Outra mudança fundamental foi o reconhecimento de que quase todas as doenças de importância do gado de leite são multifatorias. Os avanços nos estudos da epidemiologia foram uma nova influência e ferramenta para descrever e quantificar a conexão entre os fatores de risco que resultam em determinadas doenças.
O manejo sanitário deveria ser um conjunto de ações que objetivam o aumento da produtividade e a prevenção de doenças para aumentar o retorno econômico da atividade leiteria, sempre pensando no bem estar animal, na saúde pública e no meio ambiente.
Considerando esses novos conceitos de saúde animal, a prevenção das doenças não é mais função só dos veterinários. Para a prevenção efetiva das doenças o veterinário tem que trabalhar integrado com os profissionais que estudam a nutrição, o conforto animal e com todo o sistema de manejo da fazenda. O veterinário deve fazer orientação das terapias das doenças e principalmente da prevenção.
Outro grande avanço foi a redefinição das doenças de forma mais abrangente, incluindo as condições subclínicas (por exemplo: mastite; cetose; acidose ruminal e endometrite subclínica). Esta expansão da definição das doenças resultou do desenvolvimento das técnicas de diagnóstico e da evolução do manejo sanitário que considera que todo fator limitante do desempenho do animal ou do rebanho pode ser considerado doença.
Quadro 1: Representação esquemática das praticas veterinárias nos últimos 25 anos
Há um desafio para a prevenção de muitas doenças e existe muito para ser estudado ainda, porém, o melhor entendimento da epidemiologia e da fisiopatologia das doenças não vai sozinho reduzir a incidências das doenças. A habilidade de transmitir ou traduzir o conhecimento emergente para a aplicação na fazenda requer o entendimento da fazenda como um sistema integrado com vários componentes, e que um dos componentes do sucesso da implantação de uma nova prática de manejo é o treinamento e a motivação dos funcionários. Deles depende o sucesso de todas as inovações.
Informações para substancialmente reduzir a incidência de muitas doenças já existem, o desafio é a implantação de forma efetiva e consistente das novas práticas de manejo. O entendimento e o acompanhamento da implantação das novas técnicas de prevenção das doenças é o grande desafio.
Grandes progressos também têm ocorrido no entendimento do metabolismo energético e da função imune da vaca no período de transição, fase na qual a maioria das doenças da vaca de leite ocorre.
O estudo para aumentar o bem estar animal junto com os estudos do período de transição provavelmente trarão o progresso para o aumento e a manutenção da saúde do rebanho leiteiro nos próximos 25 anos.
Este texto é parte do artigo publicado no Journal Dairy Science, v.89, p.1267-1279, com o título: Major Advances in Diseases Prevention in Dairy Cattle, pelo pesquisador LeBlanc, S.J. e colaboradores.