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Fatores que causam infecção uterina

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 15/03/2006

5 MIN DE LEITURA

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A infecção uterina é um dos grandes problemas do manejo reprodutivo de vacas de leite. Vacas com infecção uterina no pós-parto geralmente apresentam baixa taxa de concepção nas inseminações subseqüentes. Estudos demonstraram que vacas que tiveram infecção grave no pós-parto apresentaram 8% de redução na concepção ao primeiro serviço em comparação às vacas que não tiveram infecção.

Os problemas decorrentes das infecções uterinas são ainda mais graves em rebanhos em que existem outros problemas no pós-parto e não se faz o diagnóstico e o tratamento precoce.

Alta porcentagem das vacas tem bactérias no útero durante as primeiras duas semanas pós-parto. No entanto, dois meses após o parto a prevalência da infecção deve declinar para menos de 10%. Vacas velhas tendem a ter mais infecções. O processo natural de involução uterina associados a mecanismos fisiológicos geralmente são eficientes em reduzir a população bacteriana e a inflamação no útero. Os fatores que contribuem para altas taxas de ocorrência de infecção uterina são: nutrição, ambiente, assistência ao parto incorreta, infusões pós-parto, detecção de cio incorreta, e microorganismos.

Fatores Nutricionais

Vacas gordas ao parto apresentam alta incidência de infecção uterina pós-parto, provavelmente devido ao baixo tônus uterino e alta incidência de parto difíceis relatado nesses animais. Por outro lado vacas muito magras parecem ser mais susceptíveis as infecções do que vacas em boas condições. Por isso o escore de condição corporal deve ser monitorado, as vacas devem parir com 3 a 3,5, numa escala de 1 a 5.

É importante manter níveis adequados de cálcio, selênio e vitaminas A e E na dieta de vacas secas e em lactação. O cálcio é importante na contração da musculatura lisa. Baixos níveis de cálcio na circulação contribuem para a ocorrência de retenção de placenta e infecção uterina, e também atrasa a involução uterina.

Foi demonstrado em ovelhas que o selênio aumenta a contração uterina. O selênio participa dos mecanismos de defesa do organismo contra as infecções. A suplementação, com selênio e vitamina E, reduz a incidência de retenção de placenta em rebanhos com baixos níveis desses nutrientes na dieta.

A vitamina A á importante na manutenção e no reparo do tecido epitelial (camada de revestimento dos órgãos), sendo provavelmente importante na involução uterina e na saúde dos tecidos uterinos.

Outro fator nutricional que provavelmente contribui para a saúde do útero indiretamente é o fornecimento de dietas adequadas no período seco e no pré-parto.

Ambiente

Quanto maior a ocorrência de parto em áreas confinadas maior atenção deve ser dada a higienização antes, durante e depois do parto. Nesse período a cérvix da vaca esta dilatada, deixando o útero exposto aos agentes infectantes presentes no ambiente, incluindo bactérias, vírus, fungos e outros contaminantes. O útero esta irritado pelo parto e muito suscetível às infecções.

Mesmo vacas bem nutridas podem não resistir à exposição constante aos agentes infectantes presentes no ambiente. Pastos limpos e amplos devem ser reservados para a maternidade Se a maternidade for fechada, esta deve ser bem ventilada, seca e com cama de feno, de preferência.

A ocorrência de infecções uterinas pode começar de uma hora para outra, mesmo quando as vacas parem no mesmo local por anos sem problemas. Talvez pelo grande aumento da população de microorganismos, redução da imunidade das vacas por outros problemas ou pela introdução de um novo patógenos. Quando isso ocorre a área de parição deve ser desinfetada e de preferência transferida para outro local.

Assistência ao parto

Partos difíceis e retenção de placenta geralmente resultam em infecção uterina. A ajuda ao parto não deve ocorrer antes que seja realmente necessário, a interferência cedo demais num parto pode trazer mais problemas do que ajudar.

Os funcionários responsáveis pela assistência ao parto dever ser treinados frequentemente e os tratamentos para retenção de placenta devem ser revistos.

Antes de ajudar um parto, a região perineal da vaca deve ser limpa com água e sabão. Os instrumentos obstétricos devem ser desinfetados. Luvas devem ser usadas para proteger tanto a vaca quanto a pessoa que esta realizando o serviço.

Para evitar a ocorrência de parto difíceis, as novilhas devem ser inseminadas com peso adequado e com sêmen de touro com alta facilidade de parto.

Infusão pós-parto

Para prevenir a ocorrência de infecção uterina algumas fazendas fazem infusão em todas as vacas uma semana após o parto. Muitos estudos mostram que essa prática não aumenta a taxa de concepção na primeira IA, e muitas vezes a incidência de infecções uterinas aumenta depois das infusões. O útero deve involuir sem intervenções somente vacas que desenvolvem infecção devem ser tratadas, com terapia apropriada.

Detecção de cio imprecisa

Quando as vacas são inseminadas baseando-se em sinais incorretos de cio as chances das vacas serem inseminadas sem estarem em cio aumentam. Estudos de campo, usando dosagem de progesterona no leite mostraram que 5 a 15% das vacas são inseminadas sem estarem no cio.

Se a vaca é inseminada sem estar no cio, seu útero esta sobre a influência do hormônio progesterona. Foi demonstrado que a progesterona inibe os mecanismos de defesa do útero. Então se os agentes infecciosas estão presentes no ambiente, na vagina da vaca ou nos equipamentos de IA, existe maior probabilidade dessa vaca ser infectada durante a IA, do que se estivesse em cio, pois o hormônio estrógeno presente durante o cio aumenta a capacidade de defesa do útero.

Mas, mesmo que a vaca seja inseminada no momento correto os equipamentos de IA devem ser mantido limpos e os inseminadores devem ser treinados frequentemente para que não ocorram falhas na técnica que possam comprometer a saúde do útero.


Microorganismos

Muitos microorganismos são encontrados no útero, alguns são patogênicos e outro não. Alguns microorganismos oportunistas causam problemas em vacas com o sistema imunológico deprimido. O uso da camisa sanitária é efetivo para evitar a contaminação do útero durante a IA, com bactérias presentes na vagina. A monta natural deve ser evitada, pois há maior risco de contaminação por agentes de doenças venéreas.

Conclusão

Um programa reprodutivo deve ser estabelecido para manter a saúde do útero, identificar e resolver os problemas o mais cedo possível. Exames rotineiros no pós-parto, como o monitoramento da temperatura corporal e da ingestão, ajudam a identificar os problemas e iniciar os tratamentos mais cedo, aumentando as chances de sucesso. Esta é apenas uma revisão de alguns possíveis fatores que causam infecção uterina, muitos outros fatores podem estar envolvidos dependendo do rebanho e do tipo de manejo adotado.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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