dos corpos lúteos e folículos ovarianos afeta a capacidade das vacas ficarem prenhes. Os folículos ovarianos contêm gametas (oócitos) e células somáticas que sintetizam estradiol. O estradiol desempenha várias funções, entre as quais a produção de estro e da onda pré-ovulatória de hormônio luteinizante (LH). Os oócitos presentes nos ovários são afetados pelo estresse calórico, sendo que esse efeito se manifesta na forma de redução das taxas de concepção no outono, após a diminuição da temperatura ambiente (Figura 1). Portanto, os folículos que estão se desenvolvendo nos ovários das vacas com estresse calórico podem ser danificados, mas mesmo assim continuam crescendo. Aparentemente, esses folículos danificados ovulam oócitos subférteis durante vários meses após a diminuição do estresse calórico.

As células somáticas no interior dos folículos (células da teca e da granulosa) também podem ser danificadas pelo estresse calórico. Verificou-se que os folículos não cresceram normalmente e apresentaram menor produção de estradiol em vacas e novilhas submetidas a estresse calórico (Wilson et al., 1998ab). Outros pesquisadores examinaram o estresse calórico e observaram efeitos semelhantes nos folículos ovarianos (Badinga et al., 1993). Portanto, o estresse calórico danifica os folículos ovarianos e reduz a síntese de estradiol, que poderia afetar a manifestação do estro, a ovulação e o corpo lúteo.

Corpo lúteo. Além de afetar os folículos ovarianos, o estresse calórico também é capaz de afetar o corpo lúteo. Observou-se que vacas submetidas a estresse calórico apresentaram fases luteínicas mais longas (Wilson et al., 1998ab). O estradiol do folículo dá início à luteólise em bovinos, e levantou-se a hipótese de que a redução do estradiol folicular causada pelo estresse calórico (ver acima) influenciou o processo luteolítico normal nos bovinos. As vacas apresentaram luteólise após a interrupção do estresse calórico e os folículos reiniciaram seu desenvolvimento normal.

A influência ou não do estresse calórico no corpo lúteo durante a fase luteínica intermediária é menos clara. Foi demonstrado que o estresse calórico aumenta, diminui ou não afeta as concentrações de progesterona no sangue (Hansen and Aréchiga, 1999). As células do corpo lúteo são diferentes daquelas do folículo. Por conseguinte, se o estresse calórico diminui os níveis de progesterona no sangue, então essa redução seria causada pelos efeitos do estresse calórico no folículo, que por fim afeta o corpo lúteo. De outro modo, alterações na taxa do metabolismo associadas ao estresse calórico podem afetar o metabolismo da progesterona.

A progesterona é necessária para a ocorrência de prenhez, existindo uma relação entre os seus baixos níveis e a infertilidade. Contudo, não foi estabelecida uma relação direta entre essas baixas concentrações e a perda de embriões. Não se conhecem as concentrações mínimas absolutas de progesterona no sangue necessárias para a prenhez em bovinos. Há uma transferência local de progesterona da drenagem venosa do ovário/oviduto para a artéria uterina em ovinos e bovinos (Weems et al., 1988, Weems et al., 1989). Essa transferência resulta em maiores concentrações de progesterona no interior do útero ipsilateral do corpo lúteo (Pope et al., 1982). Devido a essa transferência, os níveis de progesterona no sangue, que estão sujeitos às taxas de metabolismo e excreção, podem ser irrelevantes em relação a progesterona que chega ao útero através da circulação local.

Efeitos do estresse calórico na manifestação do estro

As vacas devem ser detectadas em estro para que possam ser inseminadas. Há claras evidências de que o estresse calórico diminui a duração e a intensidade do estro. Por exemplo, Nebel et al. (1997) demonstraram que a quantidade de montas por estro em vacas leiteiras no verão era cerca da metade registrada no verão. Thatcher and Collier (1986) demonstraram uma alteração semelhante em vacas leiteiras na Flórida. A intensidade da manifestação do estro é aumentada quando as vacas com estresse calórico são refrescadas. Alguns estudos demonstraram que o estresse calórico reduziu o estradiol folicular (Wilson et al., 1998ab). Portanto, a diminuição da intensidade do estro pode ser causada por uma redução da secreção de estradiol folicular. Embora não se trate de uma hipótese atraente, as concentrações de estradiol no sangue necessárias para dar início ao comportamento de estro são pouco precisas. Assim, é impossível afirmar se vacas leiteiras com estresse calórico conseguem ou não atingir um limite mínimo de estradiol para manifestação do estro. Uma causa também provável da menor manifestação do estro é a inatividade física causada pelo estresse calórico. As vacas ficam menos ativas durante o estresse calórico e, portanto, é menor a probabilidade de montarem outras vacas durante o estro.

 

********



fonte: MilkPoint

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures